domingo, 26 de agosto de 2012

TENDÊNCIAS DE MERCADO A EXPLORAR (PARTE 2 DE 2)

50 tendências para explorar


 

Confira as pesquisas que antecipam os movimentos dos consumidores e fature alto com as novas demandas

Por Bruna Martins Fontes



MOBILIDADE
27 TELINHA QUENTE Já chega a 19 milhões o número de brasileiros com smartphones, segundo estudo realizado pela agência W/McCann e pelo grupo Ponto Mobi. De acordo com a pesquisa, 83% desses usuários acessam a internet pelo aparelho. Apesar da boa penetração, só 16% deles fizeram compras pelo celular — nos EUA, o número chega a 29%, segundo o Google. Mais uma prova de que não adianta investir só no site da empresa: é hora de transformar a telinha em plataforma para compra on-line e vitrine para aplicativos. Vale a pena também ficar de olho no conteúdo para tablets — 450 mil foram vendidos no Brasil em 2011, segundo o IDC.

28 GEOLOCALIZAÇÃO O crescente uso de smartphones no Brasil abre outro mercado promissor: o da geolocalização. Com esse recurso, é possível saber quais são as empresas e as ofertas disponíveis perto de onde o consumidor está, o que favorece a compra por impulso. Segundo pesquisa da Think Insights/Google, uma em cada três buscas feitas no celular está relacionada à localização; 59% dos usuários visitam lojas locais após fazer busca na web móvel e 30% das buscas por restaurantes são feitas pelo mobile. Para a Copa, vale fazer seu anúncio em outros idiomas para entrar no radar dos turistas.

29 LOJA CONECTADA No Brasil, já é comum ter acesso à internet por Wi-Fi em cafeterias e restaurantes. Mas esse tipo de conexão ainda não chegou às lojas. O comércio deve se preparar, pois nos EUA e na Europa os consumidores estão adorando a mania de usar o smartphone durante as compras, para fazer consultas na hora e saber mais sobre seus objetos de desejo. Usando ferramentas como aplicativos, realidade aumentada e códigos QR, eles conseguem ter acesso a informações mais aprofundadas sobre o produto, como histórias de quem já o utilizou, comparações de preço e avaliações de especialistas.

NOVAS DEMOGRAFIAS
30 TERCEIRA IDADE Engana-se quem pensa que os mais velhos se preocupam apenas com a saúde. Esse grupo adora comprar presentes para filhos e netos — e não mede gastos. Mas, para ganhar esses clientes, é preciso oferecer um serviço diferenciado. No Japão, a loja de departamentos Keio facilita a experiência de compra com prateleiras mais baixas, letras maiores e cadeiras para descanso. Já na Finlândia, os idosos aprovaram o caixa do supermercado K Citymarket. Além de bater um papo com o funcionário e ganhar ajuda para empacotar as compras, eles esperam, literalmente, sentados, já que existem poltronas à disposição.

31 SEM SAIR DE CASA Fazer da sua residência um ambiente seguro e confortável para se proteger do mundo — e não ter mais que sair de lá — é uma tendência de comportamento que se fortalece a cada ano no Brasil e em muitos países. Com isso, aumenta a demanda por sistemas de automação e mobiliário que deixem o lar mais prático e aconchegante, seja no ambiente de home office ou na cozinha gourmet. Esse enclausuramento também abre um bom mercado para serviços de conveniência, especialmente os de entrega de produtos de alto valor agregado, como alimentos orgânicos, vinhos finos e cervejas artesanais.

32 FOCO NA CLASSE C A classe que reúne famílias com renda entre R$ 1.126 e R$ 4.854 já representa mais de metade da população brasileira (55%). Foi o único estrato que cresceu no ano passado: ganhou 3,6 milhões de integrantes entre maio de 2010 e o mesmo mês de 2011, segundo estudo da FGV com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esses consumidores priorizam qualidade e não preço, pesquisam na internet antes de comprar e concentram sua atenção na educação — para 66% deles, essa é a prioridade do orçamento, segundo o instituto de pesquisas Data Popular.

33 BELEZA ACESSÍVEL As brasileiras querem ficar bonitas, especialmente as que estão chegando agora ao mercado de trabalho. Entre as mulheres da classe C, 69% investem na aparência para crescer na carreira, segundo dados do Data Popular. De 2003 a 2010, a venda de esmaltes para essa fatia do mercado passou de 40% para 53% do total. Salões de beleza também estão faturando, mas com famílias da classe B (renda de R$ 4.854 a R$ 6.329), as que mais gastam com esse serviço — R$ 281 milhões mensais, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

34 PORÇÃO PARA UM O número de pessoas que moram sozinhas subiu de 8,6% da população do país, em 2000, para 12,1%, em 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, Porto Alegre é a capital dos solitários, que representam 21,6% da população. Vale a pena investir nsse público de solteiros, idosos e divorciados, que procura serviços domésticos especializados, como os de reparo e limpeza, e produtos feitos para consumo unitário, especialmente os alimentícios.

