quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Aproveite a alta da Selic e ganhe no Tesouro Direto

Analistas e consultores recomendam aplicação em papéis atrelados à Selic e à variação da taxa de inflação



Olívia Alonso e Nelson Rocco, iG São Paulo
20/01/2011 05:56 - Atualizada às 12:21



Os investidores que aplicam seus recursos em títulos do governo por meio do Tesouro Direto ou que pretendem fazê-lo podem tirar vantagem do aumento da taxa básica de juros, a Selic, promovido ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. No site do Tesouro Nacional há opções de papéis que pagam remuneração fixa, outros que remuneram o capital com a variação da taxa de inflação mais um percentual de juros e aqueles em que os ganhos só são conhecidos no futuro. Os analistas de investimentos são unânimes em recomendar as opções pós-fixadas ou as atreladas à inflação num cenário de taxas de juros em alta.

“Quando se fala em aumento das taxas de juros, o investidor deve ficar posicionado em títulos pós-fixado, as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), afirma Antonio Carlos Conceição, consultor de investimentos da área de private do Banco Fator. Ontem, o Copom elevou a taxa básica da economia para 11,25% ao ano. “A expectativa é de outros aumentos ao longo no ano”, lembra Robson Queiroz, diretor operacional da corretora SLW. Em momentos assim, em que inflação e juros estão em alta, títulos do Tesouro e outras aplicações que acompanham essas duas variáveis são boas opções para que o investidor tenha bons retornos, avalia.



Sala onde analistas do Tesouro definem os preços dos títulos que ficam disponíveis na internet

Segundo Conceição, os títulos prefixados, ou seja, com taxa de remuneração estabelecida na aplicação, também são interessantes, mas o aplicador pode perder caso a taxa de juros básica da economia venha a subir e superar a que ele pactuou na hora de comprar o título.



“Os papéis atrelados à inflação têm mais riscos que os prefixados. Eles têm o risco do emissor (o governo), da inflação e dos juros. Mas acho que qualquer portfólio deve conter títulos atrelados à inflação”, explica Conceição. O que ele recomenda, desse tipo, é a Nota do Tesouro Nacional – série B (NTN-B) com vencimento em 2015. Segundo o consultor, esse papel rendeu 12,04% no ano passado, para uma taxa Selic em 10,75%. “Esse papel é mais volátil que outros”, ressalva. As Notas do Tesouro Nacional - série C (NTN-C), atreladas ao IGP-M, só são encontradas no mercado secundário, porque o governo deixou de emiti-las.



Bom negócio



Marcio Cardoso, diretor da corretora Título, afirma que os papéis associados à taxa de inflação podem se mostrar um bom negócio. “O mercado tem uma expectativa de inflação medida pelo IPCA para este ano em 5,42%. Se o investidor comprar um título com uma remuneração total de 10,30% mais ou menos, terá um bom ganho”, calcula.






Queiroz, da SLW, recomenda uma carteira composta por títulos pós-fixados atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), como as NTN-B, e à Selic, como as LFTs. Estas também são a recomendação de Ricardo Humberto Rocha, professor do Insper e do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA).



Segundo o diretor da Título, o investidor deve, cada vez mais, se convencer que investimento é uma atividade de longo prazo. Nesse mesmo sentido, Conceição diz que o Fator não recompra aplicações com prazos inferiores a dois anos, por conta das alíquotas de Imposto de Renda cobradas.



Os ganhos obtidos em renda fixa são taxados pela Receita Federal. Em aplicações de até seis meses, a taxa é de 22,5% sobre o rendimento. De seis meses a um ano, cai para 20%. Para investimentos entre um e dois anos, a alíquota é de 17,5%. E para prazos superiores a dois anos, 15%. “Sempre miramos na menor alíquota de imposto.”



CDB



Uma opção semelhante, mas que pode ter custos mais elevados, é o CDB (Certificado de Depósito Bancário) indexado ao DI (Depósito Interbancário). Essa aplicação, assim como a LFT, acompanha o movimento dos juros.



Para os dois casos, Rocha sugere que o investidor fique de olho no comportamento da Selic nos próximos meses. “Caso os juros tenham subido muito até julho, pode valer a pena optar por outro tipo de título.” Queiroz acrescenta que é preciso também observar os sinais de inflação. “Caso a alta dos preços comece a desacelerar, as possibilidades de um aumento dos juros diminuem”.



É importante que o investidor fique atento às taxas que deve pagar para operar no Tesouro Direto. Ele deve fazer cadastro em um banco ou em uma corretora, que cobram um percentual anual sobre o principal. A Bolsa de Valores (BM&FBovespa) cobra 0,10% na aplicação e 0,10% no resgate. E o agente de custódia também fica com uma taxa, de 0,30%. De qualquer forma, os analistas avaliam que elas são mais baixas que as taxas de administração cobradas nos fundos de varejo.




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FONTE: IG ECONOMIA

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