quarta-feira, 15 de agosto de 2012

“Sem empresariado, não há dinheiro para infraestrutura”

Para Jorge Gerdau, governo é incapaz, financeira e gerencialmente, para melhorar condições de logística


Gustavo Machado- Brasil Econômico |

R$ 300 bilhões. Este é o atraso em investimentos em infraestrutura calculado pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter. Segundo ele, que é o atual coordenador da Câmara de Políticas de Gestão do Governo Federal, a presidente Dilma Rousseff cunha uma estratégia para que esta cifra seja empenhada nos próximos oito anos.

Escaldada pela ineficiência do governo federal em investir no setor, Dilma pretende repassar quase que integralmente a conta para a iniciativa privada. Seja por meio de concessões ou de financiamentos no mercado de capitais. A motivação nasce na baixa execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que após seis anos ainda não está no ritmo desejado.

“Para dar um salto no nível de poupança interna existe dinheiro na iniciativa privada, mas não no governo. Nunca reduziríamos esse déficit de R$ 300 bilhões em infraestrutura sem o empresário nacional”, diz Gerdau.


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Segundo sua estimativa, o nível de investimentos no Brasil gira em torno de 18% do Produto Interno Bruto. A estratégia pretende alavancar este número para além de 25% do PIB. “Para isso, o governo federal quer atrair o capital de risco”, comenta. “A primeira tentativa foram as debêntures de infraestrutura, mas elas precisam ser melhor trabalhadas”, completa.

O empresário também lembra que o país perde R$ 80 bilhões por ano com a falta de estrutura logística, cifra que está sendo “combatida” pelo governo federal. “O governo é incapaz de reduzir sozinho este déficit em infraestrutura. Por isso, precisa do poder financeiro do empresariado”, conclui Jorge Gerdau, que esteve presente em um seminário de educação promovido pela Fundação Nacional da Qualidade.



Pacote

O empresário Jorge Gerdau entende que, apesar de o pacote de concessões, que será anunciado hoje pela presidente Dilma Rousseff, ser importante para acelerar os investimentos em infraestrutura logística, a revisão da carga tributária é igualmente essencial e precisa ser contemplada em um próximo plano. “Precisamos rever, principalmente, o custo da energia. Ela é vital para a competitividade e não para a arrecadação do estado”, comenta.


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Cledorvino Belini, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), também presente no evento, acredita que as concessões são o primeiro passo para colocar país no rumo do crescimento sustentável. “O país precisa melhorar suas condições logísticas e esse plano parece bom”, diz. “Vamos destravar o Brasil”, conclui.

“Não existe diferença entre concessão e privatização”, diz Richa

O pacote do governo para resolver os gargalos logísticos do país despertou um debate semântico e ideológico entre tucanos e petistas. Enquanto a presidente Dilma Rousseff usa a palavra “concessão”, os adversários afirmam que se trata na verdade de “privatização”.

“Não existe diferença entre concessão e privatização. O que existe é o temor de haver críticas”, disse ontem ao BRASIL ECONÔMICO o governador do Paraná, Beto Richa, depois de um café da manhã com empresários do Lide em São Paulo. “O partido da presidente sempre criticou o nosso por ter feito algumas privatizações que se mostraram eficazes. Na verdade todos sabem que não passa de uma privatização”, completou o tucano.


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Segundo ele, o PT perdeu o medo da palavra por necessidade. “Hoje se enxerga a urgência de investimento na infraestrutura. O poder público se mostrou ineficiente para prover todas essas necessidades.”

Durante seu discurso, Richa elogiou diversas vezes a “coragem” da presidente. “Louvo a presidente pela coragem de lançar esse grande pacote de privatizações. Lula não teve essa coragem por causa do seu partido, mas ela reconheceu essa necessidade.”

O ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan pondera. “Essa questão é um debate superado, mas é importante ressaltar que o estado não abre mão da propriedade. Ele simplesmente está transferindo a gestão para quem possa fazer investimento.”

Ele lembra que no governo Lula a então ministra Dilma foi a responsável pelos leilões das linhas de transmissão. “Eles foram um grande sucesso e impediram apagões futuros”. Em relação ao pacote, o ex-ministro diz que sua esperança é que ele reduza o custo Brasil. “Há tempos espero que o governo tome medidas estruturais e sistêmicas.”

Membro da executiva nacional do PT, o deputado paranaense André Vargas não deixa as críticas do governador passar em branco. “Privatização é o que o Beto Richa fez com as estradas do Paraná. Entregaram elas sem nenhuma contrapartida e com altas tarifas. O que Dilma está fazendo é uma Parceria Público-privada.”

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FONTE: IG ECONOMIA

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