35 EDUCAÇÃO ON-LINE Aulas complementares e cursos técnicos e profissionalizantes são os dois segmentos mais promissores do ensino a distância. Esse é outro segmento que tende a crescer ancorado na base da pirâmide de renda — 19% dos jovens das classes C, D e E que usam lan houses fazem cursos on-line para se qualificar, aponta a consultoria Plano CDE. “O uso de vídeos deve decolar”, diz William Halal, fundador da consultoria de tendências Tech Cast. “A ideia é deixar a educação mais eficiente e mais barata.”

36 CIDADES MÉDIAS As cidades de médio porte, que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes, já concentram 25% da população brasileira. São as que mais crescem, de acordo com dados do IBGE. O aquecimento econômico dessas regiões aumenta o poder de compra de um público que anseia por produtos e serviços mais sofisticados. “É uma boa oportunidade para comércio eletrônico em segmentos como o de bebês, vinhos, pet e moda”, diz Anibal Messa, investidor em startups ligadas a tecnologia e internet, como o BuscaPé.

NICHOS EM ALTA
Editora Globo
37 MICROARTESANATO Quem faz ou vende acessórios deve ficar atento a uma nova tendência do artesanato: joias, presentes e acessórios com miniaturas divertidas, com aparência de que foram feitas em casa. O público-alvo aqui são os adultos, mas quem quiser cativar também os adolescentes pode extrapolar a tendência para pingentes de corrente e de celular, broches e chaveiros com motivos como frutas, docinhos, flores e animais fofinhos.

38 ESTÁDIO ACESSÍVEL A legislação brasileira prevê que 2% dos assentos de um estádio sejam destinados a quem usa cadeira de rodas; outros 2% devem atender a deficientes visuais, pessoas obesas e com pouca mobilidade. A Fifa usa como referência um guia que recomenda separar ao menos 266 cadeiras para essa parcela do público. Mesmo com os lugares reservados, esses consumidores não têm todas as suas necessidades atendidas: faltam por todo o país serviços em áreas como transporte, alimentação e segurança.

39 MODA PARA POUCOS
No universo da moda, uma boa tática para escapar da concorrência com megalojas de departamentos é apostar em roupas para nichos muito pouco explorados no Brasil — pessoas que estão acima do peso, que usam sapatos com numeração diferente da convencional, ou ainda o público da terceira idade. Quem decidiu explorar um segmento bem restrito foram os americanos da Downs Designs, pioneiros em fabricar roupas sob medida para quem tem Síndrome de Down, levando em conta sua estrutura óssea e o formato de seu corpo.

40 EXCLUSIVIDADE Para o público classe A, a nova faceta do luxo é consumir em menor quantidade, mas com maior exigência de exclusividade. O excesso de sacolas sai de cena para dar lugar a peças únicas, artesanais e de altíssimo valor agregado. “O cliente tem consciência de que o item é caro devido ao longo tempo de produção, e isso vale tanto para um vinho envelhecido como para uma bolsa incrível, com materiais únicos”, afirma Andrea Bisker, fundadora da consultoria de tendências Mindset e diretora da WGSN na América Latina.

41 CUSTOMIZAÇÃO O consumidor não quer ser tratado como mais um na multidão. Por isso, está trocando as marcas genéricas por produtos e alimentos customizados, mais adequados ao seu estilo de vida. A indústria já desenvolve tecnologias que permitem fazer essa personalização com baixo custo. Em 2010, a Nike aumentou seu faturamento em 25% após colocar em seu site um aplicativo que permite aos consumidores montar seu próprio tênis. A customização em massa deve ser responsável por 30% das vendas no varejo em 2017, prevê a consultoria Tech Cast.

42 DEGUSTAÇÃO DE CERVEJA O brasileiro está tomando gosto por experimentar cervejas diferentes — o que inclui tanto as artesanais quanto as importadas. O câmbio favorável à importação contribuiu para aquecer esse mercado: nos últimos três anos, a venda de cervejas premium cresceu mais do que a das tradicionais. Sua participação de mercado, atualmente na casa dos 5%, pode alcançar 20% até 2020. Bares, lojas e serviços especializados podem aproveitar essa mudança no nicho da bebida, que movimenta R$ 300 milhões anuais no país.

