sábado, 2 de abril de 2011

Mercado elege inflação como tema de abril

Efeito das políticas monetárias sobre câmbio e preços é o principal assunto de relatórios de bancos




Aline Cury Zampieri, iG São Paulo 01/04/2011 19:00





O mercado elegeu a inflação como tema do mês para abril. Em relatórios, é difícil encontrar um economista que não cite as pressões de altas de preços em seus comentários sobre Brasil e mercados emergentes.



Os especialistas lembram que alguns indicadores econômicos estão atingindo níveis cruciais da política monetária: câmbio testando mínimas e inflação testando máximas. Eles se perguntam se serão adotadas novas medidas macroprudenciais para estancar a queda do dólar sem correr o risco de pressionar ainda mais os índices de preços.



O HSBC diz, em comentário sobre os mercados emergentes, que começa a ver movimentações sugerindo que a inflação está se tornando o principal foco de atenção dos condutores da política econômica. Chile, Uruguai , Israel e Turquia recentemente anunciaram elevação de taxas de juros. Já o Brasil anunciou um ajuste fiscal de R$ 50 bilhões e continua a restringir a entrada de capitais.



Embora as medidas tomadas pareçam ter levado a um abrandamento temporário do crescimento do crédito em alguns países e contiveram um pouco a apreciação das moedas emergentes, foram menos eficazes no combate à inflação, acrescenta o Barclays. “Assim, acreditamos que medidas mais ortodoxas, tais como subida das taxas de juro, serão tomadas para complementar as medidas heterodoxas dos bancos centrais, levando potencialmente a um reforço do câmbio e ajudando a conter a inflação.”



A visão de alta de juros do Barclays é para os demais emergentes, não para o Brasil. Por aqui, o banco lembra que, no relatório de inflação do primeiro trimestre, o Banco Central já deixou explícito que seria muito caro trazer a inflação até a sua meta de 4,5% este ano. Assim, o foco agora é 2012. “Continuamos a acreditar que o o aperto próximo será baseado menos na subida das taxas de juros e mais em macroprudenciais medidas. No entanto, continuamos céticos sobre a eficácia dessa nova estratégia em trazer a inflação de volta à meta no próximo ano.”



Como a batalha contra a inflação ainda está sendo travada, o HSBC diz manter um viés cauteloso em relação aos emergentes. “A poeira ainda não assentou no Oriente Médio, e o crescimento econômico nos mercados emergentes ainda carrega bastante inércia”, dizem os especialistas. Eles lembram ainda que os salários estão crescendo rapidamente e o desemprego continua em baixa. “Em outras palavras, custo de inflação em alta e forte demanda sugerem que as pressões nos preços devem continuar.”



No Brasil, o banco acredita que a taxa de inflação extrapolará o teto da meta até o meio do ano. Ao mesmo tempo, o Banco Central tem sinalizado uma forte confiança nas medidas macroprudenciais, em vez de atuar mais agressivamente na alta dos juros.” Recentemente, o mercado coemçou a precificar um possível fim do ciclo de alta este mês. Nossa projeção, no entanto, permanece menos otimista.”



A casa diz ainda que as recentes ações tomadas pelos bancos centrais dos mercados emergentes são positivas, mas ressalta que os investidores devem continuar vigilantes e preferir países que têm bancos centrais mais atentos e ágeis, ou onde a inflação é uma questão menor. Renovada pressões dos preços das commodities ou sinais de complacência por parte dos bancos centrais devem se traduzir rapidamente em uma inclinação da curva de juros e, finalmente, ferir crescimento e ganhos.



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FONTE: IG ECONOMIA

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