quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ricos aproveitam crédito mais barato para financiar bens de luxo

Política de redução dos juros dos bancos vem quebrando a resistência da alta renda em trocar a compra à vista pelo financiamento de bens milionários, avalia o segmento


Taís Laporta - iG São Paulo |



Thinkstock/Getty Images
Embarcação F40, do estaleiro italiano Sessa Marine, chega este ano ao Brasil
Comprar à vista já foi prioridade entre os milionários. Em tempos de juros menores, o financiamento de bens de luxo caiu no gosto da alta renda, avaliam especialistas do segmento. As linhas de crédito no mercado de luxo ganharam espaço, seja para financiar coberturas duplex ou iates que lembram mansões.
 
Especializado no segmento náutico, o braço financeiro do Santander observou nos últimos anos um crescimento anual de 15% na procura por embarcações, que variam entre R$ 80 mil e R$ 12 milhões, financiadas em até 60 meses. “Esperamos crescer entre 5% e 10% este ano”, estima Fernando Biró, superintendente executivo do banco.
 
 
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O aumento da renda do brasileiro, em sua opinião, ajudou a atrair um público mais diversificado. Antes predominado por consumidores mais maduros e com patrimônio consolidado, hoje este mercado atrai mais jovens em busca da primeira embarcação.

Na Credipronto, butique de crédito imobiliário da Lopes e do banco Itaú, houve um aumento de 5% para 12% na participação dos imóveis de luxo financiados na carteira desde o início das operações, em 2008. Os valores dos bens variam entre R$ 1 milhão e R$ 8 milhões, mas há imóveis de até R$ 20 milhões que já entraram no carnê.

Para o diretor-geral da empresa, Bruno Gama, o barateamento do crédito foi o que mais atraiu o público de alta renda para o financiamento de imóveis de luxo. Na empresa, os juros seguiram a queda da Selic e caíram em torno de 1,5% ao ano, chegando a 9% nos últimos dois anos. Em financiamentos de longo prazo, essa redução representa uma economia ainda maior.

“O cliente de alta renda, antes avesso a tomar crédito, hoje vê vantagem em financiar mesmo podendo comprar à vista, para não se descapitalizar”, explica Biró. De acordo com o executivo do Santander, é comum que o cliente opte por manter seus recursos em uma aplicação que renda mais que os juros pagos no crédito imobiliário.


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A média das taxas bancárias atingiu seu menor nível histórico no ano passado, segundo dados do Banco Central, graças à política de redução dos juros no crédito iniciada pelos bancos públicos (Caixa Econômica e Banco do Brasil), e depois seguida pelos privados.

A compra a prazo dos imóveis de luxo gira em torno de 20 anos, mas os clientes mais capitalizados, segundo Biró, costumam amortizar a dívida na metade do tempo, logo que conseguem um fluxo financeiro para isso.

As montadoras também exploram o segmento de luxo para oferecer crédito na compra de carros de alto padrão. A Audi do Brasil possui uma linha de financiamento desde o início das operações da marca no País, em 1998, por meio do banco Volkswagen, pertencente ao grupo.
 
“Os veículos acima de R$ 200 mil representam em torno de 25% da gama de produtos financiados”, conta o gerente de vendas da Audi, Thiago Lemes. O executivo também acredita que a redução gradual da Selic nos últimos anos ajudou o segmento a crescer.
 
Vendido na faixa dos R$ 110 mil, o Audi A4 é um dos modelos mais financiados pela marca. Metade dos veículos que entram na linha de crédito do banco são parcelados em 24 meses, explica Lemes.
 
 
Produzida em solo catarinense com know-how italiano, a lancha Azimut 60 custa a partir de R$ 5,7 milhões. Foto: Divulgação Financiamento de imóveis de luxo cresceu com redução dos juros nos últimos anos. Foto: Divulgação Mastercraft X-Star: lancha top para o esporte aquático, com 24 pés de comprimento, tem preço a partir de R$ 450 mil. Foto: Divulgação Audi A4: um dos modelos da Audi mais financiados pelo Banco Volkswagen. Foto: Divulgação Cimitarra 500: lancha automatizada por meio de um aplicativo de celular ou tablet. Sai a partir de R$ 1,75 milhão. Foto: Divulgação Ventura Marine é uma lancha com preço de carro popular: custa cerca de R$ 32 mil. Foto: Divulgação
Produzida em solo catarinense com know-how italiano, a lancha Azimut 60 custa a partir de R$ 5,7 milhões. Foto: Divulgação
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Segundo Biró, do Santander, embora o cliente interessado em financiar embarcações possua mais recursos, o rigor da análise da capacidade financeira é o mesmo para clientes com menos posses. A taxa de inadimplência no segmento náutico fica em torno de 1,5%, bem abaixo da média histórica no financiamento de automóveis, explica o executivo.
“Ninguém vende uma casa ou carro para morar num barco. Comprar para investir também não é comum entre os clientes. A compra está mais ligada ao prazer pessoal e a um upgrade de consumo”, finaliza.
 
FONTE: IG
     
     

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