quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

ONDE INVESTIR EM 2013

Na Bolsa, empresas com foco no mercado interno continuam liderando as indicações; fundos de investimento imobiliários e Tesouro Direto são outras apostas


Danielle Brant- iG São Paulo | - Atualizada às


Após um ano de desaceleração na Bolsa, afetada pela volatilidade causada por medidas intervencionistas do governo, pela crise da dívida europeia e, mais recentemente, pelas dúvidas sobre o abismo fiscal americano, as perspectivas são mais otimistas para 2013, na opinião de especialistas. Apesar disso, no mercado acionário a aposta permanece nas empresas voltadas ao consumo interno, menos suscetíveis às turbulências externas.


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Para a equipe de análise da Rico Investimentos, a expectativa é de "retomada do cenário altista da Bolsa, pelo retorno dos investimentos estrangeiros e, principalmente, por conta de menores intervenções do governo no cenário doméstico." Ainda assim, as ações voltadas ao consumo interno lideram as recomendações dos analistas. "O cenário internacional ainda vai continuar conturbado em 2013, mas as medidas adotadas pelo governo brasileiro devem surtir efeitos na aceleração da economia. O ano de 2013 será melhor na questão do PIB (Produto Interno Bruto)", avalia Henrique Florentino, da equipe de análise da Um Investimentos.


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Diante desse contexto, os setores que se destacam são varejo, consumo, educação, saúde e bens de capitais, segundo Clodoir Vieira, economista-chefe da Souza Barros. "Montamos uma carteira com dez ações: AmBev, Hypermarcas, Kroton, Odontoprev, Grendene, RaiaDrogasil, Sabesp, Totvs, Vale e Comgás", afirma. Grendene e Lojas Renner estão na lista de preferidas de Florentino. "A Grendene já teve uma performance absurda em 2012, com crescimento de mais de 100%, mas ainda tem espaço para crescer. E gostamos bastante da Lojas Renner, que tem bons resultados financeiros", diz.

Papéis ligados ao segmento industrial devem ter desempenho bom no próximo ano, para os especialistas. Segundo Florentino, entre as opções disponíveis, a Marcopolo tem bons fundamentos. "A empresa tende a se beneficiar dos incentivos à industria e do crescimento das exportações", afirma. No setor bancário, o pior já passou, após a pressão do governo para a redução do spread (diferença entre o custo do dinheiro captado e repassado) durante o ano de 2012, acredita Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus Research. "Nesse segmento, preferimos Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco."

Antigas meninas dos olhos dos investidores, Vale e Petrobras podem recobrar seu protagonismo este ano. "O intervencionismo do governo na Petrobras está muito forte, impedindo o aumento do preço da gasolina, o que acabou desestimulando o investidor a entrar no papel. Mas o governo vai ter que abrir mão e aumentar o preço, o que deve retomar a atratividade dessas ações", avalia Clodoir Vieira.
As ações da Vale também devem se recuperar, segundo a equipe da Rico Investimentos, devido à estabilização dos preços do minério de ferro no mercado internacional. A expectativa é de que a empresa também resolva suas pendências judiciais, e seja impulsionada pela retomada do crescimento da China.

Divulgação
MMX foi outra empresa do grupo EBX, do empresário Eike Batista, a apresentar prejuízo em 2012 por falta de confiança dos investidores

Já os papéis do grupo EBX, que lideraram a lista de maiores perdas do Ibovespa de 2012, devem ficar de fora da carteira dos investidores. "Elas são de alto risco, em razão da baixa perspectiva de resultados no médio prazo, o que tem levado a perdas expressivas em seu valor de mercado", diz Antônio Carlos Góes, analista-sênior da TOV Corretora.


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Apesar dessas projeções, o investidor deve seguir atento às mudanças e acontecimentos externos. "É preciso reavaliar sua carteira de três em três meses, para acompanhar os ativos. E, se a ação não estiver tendo um desempenho bom, realize a perda e siga em frente", diz Clodoir Vieira, da Souza Barros.



Renda fixa e outras aplicações

Entre as opções para os investidores mais conservadores, a pior é a poupança, na opinião do educador financeiro Mauro Calil. Desde que o governo mudou as regras da aplicação, ela passou a ser calculada sobre 70% da taxa básica de juros Selic, mais a taxa referencial. Com uma Selic a 7,25%, a poupança atualmente está perdendo para a inflação, que está na base de 5,5% ao ano. Porém, na opinião de Alexandre Chaia, professor de Finanças do Insper, essa aplicação não é tão desvantajosa, pois é isenta de imposto de renda. Para compará-la a outros investimentos, seria preciso adicionar à rentabilidade anual a alíquota mínima de 15% de IR. "Se você adicionar o IR, o cálculo indica um retorno de 8,5%", explica.

O Tesouro Direto continua sendo uma boa opção, principalmente os títulos que são indexados à inflação. "O NTN-B, atrelado ao IPCA, ou outros títulos com vencimento após dois anos do período da compra, pelo imposto de renda regressivo, podem ser boas opções", avalia a equipe da Rico Investimentos. "Há, porém, menos ativos disponíveis para comprar", ressalta Chaia.

Para Amstalden, da Empiricus Research, há alternativas mais interessantes, como debêntures sem imposto de renda, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios com incentivos tributários, fundos de investimento imobiliários e Certificados de Recebíveis Imobiliários. CDBs e Letras de Crédito Imobiliários também são vistos com bons olhos. Por outro lado, um alerta para quem se animou com a recente escalada do dólar e pensa em apostar nos fundos cambiais: a tendência é de câmbio mais baixo, segundo Chaia, do Insper. "No longo prazo, com a entrada de dólares o preço vai cair. Com a possibilidade de o dólar cair, é preciso tomar cuidado", completa.

FONTE: IG ECONOMIA

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