quinta-feira, 28 de abril de 2011

DISPUTA POR VAGAS DEVE FICAR MAIS FORTE EM 2011

Segundo especialista, o mercado de trabalho deve acompanhar a desaceleração da atividade econômica


Patrícia Lucena, iG São Paulo | 28/04/2011 05:58


Apesar do aumento da taxa de desemprego em março deste ano, o economista da LCA Consultores Fábio Romão afirma que ainda não irá afetar tanto quem está entrando no mercado de trabalho ou pensando em mudar de emprego. Segundo ele, a tendência é que a obtenção de uma vaga fique apenas mais disputada. Isso não significa que o mercado de trabalho está ruim, mas apenas começando a responder a uma evidente desaceleração da atividade econômica.


 Taxa de desemprego sobe 11,2% em março, ante 10,5% em fevereiro

Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Diesse) e da Fundação Estadual de Análise de Dados (Seade), em março a taxa de desemprego subiu para 11,2%, ante 10,5% em fevereiro. No mesmo período de 2010, a taxa estava em 13,4%.

“Esse enfraquecimento da economia já aconteceu nos meses finais do ano passado e deve se intensificar ao longo de 2011. Prova disso é que o Produto Interno Bruto (PIB) sairá de 7,5%, em 2010, para 3,4%, em 2011, pela projeção da LCA”, destaca Romão. Com isso, a taxa de desemprego, aos poucos, deve acompanhar esse cenário.

O Brasil está caminhando para um ritmo de crescimento mais próximo do sustentável, acredita o especialista. Um nível acima disso gera pressões inflacionárias e uma exagerada escassez de mão de obra. Romão afirma que alguns setores padecem dessa falta de profissionais, como a construção civil e ramos da indústria, mas a economia em um ritmo mais sustentável irá gerar menos pressões dessa ordem no mercado.

O aumento da taxa de desemprego pelo segundo mês consecutivo, na opinião de Romão, comprova que este ano a geração de postos de trabalho não será tão significativa como no ano passado. Do outro lado, com a economia crescendo menos, a procura por emprego tende a ser maior, porque as pessoas terão mais necessidade de complemento de renda.

Ainda de acordo com a pesquisa, o número de desempregados foi estimado em 2,451 milhões de pessoas no mês passado, 133 mil a mais do que em fevereiro. O número de ocupados, em março, somou 19.455, uma queda de 207 mil pessoas em relação ao mês anterior. Na comparação anual, houve um aumento de 486 mil pessoas.

“Se olhar para a ocupação, a relação do mercado de trabalho com a atividade econômica aparece melhor. E, conforme os resultados da ocupação forem enfraquecendo, a taxa de desemprego tende a refletir melhor o cenário da atividade”, analisa Romão.

Para o economista, é normal que a taxa de desemprego aumente gradualmente durante esse ano, mas isso não significa que a economia não está boa. “Apenas quer dizer que o mercado de trabalho não está num ritmo tão significativo como no ano passado.”




Rendimento

A pesquisa do Dieese ainda mostrou que o rendimento médio real dos ocupados, descontada a inflação, caiu 0,8% em fevereiro ante janeiro e passou a somar R$ 1.377. No mesmo período, a massa de rendimentos registrou uma queda de 1,6%. Na comparação com fevereiro de 2010, o rendimento médio real aumentou 5,1% e a massa de rendimentos, 8,1%.

Segundo Romão, um dos fatores que influenciou esse resultado foi a inflação. “Os preços estão maiores e isso corrói o rendimento real. Se a inflação está alta, o desconto será maior. Fica mais difícil até uma negociação salarial, já que o aumento da remuneração terá que ser muito maior que a inflação.”



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