quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Passo ponto: veja os cuidados na hora de comprar um negócio em funcionamento

Empresários devem ficar atentos às promessas e analisar a estrutura do empreendimento

Bruna Bessi, iG São Paulo | 06/10/2011 05:36

Quem planeja abrir seu próprio negócio recebe, em algum momento, a oferta de comprar uma empresa já existente. Em geral, o dono alega que o ponto é excelente, que os lucros são bons e que ele só está abrindo mão do empreendimento porque quer investir em novos desafios ou até mesmo se aposentar. De fato, assumir um empreendimento já consolidado no mercado traz uma série de vantagens, como uma rede de fornecedores já definida e uma carteira de clientes conquistados.


Foto: Divulgação Ampliar
Mudança na imagem do negócio fez vendas do restaurante de Gebara aumentarem


Mas, comprar um negócio em andamento exige uma análise rigorosa e detalhada da estrutura da empresa, seja uma padaria, um salão de beleza ou uma oficina mecânica. Consultores do segmento também lembram aos compradores que não se entusiasmem demais com as ofertas e percam o foco investigativo. “Um dos aspectos fundamentais é saber dos clientes o que não funcionava bem, já que não basta trocar a administração sem adaptar o negócio e fazer mudanças como reforma da fachada”, diz Reinaldo Messias, consultor do Sebrae – SP.

Para evitar cair em armadilhas é preciso estar preparado e enfrentar uma verdadeira jornada investigativa. Segundo Marcelo Salim, coordenador do centro de empreendedorismo do Ibmec, antes de fazer a compra o indicado é realizar uma auditoria fiscal na empresa e certificar-se de que não existem dívidas ou processos trabalhistas. “Analisar a veracidade das promessas feitas na hora da venda também faz muita diferença, pois alguns contratos podem expirar no curto prazo e, se o faturamento do negócio depender muito disso será um problema”, afirma Salim.

Conferir cada ponto do empreendimento foi a estratégia usada pelo empresário Cáizar Gebara. Atraído pela quantidade de clientes, por uma equipe completa e boa localização do estabelecimento, Gebara decidiu comprar, em 2007, o restaurante Terraço Caipira. Durante o processo de transição, acompanhou o antigo dono e foi apresentado a fornecedores e clientes. “Ver de perto o andamento do negócio é muito importante antes de fechar o contrato, pois evita possíveis enganos, e depois, para entender o funcionamento de cada etapa”, diz Messias.


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Como o restaurante não havia dado retorno satisfatório ao proprietário anterior, Gebara foi buscar os motivos. Logo de início percebeu a falta de proximidade entre o prato principal – bacalhau – e o marketing do empreendimento. “Não havia correspondência direta e isso afetava a imagem transmitida aos clientes. Então, alterei o nome para Quinta da Freguesia”, afirma. “Antes da mudança eram vendidos 8 kg de bacalhau por semana, depois alcançamos a marca de 250 kg”, diz.
Desafios

 

 

A estratégia de marketing foi apenas uma das modificações realizadas pelo empresário. Para melhorar o desempenho da empresa, ele informatizou a administração, investiu R$ 80 mil em uma reforma e treinou a equipe. “A aquisição deste negócio foi mais barata do que se tivesse começado do zero, já que não me preocupei logo de início com os utensílios usados. Também conseguir negociar descontos em muitos eletrodomésticos que já estavam no restaurante”, afirma. Hoje, o Quinta da Freguesia atende de 500 a 600 clientes aos finais de semana, possui 130 funcionários e registra faturamento mensal de R$ 140 mil.

A empresária Maria Cristina Antunes Branco trabalhava no ramo de estética há mais de dez anos quando resolveu abrir seu próprio negócio em 2004. A aposta, entretanto, não deu certo. Sem experiência em gestão e com uma clínica de difícil acesso e nenhum estacionamento, a curitibana encerrou suas atividades. Foi quando um amigo lhe mostrou a empresa Bem-Estar Estética, há quatro anos no mercado, que estava à venda. Empolgada com a oferta, Maria fez sociedade com seu genro – que possuía experiência em administração – e comprou o empreendimento.

Assim como Gebara, Maria identificou problemas anteriores e buscou soluções. “A clínica não oferecia profissionais com técnicas atualizadas e isto afastava a clientela. Quando assumi fiz novas contratações e ampliei o negócio”, diz. Para comprar a empresa, eles gastaram R$ 90 mil. Também foram investidos R$ 60 mil na reforma da clínica. Outra tática usada pelos empresários foi a manutenção dos preços antigos dos tratamentos. “Estamos aumentando o número de clientes e já conseguimos atender 12 pessoas por dia”, afirma.
 

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