sábado, 9 de fevereiro de 2013

HERBALIFE REBATE ACUSAÇÕES

Herbalife revela ganhos de revendedores para rebater acusação de pirâmide

Empresa é acusada por bilionário de atuar com esquema fraudulento, no qual representantes ganham mais com recrutamento do que com vendas

 
iG São Paulo* | - Atualizada às

Getty Images
Sede da empresa, na Califórnia: “taxa de falência de distribuidores é estranhamente alta”, diz investidor

A Herbalife, empresa de produtos de nutrição, divulgou informações sobre o quanto seus distribuidores norte-americanos ganham para defender seu modelo de negócio de críticos como o investidor bilionário Bill Ackman.

- Mais:nesta semana, ações da Herbalife caíram por problemas judiciais

As compensações dadas a distribuidores são alvo de constante crítica de Ackman, que tem uma posição acionária de US$ 1 bilhão contra a empresa e afirma que seu modelo de vendas diretas nada mais é que um “bem-gerenciado esquema de pirâmide”.
O investidor sustenta que o esquema é fraudulento porque representantes ganhariam mais com recrutamento do que com as vendas. Para Ackman, os dados da Herbalife sobre remunerações são mentirosos, o valor médio é "materialmente enganoso" e a “taxa de falência de distribuidores é estranhamente alta”.
Os dados divulgados pela empresa tentam responder a esses questionamentos. A Herbalife afirma que 88% dos seus distribuidores não receberam pagamentos em 2012, incluindo 71% que não recrutaram quaisquer outros promotores. O restante potencialmente recrutou outros distribuidores, mas não ganhou dinheiro, porque não venderam produtos o suficiente.
Herbalife disse ainda que, em média, 73% de seus "distribuidores" chegam à empresa apenas para obter um desconto sobre os produtos, e não para ganhar dinheiro.
Isso vai contra o que mostram os cálculos de Ackman, disse o analista Timothy Ramey. “Ackman continua incluindo essas pessoas no denominador, como se fossem empresários quebrados. Eles não estão quebrados”, diz o especialista.
Ackman não foi encontrado pela agência Reuters para comentar o assunto.
O novo comunicado, divulgado na quarta-feira no site da Herbalife, revela toda a estrutura de remuneração, e não só a dos níveis mais altos, como acontecia no passado. Os valores pagos aos distribuidores, e quais serviços geram essa renda, são alvo de acalorado debate sobre a legitimidade do negócio da Herbalife.
O presidente da Herbalife, Des Walsh, disse à Reuters que a empresa não funciona no esquema de pirâmide porque não paga nada pelo recrutamento de distribuidores em si. Mas ele concorda que o recrutamento é um caminho para obtenção de maior renda, uma vez que promotores podem receber pagamentos relacionados ao desempenho de vendas daqueles que eles recrutam.
Ainda assim, é improvável que a divulgação dos dados por parte da Herbalife silencie críticos como Ackman, que afirma que distribuidores ganham 10 vezes mais com recrutamento do que com a venda dos produtos.
“Acreditamos que muitos desses críticos são guiados por lucro e, desta forma, é provável que qualquer informação que prestamos continuará a ser censurada, não por causa de insuficiência ou inadequação, mas simplesmente porque não é do interesse dessas pessoas aceitar qualquer coisa que dissermos”, disse Walsh.
O relatório, revisado pela Reuters antes de ser divulgado, também menciona garantia de 90 dias para devolução de dinheiro para o plano de negócios internacional e de um ano para devolução de material em caso de abandono do negócio.
Ele também menciona que distribuidores não são pagos por patrocinar novos pares.
O montante levantado por meio da venda de produtos, versus recrutamento, é um ponto que os reguladores considerariam para determinar se uma empresa de vendas diretas é um esquema de pirâmide.
Funcionários da Comissão de Comércio dos Estados Unidos descrevem os esquemas de pirâmide como organizações em que lucros são baseados no recrutamento de outros, em vez de qualquer venda real de bens para o público.
A Herbalife é uma empresa de 32 anos que vende produtos por meio de uma rede de distribuidores independentes, sendo que alguns deles constituem lojas onde consumidores vão para consumir diet shakes ou chás. A empresa tem rebatido críticas de Ackman, dizendo ser uma companhia forte e bem-sucedida.



Mais detalhes sobre remunerações

As remunerações médias em 2012 variaram de US$ 104 para 2.466 pessoas no nível mais baixo até US$ 724.030 para 194 pessoas no topo.
Mas os pagamentos não incluem receita com venda de produtos Herbalife, nem levam em conta despesas do distribuidor, como gastos com publicidade, treinamento, aluguel e viagem.
Deste modo, a Herbalife adverte que os dados não representam a realidade das remunerações que os distribuidores vão receber.
Além de dados mais detalhados, a Herbalife adotou um tom cauteloso em seu comunicado, alertando potenciais vendedores que o trabalho de distribuição é “como se associar a uma academia: resultados podem variar com o tempo, dependendo da energia e dedicação dispensadas”.
“É um trabalho duro”, disse o relatório. “Não existem atalhos para a riqueza, nem garantia de sucesso”.



Duelo de titãs

As ações da Herbalife caíram quase 39% após ser noticiado em dezembro que o fundo Pershing Square Capital, de Ackman, tinha uma posição acionária de cerca de US$ 1 bilhão apostando na queda dos papéis. As ações se recuperaram, mas voltaram a cair em janeiro com investidores temendo a atuação de órgãos reguladores.
Além de Ackman, a tormenta sobre a Herbalife está atraindo outros investidores influentes. Daniel Loeb, do Third Point, é dono de uma participação na empresa e saiu contra o argumento de Ackman. Carl Icahn também é ligado a outra importante participação, apesar de não confirmar publicamente.
Icahn rebateu Ackman e os dois bilionários se enfrentaram ao vivo na televisão no mês passado, numa cena que incluiu insultos e palavrões.
No início desta semana, uma reportagem mostrou que a Herbalife foi alvo de uma investigação, citando um comunicado da Comissão de Comércio que mais tarde foi descrito como inadequado.
Reguladores federais e estaduais fecharam no último mês a empresa de vendas diretas Fortune, após denúncias sobre um esquema de pirâmide.
* Com Reuters


FONTE: IG ECONOMIA

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