domingo, 14 de outubro de 2012

AÇÕES BB

Retorno do Banco do Brasil deve cair 20%, prevê mercado

Bancos privados também devem oferecer retorno menor nos próximos trimestres, mas terão perdas menores que a prevista para o Banco do Brasil

Agência Estado |
 

Agência Estado

A reação do mercado à pressão do governo sobre os bancos pode ser medida não só pela derrocada das ações dessas instituições nas últimas semanas, mas pela expectativa de rentabilidade embutida no preço dos papéis. Segundo esse cálculo, feito a pedido do jornal O Estado de S. Paulo pela Rio Bravo Investimentos, o pessimismo é maior com o Banco do Brasil.
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Banco do Brasil deve oferecer retorno 20% menor aos investidores, dizem analistas
O valor da ação do BB na última quarta-feira (10) - em torno de R$ 22,50 - carregava uma expectativa de rentabilidade sobre o patrimônio líquido em torno de 16% ao longo dos próximos trimestres. Como a rentabilidade do banco estava em 20,5% no fim do terceiro trimestre, significa dizer que, para os investidores, o retorno deve cair cerca de 20%.
No caso dos bancos privados, a expectativa também é de retornos menores nos próximos trimestres, mas em magnitude inferior à queda projetada para o BB. No Itaú e no Bradesco, o preço das ações na quarta-feira (10) indicava uma rentabilidade sobre o patrimônio na faixa dos 18%, nível semelhante ao do final do segundo trimestre - que tinha 18,8% para o Bradesco e 18,3% para o Itaú, segundo dados compilados pela Economática.
"Os investidores veem Bradesco e Itaú em situação parecida, com rentabilidade pouco inferior à de hoje. No BB, a estimativa é pior por causa da interferência política do governo", disse o analista da Rio Bravo responsável pelos cálculos, Jorge Saab.
Ele se refere à pressão do governo Dilma para que BB e Caixa reduzam as taxas de juros, os spreads e as tarifas cobradas dos clientes, de forma a aumentar a concorrência no setor.O Santander é um caso à parte, porque o patrimônio líquido está bastante elevado desde que a instituição abriu o capital no Brasil, em outubro de 2009. Na prática, é uma situação que reduz a rentabilidade, que é dada pela divisão do lucro pelo patrimônio líquido. Por isso, a expectativa do mercado para o retorno do Santander é de melhora nos próximos trimestres.


Panorama

O movimento do governo é apenas um dos fatores que têm pressionado - e vão pressionar - os bancos. O analista de instituições financeiras do Goldman Sachs, Carlos Macedo, vê ainda 1) a redução da Selic para níveis historicamente baixos, 2) a mudança no mix das carteiras de crédito dos bancos, que caminha para linhas de crédito longas e de menor risco, como imobiliário e consignado; e 3) alteração na estrutura de funding (financiamento) das instituições.
"Estamos falando de mudanças estruturais tão ou mais profundas que as vividas pelo setor financeiro com o fim da inflação", sintetiza Macedo. Por tudo isso, ele avalia que, de fato, nos próximos um ou dois anos, os bancos de varejo verão uma piora nos indicadores de rentabilidade. No entanto, ele mostra leve otimismo com a perspectiva de os grandes bancos nacionais se adaptarem a esse panorama.
A avaliação está amparada em fatores como a queda dos índices de inadimplência, em razão da provável melhora da economia em 2013 e 2014; a evolução dos índices de eficiência das instituições; e o ambiente mais favorável aos serviços de intermediação financeira em razão da queda do juro básico para níveis estruturalmente mais baixos.
"Acredito que, em um primeiro momento, os grandes bancos terão uma rentabilidade ao redor de 18%. Após os ajustes para melhora da eficiência, podemos ver um avanço para a casa dos 20%", diz o analista.
Se a realidade caminhar na direção do que acredita Macedo, o setor bancário brasileiro continuará com níveis de rentabilidade superiores aos de seus pares internacionais. Segundo João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho, as instituições financeiras globais registram, em média, retornos de 15%. Rentabilidade entre 18% e 20% ainda é muito boa", disse. "O que o investidor precisa entender é que os retornos de alguns anos atrás, que muitas vezes superavam 30%, não vão mais ocorrer." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

FONTE: IG ECONOMIA

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