12 anos da Feira da Madrugada
Veja as histórias de seus personagens
Feira da Madrugada completa 12 anos com polêmicas e lucro de 400% em SP
Cerca de 15 mil pessoas visitam todos os dias uma das maiores feiras populares do Brasil
Quarta-feira, duas horas da madrugada nas ruas desertas do Brás, centro de São Paulo. O tradicional circuito de compras populares da capital só veria suas ruas fervilhando de gente depois das 8h. No coração do bairro, no entanto, a movimentação já havia começado: vans e ônibus de viagem faziam fila no estacionamento de um terreno de 120 mil metros quadrados emprestado pelo governo federal para acomodar um dos maiores centros de consumo popular do Brasil: a Feirinha da Madrugada, que até o final daquele dia recebeu cerca de 15 mil compradores.
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Denúncias:Base do Samu presta socorro irregular em feira popular de São Paulo Prefeitura descumpre acordo e mantém comando irregular na Feira da Madrugada
Um dos símbolos recentes da cidade, a Feirinha completa 12 anos de funcionamento em 2013, sete anos desde que deixou as ruas do Brás e foi parar no terreno, um antigo estacionamento de ônibus. A chegada ao novo endereço trouxe fama à feirinha, que desde então coleciona cada vez mais compradores, vendedores e polêmicas.
Ainda acordando, os sacoleiros vão descendo dos ônibus fretados exclusivamente para as compras. Por volta das 2h30, mais de 150 veículos já estavam estacionados. Até o fim daquele dia, outros 150 fariam o mesmo. Alguns compradores tomavam café antes de partir para as compras. Gente vinda principalmente do interior de São Paulo (Campinas, Araraquara, Lençóis Paulista), e do Sul do País, como de cidadezinhas do Paraná – como Coronel Vivida e Santo Antônio da Platina – e Santa Catarina - Jaraguá do Sul e Pomerode.
Quem chega de Estados mais distantes, faz a viagem do modo tradicional. É o caso da goiana Ronilucia Cerqueira, 37 anos. Ele chegou na feirinha por volta das 7h e só foi embora às 14h30. “Em Goiás, eu mexo com bolsas, cintos, carteiras e o que abrange a parte de acessórios femininos”, diz, enquanto o taxista divide os 150 quilos de compras entre o porta-malas e o banco traseiro. “Pra usar o banco de trás vou ter de cobrar mais caro”, dizia ele.
Dona Ronilucia seguia para o hotel, onde descansaria até 18h30 e voltaria para Goiânia em uma viagem de 12 horas. “Eu venho aqui a cada 15 dias. Dependendo do movimento, venho toda semana. Vale a pena, porque consigo fazer uns 60% de lucro revendo na minha loja”.
Mas a maior parte dos consumidores mora mesmo na periferia da cidade e na Grande São Paulo. É o caso da dona Zilda do Nascimento, 52 anos, que toda semana vai à feira comprar roupas femininas para revender em sua loja de Osasco. “Hoje cheguei às 5h30. Que hora são agora? Três da tarde!”.
A história é parecida com a de dona Maria Nilce (54). Ela diz que sua papelaria na Praia Grande consegue um lucro de 70% quando revende as mochilas, lápis e estojos comprados na feirinha: “Passo por aqui duas vezes por mês”.
Negócio lucrativo
Essa é margem média de lucro que um dos 12 mil vendedores da feirinha repassam a quem pretende revender seus produtos. Dependendo do negócio, a lucratividade pode ultrapassar os chega a 400%. É o caso dos brincos de pedras chinesas vendidas no Box 47, que, segundo a vendedora Sonia, se compradas no atacado, saem por R$ 3 cada para serem revendidos nos bairros por R$ 15.
Com lucratividade de 50%, é possível levar por R$ 13 a boneca Skyla, uma versão genérica da Barbie. “A versão simples, a Bela, custa R$ 8. Dá pra vender por R$ 15, R$ 16 no bairro”, afirmou a vendedora Aline, enquanto arrumava na prateleira os brinquedos fabricados na China e revendidos por ela nos boxes 264/292.
Mas nem todos ali são revendedores. É o caso da Daniela, que se divide em muitas para vender em quatro barracas as calças, bermudas e saias jeans que seus chefes fabricam. “Na loja em Itaquera a gente vende mais caro, mas aqui uma calça masculina sai por R$ 28 e é revendida por R$ 70, R$ 75 lá fora”, diz enquanto sobe as portas de uma barraca, por volta das 3h.
Quem se deu bem nas últimas semanas foi o vendedor Roger, que fala empolgado sobre os cintos, carteiras, pochetes e cartucheiras que ele mesmo fabrica. “Na semana passada, um cliente gastou R$ 9 mil em uma compra. Ele me disse que faria esse dinheiro virar R$ 32 mil”. Lucro de mais de 250%.
Irregularidades
Mas a fama da feirinha não é feita só de compras e vendas. O terreno, que também acomoda restaurantes, bancas de fruta e barracas de salgados, teve seu empréstimo renovado pelo governo federal em julho do ano passado sob a condição de que a prefeitura administrasse o local por uma Comissão Gestora, que foi nomeada, mas não atuou.
O resultado foi o comércio sigiloso das 4.500 barracas, hoje nas mãos principalmente de coreanos, que decidiram parar as vendas porque é mais lucrativo alugar os pontos de venda. Corretores informais percorrem os corredores estreitos da feirinha negociando com interessados.
Desconfiado, um deles afirmou à reportagem que, por um aluguel de R$ 1 mil, é possível reservar uma unidade de 2 X 2,5 metros. Para evitar confrontos com rivais e garantir a segurança dos produtos - que permanecem na feirinha à noite - também se cobra uma mesada, que pode chegar a R$ 250 por mês.
