sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CANSOU DO CHINELO? ENTERRE-O

Concorrente das Havaianas, Amazonas Sandals lança produto biodegradável de olho no mercado externo, que já responde por 35% de suas vendas

Danielle Brant, iG São Paulo | 17/02/2012 05:30

O nome em inglês e a decisão de lançar a marca primeiro no exterior poderiam ser um indício de que a Amazonas Sandals surgiu com foco no exterior. Mas, segundo Ariano Novaes, diretor de marketing da empresa, o objetivo é mesmo crescer no mercado doméstico.

Ariano Novaes posa com os produtos da marca Amazonas Sandals: apelo ambiental para concorrer com a Havaianas

“O nome Amazonas é muito Brasil, e criamos um produto que aposta em estampas com motivos e cores da Floresta Amazônica, aliando design e conforto”, afirma.

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Mas os números confirmam a intenção de internacionalizar a marca: 35% da produção da Amazonas Sandals têm como destino o mercado externo. Os principais compradores são Itália, França, Austrália, Croácia, Estados Unidos e até Cuba, mas a empresa exporta também para países asiáticos como China, Japão e Coréia do Sul. Em um contexto de crise, pode parecer temerário apostar no mercado europeu, mas Novaes vê oportunidade de crescimento em meio às turbulências internacionais.

“A crise é muito subjetiva. Nós tivemos uma boa recepção quando lançamos o produto, em junho. É a novidade, tem o apelo do design e da sustentabilidade. O cliente se motiva a comprar”, diz o diretor de marketing da marca.


Diferenciada

Já no mercado doméstico, a palavra de ordem é diferenciação. Para isso, a marca criou duas linhas sustentáveis: a eco-rubber, feita com borracha reciclada, e a bio-rubber, com material biodegradável.


Linha bio-rubber: cansou do modelo, é só enterrar
As sobras de borracha utilizadas para produzir a eco-rubber são encontradas em duas fábricas do grupo, localizadas em Franca (SP) – onde nasceu o Grupo Amazonas – e João Pessoa (PB). Como esse tipo é feito de borracha sintética, demora cerca de 500 anos para se decompor.

Já o material biodegradável é produzido em João Pessoa. E é nele que a empresa aposta forte. “Nós produzimos a primeira borracha biodegradável vulcanizada. A fonte principal do solado é o látex natural, proveniente das seringueiras da Amazônia e que se degrada em cinco anos”, explica.

Mas sem alarmes. A sandália não vai se desintegrar enquanto estiver guardada no armário, garante Novaes. “Ela precisa ser descartada em um ambiente com água, gás carbônico e terra para se decompor, tipo um aterro sanitário”, explica. Apesar de toda a preocupação com a sustentabilidade, o diretor de marketing diz que a empresa quer fugir do estigma de “eco-chato”, e, para isso, investe em cores e estampas que remetem à vivacidade da Amazônia.


Concorrência

As comparações com a Havaianas são inevitáveis. Mas, segundo Novaes, bem-vindas. “A Havaianas detém o mercado, sempre vai ser a número um. É um case de sucesso. Nós a temos mais como referência do que como concorrente”, afirma.

O design dos modelos ‘verdes’ lembra muito o da rival, e a empresa ainda produz duas linhas cuja base é a borracha vulcanizada: a Fun, lisa, e a Enjoy, estampada. Ambas são fabricadas em João Pessoa.

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Para Marcos Hiller, coordenador do MBA em Gestão de Marcas da Trevisan Escola de Negócios, a empresa tem um desafio e tanto pela frente. “A Havaianas é um case tremendo de posicionamento de marca, porque ela, que era usada por pedreiros, passou a ser considerada uma das marcas mais valiosas do Brasil”, afirma.

Hiller acredita que, para enfrentar a Havaianas, a Amazonas Sandals vai precisar de “um caminhão de dinheiro e de celebridades”. “A causa ambiental é válida, mas vai roubar pouco público da Havaianas”, ressalta o especialista, que afirma que a empresa precisará investir em marketing a longo prazo para consolidar a marca.


Planos futuros

Solado da eco-rubber é feito com borracha reciclada

Com quatro meses no mercado doméstico, as projeções de expansão são infinitas, destaca Novaes. “Não temos histórico, então qualquer crescimento será grande”, ressalta. A produção do grupo inteiro é de 2,2 milhões de pares por mês. Mas a comercialização das quatro linhas ainda engatinha.

A marca, agora, quer fazer com que o produto chegue ao consumidor. Para isso, aposta na venda direta, em lojas como Pontal e Deny, e também na parceria com lojas de e-commerce, como a Netshoes.

O foco está voltado para as classes A e B. “As vendas para as classes C, D e E acabam sendo um reflexo, pois elas replicam aquilo que é consumido nas classes A e B”, ressalta Novaes. E o preço das sandálias com pegada ‘verde’ pode assustar. Os modelos de eco-rubber e bio-rubber podem custar de R$ 24,90 até R$ 58,90.

E para conquistar esse público e aproveitar para se consolidar ainda neste verão, a Amazonas Sandals está investindo em ações de marketing. Uma delas foi na Ilha de Caras, onde surgiu nos pés de celebridades. Agora, no Carnaval, organizou mais duas ações: uma no camarote do SBT e no da Banda Eva, em Salvador; e outra no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, no camarote da Brahma.

FONTE: IG ECONOMIA

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