segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Comprar e vender ações, uma jornada eletrônica

Acompanhe um dia na vida de uma operadora de Bolsa


Aline Cury Zampieri, iG São Paulo

Foi-se o tempo em que negócios com ações eram fechados aos gritos, em rodas cheias de homens com telefones colados às orelhas e boletos para anotar as compras e vendas. A tecnologia venceu o contato físico e, hoje em dia, um operador de bolsa não grita mais.

Todas as transações são eletrônicas, feitas diretamente de mesas de operação nas sedes das próprias corretoras. Muitas vezes, o silêncio da sala lembra o de um escritório. Mas isso não quer dizer que a adrenalina dos tempos de pregão desapareceu e que a rotina desses profissionais deixou de ser estressante.

Jamile Chaim é operadora há sete anos, quatro deles na mesa de varejo do Santander. Confira um dia de sua rotina:

Seu dia de trabalho tem, em média, 11 horas que envolvem muita matemática, sangue-frio e informação. Ela conta que, em geral, o trabalho feito diretamente das mesas diminuiu o estresse de antigamente. “Agora, o operador tem um pouco mais de tempo livre para se informar e orientar o cliente. E também há menos erros operacionais.”

Apesar de mais calmo, o dia-a-dia não deixa de ter momentos realmente estressantes, que fazem lembrar os velhos tempos. “O 11 de setembro foi o dia mais marcante da minha carreira”, conta, citando o ataque terrorista às torres gêmeas em Nova York. “No primeiro avião, ninguém entendeu direito o que estava acontecendo. Mas, logo após o segundo avião, não tive orelha suficiente para atender aos telefonemas de clientes que perguntavam o que fazer com suas ações.”

Jamile diz que gosta de um pregão agitado. Seu dia começa bem antes de o pregão abrir, o que acontece atualmente às 10 horas. Ela chega às 7h30 e se prepara para a reunião diária entre operadores e a equipe de análise do banco, que falará sobre os principais assuntos macroeconômicos e empresariais do dia.

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Após a reunião, volta para sua mesa e se informa via agências de notícias e jornais especializados. Pouco antes da abertura do mercado, começa a ligar para seus clientes. Segundo ela, a postura é sempre pró-ativa. Na maioria das vezes, é Jamile quem identifica as oportunidades, lembra-se de um cliente que gostará do negócio e liga para ele. Em média, conta, cada operador tem uma carteira de 40 clientes. A maioria é contatada todo dia.

De acordo com ela, a tradição ainda pesa na hora de um investidor escolher operar usando seus serviços. “Os principais clientes são os que estão acostumados a ligar e conversar. O home broker (plataforma eletrônica na qual se opera sozinho) é mais usado pelos mais jovens, com até 35 anos.”

Os clientes de Jamile também não possuem uma faixa de rendimento padrão. “A tendência é que se transformem em clientes os investidores que gostam de operações mais complexas.” O processo ocorre da seguinte maneira: o cliente se cadastra em uma das cem salas de ações do banco. Se o gerente da sala percebe que o perfil do investidor está mais próximo da mesa de operações, sugere transferi-lo para esse sistema.

Apesar de lidar com os investidores mais especializados, Jamile conta que a maior parte dos negócios que fecha é a compra e venda de ações de primeira linha, as blue chips, como Petrobras e Vale do Rio Doce.

Quando oferece um negócio ao cliente, Jamile coloca a oferta no sistema mega-bolsa, que tem ligação direta com a Bovespa. Todas as corretoras estão lá. Se o cliente quer vender ou comprar uma ação por um preço estipulado, e não o de momento de mercado, a operação entra numa fila. Quando um interessado aparece, aceita a oferta no sistema e o negócio é fechado.

Fonte: IG Economia e Negócios

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