sábado, 14 de janeiro de 2012

BNDES VAI CONCENTRAR RECURSOS DE R$ 23 BILHÕES EM INFRAESTRUTURA

Governo quer acelerar obras como forma de sustentar a taxa de investimentos na economia em meio à instabilidade internacional


AE | 13/01/2012 18:18

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai aprofundar este ano a concentração de seus recursos no financiamento de grandes obras de infraestrutura, que o governo quer acelerar como forma de sustentar a taxa de investimentos na economia em meio à instabilidade internacional.

Em entrevista ao Grupo Estado, o diretor de Infraestrutura e Insumos Básicos do BNDES, Roberto Zurli, disse que o banco se prepara para despejar R$ 23 bilhões em energia, logística e transportes em 2012, quase 28% a mais do que o emprestado em 2011. No ano passado, o crédito do BNDES para grandes projetos de infraestrutura somou pouco mais de R$ 18 bilhões, o que já representou uma alta de 15% em relação a 2010.

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O desempenho fez o setor tomar a liderança da indústria no desembolso total do banco em 2011, ainda não divulgado, de cerca de R$ 140 bilhões. Apesar da retração de 17% do crédito total do BNDES em relação aos R$ 168 bilhões de 2010, a atuação do banco na infraestrutura segue crescendo. "A infraestrutura tem uma demanda crescente e é um motor importante no crescimento do País. Há uma demanda firme de longo prazo", afirmou o diretor do BNDES.

Além de contar com o financiamento do BNDES, o governo tem como estimular os investimentos com o calendário de leilões de concessão. Segundo Zurli, o setor de energia elétrica seguirá liderando os desembolsos do BNDES para infraestrutura este ano. Em 2011, eles consumiram 76% das liberações para a área com o início do desembolso de grandes financiamentos, como os das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e o da planta nuclear de Angra 3, no Rio.

O banco também concedeu um empréstimo-ponte para a construção da usina de Belo Monte, no Pará, cujo financiamento o diretor espera ser aprovado até março. Até lá, diz Zurli, uma nova operação intermediária poderá ser aprovada pelo BNDES.

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"Há essa possibilidade de um ponte adicional para não prejudicar o ritmo das obras, que estão em ritmo acelerado. Tempo é dinheiro para esses projetos", justificou o executivo, lembrando que o modelo de concessão tem vantagens financeiras que estimulam a antecipação do início de operação. Segundo Zurli, o BNDES avaliou bem a superação das pendências do licenciamento ambiental e a reestruturação acionária do consórcio vencedor do leilão de Belo Monte com a entrada de empresas de maior porte e consumidores de energia, como a Vale.

Agora, diz, só faltam serem superados arremates burocráticos para a aprovação do financiamento, que será o maior já concedido pelo banco. "Não há dúvidas quanto ao projeto em si, tecnicamente falando", disse o diretor. O BNDES, que poderá financiar até 80% da obra, cujo orçamento é superior a R$ 20 bilhões. Até agora, a maior operação já aprovada pelo BNDES foi o crédito de Jirau, de R$ 7,2 bilhões. Os desembolsos são feitos no decorrer da obra.



Transportes

Apesar do foco em energia, o BNDES espera aumentar este ano o crédito em outras áreas, como as de portos, ferrovias e rodovias. Zurli diz que o banco "deve apoiar significativamente" os investimentos que serão feitos nos aeroportos privatizados.

O BNDES já conversa informalmente com os grupos que se articulam para disputar as concessões de Guarulhos, Brasília e Viracopos no leilão de fevereiro. No radar do banco também está o Trem de Alta Velocidade (TAV) ligando Campinas, São Paulo e Rio, no qual mais uma vez figura como principal financiador caso o governo consiga concretizar o leilão este ano.

Segundo Zurli, o banco tem recursos para seguir como principal financiador de longo prazo na área de infraestrutura, cuja superação de gargalos pode estimular investimentos privados em setores como o industrial. Ele diz que o protagonismo da área de infraestrutura no desembolso total do banco não está garantido este ano, a depender de como será a demanda na área industrial com a perspectiva de alta dos investimentos em setores como o de petróleo e gás.

Somando o crédito para grandes projetos às operações indiretas de menor porte, como as de aquisição de máquinas, equipamentos e veículos, a infraestrutura respondeu por 41% de todas as liberações do BNDES até outubro, enquanto a indústria ficou com 31%.

Comércio, serviços e agropecuária ficaram com os outros 28%. Em 2010, sob impacto do aporte do BNDES na capitalização da Petrobrás, a indústria ficou com 47% dos recursos do banco. O BNDES ainda financia investimentos em infraestrutura urbana, como saneamento e mobilidade, que estão na área de Inclusão Social. Também ficam nessa área os financiamentos para estádios e hotéis para a Copa de 2014, que já têm mais de R$ 3 bilhões contratados.

FONTE: IG ECONOMIA

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