quarta-feira, 18 de abril de 2012

Caixa pode elevar juros caso Selic volte a subir em 2013

Vice-presidente de crédito do banco estatal, Fábio Lenza, diz ao iG que spread será ajustado para cima se BC aumentar taxa básica

Nivaldo Souza, iG Brasília |
Foto: AE
Juros menor agora deve fazer Caixa manter lucro de R$ 5,2 bilhões em 2012, mesmo valor alcançado em 2011
A redução de spread (diferença entre os juros pagos para captar recursos e o cobrado sobre empréstimos) anunciado há pouco mais de uma semana pela Caixa Econômica Federal pode ser revista caso a tendência de corte na taxa básica de juros (Selic) seja alterada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Se tiver um movimento na taxa básica de juros muito forte, teremos de rever [a redução de spread], porque o custo de captação aumenta”, afirma em entrevista ao iG Economia o vice-presidente de crédito da CEF, Fábio Lenza.

Segundo o executivo, o banco estatal manterá as taxas atuais tanto para empresas quanto para os consumidores até o final deste ano. “Permanecendo o cenário atual da curva de juros [Selic em queda], essas taxas vieram para ficar”, afirma Lenza. “Lógico que se tiver algum movimento de aumento de custo de captação no futuro [elas podem ser revista]”, pondera.


O vice-presidente da CEF garante que o repasse de R$ 371 bilhões projetados em financiamentos para este ano se manterá inalterado até dezembro. Junto com o corte nos juros, a Caixa reforçou suas linhas de crédito em R$ 71 bilhões para 2012. O acréscimo foi resultado de transações de captação junto a outros bancos por meio da emissão de Certificados de Depósito Interbancário (CDI) - tipo de papel em que uma instituição financeira com dinheiro sobrando empresta para outra a juros pré e pós-fixados.

A Caixa assegura que mesmo se a Selic avançar dos 9,75% atuais para um patamar maior no segundo semestre para controlar uma possível escalada da inflação, os juros mais baixos se manterão como parte da investida do Planalto para forçar as instituições financeiras privadas a reduzirem o spread. “A disposição de trabalhar com spread menor será mantida, em qualquer cenário de Selic maior [no curto prazo]”, diz Lenza.


 

Margem de lucro estável


Com os juros representando cerca de 30% do lucro dos bancos no Brasil, conforme dados do BC, o corte no spread deve se refletir no resultado financeiro da Caixa. O banco já trabalha com um cenário de lucro estável, mantendo os R$ 5,2 bilhões registrados em 2011. “Nossa programação é manter o resultado do ano passado, mas vamos compensar [a estabilidade] com redução de custos e maior relacionamento com a base atual de clientes”, afirma o executivo.

A estratégia é uma apostar no longo prazo, a partir de crescimentos sucessivos nos lucros com o aumento da base de clientes dispostos a migrar suas contas para a Caixa. A portabilidade é o pano de fundo da ação sobre o spread, especialmente atração de contas salários tanto de funcionários públicos quanto privados.

A Caixa opera hoje 1,7 milhão de contas salários de servidores estatais e 300 mil de trabalhadores da iniciativa privada. A meta é adicionar mais 2 milhões de contas em 2012. “Todo mercado que ganhamos esse ano vai fazer a Caixa iniciar 2013 em outro patamar”, confia Lenza.

Não à toa, a instituição estatal reduziu as taxas cobradas sobre a aplicações desses clientes em fundos de investimentos operados por ela como parte do pacote de atração de correntistas - além da redução de juros sobre cheque escial e cartão de crédito. Investidores na faixa dos R$ 20 mil passam a pagar alíquota de 0,7% ao mês. Já para quem decidir aplicar R$ 1 mil pagará 1% de taxa de administração.


Lenza classifica a estratégia como a antecipação de movimento inevitável no setor bancário brasileiro público e privado para praticar juros menores nos empréstimos concedidos. “Estamos fazendo um reposicionamento, uma mudança de paradigma, antecipando um movimento. Queremos com isso ganhar mercado de forma consistente”, diz.

Caso a estratégia se confirme, a Caixa espera subir no ranking do bancos brasileiros com maior quantidade de ativos registrado em balanço. “Temos a meta de crescer nos próximos anos para ser o terceiro banco em ativos no país”, confia o vice-presidente de crédito.

fonte: IG ECONOMIA

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