sexta-feira, 22 de agosto de 2008

QUEM TEM NOME SUJO ARRUMA EMPREGO?

Confira o que os especialistas do mercado falam sobre este assunto polêmico

Infelizmente algumas empresas se valem da prática discriminatória de consultar os nomes dos candidatos no SCP e SERASA e não contratam os candidatos que tiverem seus nomes ali inscritos. Prática totalmente ilegal, mas amplamente adotada.

A situação é injusta – afinal, sem fonte de renda, ninguém consegue pagar dívidas –, mas comum. “Existem empresas que consultam, sim, órgãos de proteção ao crédito na hora de escolher candidatos”, confirma Neli Barboza, gerente da Manager Assessoria em Recursos Humanos. (veja íntegra deste comentário na reportagem: NOME SUJO. SEM DIREITO A TRABALHO, abaixo)

O fato agravante é que fica muito difícil provar a discriminação sofrida. Segundo o professor de Direito Trabalhista, Renato Rua de Almeida, o trabalhador que é impedido de concorrer a uma vaga de emprego por ter o nome sujo é vítima de discriminação e tem direito a ser moralmente indenizado. “Entretanto, é muito difícil levantar provas desse tipo de prática, pois geralmente a empresa não diz abertamente que usou esse critério para lhe negar a vaga.” (veja íntegra deste comentário na reportagem: NOME SUJO. SEM DIREITO A TRABALHO, abaixo)


Ouça o que especialista Max Gehringer fala sobre o assunto na CBN “ Com nome sujo na praça, fica mais difícil arrumar emprego”

http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/dinamico/busca1.asp?busca=nome+sujo&dia=&mes=&ano=&rss=max.xml®istros=5&pagina=1&corseparador=ECE9D8&id=75&x=15&y=8




NOME SUJO. SEM DIREITO A TRABALHO
por Angela Crespo, Seção: Assunto do dia s 16:59:05.
Por ANDRÉIA FERNANDES

Thais da Silva e Souza tinha uma dívida com uma empresa de telefonia e, mesmo depois de ter quitado o débito, seu nome permanecia “sujo” no órgão de
proteção ao crédito Serasa. Não bastasse esse problemão, Thais está desempregada e a restrição ao seu nome vem sendo um obstáculo na busca por
um trabalho. “Já perdi vaga em dois empregos”, conta ela.
A situação é injusta – afinal, sem fonte de renda, ninguém consegue pagar dívidas –, mas comum. “Existem empresas que consultam, sim, órgãos de proteção ao crédito na hora de escolher candidatos”, confirma Neli Barboza, gerente da Manager Assessoria em Recursos Humanos. “É uma prática ruim, mas acontece com uma certa freqüência.”
Desempregado desde junho, Reginaldo Gomes Viana enfrenta situação semelhante. Um amigo o indicou para uma vaga de vendedor externo na empresa
onde trabalha. Viana enviou um currículo e foi chamado para passar por uma entrevista na sede da companhia. “Fiz teste escrito e dinâmica de grupo. O
gerente disse que eu estava praticamente empregado, inclusive me informou o salário”, conta. Dias depois, Viana recebeu o telefonema de um funcionário pedindo para que ele voltasse à empresa, portando uma série de documentos, para oficializar a contratação. “Assim o fiz. No meio do treinamento, porém, um supervisor me interrompeu e disse que era para eu voltar para casa e aguardar um novo contato. Passados alguns dias, me ligaram para dizer que a empresa não havia
aprovado minha contratação porque meu nome estava sujo. Tive a terra tirada dos meus pés.”
De acordo com Márcio Rocha, advogado especialista em Direito Trabalhista, nenhuma empresa tem respaldo legal para usar cadastros de proteção ao rédito como critério para analisar candidatos a empregos. “É uma atitude inconstitucional, inclusive, pois fere a Constituição Federal no seu artigo 5º que estabelece que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, vedando, assim, critérios discriminatórios. Vale lembrar também que o Brasil é signatário da Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação em matéria de emprego e profissão. E rejeitar um candidato só porque ele tem o nome sujo é
uma forma de discriminar.”
Renato Rua de Almeida, professor de Direito Trabalhista da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), lembra que fazer esse tipo de
uso dos órgãos de proteção ao crédito é desvirtuar sua finalidade. “Esses cadastros foram criados para balizar a concessão de empréstimos, não para
impedir o direito de acesso ao emprego.” Almeida afirma que apenas os bancos podem fazer esse tipo de restrição. “Existe um dispositivo na Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) que permite que bancários sejam demitidos se tiverem o nome sujo. Mas apenas instituições financeiras têm esse respaldo”, reforça.
A Serasa, maior órgão de proteção ao crédito do País, afirma, em nota, que não possui contratos com empresas de recrutamento e seleção de pessoal. “As
empresas clientes da Serasa, por condição contratual, somente têm acesso às informações sobre inadimplências para utilizá-las exclusivamente na tomada de decisão de crédito”, diz o órgão, acrescentando que o cliente que fizer outro tipo de uso do cadastro está descumprindo o contrato, que pode ser rescindido.

