domingo, 5 de maio de 2013

INVESTIMENTOS

Guia básico para investir em fundos de investimento

Opção prática e rentável, mas pouco conhecida pelos brasileiros. E adivinhem só se os rendimentos não costumam superar a poupança?



Vocês têm ideia de quanto custa um prédio comercial na Avenida Paulista? Comprar um imóvel no metro quadrado mais caro da cidade de São Paulo não é para qualquer um. Entretanto, com os fundos de investimento, ter participações em empreendimentos caros como esses deixa de ser tão distante assim das nossas vidas.


Os fundos são uma opção de investimento prática e diversificada, mas os brasileiros ainda não estão habituados com eles. Já citei aqui outras vezes o estudo do Instituto Rosenfield que mostrou que menos de 5% dos entrevistados optaram por investimentos que não fossem a boa e velha poupança. Também já mencionei a ironia de que, em 2012, a poupança foi o pior investimento do mercado.


Para ajudá-los a abrir o horizonte de investimentos, na última coluna preparei um guia básico sobre títulos públicos (não leu? Clique aqui). Hoje, é a vez dos fundos de investimento. Nosso convidado, mais uma vez, é o economista e professor da Unip, Alexandre Oliveira.


Vamos lá?



1. O que são fundos de investimento?

Eles lembram muito o funcionamento de um condomínio. Cada investidor (morador) compra uma cota (apartamento) do fundo. A administração dessas cotas é feita por um gestor (síndico), que é o responsável pelas decisões de investimento (melhorias para o prédio).

Muitas de vocês já devem ter feito uma vaquinha no escritório para comprar uma bolsa ou um sapato bacana para um aniversariante da área. É a mesma ideia. Os investidores reúnem-se para comprar juntos um produto financeiro mais caro, que seria inacessível se eles estivessem sozinhos.



2. Em que casos esse investimento é indicado?

Os fundos são recomendados para investimentos de médio e longo prazo. Assim, é importante que, antes de comprar suas cotas, você tenha uma reserva de emergência (não sabe o que é isso? Clique aqui) para que não seja obrigada a vender sua participação em um momento de baixa do mercado.



3. Quais as principais vantagens?

- A comodidade de transferir a responsabilidade de gerenciar os seus recursos para um especialista, cuja função é justamente acompanhar o vai-e-vém do mercado e analisar as oportunidades do momento;
- Acesso a opções de investimento que, por serem muito caras, não estariam acessíveis se você investisse sozinha;

- Não é necessário tanto dinheiro para começar a investir. Com cerca de R$ 1 mil, já dá para começar; - Diversificação. A regra número um dos investimentos é não colocar todos os ovos na mesma cesta. Os fundos, normalmente, já fazem isso: juntam todos os recursos dos cotistas e os dividem nas oportunidades de mercado que os gestores identificarem como mais promissoras.



4. E as principais desvantagens?
- Custo: se para cortar o cabelo em um lugar mais hipster, temos que desembolsar uns bons trocados a mais, no mercado financeiro não é diferente. A comodidade de ter alguém gerenciando seus investimentos é paga com as taxas de administração e performance, que vamos discutir daqui a pouco;
- Mais dinheiro, mais vantagens. Apesar de não precisar de muito dinheiro para começar a investir, você precisa saber que quem tem mais recursos, tem acesso a mais opções, menores taxas e, normalmente, maiores rentabilidades. Existem fundos que aceitam apenas investidores qualificados (com mais de R$ 300 mil aplicados). Mas, paciência... a gente chega lá!
- O dinheiro aplicado fica "preso" por um tempo. Os fundos de investimento estipulam um prazo mínimo de manutenção dos recursos. Se você sacá-los antes do tempo, há a cobrança de uma espécie de "multa".




5. Que tipos de fundos de investimento existem e quais as diferenças entre eles?


Existem várias opções de fundos de investimento e subdivisões dentro de cada uma delas. É como maquiagem: temos batom, pó, base, sombra e várias marcas de cada um desses produtos para escolher.
A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) classifica 14 categorias de fundos (veja aqui todas elas), mas vou citar aqui apenas seis das mais populares:

- Fundos de ações: os recursos são usados para comprar ações na bolsa de valores.

