segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Hora extra é uma das diferenças no expediente fora do Brasil

Fora do país, cafezinho com os colegas ou conversa de corredor praticamente não existem

Maria Carolina Nomura, iG São Paulo | 22/08/2011 05:58

Se, no Brasil, sair mais tarde do trabalho ainda é sinônimo de comprometimento e faz parte da cultura do mundo corporativo, no exterior fazer hora extra geralmente denota incompetência.
“Às 17h, todo mundo ia embora e o escritório ficava vazio”, conta a advogada Daniela Monteiro, especialista em mercado de capitais e M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições). Ela morou em Nova York, Estados Unidos, quando trabalhava no escritório Linklaters, que possui filial no Brasil.



Daniela conta que lá as pessoas levam o horário muito a sério. É comum os funcionários até almoçarem em suas mesas de trabalho para não perder tempo. “Você não vê ninguém enrolando. Não existe essa história de tomar um cafezinho, de ficar de bate-papo. A sensação que tive foi a de que as pessoas não trabalham porque gostam e sim porque precisam ganhar dinheiro para tocar a vida fora do escritório”, conta.
O engenheiro Alexandre Segui, que morou na Austrália e na Irlanda, concorda e diz que sua percepção é a de que se tem muita preocupação com a qualidade de vida. “Pessoas que ficam após o horário de trabalho são consideradas incompetentes ou lerdas, porque não conseguem exercer sua função no horário comercial.”

Essa pontualidade, na visão de Daniela, também tem um preço: a rigidez de horário não favorece um ambiente amigável. “No Brasil, a gente mistura muito o trabalho com a vida pessoal. Fica até tarde, os colegas são seus amigos pessoais, uns vão às casas dos outros, saem juntos. Lá, eu não vi isso. Ninguém te convida para ir em casa. O ambiente de trabalho é para trabalhar”, compara a advogada.



Profissionalismo

Por outro lado, a infraestrutura oferecida pela empresa onde Daniela trabalhou era impecável. “A secretária da equipe trabalhava para nos auxiliar. Não ficava resolvendo assuntos pessoais do chefe, como acontece no Brasil. Era um ambiente extremamente profissional. Tudo funcionava.”

Segui cita que outra diferença entre o Brasil e os países onde trabalhou é que fora, eles vivem um dia de cada vez. “Você trabalha o dia inteiro e vai para casa sem aquele compromisso para o dia seguinte. Já sabe que será tudo igual novamente. Aqui, você sai do trabalho pensando no que fará amanhã, nas reuniões, se o que vai fazer vai dar certo, causando um estresse precoce. Isso sem contar o trânsito.”

Outro ponto positivo da Austrália e da Irlanda, segundo ele, é a quase inexistência de discriminação social.

“Independentemente de você ser um faxineiro ou um gerente, pode frequentar os mesmos lugares: restaurantes, bares, boates... O australiano e o irlandês curtem compartilhar a cultura local, os costumes e querem saber o mesmo de nós”, comenta Segui, que trabalhou na Austrália como entregador e com serviços de limpeza, e na Irlanda como supervisor de alimentos e bebidas de um hotel, e hoje trabalha em São Paulo com engenharia de sistemas na área de rádio e TV.

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