quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mercado financeiro está de olho no dinheiro das mulheres

Bancos, corretoras, seguradoras e a própria Bolsa lançam estratégias para cativar o mundo feminino, mais conservador e estável

Aline Cury Zampieri, iG São Paulo | 30/11/2011 05:55



Foto: Carlos Della Rocca Ampliar
Mulheres são maioria absoluta na poupança, diz Sinara


Elas estão ganhando mais e participam ativamente das decisões sobre investimentos familiares. Conservadoras e estáveis ao decidir sobre onde colocar o dinheiro, são pacientes e escolhem a dedo suas aplicações. De olho nas mulheres, bancos, corretoras e seguradoras começam a criar produtos ou fazer eventos somente para conquistá-las.


Dentre os maiores bancos do Brasil, o Santander saiu na frente. Há três anos, o banco deu o pontapé em uma política voltada para o mundo feminino. Para conquistar esse novo público, a instituição financeira realiza encontros com palestras voltadas especificamente para mulheres pelo menos seis vezes ao ano, em várias regiões do país. O último, em novembro, foi realizado em São Paulo.
“Decidimos tentar conquistar as mulheres, que são cada vez mais chefes de família, estão estudando mais e são formadoras de opinião de consumo”, disse Sinara Polycarpo Figueiredo, superintendente de investimentos do Santander.
Sinara conta que cada vez mais mulheres estão entrando para o mercado financeiro e, no banco, já são mais da metade dos investidores. A exemplo de seus colegas no mercado, ela conta que as mulheres possuem um perfil bem mais conservador que os homens. “Na poupança são maioria absoluta e dividem com os homens a participação em CDBs e fundos de renda fixa. No mercado acionário, os homens dominam.”
Além de conservadoras, as mulheres têm mais medo de investir. Citando uma pesquisa da universidade de Cambridge, na Inglaterra, a especialista diz que as mulheres têm mais fobia financeira do que os homens. As medrosas do mundo feminino são 23% do total, ante 18% dos homens.


Bolsa não só para gravatas

Apesar de perderem para os homens no quesito investimento em ações, as mulheres também estão sendo cortejadas por corretoras e pela própria Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). “A Bolsa percebeu a importância da mulher na vida econômica do país”, disse José Alberto Neto Filho, professor de educação financeira da BM&FBovespa.
“Em 2002, quando lançamos a campanha de popularização do mercado de capitais ‘BM&FBovespa Vai Até Você’, percebemos a forte presença e o interesse das mulheres”, continua. “Fizemos uma pesquisa e descobrimos que as mulheres têm ação direta em 30% das decisões familiares sobre investimentos. E tomam decisões conjuntas nos outros dois terços.” Diante do interesse do público feminino por esta opção de investimento, a Bolsa criou em 2003 o “Mulheres em Ação”, que já promoveu centenas de apresentações pelo Brasil.


Foto: XP Ampliar
Mulheres não deixaram a Bolsa na crise, diz Bianca


Segundo a BM&FBovespa, as mulheres eram 17,6% dos investidores pessoa física em 2002. O percentual cresceu para 24,9% em outubro de 2011, ou 147 mil aplicadoras. Do total de mulheres, as que mais investem estão na faixa entre 26 e 35 anos (34,5 mil). “As mais jovens estão mais presentes na Bolsa, pois possuem uma situação de carreira e de rendimento que propicia a formação de poupança”, diz o professor.
“Elas estão quebrando o estigma de Bolsa só para gravatas”, afirma. “Considero expressivo o crescimento da participação das mulheres, que perguntam mais para não abusar do excesso de confiança. O homem é mais negociador de curto prazo, a mulher pensa mais no longo prazo.”
Essa também é a visão de Bianca Juliano, gerente comercial da XP Investimentos, uma das maiores corretoras do Brasil. “As mulheres procuram mais produtos de renda fixa e fundos de investimento com perspectiva de longo prazo”, diz.
A XP começou a investir no público feminino no dia 8 de março de 2008, Dia da Mulher. “Foi quando lançamos nossos ciclos de palestras direcionadas.” Segundo ela, a mulher tende a ser uma investidora mais estável. “Na última crise, por exemplo, elas mantiveram o sangue frio para não retirar seus investimentos.”
Bianca diz que a XP não quis criar produtos com “ações femininas”. “Não temos diferenciação de produtos, mas de abordagem. Queremos que as mulheres escolham as ações com melhor rentabilidade, mas não necessariamente as ligadas ao mundo feminino.”


Seguros

No mundo dos seguros, a Porto Seguro tem tradição em oferecer produtos diferenciados para a mulher. “De dois anos para cá, passamos a fazer pesquisas voltadas para as necessidades exclusivamente femininas”, diz Marcelo Sebastião, diretor de Auto da Porto Seguro. Segundo ele, a mulher bate um pouco mais o carro que o homem, só que os valores são menores. “A despesa média com sinistro é menor”, afirma.
As mulheres também são menos roubadas ou furtadas. “Sempre dirigem acompanhadas, estão mais atentas ao movimento das ruas, não param em locais ermos e param em estacionamentos.” Segundo ele, a carteira de auto da Porto é equilibrada entre homens e mulheres, e a participação das mulheres nos seguros da Porto cresceu entre 10% e 12% nos últimos três anos. “As mulheres contratam seguros com cláusulas mais simples e se interessam mais por serviços extras, como direito a taxi emergencial.”


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FONTE: IG ECONOMIA

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