terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

MERCADO DE AÇÕES

Ações da Petrobras são boa aposta só no longo prazo, dizem analistas

Apesar das perdas nos últimos meses, especialistas enxergam bons fundamentos na estatal

iG São Paulo- Paula Pacheco e Pedro Carvalho |

Agência Petrobras
Preços precisam subir: "reajuste de 6,6% não deu nem para começar a brincadeira", afirma analista

Analistas veem com ressalvas as perspectivas de curto prazo para as ações da Petrobras, embora sejam otimistas sobre possíveis ganhos num horizonte mais estendido. Os papéis da estatal acumulam queda aproximada de 50% nos últimos três anos, desde o início dos investimentos no pré-sal,. No mesmo período o Ibovespa recuou cerca de 15%.


Na segunda-feira (04), as ações da companhia fecharam o pregão em queda de 2,49%, enquanto o mercado aguardava a divulgação do balanço do quarto trimestre pela companhia. Os dados, anunciados após o fechamento da Bolsa, apontaram para um lucro de R$ 21,1 bilhões em 2012, o menor desde 2004.


"No curto prazo, comprar ações da Petrobras é temerário, porque o mercado entende que não deve acontecer outro reajuste de combustíveis neste ano. Como se espera uma alta no preço do petróleo no exterior, por causa da retomada econômica nos EUA, isso deve pressionar ainda mais o caixa da estatal", diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
A estatal revende combustível no mercado interno por preços mais baixos do que paga no exterior, por isso o aumento no consumo de combustível dos brasileiros é visto com preocupação pelos analistas. O recente reajuste de 6,6% anunciado pela estatal ficou abaixo da expectativa do mercado, o que provocou outra forte queda nas ações da empresa.


"Após o pré-sal, o Governo pediu que a Petrobras investisse mais e tivesse mais responsabilidades, mas não deu a contrapartida necessária, porque ‘congelou’ o preço da gasolina e do diesel", diz Pires. "O reajuste de 6,6% não deu nem para começar a brincadeira", afirma.
"Mas o Brasil é riquíssimo em recursos. Se houver uma política que retome o rumo da lucratividade, não tem porque os papéis não subirem", afirma. "A Petrobras tem fundamentos para a ação valer o dobro do que vale hoje", acredita o especialista.
Esses fundamentos deverão gerar retornos maiores para os acionistas no longo prazo, segundo os analistas da corretora Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa e Bruno Piagentini. "Daqui a 15 anos, a Petrobras vai ter uma capacidade de exploração relevante em termos mundiais, além de tecnologia que poucas empresas terão para explorar áreas profundas", diz Piagentini.


- Veja também:Petrobras pode ser processada por compra de refinaria nos EUA


"Nesse período, a companhia também deverá ampliar a capacidade de refino, para dar conta de atender a demanda doméstica", afirma o analista. Nos últimos anos, a Petrobras demonstrou incapacidade de acompanhar o aumento do consumo interno, e foi obrigada a importar mais combustível. Para Piagentini, essa questão é a principal causa da queda no valor da ação no período.
Uma possibilidade para o investidor que sofre com a má fase das ações da Petrobras é diminuir os investimentos e diverficar com papéis de outras empresas. "O ideal para quem quer tentar recuperar as perdas dos últimos anos é reduzir as ações da empresa a 25% do total aplicado e diversificar com outras companhias. Por exemplo, um banco, uma siderúrgica e uma empresa do setor de varejo", diz um analista, que prefere não se identificar.

Agência Petrobras
Cerimônia de entrega de navio: "Petrobras terá tecnologia que poucas concorrentes terão", diz analista

Para o analista, por mais que a empresa sofra com a influência política no dia a dia dos negócios, "não existe o risco de a Petrobras quebrar. Além disso, espera-se para o segundo semestre uma recuperação do mercado de ações, muito penalizado nos dois últimos anos. Isso porque existe uma expectativa de melhoria tanto no mercado interno quanto na economia internacional", afirma.
O especialista em finanças pessoais Mauro Calil lembra que o investidor que opta pelo mercado de ações deve ter em mente que os ganhos não ocorrem no curto prazo. "Bolsa não é um cassino. Não existe aposta. É o tipo de investimento para quem tem um cenário de pelo menos cinco anos pela frente. No caso da Petrobras, existe uma perspectiva de crescimento. Não há nada de errado na empresa, por isso não é preciso ter medo", explica Calil.
Professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em finanças pessoais, Newton Marques também recomenda cautela aos donos de ações da Petrobras. "Não adianta pular da Petrobras para outra empresa em um momento em que os papeis estão em queda. São ações com muita liquidez, então é uma questão de tempo até que haja uma recuperação", avalia.



FGTS

Em 2000, o governo criou o Fundo Mútuo de Privatização do FGTS (Fundo de Garantia sobre Tempo de Serviço). Naquela época, os trabalhadores puderam usar até 50% do saldo da conta do FGTS para comprar ações da Petrobras. Quem adquiriu papéis em dez de agosto daquele ano teve até dezembro do ano passado um ganho de 350,61%.
Desde que assumiu o comando da Petrobras, há cerca de um ano, Graça Foster tem mandado recados aos acionistas para que mantenham a confiança na empresa. Em um evento em São Paulo em novembro passado, ela disse: "O valor das ações da Petrobras é uma demonstração do quanto os acionistas minoritários estão insatisfeitos e é algo que me constrange profundamente", afirmou.


FONTE: IG ECONOMIA

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