Fonte: Blog Estadão http://blog.estadao.com.br/blog/advdefesa/?title=nome_sujo_sem_direito_a_trabalho&more=1&c=1&tb=1&pb=1


PROVAR DISCRIMINAÇÃO É DIFÍCIL

Segundo o professor de Direito Trabalhista, Renato Rua de Almeida, o trabalhador que é impedido de concorrer a uma vaga de emprego por ter o nome sujo é vítima de discriminação e tem direito a ser moralmente indenizado. “Entretanto, é muito difícil levantar provas desse tipo de prática, pois geralmente a empresa não diz abertamente que usou esse critério para lhe negar a vaga.”
O advogado Márcio Rocha concorda. “É preciso ter uma prova documental, o que é dificílimo de se conseguir. Se, por exemplo, o trabalhador for informado por telefone que não conseguiu a vaga porque tem o nome sujo, ele pode ir até um Juizado Especial Cível para documentar essa informação e, depois, com um advogado, ingressar com uma ação indenizatória na Justiça do Trabalho.”


Fonte: Blog Estadão http://blog.estadao.com.br/blog/advdefesa/?title=nome_sujo_sem_direito_a_trabalho&more=1&c=1&tb=1&pb=1




CONSULTA AO NOME NO SPC É PRÁTICA ILEGAL

Um candidato foi participar de uma entrevista de emprego quando foi surpreendido com a pergunta: Você tem um currículo que se encaixa perfeitamente ao cargo, mas há alguma restrição com o seu CPF? Sem saber muito o que fazer, e sendo sincero, respondeu que poderia ter sim o nome no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC). Uma semana se passou e ele foi informado de que não tinha sido o escolhido para a vaga e que o "nome sujo" não influenciou na decisão da empresa. Esse candidato pesquisou e viu que a empresa consultou o órgão de proteção ao crédito.

"Perdi a vaga e até pensei entrar na Justiça. Se todas empresas forem fazer isso, há pessoas que vão ficar desempregadas para sempre", disse o candidato que não quis se identificar.

A advogada trabalhista e comentarista da rádio CBN, Ana Paula Tauceda, ressaltou que as pessoas devem ser contratadas a partir de suas habilidades técnicas para a função e não por qualquer outra exigência, como, opção sexual ou nome negativado em órgão de proteção ao crédito.

"O que precisa ser analisadas são as competências e se a pessoa tem habilidade para desenvolver as atividades do cargo", avaliou.
Fonte: Catho Institucional http://www3.catho.com.br/institucional/imprensa_read.php?id1=1955&id2=103


EMPRESAS QUE NÃO CONTRATAM PESSOAS COM NOME SUJO PODEM SER MULTADAS

Brasileiros desempregados que têm restrição no Serviço de Proteção ao Crédito estão encontrando dificuldades para conseguir um emprego. Muitas empresas dispensam candidatos que têm o nome sujo na praça, mas o Ministério Público do Trabalho alerta: o ato é considerado discriminatório e o empregador pode ser punido. Em São Paulo, o Ministério Público do Trabalho já investiga 11 denúncias deste tipo. Se a prática ficar provada, os procuradores do Trabalho propõem primeiro um acordo; se repetir o erro, o dono da empresa pode pagar uma multa.

Fonte: O Globo - 30/01/2008 às 17:00

2 comentários:

Anônimo disse...

Tenho 22 anos e trabalho no setor de administração, por diversas vezes fui barrado em entrevistas por ter meu nome junto ao spc e serasa, porém, em todas as entrevistas ressalto minha situação financeira e que já está sendo negociada perante os credores, mesmo assim, acredito que em algumas empresas, prefiram contratar com nome limpo, indepedente na vaga ou seu currículo, Brasil como posso saldar dividas, se não consigo emprego.

Anônimo disse...

É fica difícil estou com o nome sujo precisando me recolocar no mercado de trabalho más fui barrado por várias empresas no seu processo seletivo quando pedem o CPF já era a vaga. Aí pergunto como pagar a divida se não te dão chance alguma para resolver seu problema, infelizmente levei 46 anos da minha vida para passar por essa crise financeira, sempre fui correto com meus compromisso. E agora me vejo em uma situação difícil pois não arrumo emprego por esta questão. Você se sente a pior pessoa do mundo. Muito difícil querer pagar que deve e não poder arrumar sequer um emprego, descriminação é grande, humilhante para um pai de família.