quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Curva se inverte e número de incubadoras de empresas cai no País

Estudo também revela que 92,3% das incubadoras dependem de terceiros para dar suporte às empresas residentes

Pedro Carvalho, iG São Paulo | 26/10/2011 05:05

O número de incubadoras de empresas se reduziu nos últimos anos no Brasil, mostra estudo inédito do SEBRAE, divulgado num seminário que acontece em Porto Alegre e conta com a participação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O País saltou de 13 praças do tipo em 1993 para mais de 400 em 2008, mas viu essa curva estabilizar e conta agora 384 incubadoras em atividade.


Foto: Divulgação Ampliar
"Nem todas as incubadoras eram verdadeiras geradoras de conhecimento", diz Mota


Enquanto estados que não tinham tradição em inovação, como Amapá e Acre, assistiram ao surgimento recente de algumas incubadoras em seus territórios, os lugares onde o processo estava mais avançado, como Rio Grande do Sul e São Paulo, registraram queda nos dados.

“Nem todas as incubadoras eram sustentáveis, ou não eram verdadeiras geradoras de conhecimento”, explica Ronaldo Mota, secretário do MCTI.

Os paulistas já tiveram 75 praças dedicadas a apoiar negócios nascentes, número que caiu para cerca de 40.

“Todos sabiam que a quantidade de incubadoras era muito alta para se sustentar, porque a maioria delas não tinha planejamento, nem estava ligada a uma instituição de ensino tecnológico”, aponta Sérgio Risola, diretor do CIETEC, a incubadora da Universidade de São Paulo, que reúne 147 empresas em estágio embrionário.

“No Rio Grande do Sul, o que aconteceu é que as incubadoras de base tecnológica se mantiveram, porque se mostravam necessárias a um tipo de negócio mais complexo”, afirma Roberto Moschetta, presidente da Rede Gaúcha de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos. “As incubadoras de negócios tradicionais não se sustentaram, porque não eram necessárias – o apoio remoto do SEBRAE já dava conta do suporte que precisavam”, diz.




Por outro lado, no Sul e no Sudeste houve maior avanço no aproveitamento das incubadoras – ou seja, embora o número delas tenha diminuído, agora cada uma tem mais empresas instaladas. “Não vejo problema na estabilização do número de incubadoras, porque é mais vantajoso focar nesse aumento da produtividade”, acredita Guilherme Ary Plonski, presidente da Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), organizadora do evento em Porto Alegre.

O investimento público e privado em inovação, por outro lado, cresceu nos últimos anos. Há uma década, era de 1% do PIB; hoje, é de 1,2% do PIB, sendo 0,65% de investimentos públicos e 0,55% vindo do setor privado. “O investimento específico em parques e incubadoras tecnológicas também aumentou”, afirma Mota. “Ainda assim, o adequado é que esse valor chegue a 1,8% do PIB, como nos países desenvolvidos”, diz.

Para alguns especialistas, a redução no número de incubadoras mostra que o mesmo irá ocorrer com a quantidade de parques tecnológicos, ainda em expansão em termos quantitativos. “Muitos projetos talvez não vinguem, porque os custos de manutenção são altíssimos”, afirma Chico Saboya, presidente do parque tecnológico do Porto Digital, em Recife, um dos mais importantes do Brasil.

Como solução, ele propõe a melhor exploração das estruturas já construídas – em vez de se criar novas – e a exploração de possíveis sinergias entre os parques. O Porto Digital, por exemplo, foi recentemente “contratado” pelo governo de Pernambuco para administrar um novo parque no estado. Além disso, decidiu criar um polo de economia criativa no próprio Porto, para economizar custos – quando a ideia original é que fosse instalado em Olinda.

Outro dado revelado pelo estudo diz respeito à alta dependência que as incubadoras têm de recursos externos – ou seja, não gerados por empresas instaladas nelas. No Brasil, 92,3% das incubadoras dependem de terceiros para dar suporte às empresas residentes. Além disso, 48% das incubadoras dependem totalmente desses recursos.
 

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