quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

EMPREGO e DECISÕES RADICAIS

'Para quem não tem emprego, 

esta é a hora de 

tomar decisões radicais, 

como empreender ou 

mudar de cidade', 

diz economista



RISK BUSINESS

O ano de 2016 promete ser difícil, 
segundo economistas e 
especialista na área de Recursos Humanos. 

As apostas são de mais desdobramentos 
da crise que ganhou força 
ao longo de 2015 e, agora, 
terá maiores efeitos no 
desemprego e inflação.


"A perspectiva é de um ano ruim, com atividade econômica ainda fraca, queda no PIB [Produto Interno Bruto] de 2% a 3%", resume o economista e presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Júlio Miragaya.

Na opinião de Miragaya, a taxa de desemprego deve aumentar ainda mais, chegando a 10% ao longo do ano. "Quem tem emprego, é o momento de segurá-lo, que não tem, é hora de tomar decisões radicais, como empreender ou buscar oportunidades em outras cidades", diz o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Arão Sapiro.

Mas dois pontos "positivos" devem acontecer no ano: o dólar permanecer alto diante do real, o que favorece a balança comercial, o turismo e a indústria nacional, e um alívio na inflação.

"A cotação do dólar é difícil prever, pois depende muito da política e incertezas no exterior. Se a situação do impeachment for concluída, o dólar tende a ceder, mas não vai reduzir ao patamar em que ele estava anos atrás. Voltar para R$ 2,5 não volta", afirma o presidente da Cofecon.
Miragaya explica que o dólar ao patamar dos R$ 2, na verdade, é um desequilíbrio para a economia brasileira.
"Todo mundo acha que o dólar a R$ 3,80 é fora da curva, mas é ao contrário. Hoje, ele equilibra as contas externas do Brasil. A essa cotação chegamos ao ponto de equilíbrio. Desestimula viagens internacionais, aumenta o consumo interno e fortalece a indústria nacional. O real fora da curva era quando estava a R$ 1,80 ou R$ 2."
O economista cita um dos principais agravantes para este ano: a manutenção ou até novas altas da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central. O presidente da Cofecon defende que o aumento dos juros -- uma tentativa de conter a inflação ao frear o consumo da população -- já perdeu efeito há muito tempo.
"[O aumento] não tem efeito nenhum, pois ele já produziu efeito nos preços livres [preços não administrados]. A questão é: o câmbio faz a inflação subir, porque encarece o produto internamente. Mas, quando sobe ainda mais as taxas de juros, desestimula o investimento privado, o caixa das empresas privadas e, o mais importante, desestimula a economia real. Quem tem dinheiro prefere ganhar no mercado financeiro, não produzindo."
O economista faz referência à atração dos títulos públicos, que têm rentabilidade indexada à Selic. Então, em vez das pessoas colocarem seu dinheiro na economia, investindo em empresas, startups ou empreendendo, elas compram títulos da dívida pública, que têm um ótimo retorno sem risco.
"O gasto com juros da dívida pública foi de R$ 258 bilhões em 2013 e neste ano, deve chegar a R$ 500 bilhões. Ai tem que cortar investimentos em projetos para pagar os juros, mas em nome de quê? Nada."


Inflação
Para Miragaya, uma coisa boa que tende a acontecer neste ano é o alívio no aumento dos preços. "A inflação tende a ceder, mesmo pressionada pelo câmbio, preços administrados e outros impostos."
A explicação para a queda inflação é que o brasileiro está consumindo menos. "Não vai ter como consumir. A Grécia teve deflação por muito tempo, ninguém tem renda pra consumir. Estamos nos aproximando da Grécia, com a devida proporção."


Desemprego
Para o presidente da Cofecon, a tendência é que a taxa de desemprego chegue a 10% ao longo do ano, por conta da queda da atividade em todos os setores da economia. "Antes, atingia o setor da Indústria e da Construção. Agora, chegou ao Serviço, que mais emprega no País."
O desemprego em 2016, analisa o economista, será puxado pelas demissões no setor. "Serviços emprega 70% do pessoal e hoje já demite mais do que a Indústria. As coisas vão piorar este ano."
Por outro lado, a previsão é que o dólar valorizado estimule outras áreas da economia, como a indústria de transformação, que pode recuperar um pouco da competitividade, e o setor agropecuário.
Mas o mercado não deve ser tão ruim para profissionais mais qualificados, pondera Fernando Mantovani, Diretor de Operações da Robert Half, empresa especializada em recrutamento. "A demanda sempre ocorre, até na crise. Os profissionais demandados é que mudam."
Segundo ele, os profissionais mais procurados neste ano estão ligados às áreas que podem reduzir os custos das empresas, como nas áreas de gestão de negócios, logística, financeira, controladoria e jurídica, pela questão fiscal. O perfil do profissional "ideal" também teve mudanças: "As empresas procuram profissionais engajados, que tenham atitude de resolver problemas."
A verdade, diz o diretor, é que as empresas buscam quem faça mais por menos.
"Vamos lembrar que a gente vive um momento peculiar. Se fosse tempo de 'vagas gordas'... Mas não é muito o caso. Acho que as pessoas precisam ter na cabeça o seguinte: se entregar resultado na época difícil, elas certamente serão lembradas quando melhorar."


Afinal, há esperança?
"Olhando por cima, a perda de empregos, incapacidade de fazer superávit, déficit absurdo... A ideia é de que estamos vivendo o caos", diz o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Arão Sapiro. "Porém, se pensar que o PIB brasileiro é de um total de R$ 2,2 trilhões, se cair 2%, teremos ainda R$ 2 trilhões sendo produzidos", diz.
Ele analisa que hoje o País não vive uma crise, mas uma situação de "má gestão". "Por muito tempo, se privilegiou o consumo e não deu muita importância no investimento em tecnologia e inovação, não se pensa a longo prazo. Isso é um histórico brasileiro. "
Mas, para o economista, épocas difíceis são ambientes ideais para mudanças e investimentos. "Vendo aos olhos de empreendedores, temos R$ 2 trilhões e precisamos buscar espaço dentro deles. Muitas empresas que estão ganhando mercado fizeram o 'b-a-bá' estratégico: estudaram o mercado, criaram fidelização e apostaram no bom atendimento."
A melhor recomendação para 2016, segundo Sapiro, é construir valor e se arriscar.

FONTE:

 

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