quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Arezzo estuda o futuro além dos calçados

Grife gaúcha já vende esmaltes e bolsas e avalia como ampliar a receita explorando outros objetos de desejo femininos


Dubes Sônego, iG São Paulo | 29/12/2011 05:00

Foi como uma das principais grifes brasileiras de calçados que a gaúcha Arezzo Co. atraiu R$ 502,9 milhões em sua estreia na Bolsa de Valores de São Paulo, em fevereiro, e tornou-se uma das queridinhas do mercado brasileiro. Mas esta não será necessariamente a única receita de crescimento para a companhia no futuro. De olho no potencial de distribuição de sua rede de mais de 300 lojas próprias e franquias em todo o país, a Arezzo estuda como poderá aumentar as margens de lucro ampliando a venda de outros produtos que costumam figurar na cesta básica de “manutenção” e bem-estar feminina, como bolsas, esmaltes, batons e que tais.


É um dos motivos pelos quais a empresa pretende concentrar esforços ao longo de 2012 no desenvolvimento de um novo modelo de lojas para a marca Arezzo, diz Anderson Birman, presidente da companhia. As vendas no ano deverão ficar em linha com as previsões divulgadas aos investidores no início do ano, afirma Alexandre Birman, diretor vice-presidente de operações da empresa. Mas a avaliação de Anderson é de que poderiam ser maiores caso a rede de varejo da marca tivesse um projeto arquitetônico e área condizente com as linhas de produtos e a dinâmica de lançamento de coleções atual da Arezzo. “Temos filosofado muito sobre isso”, diz.
No ano passado, por exemplo, a companhia lançou uma linha de cosméticos batizada Arezzo Beauty, que incluía esmaltes, batons, gloss, delineador para os olhos, paleta de sombras e sombras em pó – tudo produzido por terceiros, com a marca Arezzo. A linha, segundo Anderson, está sendo encerrada. Mas a razão, afirma, longe de ser a baixa procura, é a inadequação das lojas para vender os produtos. “Em número de unidades, os esmaltes tem vendas representativas”, afirma.

Bolsas, um item que faz parte da linha de produtos da companhia há algum tempo, também tem vendas em alta em um portfólio de acessórios de moda que incluí ainda carteiras, cintos, óculos, bijuterias e relógios, que e responde por 20% das vendas da marca Arezzo e por 5% da Schulz, outra das quatro marcas da companhia. Por isso, internamente, a avaliação é de que há um grande potencial de expansão na horizontalização da linha de produtos, ainda não mapeado. Uma vez feita a tarefa, seria possível montar um plano de negócios para aproveitá-lo.



Classe C

Outro alvo de esforços intelectuais da companhia está em como explorar melhor a nova classe média brasileira. Hoje, mesmo que algumas mulheres de classe C idealizem e comprem os produtos da marca, 85% das vendas da Arezzo Co. são para consumidoras das calasses A e B. “Durante 2012 fizemos alguns estudos para ver como atacar este mercado. E deveremos continuar a estudar em 2012”, afirma Anderson Birman.

Divisão do bolo

Participação de cada marca na receita bruta da Arezzo Co.
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Fonte: Arezzo

Uma das marcas da companhia com potencial para ser usada em testes nesse mercado é a Anacapri. Confeccionados sobre formas padrão, os calçados da marca têm solado baixo e basicamente a mesma estrutura. O que muda é o exterior. É um modelo que garante ganhos de escala e custos mais baixos na produção, agiliza o lançamento de coleções e abre a possibilidade de vendas massivas pela internet, uma vez que mulheres que já compraram um calçado da marca podem adquirir outro sem provar, da mesma forma que comprariam uma sandália Havaianas. Mas Birman frisa que a companhia ainda não tem estratégia definida.


Reajuste

 
Por ora, uma das certezas é a de que a Arezzo vai estudar a possibilidade de aumentar margens de lucro cobrando mais caro pelos calçados de sua principal marca, a Arezzo. Alexandre Birman diz que, em 2011, a estratégia para ganhar volume de vendas foi manter os preços abaixo dos da concorrência. Enquanto os calçados da Arezzo saiam por R$ 170, em média, outras marcas cobravam R$ 200. “Apesar dos calçados que vendemos não serem uma commoditie, o que difuculta comparações, mantivemos o preço cerca de 20% inferior ao de concorrentes com qualidade e valor percebido de marca similares”, diz o executivo. Segundo ele, agora é hora de checar se há espaço para uma readequação de preços.


Raio-X

Alguns dos principais indicadores financeiros da Arezzo (em milhões - R$)
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Fonte: Arezzo - balanço 4T10


Para 2012, a companhia tem ainda como meta a abertura de 54 lojas - neste ano foram 43 -, de suas quatro marcas, todas no Brasil. Segundo Anderson, apesar da presença internacional da grife que leva o nome de seu filho e executivo da empresa, a Alexandre Birman, a expansão internacional de outras marcas ficará em segundo plano, ao menos nos próximos dois anos.

Até lá, ao menos lá fora, a Arezzo pretende usar os canais abertos por sua marca de sapatos de luxo, a Alexandre Birman, para azeitar o relacionamento com redes varejistas internacionais, como Lane Crawford, Nordstrom, Harvey Nichols e Bergdorf Goodman - o que poderá facilitar o avanço lá fora no futuro. E, aqui, aproveitar ao máximo a estrutura que já tem para lucrar com o que a maior parte das mulheres considera uma arte a ser dominada: a combinação de bolsas, sapatos, esmaltes e maquiagem.
 
FONTE: IG ECONOMIA

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