quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Banco Central faz novo corte na taxa de juros e Selic vai a 7,5% ao ano

Com corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica da economia, investimentos em caderneta de poupança renderão menos. Veja o infográfico


Ilton Caldeira, iG São Paulo | - Atualizada às


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fez nesta quarta-feira um novo corte na taxa Selic, de 0,50 ponto percentual, intensificando o ciclo iniciado em agosto de 2011, de redução nos juros básicos para tentar dar mais fôlego ao crescimento da economia. Com a decisão, a taxa Selic cai de 8% ao ano para 7,5% ao ano. Essa foi a nona queda consecutiva, levando a taxa de juros para o nível mais baixa da história do Copom. O comitê foi criado em junho de 1996.
No comunicado divulgado após o encontro de dois dias, a autoridade monetária afirmou que "considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia."


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A decisão foi unânime e sem viés. Votaram pela redução da taxa Selic para 7,50% os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini, presidente, Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
O próximo encontro do colegiado do Banco Central, para avaliar as condições da economia do País e definir o movimento da taxa de juros brasileira, acontece em 9 e 10 de outubro. A ata da reunião desta quarta-feira será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 6 de setembro.

 

 

Taxa Selic

Comportamento da taxa básica de juros da economia
http://economia.ig.com.br/2012-08-29/banco-central-faz-novo-corte-na-taxa-de-juros-e-selic-vai-a-75-ao-ano.html
Fonte: Banco Central

Após elevar a taxa básica em 2011 durante cinco reuniões seguidas até julho, para tentar conter o avanço da inflação, o Banco Central realizou três cortes no segundo semestre do ano passado, em agosto, outubro e novembro, por conta dos efeitos da crise financeira internacional, apostando na probabilidade de um "efeito desinflacionário" da retração da economia no mercado externo sobre a variação de preços do varejo no mercado brasileiro.


Esse ciclo de mudança na trajetória dos juros no País, com mais ênfase este ano, teve como reflexo alterações na fórmula do cálculo do rendimento da caderneta de poupança, abrindo caminho para que o BC possa levar a taxa Selic para patamares mais próximos dos juros praticados nas principais economias mundiais como Estados Unidos, Europa e Japão.


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Para os poupadores que tinham recursos aplicados em caderneta de poupança até 3 de maio, a regra antiga, com rendimento de 6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), segue inalterada. Mas para os depósitos depois dessa data, e para novos poupadores, o rendimento será de 70% da taxa Selic mais a TR quando o juro for igual ou menor a 8,5% ao ano. Dessa forma, com uma nova queda da Selic, a remuneração da poupança é menor.
O processo de redução na taxa básica de juros foi uma das formas encontradas pela equipe econômica do governo para tentar estimular o consumo e a concessão de crédito para aquecer a economia, que registra ritmo mais lento desde o segundo semestre de 2011, refletindo a crise no exterior.



Comportamento da economia
A decisão de realizar uma nova redução na taxa Selic era um movimento já antecipado pelo mercado financeiro, principalmente em função do fraco desempenho do PIB no início do ano. No primeiro trimestre, a economia brasileira teve um discreto avanço de 0,2%. Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os números referentes ao segundo trimestre.
Algumas projeções preliminares realizadas por especialistas apontam que a economia cresceu cerca de 0,5% no período entre abril e junho. O consumo das famílias e a demanda do mercado interno ainda devem seguir como os principais motores da economia.
No ano passado, a economia cresceu 2,7%, com um desempenho abaixo do verificado um ano antes, quando o País deu um salto de 7,5%. Em valores correntes, a soma das riquezas produzidas no Brasil em 2011 chegou a R$ 4,143 trilhões, um crescimento de cerca de 14% sobre os R$ 3,6 trilhões de 2010.
Um novo corte da taxa de juros, de 0,25 ponto percentual, não está descartado pelos analistas do mercado financeiro. Levando em conta essas projeções, a Selic encerraria 2012 em 7,25% ao ano. As reduções nos juros ajudam o País a economizar recursos com o custo da dívida pública do Governo Federal e das reservas internacionais, corrigidas pela taxa Selic.
Segundo o boletim Focus, divulgado na seguda-feira, para o próximo ano, a expectativa dos analistas é que o Copom eleve a taxa básica de juros para conter possíveis pressões inflacionárias, caso ocorra uma recuperação mais expressiva do ritmo da economia. A projeção para a taxa Selic no fim de 2013 é 8,25% ao ano. No relatório divulgado pelo BC, os economistas do mercado financeiro elevaram, pela sétima semana seguida, a perspectiva de inflação para este ano e indicam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará 2012 em 5,19%, distanciando-se do centro da meta de 4,5%.


A vida real e os juros

O Banco Central utiliza a taxa de juros Selic como um instrumento importante de controle da inflação por meio da moderação da oferta de crédito e, por consequência, do consumo.
Em um cenário com a economia mais aquecida, a procura dos consumidores por produtos e serviços cresce e há dificuldade para a indústria, o comércio e o setor de serviços atenderem as demandas dos clientes no mesmo ritmo do aumento da procura.


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Como a demanda e a oferta não têm o mesmo ritmo na dinâmica do ciclo econômico, os preços acabam subindo, gerando inflação.
Quando aumenta a taxa de juros da economia, a autoridade monetária tem como foco estimular a poupança interna e conter a expansão excessiva da demanda por bens e serviços.
No sentido oposto, quando inicia um movimento de redução da taxa de juros o Banco Central sinaliza um maior estímulo para a expansão do consumo, como por exemplo, para evitar efeitos negativos de uma recessão que possa ser gerada por movimentos da economia internacional ou pelo próprio ritmo da economia do Brasil.
De acordo o IBGE, a inflação oficial do País medida pelo IPCA está em 5,20% no acumulado em 12 meses até julho. Esse resultado, apesar de elevado, está abaixo do topo da meta fixada pelo governo e a autoridade monetária. A meta de inflação tem centro em 4,5% e limite superior de 6,5%.

fonte: IG ECONOMIA

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