43 NECESSIDADES ESPECIAIS
Cerca de 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência física ou intelectual. São 45,6 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Atendê-las é uma das prioridades do governo federal: até 2014, R$ 7,6 bilhões devem ser investidos no programa Viver Sem Limite, que inclui projetos relacionados a educação, saúde e acessibilidade. O governo vai ainda abastecer a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com R$ 150 milhões para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias assistivas. Mais uma razão para prestar atenção nesse mercado.

NEGÓCIOS GLOBAIS
Editora Globo
44 SERVIÇO POLIGLOTA Como a tendência é que os cenários econômicos dos Estados Unidos e Europa permaneçam complicados em 2012, muitos estrangeiros já começam a procurar emprego no Brasil. E estão conseguindo — o número de autorizações do Ministério do Trabalho e Emprego para que eles possam atuar aqui cresceu 19,4% no primeiro semestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010. Quem quiser cativar esse público deve pensar em outras línguas. Assim, também poderá tirar proveito do fluxo de turistas que visitarão as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.

45 PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS Conforme aumenta o número de estrangeiros que vêm trabalhar em empresas brasileiras ou em multinacionais com filiais no país, ensinar português a eles está se revelando uma atividade promissora. Um indício importante do interesse por aprender e dominar nosso idioma é que o número de candidatos inscritos para fazer o Celpe-Bras (exame de proficiência em português reconhecido pelo Ministério da Educação e bastante valorizado pelas empresas) quintuplicou em uma década: saltou de 1.155 em 2001 para 6.139 no ano passado.

46 LOCAL E UNIVERSAL A crescente globalização do consumo não implica em oferecer os mesmos produtos e serviços para todo mundo. Muito pelo contrário: são cada vez mais valorizados os itens de origem, que mostram suas raízes e, ao mesmo tempo, são capazes de transcender suas fronteiras, aponta a consultoria Future Concept Lab. Por conta dessa tendência, o novo lema do varejo é “pense no local, aja no global”, uma paráfrase do antigo mantra “pense de forma global e atue no local”, que se popularizou no início do processo de globalização. Para a nova receita dar certo é preciso contar com sensibilidade para captar o espírito de uma região, saber utilizar a internet como aliada para ampliar o alcance da publicidade e ter estrutura para atuar em escala global. A empresa precisa estar preparada para atender públicos novos, com necessidades e exigências distintas.

QUALIDADE DE VIDA
Editora Globo
47 SAÚDE NO CELULAR A preocupação crescente com a saúde tem ampliado o mercado para aplicativos e aparelhos que permitam monitorar desde as características de uma pinta no rosto até a evolução de uma dieta. O mercado ligado a esse tipo de ferramenta deve movimentar US$ 4 bilhões no mundo até 2014, segundo a consultoria Technavio. Uma startup que se deu muito bem em 2011 foi a americana HealthTap, que recebeu aporte de US$ 11,5 milhões para turbinar sua operação: qualquer usuário pode fazer perguntas a uma rede de 6 mil médicos, usando um computador ou celular.

48 MOMENTO ZEN A crescente correria diária em grandes centros urbanos faz com que as pessoas valorizem cada vez mais os momentos de pausa e reflexão. Algumas aprendem a praticar meditação, outras fazem retiros em lugares onde não é permitido falar, e há quem decida comparecer a cursos ou palestras para desenvolver a sua espiritualidade. São muitas as possibilidades de negócios para atender esse público: lojas, editoras, livrarias, espaços para meditação e palestras, produtoras de vídeos etc.

49 NUTRIMÉTICOS A palavra é o resultado da mistura entre nutrição e cosméticos. Nessa tendência de mercado, vitaminas, colágeno e outros ingredientes relacionados à indústria da beleza ganham corpo em bebidas, suplementos nutricionais, petiscos e balas. O termo já se popularizou na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Por aqui, uma das pioneiras no ramo é a empresária Cristiana Arcangeli, que lançou a marca beauty’in, com barras de cereais, balas e bebidas que misturam ativos de frutas orgânicas com proteínas e minerais.

50 FUNCIONAIS E ENERGÉTICAS O consumo desses dois tipos de bebida está começando a decolar no Brasil. Tanto que grandes fabricantes de energéticos estão fugindo dos já saturados mercados nos Estados Unidos, na Austrália e na Europa ocidental para apostar na expansão na América Latina — essa região registrou um crescimento de 22% do segmento em 2010. Outro ramo relacionado à qualidade de vida, o de bebidas funcionais, que trazem benefício à saúde, segue aquecido: faturou US$ 24 bilhões no mundo em 2010 e tem crescido acima da média do mercado de alimentação.

FONTE: PEGN

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