Valor investido por brasileiro triplica em sete anos. Saiba como administrar
Especialistas dão dicas sobre a aplicação e explicam suas três funções mais
importantes nas finanças
Dia da Poupança: conservadores, brasileiros investem mais na caderneta
Volume total investido em cadernetas de poupança triplicou em sete anos, mas o número de investidores cresceu apenas 46% – saiba qual a melhor forma de usar esse investimento
O aclamado crescimento da renda média do brasileiro na última
década fez bem a diversos setores. Empurrou a educação, estimulou o consumo e também
a caderneta de poupança. Desde 2006, o volume total investido nesta aplicação
quase triplicou, superando os R$ 538 bilhões em junho, segundo o último
levantamento do Banco
Central .
Esse seria um dado exclusivamente positivo não fosse o outro dado
que ele agrega. O número de investidores na modalidade cresceu 46% no mesmo
período. Sim, o dado é positivo. Mas ainda que aponte alta, essa variação é um
importante indicativo de que a educação financeira ainda não faz parte do
cotidiano do brasileiro.
A comparação desses dois números indica, claramente, que o hábito de poupar
não cresceu tanto quanto a renda disponível. Em outras palavras, quem investia,
passou a investir mais. Uma parcela bem menor adotou o hábito de poupar.
No Banco do Brasil, segundo maior banco em volume financeiro em
cadernetas de poupança, a maior parte dos clientes é das classes B, C e D. Entre
2010 e 2013, o volume aumentou 30% na instituição.
Essa é uma das leituras de Aline Rabelo, coordenadora do
Investmania. “As pessoas não têm hábito de guardar dinheiro. A falta de
informação e o cenário de incerteza acabam sustentando o hábito da caderneta de
poupança”, afirma. “A poupança é o investimento mais popular entre os
brasileiros, mas nem sempre é a melhor opção de aplicação.”
De fato, não é. Em maio e junho deste ano, o rendimento da poupança foi
inferior à inflação acumulada em 12 meses. Na prática, isso significou perder
dinheiro.
Entender essa lógica é fácil. Suponhamos que em junho de 2012, você havia
decidido comprar uma televisão que custava R$ 100. Em junho de 2013, a inflação
anual já teria corrigido o preço para R$ 106,46, ao passo que a poupança teria
aumentado seu investimento em R$ 105,60. Em outras palavras, valeria mais a pena
ter gastado o dinheiro naquela momento em vez de esperar e guardar o montante na
poupança.
Isso porque em maio e junho ainda valiam as novas regras da
poupança, estipuladas para quando a taxa básica de juros, a chamada Selic,
estivesse abaixo dos 8,5%. Com os juros em número igual ou inferior, fica fixada
a correção da poupança em 5,6%. Segundo o Banco do Brasil, as regras não
impactaram no número de investidores, mas Aline acha que conforme a caderneta
perder o apelo, os investidores naturalmente migrarão de aplicação.
Com o aumento da taxa Selic para 9% em agosto, a caderneta de poupança
definitivamente voltou a bater a maior parte dos fundos de renda fixa com taxa
de administração acima de 0,5% ao mês, além de superar a última projeção da
inflação calculada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 2013,
de 5,8%. Mas em outubro, com nova alta para 9,5%, a caderneta de poupança perdeu
atratividade frente aos fundos referenciados pelo CDI (Certificado de Depósitos
Interbancários).
Serve para quê?
Sob o ponto de vista da rentabilidade, naturalmente, fica a
pergunta: se não rende bem, a poupança serve para quê? Ela tem três importantes
funções no mundo das finanças pessoais: perfeita para reservas de emergência, de
curtíssimo prazo e para quem está dando os primeiros passos na disciplina
financeira.
Para Aline, a poupança não serve para mais que três meses de aplicação. “Você
recebe o 13º agora, mas sabe que vai pagar IPTU, IPVA e matrícula da escola dos
filhos já em fevereiro, por exemplo. Separa esse valor e põe na poupança”,
aconselha.
Para aquela viagem daqui a seis meses ou a mobília da casa nova no final do
ano, Aline sugere outra aplicação como as Letras de Crédito Imobiliário e do
Agronegócio. Assim como a poupança, as LCI e as LCA têm proteção do Fundo
Garantidor de Crédito e não sofrem incidência de Imposto de Renda. “Falta
iniciativa e falta informação. A cultura de investimento não cresceu tanto
quanto o nível de renda”, comenta.
Do ponto de vista educativo, o sucesso é claro. Para quem nunca teve costume
de guardar dinheiro, a poupança é o caminho mais prático e rápido para começar a
criar esse hábito.
Todo dia é dia da poupança
A caderneta de poupança é velha conhecida do brasileiro, mas é esse
exercício de poupar que traz o verdadeiro sentido do Dia Mundial da Poupança,
comemorado nesta quinta-feira (31). O professor Reinaldo Domingos, da Dsop
Educação Ficanceira, lembra que sem um objetivo claro e um prazo definido, fica
difícil dar o primeiro passo.
Poupar já é difícil. Não ver resultado desse esforço pode tornar o caminho
mais difícil. "Aplicação tem de ter sonho e prazo para realização, caso
contrário, você não se sente estimulado", diz.
Para o curtíssimo prazo, a poupança. Para médio prazo, Reinaldo Domingos
sugere os títulos do Tesouro Direto e, no longo, os planos de previdência
privada. "Cada um tem uma rentabilidade compatível com seu prazo de resgate. O
investimento certo aponta para a melhor eficiência na direção dos seus
objetivos."
FONTE: IG ECONOMIA
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