quarta-feira, 24 de agosto de 2011

COMO SOBREVIVER À FUSÃO SOB A ÓTICA DO FUNCIONÁRIO ?

Deve-se mostrar à nova gestão foco e comprometimento com os resultados

Maria Carolina Nomura, iG São Paulo | 24/08/2011 05:58
Está ficando cada vez mais comum dormir com o crachá de uma empresa e acordar usando outro. Não só por conta de grandes fusões, mas também como decorrência da compra de pequenas empresas por outras maiores. Nesse sentido, como sobreviver ao processo de fusão ou venda da companhia, sob o ponto de vista do funcionário da empresa que foi adquirida?

Segundo Elaine Figueiredo, diretora-presidente da Projeto RH, especializada em gestão de pessoas, teoricamente esses profissionais estariam em desvantagem porque passarão a se reportar a um gestor que não conhecem, além de terem de aprender a cultura da empresa compradora.

Foto: Getty Images
“Enfrentamos muitas situações de conflito e de insegurança, que foram deflagradas com as aquisições", diz diretor de Relações Institucionais da SABB Coca-Cola
Mauro Ribeiro, diretor de Relações Institucionais da SABB Coca-Cola, companhia responsável pela gestão de toda a cadeia produtiva da linha nacional de bebidas sem gás, chás e energéticos do portfólio da Coca-Cola, diz que é natural as pessoas se sentirem inseguras quando ocorrem grandes mudanças na organização.
“Enfrentamos muitas situações de conflito e de insegurança, que foram deflagradas com as aquisições da Sucos Mais e, posteriormente, da Sucos Del Valle. Porém, a SABB lançou mão daquilo que possui de melhor: suas pessoas. Elegemos multiplicadores em todos os níveis da organização, pessoas que foram preparadas para conversar com seus pares, equipes para transmitir a mensagem da nova organização no sentido de transformarmos duas empresas, antes concorrentes, em uma única corporação, forte, unida e que respeita as pessoas”, explica Ribeiro.



Angústias

O diretor comenta que a primeira atitude foi ouvir os profissionais antigos e saber de suas angústias. “Fizemos approaches individualizados considerando os perfis de cada grupo de empregados e respeitando suas culturas regionais, pois temos fábricas em diferentes estados, com diferentes culturas.”

O profissional da área financeira D.A., de 37 anos, que não quis ser identificado, estava na Arisco quando a empresa foi comprada pela BestFoods, posteriormente adquirida pela Unilever. Ele diz que como se tratava de uma empresa familiar, a compra da companhia foi um choque para todos. “Tinha gente que chorava porque não sabia o que ia acontecer. Quando entrou a nova gerência, a maioria das pessoas com longo tempo de casa e acostumada com a gestão familiar estranhou. Muita gente pediu para sair”, lembra.



Quem fica

J.R. conta que, apesar das mudanças, ficou na companhia e teve a possibilidade de mostrar o seu trabalho. “Eu fui bastante proativo e me coloquei à disposição para aprender os novos processos.”

Elaine comenta também que apesar do sentimento de “desvantagem” ser comum, pode haver também receio dos colaboradores da companhia compradora quando determinada área da empresa adquirida estiver mais ativa ou avançada tecnologicamente. “Por exemplo, um banco comprado que tem uma área de produtos diferenciada. Os profissionais da empresa que compra é que ficam temerosos por não dominarem as ferramentas.”




Comprometimento

Para sobreviver às mudanças, Elaine aconselha algumas atitudes que podem ajudar o profissional a se adaptar e a sair da berlinda da demissão. “É importante mostrar para o gestor que você é focado em resultados, independentemente de quem administra a empresa. E fazer isso com palavras – dizer efetivamente para o novo chefe que você é uma pessoa comprometida – e mostrar isso objetivamente, apresentando as metas alcançadas”, explica.

Elaine diz também o que não se deve fazer. Entre as atitudes consideradas ruins está a comparação com os procedimentos e cultura da empresa anterior, tanto no bom quanto no mau sentido. “É ruim ficar dizendo que na época passada era assim, e como era bom. E igualmente pega mal desmerecer a equipe antiga, dizendo que agora está tudo muito melhor porque antes era ruim. Isso mostra falta de lealdade. Afinal, se estava tão ruim por que você continuou na empresa?”

O que se pode fazer, afirma a consultora, é usar a experiência passada para resolver problemas novos. Para ela, é muito válido dizer que tal processo era resolvido de determinado modo. E perguntar ao novo gestor se caberia tentar aplicar esse modelo antigo na companhia.

FONTE: IG ECONOMIA

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