quinta-feira, 23 de maio de 2013

BOLSA-FAMILIA: A QUEM INTERESSA O FIM ?


Que diferença faz uma pequena diferença?


 
Um boato criminoso que se espalhou no sábado (18) levou milhares de pessoas ao desespero. O Bolsa Família iria acabar. Com isso, dezenas de milhares de pessoas, em especial nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, correram às agências da Caixa Econômica Federal para sacar o benefício antes que este fosse cortado.

Mesmo com os desmentidos, até a segunda-feira (20) ainda eram registrados enormes filas e alguns tumultos nas agências da CEF e em lotéricas.

Uma beneficiária, que conseguiu sacar o dinheiro depois de horas na fila, afirmou: “...retiramos o dinheiro a tarde. Foi um alívio. Já até comprei comida e paguei uma compra de um caderno que tinha feito para meu filho que estava em aberto".
O desespero desta fala parece óbvio. O objeto também. Com o benefício comprou comida e pagou um caderno que havia pego fiado. Comida e caderno. Impossível não se sensibilizar.

(Também difícil é deixar passar o medo das pessoas em dizer seus nomes. Temiam retaliação pelo poder público, que fossem excluídas do programa, “marcadas”. História, tradição e clientelismo. Sempre foram dependente de ‘bondades’ e ‘favores’ dos poderes locais. Assim, desconfiam mesmo quando o programa é institucional, “independente” dos potentados locais.)

O Bolsa Família é o maior programa de transferência condicional de renda do mundo, estudado por dezenas de pesquisadores. Tem diversos benefícios diretos, como a diminuição da pobreza extrema, a obrigatoriedade da educação dos filhos (que antes iam trabalhar ainda na infância para ajudar em casa), acesso a bens de saúde e diminuição da mortalidade infantil, além de benefícios indiretos como, por exemplo o empoderamento feminino, que emancipa as mulheres do jugo dos maridos, e de fazer girar toda uma economia local, estimulando o comércio e o emprego e gerando receitas pras pequenas prefeituras.

Até o insuspeito FMI o chama de “modelo para o mundo”.

É um programa que custa pouquíssimo, traz uma série de benefícios, inclusive desenvolvendo a economia local, o que, no médio prazo, é uma das portas de saída do Bolsa Família (Aliás, 1,6 milhão de famílias já abriram mão do programa, cerca de 10% do total).

Quanto a ser um desistímulo ao trabalho, os dados novamente refutam esta hipótese: Mais de 70% dos beneficiários trabalham, mas ainda assim, em situação extrema, precisam do complemento de renda.
Quem não enxerga isso é porque não quer. A diferença que R$ 70, R$ 100 podem fazer na vida de algumas pessoas é enorme. É a de não comprar comida, ou um simples caderno pro filho poder estudar.


Por | On The Rocks – 17 horas atrás

FONTE: YAHOO

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