sábado, 23 de fevereiro de 2013

Investimentos continuarão em queda em 2013, diz banco

Segundo um levantamento do Barclays, desde dezembro de 2010 o governo decretou 42 medidas, incluindo intervencionismo, estímulos setoriais e medidas cambiais e macroprudenciais.



Marcelo Salomon e Guilherme Loureiro, do Barclays: excesso de ativismo do governo reduz espírito animal dos empresários
Marcelo Salomon e Guilherme Loureiro, do Barclays: excesso de ativismo do governo reduz espírito animal dos empresários

 


 

O nível de investimento na economia brasileira continuará em queda neste ano, estimam os economistas do banco Barclays. Esse componente foi o que mais contribuiu para o fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado.
Segundo estimativas do banco, a Formação Bruta de Capital Fixo - aquisição de novas máquinas, equipamentos e instalações - terá queda de 0,9% em 2013.
O número, apesar de fraco, já representa uma aceleração em comparação com 2012. De acordo com o banco, no ano passado, o investimento decresceu em torno de 4,5%.
"Estimamos alta de 0,9% para o PIB em 2012", diz Marcelo Salomon, co-chefe de economia e estratégia para América Latina do Barclays.
Para o economista, parte dessa deterioração é explicada por uma "ressaca" do forte crescimento visto em 2010. Contudo, o excesso de intervencionismo do governo é o principal responsável pela retração do "espírito animal" dos empresários.
"A maior parte do efeito da ressaca já está para trás. Hoje o peso da incerteza é maior", acredita.
Segundo um levantamento do banco, desde dezembro de 2010 o governo decretou 42 medidas, incluindo intervencionismo, estímulos setoriais e medidas cambiais e macroprudenciais.
Algumas das medidas mais recentes, como a renovação antecipada das concessões de eletricidade, são as que mais assustam.
"Isso trouxe uma expectativa de qual será o próximo setor a ser penalizado para diminuir o custo Brasil", diz Salomon.
O Brasil deve ver uma retomada do crescimento neste ano, mas a tendência de longo prazo da economia está mais baixa.
Segundo Guilherme Loureiro, estrategista do banco para mercados emergentes, a economia deve crescer 3% neste ano, acelerando para 3,5% em 2014. Essa estimativa de reaceleração gradual já supõe um menor ativismo governamental, além dos efeitos dos juros mais baixos.
"A recuperação será muito gradual", diz Loureiro.
Para os economistas, a saída para aumentar o potencial de crescimento do país seria o compromisso do governo com uma agenda de longo prazo, e não apenas intervenções pontuais. "O México vem fazendo uma agenda de reformas estruturais. E há outras medidas por vir", compara.



Juros

Após uma recente mudança de tom na comunicação do Banco Central (BC) com o mercado, restam dúvidas se a autoridade monetária estaria realmente disposta e autorizada a apertar as condições monetárias no caso de uma escalada da inflação.
Para Salomon, o BC endureceu o discurso, mas aposta suas fichas no recuo da inflação. "Há hoje um grande ponto de interrogação sobre a política monetária", diz.
A última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) revelou uma preocupação maior com a alta de preços. Além disso, declarações públicas do presidente do BC, Alexandre Tombini, reforçaram esse tom.
"Está em curso um processo de reconstrução da credibilidade do BC", diz.
O cenário central do banco é de que a inflação vai arrefecer nos próximos meses, o que eliminaria a necessidade de uma alta nos juros neste ano. A previsão do Barclays é de que a alta do IPCA em 12 meses fique em torno de 6% até o terceiro trimestre, quando a taxa deve recuar e fechar o ano em 5,5%.
Contudo, tudo dependerá do comportamento dos próximos indicadores. Nesta manhã, foi revelado que o IPCA-15, prévia da inflação oficial, avançou 0,68%, acima das expectativas de mercado, de 0,60%.
O número deve pressionar a autoridade monetária. "Teremos que ficar atentos à comunicação do BC", diz Loureiro.


Felipe Peroni (fperoni@brasileconomico.com.br)
22/02/13 17:25

FONTE: IG - BRASIL ECONOMICO

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