terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PARA VENCEDORAS DO LEILÃO, RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO É GARANTIDO

Em Guarulhos, construção do terminal 3 dobrará número de passageiros e, em Campinas, movimento pode ser multiplicado por dez

Dubes Sônego e Pedro Carvalho, iG São Paulo | 07/02/2012 05:00

O ágio elevado pago no leilão dos aeroportos de Cumbica (373%), Viracopos (159%) e JK / Brasília (675%), realizado nesta segunda-feira, deixou intrigado o mercado. Quem estimou mal, o governo ou as empresas? Politicamente, as empresas dizem que nem um, nem outro. E asseguram que estão certas do retorno de suas apostas.


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Responsável pelo maior lance do leilão, o consórcio Invepar-ACSA terá que desembolsar ao longo de 20 anos de concessão R$ 16,213 bilhões, além dos investimentos previstos no período, de R$ 4,8 bilhões. Foi uma oferta R$ 4 bilhões acima da apresentada pelo segundo colocado. No entanto, Gustavo Rocha, presidente da Invepar, diz que acredita que será possível bancar tudo isso e ainda lucrar alto.


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A aposta é baseada principalmente na possibilidade de ganhos maiores com receitas não-tarifárias, vindas de lojas e restaurantes. E, naturalmente, do aumento do fluxo de passageiros. Uma das obras prioritárias, por conta da Copa de 2014, é a construção do Terminal 3, que deverá dobrar a capacidade do aeroporto, por onde circulam hoje cerca de 26 milhões de pessoas por ano.

O volume representa cerca de 30% de todos os passageiros que passam por terminais da Infraero. Um movimento que já levou alguns analistas a definirem Cumbica como "mina de ouro mal explorada" e "vaca leiteira". Mas, até 2020, o consórcio estima que o fluxo será bem maior: 50 milhões de passageiros por ano.

Para Rocha, a Infraero só não aproveita todo potencial de receitas não tarifárias disponível porque está limitada pelas amarras a qual estão sujeitas as estatais. "Temos uma flexibilidade para buscar financiamentos e operar que a Infraero não tem", afirma.


Pólo aéreo

Brasília, por sua vez, é o aeroporto que exigirá proporcionalmente menos investimentos ao longo dos 25 anos de concessão, R$ 2,8 bilhões. Com isso, os consórcios puderam dar lances mais altos.

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Para garantir o rápido retorno do investimento, o grupo argentino Corporación América, integrante do consórcio vencedor responsável pela gestão, pretende transformar o aeroporto de Brasília em um entroncamento internacional do transporte aéreo. E também deverá explorar com maior intensidade receitas não-tarifárias, um campo no qual a Infraero apenas engatinha.


Longo prazo

O preço mais equilibrado entre expectativa e propostas em Viracopos (ágio de 159%), na avaliação de Wagner Bittencourt, ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, não significa que o aeroporto seja um mau negócio. Foi apenas um indicativo de que é uma aposta com retorno no longo prazo, que exige investimento alto no curto prazo. O Consórcio Aeroportos Brasil, formado por Triunfo, UTC e Egis, terá que realizar obras orçadas em R$ 873,05 milhões até 2014, mesmo sem ser sede de jogos da Copa.

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A aposta se justificaria devido ao potencial de faturamento na região de Campinas. “Viracopos está inserido na área mais rica do país. Nos próximos anos, a região deve se transformar de uma área baseada no setor secundário [indústrias] para o setor terciário [serviços], que gera maior demanda de vôos”, afirma Mário Luiz de Mello Santos, presidente da consultoria Aeroservice, que trabalhou para o consórcio. “O fluxo do aeroporto deve ficar cada vez mais independente de São Paulo”, acredita.

“Estamos seguros com relação ao retorno que o aeroporto pode dar. Viracopos era o melhor negócio [entre os três leiloados], sempre foi nosso foco nesse leilão”, afirma Santos.

Para o analista, o potencial de Viracopos também se baseia na possibilidade da ampliação da área do aeroporto, o que seria mais difícil em Guarulhos e Brasília. “A demanda atual de Viracopos, que é de 7 milhões de passageiros, pode ser de até 70 milhões, porque existe área disponível para essa ampliação”, afirma.

Por fim, Santos acredita em ganhos vindos de uma maior eficiência na gestão. “Em qualquer lugar do mundo, aeroportos são excelentes negócios, quando bem operados”, afirma. “A Infraero [a atual administradora] tem todos os vícios e problemas estruturais de uma empresa estatal, enquanto nosso foco será na eficiência”, completa.

Em breve será possível saber quem fez a conta certa.

FONTE: IG ECONOMIA

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