Favela paulistana aposta em passeio turístico
Inspirada na Rocinha, 2ª maior favela de São Paulo cobra R$ 150 por passeio
Por - iG São Paulo
|
Roteiro por Paraisópolis mostra arte e superação de moradores - e não oculta o crime que ocorre nas vielas
Com mais de 100 mil moradores, a comunidade Paraisópolis, segunda
maior favela de São Paulo, decidiu abrir suas sinuosas e infinitas vielas aos
turistas. Apostando em seu - ainda desconhecido - valor cultural e no sucesso do
conceito “favela tour”, aplicado no Rio de Janeiro, a União de Moradores e do
Comércio de Paraisópolis (UMCP) desenvolveu o roteiro "Paraisópolis das Artes"
para explorar o orgulho da favela e de seus moradores, que deixam de ser
vitimados pelas condições de moradia e passam a ser conhecidos pela própria
superação.
Conheça a nova home do Último Segundo
Para realizar o passeio, que foi oficializado há um mês, o
interessado desembolsa R$ 150. O valor do ingresso é quase totalmente revertido
para a comunidade, entre o salário do guia, artistas e material de divulgação.
Os turistas - a maioria formada por estrangeiros e estudantes - são acompanhados
pelo guia cultural Higo Carvalho, de 22 anos, que é morador de Paraisópolis.
"Aqui não é como o Rio que tem a paisagem [da Baía de Guanabara], Paraisópolis
chama a atenção por seus artistas."
A comunidade, que ocupa uma área de 800 mil m², sempre teve seu espaço garantido na imprensa por sua dimensão ou por episódios de violência. O roteiro tem o objetivo de mudar isso. "A favela também tem gente do bem, trabalhadora, não é só o que a mídia mostra. Tem aquela parcela ruim, mas é muito pequena", defende Higo enquanto passa com o iG por um ponto de venda de drogas. Questionado sobre tráfico dividindo espaço com turistas, ele logo responde: "Nossas rotas foram pensadas para não atrapalhar o trabalho de ninguém, nem o nosso nem o deles."
Conheça as principais atrações de "Paraisópolis das
Artes":
Para Gilson Rodrigues, presidente da UMCP, a ideia do passeio
surgiu para derrubar os preconceitos e o muro que divide Paraisópolis da cidade
de São Paulo, e também revelar a nova fase da região. "Paraisópolis como
'favela' carrega uma série de preconceitos que nem sempre são reais e que, na
maioria das vezes, só existem na cabeça das pessoas de fora", defende.
De acordo com o Censo 2010, em dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 17 mil domicílios
espalhados pelas inúmeras rotas da favela. Só fica atrás da comunidade
Heliópolis, também na zona sul da capital, que tem ao menos 18 mil casas. Os
números são considerados defasados pela UMCP e por Higo, que foi enfático ao
dizer que é impossível mapear a comunidade. “Aqui é uma cidade dentro de outra
cidade, em constante crescimento. Tem muitas crianças pequenas e em cada viela
há inúmeras moradias. Não duvido se descobrirem barracos embaixo da rua”, diz o
guia.
Conheça também a Favela Funchal:
A
comunidade de R$ 50 milhões da zona sul de São Paulo Beatlemaníaco,
catador de papelão pinta sonhos nas fronteiras da favela
Sem formação, paraense criada em escola assume papel de professora "Aposentei no quintal do meu barraco", diz morador da Favela Funchal
Sem formação, paraense criada em escola assume papel de professora "Aposentei no quintal do meu barraco", diz morador da Favela Funchal
Atualmente, a comunidade tem sua própria rede de supermercados,
açougue e uma das unidades mais lucrativas da rede das Casas Bahia.
FONTE: IG BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário