terça-feira, 16 de agosto de 2011

QUEDA NAS BOLSAS AMEAÇA EMPREGOS NO MERCADO DE CAPITAIS

Profissionais temem ser demitidos ou ter comissões diminuídas por conta da crise internacional

Maria Carolina Nomura, iG São Paulo | 16/08/2011 05:58

A atual crise nas bolsas do mundo inteiro tem deixado não apenas os investidores em polvorosa, mas também os profissionais que atuam no mercado de capitais. Para Lucy Souza, presidente da Apimec Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), demissões e redução de comissões são duas consequências possíveis a curto prazo.

Se esse cenário se prolongar, haverá cortes de pessoal, afirma a presidente da Apimec Nacional Lucy Souza

“Alguns analistas já pediram suspensão do credenciamento na Apimec e isso pode significar que não estão trabalhando. Pode ocorrer, ainda, a diminuição das comissões e das taxas de administração dos recursos e dos ganhos de intermediação de ofertas públicas. Se esse cenário se prolongar, haverá cortes de pessoal”, explica Lucy.

Leandro Martins, analista chefe da Walpires Corretora, diz que a crise financeira que poderá afetar os profissionais desse mercado é também reflexo da cultura do brasileiro em relação aos investimentos. “Quando as ações estão caras e todo mundo está comprando, as pessoas se animam e compram também. Quando as ações estão baratas, o investidor fica longe e diminui seus investimentos, o que também acarreta diminuição das comissões dos operadores.”

“É o chamado efeito boiada, que define a queda motivada por momentos de estresse. O lucro das companhias não deve diminuir por conta dessa crise, mas o acionista pode perder dinheiro nesse momento. O importante nesse mercado é ter uma visão de longo prazo”, diz Patricia Cottet, agente autônoma da Beta Advisors, distribuidora de títulos e valores mobiliários.


 A crise financeira que poderá afetar os profissionais desse mercado é também reflexo da cultura do brasileiro em relação aos investimentos, diz analista
Serenidade

Para trabalhar no mercado financeiro, além dos requisitos formais de ter formação superior – geralmente em áreas como Administração, Contabilidade, Economia ou Engenharia – e também possuir os certificados obrigatórios para atuar especificamente no mercado de capitais, é preciso ter sangue frio.

“O profissional deve tratar o dinheiro como um número e não lidar emocionalmente com ele. Ele vai movimentar quantidades milionárias e deve ver esses valores de um modo objetivo. Vai ouvir muitos clientes desesperados – especialmente nesta fase – e tem de ter calma para explicar a eles os riscos da operação que querem fazer”, afirma Rafael Schneider, superintendente de renda variável da corretora Banifinvest.

O estereótipo de que todo profissional que lida com a bolsa de valores é alguém estressado, sempre gritando ao telefone, diz Schneider, é coisa do passado. “É uma profissão estressante, agitada e dinâmica, mas não tem nada a ver com gritos. Hoje, o profissional deve se munir do máximo de informações possíveis sobre as operações e ser capaz de fazer projeções.”

Apesar da crise internacional atual, a presidente da Apimec Nacional acredita que a carreira de quem atua no mercado de capitais está em ascensão. “É uma área muito ampla, com diversas perspectivas para os jovens. O profissional pode trabalhar como vendedor de valores mobiliários em uma corretora, comprando e vendendo ações; como analista, recomendando os melhores títulos; ou ser um agente autônomo, que faz a mediação entre o que o cliente quer com as corretoras”, exemplifica.


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