sábado, 26 de janeiro de 2013

LUCROS DA FEIRA DA MADRUGADA SP

Veja as histórias de seus personagens

12 anos da Feira da Madrugada

Veja as histórias de seus personagens


Feira da Madrugada completa 12 anos com polêmicas e lucro de 400% em SP

Cerca de 15 mil pessoas visitam todos os dias uma das maiores feiras populares do Brasil

Wanderley Preite Sobrinho- iG São Paulo | - Atualizada às


Quarta-feira, duas horas da madrugada nas ruas desertas do Brás, centro de São Paulo. O tradicional circuito de compras populares da capital só veria suas ruas fervilhando de gente depois das 8h. No coração do bairro, no entanto, a movimentação já havia começado: vans e ônibus de viagem faziam fila no estacionamento de um terreno de 120 mil metros quadrados emprestado pelo governo federal para acomodar um dos maiores centros de consumo popular do Brasil: a Feirinha da Madrugada, que até o final daquele dia recebeu cerca de 15 mil compradores.
Veja mais notícias da capital paulista e região metropolitana no site iG São Paulo

Denúncias:Base do Samu presta socorro irregular em feira popular de São Paulo Prefeitura descumpre acordo e mantém comando irregular na Feira da Madrugada



VEJA VIDEO


Um dos símbolos recentes da cidade, a Feirinha completa 12 anos de funcionamento em 2013, sete anos desde que deixou as ruas do Brás e foi parar no terreno, um antigo estacionamento de ônibus. A chegada ao novo endereço trouxe fama à feirinha, que desde então coleciona cada vez mais compradores, vendedores e polêmicas.
Ainda acordando, os sacoleiros vão descendo dos ônibus fretados exclusivamente para as compras. Por volta das 2h30, mais de 150 veículos já estavam estacionados. Até o fim daquele dia, outros 150 fariam o mesmo. Alguns compradores tomavam café antes de partir para as compras. Gente vinda principalmente do interior de São Paulo (Campinas, Araraquara, Lençóis Paulista), e do Sul do País, como de cidadezinhas do Paraná – como Coronel Vivida e Santo Antônio da Platina – e Santa Catarina - Jaraguá do Sul e Pomerode.
Quem chega de Estados mais distantes, faz a viagem do modo tradicional. É o caso da goiana Ronilucia Cerqueira, 37 anos. Ele chegou na feirinha por volta das 7h e só foi embora às 14h30. “Em Goiás, eu mexo com bolsas, cintos, carteiras e o que abrange a parte de acessórios femininos”, diz, enquanto o taxista divide os 150 quilos de compras entre o porta-malas e o banco traseiro. “Pra usar o banco de trás vou ter de cobrar mais caro”, dizia ele.
Dona Ronilucia seguia para o hotel, onde descansaria até 18h30 e voltaria para Goiânia em uma viagem de 12 horas. “Eu venho aqui a cada 15 dias. Dependendo do movimento, venho toda semana. Vale a pena, porque consigo fazer uns 60% de lucro revendo na minha loja”.
Mas a maior parte dos consumidores mora mesmo na periferia da cidade e na Grande São Paulo. É o caso da dona Zilda do Nascimento, 52 anos, que toda semana vai à feira comprar roupas femininas para revender em sua loja de Osasco. “Hoje cheguei às 5h30. Que hora são agora? Três da tarde!”.
A história é parecida com a de dona Maria Nilce (54). Ela diz que sua papelaria na Praia Grande consegue um lucro de 70% quando revende as mochilas, lápis e estojos comprados na feirinha: “Passo por aqui duas vezes por mês”.


VEJA FOTOS



Negócio lucrativo

Essa é margem média de lucro que um dos 12 mil vendedores da feirinha repassam a quem pretende revender seus produtos. Dependendo do negócio, a lucratividade pode ultrapassar os chega a 400%. É o caso dos brincos de pedras chinesas vendidas no Box 47, que, segundo a vendedora Sonia, se compradas no atacado, saem por R$ 3 cada para serem revendidos nos bairros por R$ 15.
Com lucratividade de 50%, é possível levar por R$ 13 a boneca Skyla, uma versão genérica da Barbie. “A versão simples, a Bela, custa R$ 8. Dá pra vender por R$ 15, R$ 16 no bairro”, afirmou a vendedora Aline, enquanto arrumava na prateleira os brinquedos fabricados na China e revendidos por ela nos boxes 264/292.
Mas nem todos ali são revendedores. É o caso da Daniela, que se divide em muitas para vender em quatro barracas as calças, bermudas e saias jeans que seus chefes fabricam. “Na loja em Itaquera a gente vende mais caro, mas aqui uma calça masculina sai por R$ 28 e é revendida por R$ 70, R$ 75 lá fora”, diz enquanto sobe as portas de uma barraca, por volta das 3h.
Quem se deu bem nas últimas semanas foi o vendedor Roger, que fala empolgado sobre os cintos, carteiras, pochetes e cartucheiras que ele mesmo fabrica. “Na semana passada, um cliente gastou R$ 9 mil em uma compra. Ele me disse que faria esse dinheiro virar R$ 32 mil”. Lucro de mais de 250%.



Irregularidades

Mas a fama da feirinha não é feita só de compras e vendas. O terreno, que também acomoda restaurantes, bancas de fruta e barracas de salgados, teve seu empréstimo renovado pelo governo federal em julho do ano passado sob a condição de que a prefeitura administrasse o local por uma Comissão Gestora, que foi nomeada, mas não atuou.
O resultado foi o comércio sigiloso das 4.500 barracas, hoje nas mãos principalmente de coreanos, que decidiram parar as vendas porque é mais lucrativo alugar os pontos de venda. Corretores informais percorrem os corredores estreitos da feirinha negociando com interessados.
Desconfiado, um deles afirmou à reportagem que, por um aluguel de R$ 1 mil, é possível reservar uma unidade de 2 X 2,5 metros. Para evitar confrontos com rivais e garantir a segurança dos produtos - que permanecem na feirinha à noite - também se cobra uma mesada, que pode chegar a R$ 250 por mês.
Questionada pela reportagem sobre as irregularidades, a assessoria da Secretaria das Subprefeituras afirmou que as denúncias estão sendo apuradas e que em breve a Comissão determinada por lei será nomeada para reestruturar o lugar, um dos mais visitados da cidade, mas onde a informalidade ainda dá as ordens.

FONTE: IG BRASIL

Nenhum comentário: