sexta-feira, 25 de maio de 2012

Momento é propício para comprar, e ruim para vender o carro

Consumidor pode conseguir bons negócios, mas deve aguardar uns dias, comparar preços em diferentes concessionárias e calcular se o veículo cabe no seu bolso

iG São Paulo |

AE/Sérgio Castro
Consumidor deve pesquisar antes de comprar e calcular se conseguirá pagar todo o financiamento
O governo anunciou nesta semana a redução de impostos para carros, o que deixou bem feliz quem estava pensando em comprar um veículo 0KM. De fato, o momento ficou propício para as compras, não apenas por conta do corte de taxas. As empresas estão com muitos veículos em estoque e as vendas têm sido mais fracas, dizem especialistas. “Agora, o comprador pode conseguir um bom preço nos feirões e, assim, minimizar o impacto da prestação do financiamento em seu orçamento,” diz.
Mas antes de bater o martelo, é bom pesquisar, pois nem todas as concessionárias baixaram os preços. “É importante observar os preços e condições de financiamento, pois pode haver um período de tempo para ajuste,” diz Eduardo Coutinho, professor de finanças do Ibmec. Para Fernando Fleury, professor da Business School São Paulo (BSP), as melhores oportunidades podem aparecer daqui a 15 a 30 dias.


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Além disso, algumas lojas podem ter mantido os preços anteriores, argumentando que antes da redução do IPI os carros estavam em promoção. Por isso, é importante pesquisar preços e taxas, inclusive em concessionárias de uma mesma montadora. “Mesmo na mesma bandeira há concorrência, então vale a pena ir de uma loja para outra, pois a diferença pode ser encontrada,” diz Nelson Beltrame, professor de Varejo na Fundação Instituto de Administração (FIA).

A redução dos preços dos veículos 1.000 cilindradas, em geral, deve acompanhar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que passou de 7% para zero nesta categoria. Mas ninguém deve comprar apenas por conta da redução dos impostos, dizem os especialistas, pois o carro é um bem caro, que compromete o orçamento. “É preciso ter consciência de que a partir do momento em que assumir o endividamento, a compra vai afetar seu futuro,” diz Nagami.


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Anísio Castelo Branco, professor de finanças do Senac São Paulo e Presidente do Instituto Brasileiro de Finanças, Perícias e Cálculos (Ibrafin), diz que o comprador é quem deve avaliar se tem ou não condições de tomar um financiamento de veículo, e não as empresas que concedem o empréstimo. “A forma que as financeiras avaliam o crédito não é adequada. Então a pessoa tem olhar detalhadamente seu orçamento doméstico para não se tornar inadimplente.

A redução do Imposto sobre IPI, comenta ele, foi uma forma de o governo melhorar a situação das montadoras, que não conseguiam vender seus veículos, principalmente os fabricados para as classes B e C. “Houve uma febre de financiamento de automóveis no Brasil, os bancos emprestaram muito dinheiro e sem muitas exigências. Mas a família brasileira não está preparada para este crédito, por não ter educação financeira. Mesmo com carros baratos, muitos não têm como assumir novas dividas, pois já estavam endividadas. Assim, as vendas caíram, e as montadoras pressionaram o governo,” explica Castelo Branco.

Para quem tiver certeza de que tem condições para pagar as prestações, o ideal é que tente dar a maior entrada e reduzir o número de parcelas para o menor possível. “Não existe um máximo, mas o melhor é conseguir o número de parcelas que deixa a compra isenta de juros. Pois quanto mais longo o prazo, mais se perde em juros. Muitos oferecem juro zero para 12 ou 24 vezes,” diz Nagami.
Para quem pode esperar, diz ele, há ainda a opção do consórcio. Outra opção é a compra do semi-novo, que na opinião de Beltrame, da FIA, é melhor do que o novo. “O semi-novo de dois meses de uso, por exemplo, é excelente, uma vez que tem pouca rodagem e está bom estado,” afirma.


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Quer vender?

Para quem pretende vender o carro usado, o momento é bem ruim. Quando os preços dos novos caem, os usados também perdem valor rapidamente. No caso dos populares, que tiveram a maior redução do IPI, a tendência é de desvalorização ainda maior, comenta Otto Nagami, do Insper. “É justamente destes modelos que a indústria tem mais unidades em estoques e deve praticar as melhores taxas,” afirma.

Essa queda dos usados tem sido impulsionada pelo aumento da renda dos brasileiros, na avaliação de Fernando Fleury, da BSP. “O público comprador de usados teve aumento de renda e passou a se tornar potencial comprador de carro novo. Hoje, famílias que comprariam um carro de terceiros já acreditam ter a possibilidade de financiar o novo. Com isso, cai a demanda pelos usados, o que derruba os preços,” diz.

Na opinião dele, o Brasil caminha na direção de países desenvolvidos no mercado de usados. “Nos EUA e no Japão, por exemplo, o carro usado não tem mercado, de tão barato. O mercado aquecido é somente o dos novos. Não é agora, nem daqui a 10 anos, mas estamos indo nesta direção,” afirma.


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Ficar segurando o carro antigo, entretanto, pode não ser a melhor saída. “É preciso avaliar a perda de valor do usado e nova condição de financiamento do novo. Se for um juro mais baixo, pode compensar,” diz Nagami.

Assim, pode ser melhor vender o usado com uma perda e usar o dinheiro para reduzir o valor do financiamento do veículo novo do que manter o carro na garagem na expectativa de que o IPI suba novamente. “Até porque pode acontecer de o governo prorrogar o prazo,” acrescenta Eduardo Coutinho, professor de Finanças do Ibmec. “Não acho que adiante esperar até agosto, pois existe um risco,” afirma.

Beltrame, da FIA, concorda. “Infelizmente quem for vender não é o melhor momento, mas não vejo melhoria no curto prazo, não há tendência de alta do preços,” diz.


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fonte: IG ECONOMIA

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