Questionada pela reportagem sobre as irregularidades, a assessoria da Secretaria das Subprefeituras afirmou que as denúncias estão sendo apuradas e que em breve a Comissão determinada por lei será nomeada para reestruturar o lugar, um dos mais visitados da cidade, mas onde a informalidade ainda dá as ordens.
FONTE: IG BRASIL
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Um dos símbolos recentes da cidade, a Feirinha completa 12 anos de funcionamento em 2013, sete anos desde que deixou as ruas do Brás e foi parar no terreno, um antigo estacionamento de ônibus. A chegada ao novo endereço trouxe fama à feirinha, que desde então coleciona cada vez mais compradores, vendedores e polêmicas.
Ainda acordando, os sacoleiros vão descendo dos ônibus fretados exclusivamente para as compras. Por volta das 2h30, mais de 150 veículos já estavam estacionados. Até o fim daquele dia, outros 150 fariam o mesmo. Alguns compradores tomavam café antes de partir para as compras. Gente vinda principalmente do interior de São Paulo (Campinas, Araraquara, Lençóis Paulista), e do Sul do País, como de cidadezinhas do Paraná – como Coronel Vivida e Santo Antônio da Platina – e Santa Catarina - Jaraguá do Sul e Pomerode.
Quem chega de Estados mais distantes, faz a viagem do modo tradicional. É o caso da goiana Ronilucia Cerqueira, 37 anos. Ele chegou na feirinha por volta das 7h e só foi embora às 14h30. “Em Goiás, eu mexo com bolsas, cintos, carteiras e o que abrange a parte de acessórios femininos”, diz, enquanto o taxista divide os 150 quilos de compras entre o porta-malas e o banco traseiro. “Pra usar o banco de trás vou ter de cobrar mais caro”, dizia ele.
Dona Ronilucia seguia para o hotel, onde descansaria até 18h30 e voltaria para Goiânia em uma viagem de 12 horas. “Eu venho aqui a cada 15 dias. Dependendo do movimento, venho toda semana. Vale a pena, porque consigo fazer uns 60% de lucro revendo na minha loja”.
Mas a maior parte dos consumidores mora mesmo na periferia da cidade e na Grande São Paulo. É o caso da dona Zilda do Nascimento, 52 anos, que toda semana vai à feira comprar roupas femininas para revender em sua loja de Osasco. “Hoje cheguei às 5h30. Que hora são agora? Três da tarde!”.
A história é parecida com a de dona Maria Nilce (54). Ela diz que sua papelaria na Praia Grande consegue um lucro de 70% quando revende as mochilas, lápis e estojos comprados na feirinha: “Passo por aqui duas vezes por mês”.
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Negócio lucrativo
Essa é margem média de lucro que um dos 12 mil vendedores da feirinha repassam a quem pretende revender seus produtos. Dependendo do negócio, a lucratividade pode ultrapassar os chega a 400%. É o caso dos brincos de pedras chinesas vendidas no Box 47, que, segundo a vendedora Sonia, se compradas no atacado, saem por R$ 3 cada para serem revendidos nos bairros por R$ 15.
Com lucratividade de 50%, é possível levar por R$ 13 a boneca Skyla, uma versão genérica da Barbie. “A versão simples, a Bela, custa R$ 8. Dá pra vender por R$ 15, R$ 16 no bairro”, afirmou a vendedora Aline, enquanto arrumava na prateleira os brinquedos fabricados na China e revendidos por ela nos boxes 264/292.
Mas nem todos ali são revendedores. É o caso da Daniela, que se divide em muitas para vender em quatro barracas as calças, bermudas e saias jeans que seus chefes fabricam. “Na loja em Itaquera a gente vende mais caro, mas aqui uma calça masculina sai por R$ 28 e é revendida por R$ 70, R$ 75 lá fora”, diz enquanto sobe as portas de uma barraca, por volta das 3h.
Quem se deu bem nas últimas semanas foi o vendedor Roger, que fala empolgado sobre os cintos, carteiras, pochetes e cartucheiras que ele mesmo fabrica. “Na semana passada, um cliente gastou R$ 9 mil em uma compra. Ele me disse que faria esse dinheiro virar R$ 32 mil”. Lucro de mais de 250%.
Irregularidades
Mas a fama da feirinha não é feita só de compras e vendas. O terreno, que também acomoda restaurantes, bancas de fruta e barracas de salgados, teve seu empréstimo renovado pelo governo federal em julho do ano passado sob a condição de que a prefeitura administrasse o local por uma Comissão Gestora, que foi nomeada, mas não atuou.
O resultado foi o comércio sigiloso das 4.500 barracas, hoje nas mãos principalmente de coreanos, que decidiram parar as vendas porque é mais lucrativo alugar os pontos de venda. Corretores informais percorrem os corredores estreitos da feirinha negociando com interessados.
Desconfiado, um deles afirmou à reportagem que, por um aluguel de R$ 1 mil, é possível reservar uma unidade de 2 X 2,5 metros. Para evitar confrontos com rivais e garantir a segurança dos produtos - que permanecem na feirinha à noite - também se cobra uma mesada, que pode chegar a R$ 250 por mês.
Questionada pela reportagem sobre as irregularidades, a assessoria da Secretaria das Subprefeituras afirmou que as denúncias estão sendo apuradas e que em breve a Comissão determinada por lei será nomeada para reestruturar o lugar, um dos mais visitados da cidade, mas onde a informalidade ainda dá as ordens.
FONTE: IG BRASIL
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