DICA:
Essa é uma boa forma de começar a ter contato com o mercado de ações. Lembre-se que você não precisará tomar decisões de investimento, já que está pagando um especialista para fazer isso por você.
- Fundos de renda fixa: os recursos são usados para comprar títulos públicos ou atrelados à taxa Selic (como o CDI). Chamamos de renda fixa porque conseguimos saber de antemão qual será o retorno desses investimentos.

DICA: São indicados para quem tem perfil conservador e prefere correr menos riscos. É aquela história do pássaro na mão...

- Fundos multimercados: os recursos são divididos entre produtos de renda fixa e variável (ações, por exemplo. Você não sabe se vai ganhar ou perder dinheiro).

DICA: Quem procura ainda mais diversificação, costuma optar pelos fundos multimercados. Se um tipo de investimento vai mal, você ainda tem a chance de outro ir bem. É como jogar na roleta e apostar em mais de um número: suas chances aumentam.

- Fundos cambiais: os recursos são investidos em moeda estrangeira.
DICA:
Muitas pessoas que têm planos de morar no exterior ou fazer uma viagem internacional no futuro optam por esses fundos para se proteger da variação do câmbio.
- Fundos de índice: os recursos são investidos nas mesmas ações que compõem um índice acionário, ou seja, em um grupo de ações. O principal índice da bolsa de valores brasileira é o Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas.

DICA: Também são uma boa opção para o primeiro contato com o mercado de ações. Optando por um fundo de índice que acompanhe o Ibovespa, por exemplo, você estará investindo na principal referência da bolsa de valores brasileira.

- Fundos imobiliários: os recursos são investidos em imóveis ou títulos ligados a empréstimos imobiliários.

DICA: São indicados para quem quer investir no mercado imobiliário, mas com menos dor de cabeça. Aqui não vai ser preciso negociar preço, correr atrás de imobiliária e nem reformar imóvel.



6. Como escolher o fundo mais indicado para mim?

Isso varia muito do seu perfil de risco e objetivos. Para quem está começando nesse mundo, uma boa dica é bater um papo com o gerente da sua conta para conhecer as opções disponíveis em seu banco.
A própria Anbima tem uma ferramenta que pode ajudar a identificar o fundo de investimento mais adequado para você. Acesse aqui.


7. Onde eu compro fundos de investimento?

A forma mais prática é procurar o gerente de sua agência e perguntar as opções que o banco disponibiliza para você, de acordo com seu perfil e montante que pretende investir. As corretoras de ações também negociam fundos; basta cadastrar-se em uma delas. Faça aqui uma busca de corretoras no site da BM&FBovespa.


8. Há cobrança de taxas?

Sim. Veja quais são:
- IR: de 15% a 22,5% dos rendimentos, de acordo com o tipo de fundo e o tempo em que os recursos ficarão aplicados (quanto mais tempo, menor a mordida do IR). O valor proporcional é cobrado duas vezes por ano: em maio e novembro;
- IOF: incide apenas nos resgates feitos antes de 30 dias. A cobrança é regressiva (quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor a taxa) e varia de 96% a 0% dos rendimentos;
Saiba mais sobre a tributação dos fundos.
- Taxa de administração: anual, incide sobre o patrimônio líquido. Varia muito de acordo com a instituição, o tipo de fundo e o valor investido. Normalmente, é de menos de 1% nos fundos de renda fixa, gira em torno de 2% nos fundos de ações e oscila entre 0,5% e 2% nos fundos multimercado;
- Taxa de performance: nem todos os fundos cobram, mas ela funciona como um estímulo para o gestor trabalhar pela maior rentabilidade possível. Toda vez que ela superar o prometido, o gestor ganha um bônus por ter excedido as expectativas. Normalmente, a taxa fica entre 15% e 20% do ganho adicional.



* Este artigo faz parte da série Planejamento Financeiro só para Mulheres, assinado pela colaboradora Jenifer Corrêa

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