sexta-feira, 12 de abril de 2013

TAXIS BLINDADOS

Frota de táxis blindados deve dobrar até o fim do ano em SP, prevê cooperativa

Clientela exigente leva taxistas a investirem em cursos de idiomas para melhorar atendimento

Vitor Sorano- iG São Paulo |
Sérgio Custodio toma cuidado com as gírias, mas não com os estrangeirismos. Algo compreensível para quem estudou seis idiomas – português, inglês, francês, espanhol, italiano e chinês. “Fiz dois anos de japonês, mas just for fun.”
 
 
 
 
Poliglota e com a experiência ao volante de viaturas da Polícia Militar paulista, Custódio deixou, em janeiro deste ano, de ser um dos 27,7 mil taxistas comuns de São Paulo para se tornar um dos 146 taxistas de luxo da capital paulista. Mais precisamente, um dos 15 condutores de táxis de luxo blindados na cidade. Ganha três vezes mais, mas não foi só a remuneração que mudou.
 
“A postura da fala e os trejeitos são outros. Dizer 'Você viu o Coringão ontem?’ não é o tipo de conversa que se trava com o cliente. São estrangeiros que querem saber sobre a economia do País e não dá para falar ‘ih, mano, a economia vai mal’”, diz Custodio. “E alguns assuntos de economia eu sabia pouca coisa em inglês técnico, como merge ou bankruptcy. Fui atrás disso. Foi uma reeducação”, lembra.

A demanda por táxi de luxo blindado está aquecida, diz Nilson Carvalho, diretor da Cooperluxo, organização que reúne os 15 veículos desse tipo em operação na cidade. O mercado está em expansão. A expectativa é dobrar para 30 o número de veículos até o fim do ano. As corridas custam 50% a mais do que o cobrado nas viagens com táxis comuns, como ocorre na categoria de luxo. Se o cliente precisar de um serviço extra, como um motorista com formação em segurança, vai ter de negociar separadamente.

“Você teria de me passar uma demanda por e-mail e fazer uma reserva com 12 horas de antecedência [de um táxi blindado]”, diz Carvalho. “Até dá para conseguir com menos tempo, mas o ideal é no mínimo duas horas antes. Menos que isso é impossível. Nossa frota é muito pequena para a cidade.”
Além da quantidade de veículos, o perfil do utilizador também restringe a oferta do serviço. São comuns os casos em que o carro fica mais de um dia à disposição do cliente, explica Carvalho.
Em razão do alto preço da blindagem – cerca de R$ 40 mil, segundo o diretor da Cooperluxo –, a estratégia tem sido comprar veículos usados de clientes do próprio serviço.
Custodio já pensa em fazer o investimento.

“Mas tudo tem seu tempo. Step by step, no inglês, ou não passar o carro na frente dos bois, no caipira.”




Insegurança

Para Tiago Secches, gerente de Hospedagem no Sheraton WTC – hotel que cobra diárias de, em média, R$ 625, mas que podem ultrapassar os R$ 2 mil –, a maior busca por blindados entre os clientes do hotel de luxo não está relacionada a um crescimento da percepção de insegurança. Tem mais a ver, avalia ele, com a maior circulação, pelo Brasil, de altos executivos estrangeiros que nunca estiveram no País e, por receio, optam por um veículo blindado.
Custodio também não acredita que a demanda esteja sendo impulsionada pela insegurança, e sim pela comodidade de se utilizar um transporte que, embora exclusivista, pode ser considerado público.
“A pessoa que tem o próprio carro blindado prefere utilizar o táxi, porque não precisa se preocupar com o estacionamento, com o caminho que será feito”, diz ele.




Limitação para a categoria luxo

O número de táxis de luxo (categoria na qual estão incluídos os modelos blindados da Cooperluxo) tem crescido de forma lenta mas constante, segundo números da Secretaria Municipal de Transportes (SMT). Em meados de 2011, eram 139. No início de 2012, 142 e, em novembro do mesmo ano, 144. Hoje, são 146 veículos.
Para Carvalho, da Cooperluxo, há demanda suficiente para até 450 veículos da categoria hoje na cidade, mas só há espaço para mais uns 20. Isso porque a legislação municipal limita a proporção de táxis de luxo a 0,5% do total da frota da cidade, hoje de 33.843 veículos.
“Chegaremos a 164 veículos em 60 dias”, diz o diretor da Cooperluxo. Segundo a SMT, não há nenhum pedido de conversão de licenças comum ou especial para o de luxo.
Secches, do Sheraton WTC, diz que o número de reservas mensais de táxis de luxo saltou de 1,1 mil a 1,2 mil em 2012 para 2 mil em 2013. A demanda pelos blindados também tem crescido. “Ainda não é um número exorbitante, mas aumentou nos últimos seis meses. Fica entre 8% a 10% [das reservas de táxi de luxo]”, afirma.

FONTE: IG ECONOMIA

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