terça-feira, 20 de agosto de 2013

TURISMO PARA IDOSOS

Turismo para idosos rende R$ 200 mil ao ano

Ex-tecelã contabiliza lucro com sua própria agência de turismo voltada à terceira idade. Crescimento da população idosa no País abre espaço a empreendedores e governo estimula crédito para viagem


Ex-tecelã fatura R$ 200 mil por ano com turismo para a terceira idade

População idosa cresceu 55% no Brasil em dez anos; governo estimula crédito para viagem

Taís Laporta - iG São Paulo |
 
Divulgação/Cinthe-Tur
Thereza Ramos Queda : a ex-tecelã que abriu sua própria agência de turismo

Debruçada sobre máquinas de tear, a tecelã Thereza Ramos Queda aposentou-se aos 40 anos devido à condição insalubre de seu trabalho. Foi o que a permitiu ter tempo para organizar excursões beneficentes que, mais tarde, converteram-se num negócio lucrativo voltado para a terceira idade.
Na década de 1970, Thereza levava amigos e parentes num ônibus fretado para entregar doações a internos do sanatório São Cristóvão, na cidade de Campos de Jordão, região serrana de São Paulo. Daí vieram as primeiras sugestões para que ela começasse a organizar passeios com grupos fechados para outros destinos.
Thereza fez um curso de guia turístico e, pelo boca a boca, passou a receber pedidos de orçamentos de viagens. Quando a demanda ficou fora de controle, viu que era hora de montar um escritório e oficializar a abertura da empresa. Em 2000, chamou a filha Cinthia para ser seu braço direito. A jovem abandonou o emprego na área de comércio exterior de um banco, e tornou-se sócia da mãe na nascente agência de turismo Cinthe-Tur, com sede em São Paulo.
No início, a ideia era direcionar os pacotes de viagens para o público em geral. Mas a predominância de pessoas de uma faixa etária avançada em certos passeios fez com que as fundadoras da agência passassem a dedicar serviços especializados.
                         
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Com faturamento anual em torno de R$ 200 mil, hoje a Cinthe-Tur conta com um diretor financeiro, sete funcionários e guias treinados para atender aos viajantes – cada vez mais exigentes – de terceira idade. Desde a criação da agência, a procura por destinos turísticos por parte de idosos, em grande parte mulheres viúvas, disparou 80%, calcula Cinthia.



Mercado em ascensão
           
O aumento da demanda por atividades recreativas voltadas aos idosos acompanha o salto da expectativa de vida experimentado pelo País: em três décadas, o indicador cresceu 11 anos, passando de 62 anos em 1980 para 73 em 2010, de acordo com dados divulgados este mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre 2001 e 2011, o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil saltou de 15,5 milhões para 23,5 milhões, um crescimento de 55%. Hoje, os idosos já representam 12% da população.
Com tempo disponível e reserva financeira acumulada após anos de trabalho, a terceira idade está disposta a gastar mais seu dinheiro com atividades que proporcionem prazer e qualidade de vida. É um prato cheio para empreendedores, mas agradar tem seu preço.
Os turistas querem se sentir seguros e bem acolhidos nas viagens. “Nossos guias são preparados para atender às necessidades dos idosos”, conta Cinthia. Além da paciência com o ritmo lento de alguns viajantes, o profissional precisa auxiliar na hospedagem, ajudar o cliente nos cálculos das compras e estar atento a atividades que exigem muito esforço físico.
“Muitos reclamam de locais onde há muita escadaria e subidas, por isso os monitores devem saber os limites do passeio”, explica a sócia da agência, que evita oferecer, por exemplo, atividades de ecoturismo – a menos que o grupo se anime para uma tal aventura.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A preferência pelos passeios varia de acordo com o perfil do idoso, mas recreação e lojinhas de souvenires devem estar no roteiro de quase todos eles. E os tradicionais pacotes rodoviários para hotéis-fazenda não são a única pedida. Os serviços vão de passeios de um dia por teatros, jantares e shows, até destinos longínquos e exóticos como Moscou, Alaska e o arquipélago de Galápagos, no Oceano Pacífico.
Os viajantes mais dispostos topam até mesmo roteiros que causariam calafrios em muitos jovens. Através da agência, uma senhora de 88 anos chegou a andar de elefante na Índia, e agora planeja conhecer a Indochina.
 
 
 
Incentivo ao turismo
           
Ciente do potencial da terceira idade, o ministério do Turismo anunciou em maio deste ano que pretende relançar o programa Viaja Mais Melhor Idade. O objetivo é incentivar o turismo no País facilitando condições de crédito aos idosos, aposentados e pensionistas.
Para isso, o governo firmou um compromisso com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que se comprometeram a melhorar as condições de financiamento a esse público. A CVC, uma das maiores operadoras de turismo do País, também deu sinais de que pretende aderir ao programa, oferecendo cerca de 30 pacotes voltados à terceira idade com condições especiais.


FONTE: IG ECONOMIA
 

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