quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ELÉTRICAS PERDEM VALOR DE MERCADO

Elétricas perdem mais de R$ 14 bi em valor de mercado

Cteep, Cesp e Cemig são as mais castigadas e ações derretem entre 19% e 27%

Reuters |
 

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As ações de empresas elétricas amargaram queda histórica na Bovespa nesta quarta-feira, perdendo juntas cerca de R$ 14,5 bilhões em valor de mercado, um dia após o governo anunciar redução das tarifas de energia e antecipar a renovação de concessões do setor.
 

























As mais castigadas foram Cesp, Cteep e Cemig, que viram seu valor de mercado combinado ser reduzido em mais de R$ 9 bilhões.

As ações da Cesp derreteram 27,5%, Cteep desabou 24% e Cemig perdeu 19,7%. Em todos os casos, foi a maior queda diária da história desses papéis.

O mercado fugiu do setor depois que a presidente Dilma Rousseff anunciou, na terça-feira, que a tarifa de energia paga pelo consumidor cairá, em média, 20,2% no início de 2013.

Isso será possível graças à redução ou extinção de encargos sobre a conta de energia e pela renovação antecipada e condicionada de concessões do setor elétrico que venceriam a partir de 2015.

"Foi um dos piores pesadelos para o 'valuation' das ações do setor, já que o mercado atribuía chance muito pequena de tal resultado desfavorável para concessões", escreveram analistas do Credit Suisse em relatório.

Reforçando os temores do mercado sobre o impacto de tais medidas no caixa das companhias, o preço da energia de todas as concessões do setor elétrico que venceriam a partir de 2015 e serão renovadas deve ser, em média, de 30 reais por megawatt-hora (MWh), disse à Reuters uma fonte do governo a par do assunto.

O valor é cerca da metade do preço da energia vendida em 2010 no leilão da usina hidrelétrica de Teles Pires (MT), de R$ 58,35 por MWh que, inicialmente, seria usado pelo governo como referência para balizar o preço nos contratos renovados.

Na Bovespa, o índice que reúne ações do setor elétrico, o IEE, caiu 8,17%, na maior queda diária em quase seis anos. Na véspera, o IEE já havia perdido 3,45%.

"Essa medida do governo está pressionando bastante o setor. Ainda existe muita indefinição, principalmente com relação à regulamentação das novas concessões. Por isso, o setor está apanhando na bolsa", disse o estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira.

"O problema é não ter como mensurar ainda o impacto dessas medidas para as empresas", afirmou Pereira, citando que esse cenário gerou insegurança e temor entre investidores.

No processo de renovação das concessões, o governo promete indenizar as empresas do setor elétrico por ativos que não foram integralmente amortizados. Mas o cálculo disso ainda está sendo elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O presidente da Associação Brasileira de Grandes Empresas de Transmissão de Energia (Abrate), José Cláudio Cardoso, admite que não é possível saber ao certo, neste momento, qual será o impacto para cada empresa e os valores não amortizados que elas terão que receber.

"As empresas vão ter um trabalho muito grande para levantar tudo isso. Eu não posso responder agora sem fazer uma análise criteriosa", disse ele, na terça-feira.

No segmento de transmissão, a Cteep é uma das mais afetadas, já que tem 80% da receita comprometida com as concessões que serão renovadas. A empresa tem interesse em continuar com as operações que possui, e analisa os impactos da renovação condicionada das concessões sobre seus negócios.

No setor de geração de energia, a estadual paulista Cesp tem dois terços de sua capacidade de geração afetada pela renovação das concessões.

Após as medidas, a Cemig avalia que a atratividade do negócio de geração de energia diminuiu "substancialmente", segundo o diretor financeiro da estatal mineira, Luiz Fernando Rolla, em teleconferência com analistas.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva, reconheceu que o impacto para as geradoras será "pesado".

"Temos uma grande preocupação que é a renegociação com a Aneel para definir os níveis de operação e manutenção que sejam suficientes para administrar a concessão... Com certeza vai ter redução no nível de receita", disse Neiva.


(Reportagem adicional de Leonardo Goy, em Brasília)

FONTE: IG ECONOMIA

 

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