sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Saiba porque a AmBev tem a ganhar com a venda da Schincariol

Elevado preço pago pela Schincariol valoriza a AmBev e Kirin não ameaça liderança da cervejaria, que detém 70% do mercado

Claudia Facchini e Olivia Alonso, iG São Paulo | 05/08/2011 05:02
Foto: Divulgação
Skol. marca da AmBev, é a cerveja mais vendida no Brasil

Os executivos da AmBev, que controlam 70% do mercado brasileiro de cerveja, provavelmente não perderam o sono na segunda-feira, quando o grupo japonês Kirin anunciou a aquisição do controle acionário da Schincariol. Pelo contrário. Os executivos da controladora da Brahma, Skol, Antarctica, Stela Artois e Bohemia, entre outras marcas de cerveja, têm pelo menos três motivos para dormir bem à noite.
O primeiro deles foi o elevado preço pago japoneses pela Schincariol. O cheque assinado pela Kirin valoriza indiretamente a AmBev, mostrando que os estrangeiros veem potencial de crescimento no consumo de cerveja pelos brasileiros.

“Os múltiplos elevados (pagos pela Schincariol) são claramente uma sinalização de confiança no crescimento do mercado brasileiro”, escreve o analista de investimento Felipe Miranda, da Empiricus, em relatório sobre a AmBev. Segundo ele, o valor desembolsado pela Kirin contraria os argumentos de que as ações da AmBev já estariam muito caras.

A Kirin pagou o equivalente a 17 vezes a geração anual de caixa da Schincariol, medida pelo Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). Segundo Miranda, os japoneses compraram a Lion Natham por um preço mais baixo: 12,2 vezes o Ebitda. E a Heineken pagou 11 vezes o Ebtida pela Femsa.
Falta de sinergias

O segundo ponto a favor da AmBev é que, estrategicamente, a chegada de um novo concorrente não altera o jogo de forças. “Não identificamos uma ameaça à AmBev a partir da entrada da Kirin. Dada a presença antiga da família Schincariol, não suporíamos que a alteração para o controle japonês implicaria restrições aos 70% de participação da AmBev”, afirma o analista da Empiricus.
O jornal inglês Financial Times, em um artigo sobre a aquisição da Schincariol, afirma que um dos pontos fracos é justamente a ausência de sinergias para a Kirin. A cervejaria japonesa não possui outras operações na América Latina.


Briga entre os sócios da Schincariol

Em terceiro lugar na lista de boas notícias para a AmBev estão as desavenças entre os herdeiros da Schincariol. Conflitos societários nunca fazem bem às empresas, consumindo tempo dos executivos e trazendo incertezas aos funcionários. E faz parte do jogo que os competidores tirem proveito desses
Foto: Bloomberg/Getty Images Ampliar
Cervejas da Kirin em gôndola japonesa: ao controlar marcas como a Devassa, a empresa vai ter que se abrasileirar
momentos de fragilidade para ganhar mercado.

A Kirin comprou a Aleardi, dos irmãos Alexandre e Adriano Schincariol, que possuíam 50,45% do capital da Schincariol. A outra ala da família, que detém 49,55% das ações da empresa, alega que teria direito de preferência na aquisição das ações, o que não foi respeitado.

Os advogados alegam, porém, que esse direito não se aplica, já que a empresa que foi vendida foi a Aleadri. A Kirin não comprou as ações da Schincariol diretamente.

Reunidos na empresa Jadangil, os irmãos José Augusto, Daniela e Gilberto Schincariol entraram na Justiça para impedir a venda do controle da cervejaria para a Kirin.


Japoneses buscam acordo

Segundo o jornal Financial Times, A Kirin afirmou que está confiante de que não irá enfrentar problemas para aquisição do controle acionário da Schincariol, “Nós fomos adiante após consultar os advogados locais e acreditamos que não haverá problemas (com o acordo)”, afirmou a companhia.
“Não temos absolutamente nenhuma intenção de brigar. Queremos construir um diálogo amigável (com os acionistas minoritários)”, disse companhia, segundo o jornal inglês.

FONTE: IG ECONOMIA

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