domingo, 8 de julho de 2012

Recomendações sobre o teletrabalho - parte 2

TELETRABALHO E SUAS TENDÊNCIAS


As facilidades trazidas para o mercado de trabalho a partir dos avanços tecnológicos são, hoje, os principais indicadores de que precisamos com urgência rever o tradicional modelo da CLT, segundo a qual o trabalhador deve ter um local e horário fixos de trabalho e ser empregado de apenas uma empresa. Do outro lado da moeda, uma reunião entre pessoas de cidades e países diferentes já pode ser realizada ao mesmo tempo graças a uma simples videoconferência; conectar-se em tempo real com a economia do mundo j é possível por meio da internet; e trocar informações, independentemente da distância, tornou-se algo natural depois do correio eletrônico. Uma mesma pessoa pode realizar múltiplas tarefas para pessoas diferentes sem sair de casa.
Um bom exemplo das conseqüências dessa revolução tecnológica para o trabalho são os “home-offices”. Traduzindo ao pé da letra, “home-office” é o escritório em casa. Trabalhar em casa e abandonar os escritórios no centro das grandes cidades tem sido uma opção do funcionário comum que se sente atraído por receber acima dos níveis convencionais de emprego, reduzir custos (alimentação, transporte e aluguel, por exemplo), investir em qualidade de vida, definir o próprio horário de trabalho e até contribuir para melhorar o trânsito, diminuindo assim os congestionamentos e a emissão de CO2. Estima-se que hoje, no Brasil, ao redor de 10 milhões de pessoas trabalham em casa (Sobratt Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades).
Uma prova do crescimento dessa nova organização do mercado de trabalho pode ser obtida pela análise dos hábitos do consumidor. Hoje, cerca de 20% das pessoas que procuram um apartamento para comprar querem um “home-office”. A maioria das construtoras está direcionando seus negócios para esse mercado. Por outro lado, nos últimos anos tornou-se cada vez maior o número de pessoas que têm acesso a computadores com internet.
Dadas as características de uma empresa industrial que compra matérias primas, as transforma no processo produtivo, estoca e comercializa junto aos clientes, o teletrabalho baseado em casa ainda pouco se aplica ao pessoal de chão-de-fábrica. Ou seja, o trabalho a distância tem uma aplicabilidade maior junto aos colaboradores das atividades-meio que exercem tarefas de suportes às atividades-fim inerentes à cadeia produtiva da organização.
Por outro lado, têm-se as empresas comerciais, cujo escopo é intermediar a produção das indústrias, colocando seus bens produzidos junto aos clientes finais. É uma atividade essencialmente de comprar produtos, estocar e vende-los. Nesse tipo de organização o corpo de vendedores externos tem alta aplicabilidade do teletrabalho baseado em casa, com atividade, por exemplo, de extrair pedidos e enviá-los on-line pelos notebooks, palmtops ou celulares, evitando deslocamentos físicos até a sede da empresa gerando, com isso, uma alta produtividade em suas atividades comerciais.
Em contrapartida, as empresas prestadoras de serviços, cujo principal ativo (capital humano representado pelos seus colaboradores) entra e sai da organização diariamente, tende a naturalmente ser a atividade mais propícia ao teletrabalho baseado em casa. O fato dos colaboradores deste tipo de organização (empresas de consultoria, engenharia consultiva, agências de publicidade e propaganda e afins) exercerem atividades intelectuais, criativas e demais trabalhos especializadas torna-os candidatos naturais a exercerem atividades profissionais à distância inteiramente livres de supervisão direta de seus superiores hierárquicos.
Contudo, existem diversas formas de teletrabalho que variam principalmente quanto ao local onde é exercido o trabalho:
1) colaborador em seu domicílio (“home-office”). É o trabalho que o indivíduo realiza em seu próprio lar. Nesta modalidade, alguns teletrabalhadores passam todo o tempo em seus domicílios, enquanto outros dividem o seu tempo entre sua residência e o escritório. É a modalidade em que se pensa primeiro, quando se fala em teletrabalho, talvez por ter sido a primeira a ser teorizada e implantada. Esta modalidade admite o teletrabalho:
- em tempo parcial, ou seja, um período em casa e outro na empresa (teletrabalho baseado em casa);
- em tempo integral, para um único empregador;
- autônomo free-lance, para vários clientes ou empregadores;
2) o teletrabalho pendular onde o colaborador trabalha alguns dias em sua residência e outros na sede da empresa;
3) escritório da vizinhança ou centro local. São conjuntos de escritórios onde existem várias empresas e atendem aos empregados que moram nas proximidades de onde estão localizados os centros;
4) trabalho nômade (quando o colaborador exerce as suas funções em trânsito nos próprios clientes). É itinerante, tal como os funcionários da área de vendas. Esta modalidade encontra-se em muitas organizações e apresenta o maior número de características do teletrabalho;
5) escritórios satélites, que pertencem à própria organização e que abrigam atividades específicas fora da organização central. Escritórios satélites parecem muito com um escritório tradicional. Porém, a diferença básica entre ambos escritórios consiste no fato de os que trabalham no escritório satélite moram próximo ao local, independente do seu cargo, área ou setor. Nesta configuração, se a empresa possuir vários escritórios satélites poderá ocorrer de um mesmo departamento estar dividido em diversas unidades;
6) Hoteling. É usado freqüentemente na sede da empresa por profissionais que não precisam de uma mesa no escritório fixo, mas apenas de um local a ser utilizado, talvez, uma vez por semana, onde possa receber correspondência, estar em contato com o banco de dados principal da empresa ou receber um cliente num encontro face a face.

fonte: Beca-Ework

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