sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ONDE INVESTIR EM TEMPOS DE CRISE (PARTE 2)

Veja abaixo opções de investimentos para quem tem até R$ 5 mil, de R$ 5 mil a R$ 20 mil, e acima de R$ 20 mil.


Até R$ 5 mil

Os investimentos tradicionais são a sugestão de Vaz, do Santander, para quem possui até R$ 5 mil para investir e está preocupado com as incertezas na economia global. “Obviamente, para ficar mais protegido, as opções melhores para esta quantia de dinheiro são a poupança e os CDBs [Certificados de Depósito Bancário],” diz.

A poupança é atrativa, segundo ele, pois não tem cobrança de imposto de renda sobre os ganhos, como a maioria das demais modalidades de investimentos. Além disso, o investidor pode sacar o dinheiro a qualquer momento, sendo que o recomendável é que espere o aniversário – quando o investimento completa 30 dias – para ter a remuneração.

Poupança e Tesouro Direto são opções para quem tem até R$ 5 mil para aplicar
Márcio Cardoso, diretor da Título Corretora, adiciona os títulos do Tesouro Direto como uma boa opção para quem possui até R$ 5 mil, uma vez que proporcionam um bom retorno e podem ser comprados de acordo com as expectativas para a economia.

“Com pouco dinheiro, é possível ter uma boa rentabilidade. Quem acha que o juro deve continuar a cair tem que comprar um título prefixado, cujo retorno é previamente definido. Já o investidor que acredita que a inflação vai subir, procura um papel indexado ao índice de inflação,” diz Cardoso. Uma sugestão é montar uma carteira com títulos pós e prefixados.

Na avaliação de Georges Catalão, gestor de investimentos da Lecca, a melhor opção neste momento são os títulos atrelados à inflação. Segundo ele, o movimento do Banco Central de interrupção do ciclo de aperto monetário, em decorrência da piora do cenário de crise no exterior, e a busca por um ciclo de expansão mais agressivo, favorecem quem possui esses papéis. “É provável que a inflação não volte ao centro da meta antes de 2013”, afirma o gestor.

Se a poupança e os títulos atrelados à inflação estão entre as melhores opções para esta faixa, não se pode dizer o mesmo da bolsa de valores. “Uma pessoa que tem R$ 5 mil para investir não pode se dar ao luxo de perder nenhum centavo. Para piorar, não há indicação de recuperação do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. Não recomendo que o investidor se aventura no mercado de renda variável”, diz Massaro.



R$ 5 mil a R$ 20 mil

Quem possui de R$ 5 mil a R$ 20 mil e pode deixar o dinheiro aplicado por um prazo longo – evitando assim a incidência de uma grande porcentagem de imposto - pode optar pelos CDBs. A sugestão de Vaz são os chamados “escalonados ou progressivos”, em que o rendimento é maior se o investimento for mantido por mais tempo.

Os títulos do Tesouro Direto, segundo os especialistas, também são recomendados para quem possui mais de R$ 5 mil, pois são uma opção segura e rentável para qualquer investidor.

Veja também:
Entenda a crise econômica mundial
O que são títulos públicos

Ainda nesta faixa de recurso disponível, quem possui forte tolerância ao risco pode investir uma quantia do capital em ações. Dependendo do perfil do investidor, a exposição no mercado acionário pode ser maior ou menor. O mais importante, segundo os especialistas, é que o investidor tenha consciência de que o investimento no mercado acionário é de longo prazo. Assim, as ações só são recomendadas para quem pretende deixar o dinheiro aplicado por pelo menos dois anos. “O investidor tem que planejar para manter a aplicação por pelo menos 24 meses e deve ter tolerância ao risco. Tem que ter sangue frio,” diz Vaz.

Para Márcio Cardoso, diretor da Título Corretora, o ideal é que o investidor apenas aplique na bolsa o dinheiro que ele sabe que não vai precisar em até cinco anos. “Não se deve comprar ações pensando que daqui a pouco terá que vender para comprar um apartamento, por exemplo,” diz.

