sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

INVESTIMENTOS EM 2012: ANALISTAS RECOMENDAM CAUTELA

Cenário econômico global incerto e estagnação da economia brasileira levam consultores a indicar investimentos mais conservadores

Carla Falcão, iG São Paulo | 09/12/2011 05:32

Cautela, conservadorismo e canja. Essa é a receita de analistas e consultores para quem enfrenta agora a árdua tarefa de definir uma estratégia de investimentos para 2012. Diante de um cenário repleto de incertezas e de notícias não muito animadoras, é preciso não apenas conhecimento, mas também tranqüilidade e uma boa dose de frieza para tomar as decisões mais adequadas a cada objetivo.

A estagnação da economia brasileira – no terceiro trimestre deste ano, o PIB ficou estável – a crise na Europa e a instabilidade político-econômica verificada nos Estados Unidos são dos três principais fatores que têm tornado mais complicada a decisão de investir. Para piorar, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, acumula entre janeiro e novembro deste ano perdas de 17,9%, o que leva o índice à nada honrosa posição de 33º pior resultado do mundo. Tendo esse quadro em vista, o que é mais (ou menos) recomendado para 2012?

Especialista em finanças pessoais, André Massaro indica o CDB e o tesouro direto, opções que ele considera mais seguras levando em consideração o cenário no curto prazo. “Nada impede que a economia brasileira sofra uma desaceleração em 2012. Por isso, o ideal é manter uma postura defensiva”, afirma.

Ângela Menezes, professora de Finanças do Ínsper, também sugere o Tesouro Direto como opção de renda fixa para quem tem objetivo de investir em 2012 pensando em longo prazo. “Para quem pode deixar o dinheiro por mais tempo, o Tesouro é melhor que outros produtos, como o CDB,” afirma. Segundo ela, comprar títulos do Tesouro nacional “é uma aposta no País – e não nos bancos, como o caso do CDBS – e é para quem acha que o Brasil vai para frente.”

Investidor que estiver disposto a apostar em ações precisa estar preparado para enfrentar oscilações do mercado.

Já o diretor da corretora Pentágono, Marcelo Ribeiro, se diz extremamente pessimista diante do que ele classifica como as três catástrofes potenciais de 2012: a desintegração da zona do euro, a desaceleração da economia na China e o crescimento medíocre dos Estados Unidos. “Ao contrário do que vem sendo dito por alguns políticos e economistas, o Brasil está completamente integrado à economia global, o que não nos livra de enfrentar dificuldades em 2012”, diz.

Ribeiro acrescenta ainda que, historicamente, a moeda e o mercado de ações brasileiro oscilam mais que a média. “Ou seja, se o mundo vai bem, a Bolsa e o real vão muito bem. Mas, se o mundo vai mal, a queda é ainda mais acentuada no Brasil”. Não por acaso, ele recomenda aos investidores que fujam da bolsa de valores em 2012, especialmente se os papéis forem ligados a commodities. O ideal, diz, é apostar em um fundo de renda fixa ou até mesmo em um fundo cambial, uma vez que o dólar pode ser um porto seguro. Já o ouro não é indicado por ele devido à dificuldade que os investidores brasileiros encontram para gerenciar o ativo.

Assim como Ribeiro, o analista de uma das principais corretoras do país também desaconselha os investimentos em Bolsa ao longo de 2012. O analista, que prefere não se identificar para não se indispor com a diretoria da empresa na qual trabalha, diz que este é o pior momento para o investidor pessoa física colocar seu dinheiro em ações. “A menos que a pessoa tenha muita disposição para sofrer e frieza para acompanhar o mercado sem sofrer um infarto a cada desvalorização, não indico o aporte de recursos em ações”, afirma.

Na contramão dessa orientação, Alexandre Wolwacz, sócio da Leandro & Stormer, acredita que 2012 será um ano interessante para fazer investimentos em bolsa. Para justificar sua orientação, ele evoca uma teoria segundo a qual o final dos anos que terminam em 2 são sempre ótimas janelas de oportunidade para comprar ações. “De acordo com essa análise os mercado alcançam o topo nos anos que terminam com 0 e atingem o fundo do poço nos anos que terminam em 2. Foi assim nas décadas de 80 e 90 e no início dos anos 2000”, diz.

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Ou seja, segundo Wolwacz, quem estiver disposto a comprar ações deve esperar até o final de 2012, quando, então, poderá levar bons papéis por preços interessantes. Na lista de ações indicadas por ele estão small caps como Randon e Weg.

Se os analistas e consultores ouvidos pelo iG não entram em acordo no que diz respeito às as indicações de tipos de investimentos, eles são unânimes, entretanto, ao aconselharem o investidor pessoa física a não pecar pelo excesso de ousadia no próximo ano. A avaliação é que este não é um bom momento para se arriscar e perder dinheiro.

(Colaborou Olívia Alonso)

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FONTE: IG ECONOMIA

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