domingo, 20 de maio de 2012

“Salário top não atrai funcionários para empresas”

Oferecer um salário competitivo com o mercado pode não ser fator determinante para as empresas atraírem mais talentos.


Foi o que concluiu o levantamento “Atributos da marca empregadora”, realizado pela consultoria LAB SSJ em parceria com a empresa de recursos humanos Clave.


Na lista de prioridades apontadas pelos profissionais, a remuneração não constou no esperado top-3. Segundo Isadora Marques, coordenadora de Pesquisa do LAB SSJ, fatores mais associados ao longo prazo pesam mais na hora de o profissional escolher uma nova vaga de trabalho.

A pesquisa, que entrevistou mais de 10 mil profissionais, apontou que “boas perspectivas de carreira futura” foi o item mais valorizado, seguido por “reconhecimento” e “desenvolvimento de novas capacidades”. A remuneração foi “apenas” o quarto item mais citado.

Poder Econômico – O fato de a remuneração não estar entre os principais fatores de decisão na busca por novo emprego é surpreendente?
Isadora Marques - O nosso recorte deu alguns pontos que já são conhecidos para quem trabalha com RH: o primeiro, foi a perspectiva de carreira, em seguida veio ser reconhecido e o terceiro ter perspectiva de desenvolvimento. O surpreendente foi ter percebido que essas coisas superaram remuneração, que apareceu em quarto lugar. Pelas nossas pesquisas, o dinheiro não apareceu nas primeiras colocações, quebrando a lógica de que apenas uma boa remuneração faz com que o funcionário seja atraído à empresa.

Poder Econômico – E essa tendência é observada com mais força em determinada faixa etária?
Isadora Marques - No geral, para todas as faixas etárias de funcionários que pesquisamos, as preferências se mantiveram praticamente as mesmas. De menos de 21 anos até 46 anos, a lista de prioridades não teve tanta variação.

Poder Econômico – Como explicar o fato de a remuneração não aparecer entre os itens mais relevantes?
Isadora Marques - A nossa análise em relação a esses pontos líderes é que são coisas que são importantes no longo prazo. São as questões que se mostraram mais importantes para o indivíduo no longo prazo, as questões atreladas ao o que a pessoa quer para ela. O que a empresa tem para mim ficou à frente do que a empresa oferece para mim. Mas o fato de a remuneração não estar nos três primeiros lugares não significa que os funcionários não dão prioridade ao tema. O que a pesquisa mostra é que não adianta a empresa somente oferecer um salário top para atrair o funcionário.

Poder Econômico – As empresas estão conscientes dessa nova estrutura de exigência dos candidatos?
Isadora Marques – Existe muita empresa que não tem consciente sua estratégia de atração. Não há um projeto estruturado. Muitas vezes, nem o perfil da vaga está bem definido. Hoje, existe uma demanda muito grande para busca de talentos. As empresas estão sentindo uma falta de talento no mercado e, quando ele é encontrado, acaba não permanecendo por muito tempo na empresa. A questão da mobilidade está sendo preocupante. Essa lista de prioridades ainda não está clara para todos. Existe uma força de trabalho mais informada e conectada, que sabe o que quer e que busca produzir um trabalho que tenha significado para ela. As empresas precisam estar atentas a isso.

fonte: IG COLUNISTAS - PODER ECONOMICO

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