Para quem ainda não possui ações, a orientação dos especialistas é de que a entrada no mercado acionário seja feita aos poucos.“O investidor deve começar com 5% ou 10% do patrimônio e dosando de acordo com o quanto ele suporta de oscilação,” diz Vaz.

Uma outra sugestão é a aplicação em fundos de índices (ETFs) da bolsa de valores. O mais líquido de todos - ou seja, o que é mais negociado e, por isso, é mais fácil de ser comprado e vendido a qualquer momento - é o que replica o comportamento do Ibovespa, que reúne as ações mais transacionadas na bolsa de valores brasileira.

Quem preferir comprar ações avulsas, deve optar por empresas que têm mais dependência do mercado brasileiro, que atualmente têm maiores chances de bons retornos, dizem os analistas. “Por mais que possamos ter um impacto da crise internacional, o Brasil continua a ter fundamentos, emprego e renda crescentes, além da evolução das classes C e D,” diz Vaz.

Para Catalão, da Lecca, uma boa opção em renda variável são ações de empresas boas pagadoras de dividendos, que têm um caráter defensivo e podem proteger a carteira da volatilidade.



Acima de R$ 20 mil

Para o investidor que possui mais de R$ 20 mil, também valem os investimentos sugeridos para as duas faixas de valores inferiores, como ações, títulos do Tesouro e CDBs. Mas há outras sugestões bastante cômodas, como os fundos de renda fixa. Neste caso, o gestor da carteira irá selecionar aplicações de acordo com o cenário econômico, podendo aplicar, por exemplo, em títulos do governo atrelados ao juro, à inflação ou prefixados.

Outra opção são os fundos de capital garantido, lembrando que os fundos são recomendáveis para quem não se importa em pagar taxa de administração para a instituição que faz a gestão da carteira. “Os garantidos são bons porque, como o nome diz, garantem um ganho e podem dar ao investidor um pedacinho de um retorno maior, se houver.” O investimento tanto em produtos seguros, que geram a rentabilidade principal, como em modalidades arriscadas, que podem gerar grandes ganhos. Em geral, os gestores ficam com uma parte do rendimento extra e dividem a outra parcela entre os cotistas.

Veja também:
Crise global faz dólar subir 18% em setembro
Saiba como comprar ouro

Aplicação que mais subiu neste ano, com valorização acumulada de 19,4% entre janeiro e setembro, o ouro também é visto como alternativa de diversificação de carteira. Mas, neste caso, os analistas divergem. Para Massaro, o metal é uma péssima escolha. “O ouro passou quase 20 anos em queda contínua e não há garantias de que essa trajetória de alta seja mantida no médio e longo prazo. Para piorar, o ouro não gera rendimentos, como as ações que pagam bons dividendos. É um tipo de investimento em que só há uma forma de ganhar: comprar barato e vender caro”, afirma.


Ouro pode diversificar a carteira, mas não há garantias de que irá subir ainda mais
Para Vaz, que não chega a descartar o ouro, o ideal é limitar a participação deste ativo a no máximo 15% do portfólio do investidor. A compra pode ser feita por meio de fundos específicos, de corretoras que negociam contratos na bolsa de valores ou no mercado de balcão. Mas o gerente de investimentos do Santander diz que o ideal é que o investidor já tenha um patrimônio de pelo menos R$ 50 mil aplicados em outras modalidades antes de buscar o ouro.

O dólar, que pode parecer um investimento atrativo após as oscilações recentes – e um ganho acumulado de 13% no ano -, não é recomendado por Vaz. “O dólar subiu muito nos últimos meses, mas não sugerimos o investimento para quem não tem dívida na moeda estrangeira,” diz. Também em caráter de proteção, quem vai viajar nos próximos meses pode comprar a divisa norte-americana agora, para não ser pego de surpresa caso aconteça uma valorização. “Como investimento não é recomendável porque é muito difícil acertar quando é o melhor momento de comprar,” afirma.


Nenhum comentário: