sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mercado aquecido faz expatriados voltarem ao Brasil

48% dos brasileiros que retornam o fazem a convite de empresas de recrutamento


Maria Carolina Nomura, iG São Paulo 15/07/2011 05:58



O aquecimento da economia brasileira, aliado à crise econômica mundial de 2008, fez com que os executivos expatriados voltassem a pensar no Brasil como uma boa alternativa de empregabilidade. A perspectiva de crescimento na carreira em áreas estratégicas e salários mais atrativos por conta da valorização do real também saltam aos olhos dos brasileiros no exterior.

Consultor David Braga: Brasil é a bola da vez quando o assunto é trabalho, em especial no nível de alta gestão

Um estudo da consultoria PriceWaterhouseCoopers divulgada durante o Fórum Econômico Mundial mostrou que 58% dos executivos brasileiros acreditam no crescimento dos negócios este ano, ante uma média mundial de 48%.



David Braga, gerente geral da Dasein Executive Search, empresa certificada pela Association of Executive Search Consultants (Aesc), afirma que o Brasil é a bola da vez quando o assunto é trabalho, em especial no nível de alta gestão (gerentes, diretores e presidentes). “As áreas que estão em alta são as de finanças, auditoria, engenharia, serviços, operações, comércio internacional, tecnologia da informação e relação com investidores.”



Os presidentes de empresas em São Paulo têm uma remuneração média de mais de US$ 600 mil por ano - sem contar bônus -, valor acima do de seus pares de Nova York, Londres, Cingapura e Hong Kong. Em São Paulo, diretores ganham mais de US$ 200 mil por ano, segundo uma pesquisa da Dasein Executive Research.



Apagão de talentos

Uma das razões para os altos salários é a escassez de talentos. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 69% das empresas têm dificuldades de contratar trabalhadores qualificados. Esse é um dos motivos pelos quais as empresas estão olhando para fora do território brasileiro em busca dessa mão de obra: 48% dos brasileiros que retornam o fazem a convite de um headhunter, empresas de executive search ou do próprio RH, aponta a Daisen Executive Search.



“Trinta e cinco por cento dos brasileiros que voltam o fazem por sua própria iniciativa, cadastrando currículos na internet, e 17% são chamados de volta pelas próprias empresas que os enviaram. Cerca de dez pessoas por dia nos procuram com o objetivo de voltar ao Brasil”, complementa Braga.


Presidentes de empresas em São Paulo têm uma remuneração média de mais de US$ 600 mil por ano



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Incentivo governamental



De olho na falta de mão de obra qualificada, o governo brasileiro também fez programas de incentivo à repatriação. O Ministério da Ciência e Tecnologia criou em março a Comissão do Futuro para discutir a volta de cientistas brasileiros e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) elabora um projeto para atrair pesquisadores.



Desde janeiro deste ano, o Ministério do Trabalho e Emprego disponibiliza um serviço de cadastro de currículo para profissionais que retornam do exterior e estão sem trabalho. Segundo Hitoshi Matsu Ura, coordenador do Núcleo de Apoio aos Trabalhadores Brasileiros Retornados do Exterior, das 500 pessoas que procuraram o órgão desde o início do ano, 50% já estão recolocadas. “A maioria dos profissionais é decasségui (descendentes de japoneses que trabalhavam nas fábricas no Japão). Eles voltam sem trabalho e, às vezes, com problemas de documentação.”



Difícil regresso

Mas não são apenas os brasileiros que trabalhavam em fábricas que passam dificuldades ao retornar. Os executivos também enfrentam problemas, como readaptação, choques culturais reversos e frustrações.



De acordo com o estudo Práticas de Recursos Humanos do Processo de Repatriação de Executivos Brasileiros, de Mariana Barbosa Lima, chefe da Divisão Administrativa do Museu Lasar Segall, e Beatriz Maria Braga, professora da Fundação Getulio Vargas, o processo de repatriação dos executivos é negligenciado pelas empresas.



“Em termos profissionais, durante a expatriação podem ocorrer mudanças na organização de origem, como reestruturações e mudanças na estratégia organizacional. O indivíduo também muda durante a experiência internacional. Sua identidade é redefinida, sua visão de mundo e seus valores mudam e a cultura da organização pode não ser mais compatível com o novo indivíduo que retorna”, diz o estudo.



FONTE: IG ECONOMIA - CARREIRAS

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ExxonMobil abre 100 vagas para estudantes

Maior empresa privada de petróleo do mundo seleciona estagiários para trabalhar no Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo


iG São Paulo 14/07/2011 05:34

ExxonMobil abre 100 vagas para estudantesMaior empresa privada de petróleo do mundo seleciona estagiários para trabalhar no Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo 

A ExxonMobil está com inscrições abertas até o dia 31 de agosto para programa de estágio que mantém há mais de 50 anos no Brasil. Os interessados devem se formar entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013. O resultado da seleção sai em dezembro e os novos estagiários iniciarão suas atividades em janeiro ou julho de 2012. Saiba como iniciar a carreira entre as maiores companhias ligadas ao pré-sal.



Onde trabalhar - São cerca de 100 vagas para estudantes universitários e de nível técnico em diversas áreas nas cidades de Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Paulínia (SP). Para o Centro de Serviços Compartilhados de Curitiba, onde há o maior número de oportunidades. Podem inscrever-se estudantes de Administração, Ciências Contábeis, Economia, Engenharia e Tecnologia.



Para o Rio de Janeiro, as vagas são para candidatos dos cursos de Administração, Economia, Engenharia Ambiental, Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia de Petróleo, Geologia e Comunicação Social – Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas, além dos Cursos Técnicos de Segurança do Trabalho e Eletro-Mecânica.



Para São Paulo, serão selecionados estudantes de Engenharia Química. Já na unidade da companhia em Paulínia, no interior paulista, há vagas para estagiários de Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Administração, além dos Cursos Técnicos Químico e em Instrumentação.



O valor da bolsa-auxílio é de R$ 1.070 para nível superior, com uma carga horária de quatro horas diárias, e de R$ 770 para nível técnico, com uma carga horária de seis horas por dia. Além da bolsa-auxílio, os estagiários receberão um auxílio-transporte no valor de R$ 130.



Inscrições - Os interessados devem se inscrever até o dia 31 de agosto pelo site da empresa no Brasil.



Sobre a ExxonMobil - Maior companhia privada de petróleo e petroquímica do mundo, a ExxonMobil está presente em cerca de 200 países e territórios, atuando em toda a cadeia de petróleo e gás. No Brasil há 99 anos, é representada por meio de suas afiliadas, a Esso Exploração Santos Brasileira, no Rio, ExxonMobil Química, em São Paulo e o ExxonMobil Business Service Center do Brasil, em Curitiba.



FONTE: IG ESTÁGIO

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Saiba quando contratar um prestador de serviço

Prestadores de serviços e profissionais terceirizados são alternativas econômicas para atividades temporárias


null 13/07/2011 05:30


Cansada de buscar um profissional autônomo para fazer a manutenção de seu jardim e sem condições financeiras para contratar um jardineiro efetivo, a aposentada Marília Coelho buscou uma alternativa mais prática e acessível: a prestação de serviços. “Tive jardineiros autônomos que não demonstravam muito compromisso no trabalho e, às vezes, nem voltavam. Por isso, decidi buscar uma empresa que trabalhasse com prestadores de serviço. Além de oferecer profissionais bem qualificados, esse modelo de contratação sai mais em conta”, diz Marília, que escolheu a empresa Dr. Jardim. Contratar prestadores de serviços e profissionais terceirizados para realizar serviços domésticos (como diaristas, cozinheiros e babás) é uma opção prática e mais barata por não gerar vínculos empregatícios. Mas, é preciso tomar alguns cuidados antes de adotar uma dessas alternativas a fim de não descumprir a legislação trabalhista.





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O trabalho de um prestador de serviços, por exemplo, pode ser uma boa alternativa, já que não existem encargos trabalhistas no contrato. Mas, é preciso observar as condições empregatícias para que nenhum vínculo seja criado. Segundo especialistas, esta modalidade deve ser usada para serviços temporários e que não exijam o mesmo profissional durante toda a tarefa. “Além disso, o indicado pela legislação trabalhista brasileira é que o prestador de serviço receba por dia, trabalhe por no máximo duas semanas para o contratante e não seja subordinado ou tenha horário definido”, diz Débora Trevisani Lustosa, advogada e especialista em processo de direito pelo escritório Élcio Advogados.



Outra possibilidade de contratação para serviços esporádicos é o profissional terceirizado. Diferente da prestação de serviços, a terceirização (de tarefas como vigilância, limpeza ou atividades como eletricista) é mais comum nas empresas. Apesar de haver a possibilidade de pessoas comuns contratarem os terceirizados, esta modalidade só estará legalizada se for usada – no máximo durante três meses - para substituir um profissional regularmente contratado (período de férias ou licença maternidade) ou no caso de um serviço extra.



Referências profissionais

Para evitar possíveis contratempos, especialistas recomendam que os contratantes busquem referências dos profissionais e das empresas, além de sempre pedir recibos dos trabalhos. “A prestação de serviço, por exemplo, não exige um contrato formalizado. Porém, é indicado que a empresa forneça um termo comercial para estabelecer as condições do serviço e uma garantia para quem contrata”, afirma Paulo Périssé, professor de direito trabalhista do Ibmec.



Marco Imperador, do Grupo Zaiom, oferece jardineiros para empresas e residências

A demanda por prestadores de serviços e profissionais terceirizados faz com que muitas empresas apostem no segmento e ofereçam mão de obra especializada. A franquia Dr.Jardim, do Grupo Zaiom, é um destes casos. Ao observar a demanda por jardineiros, Marco Imperador, diretor do Grupo e proprietário da franquia, resolveu investir no segmento e montar um negócio com profissionais voltados à implantação de paisagens e manutenção de jardins. “Cerca de 65% de nossos atendimentos são para residências”, afirma Imperador. A rede possui hoje quatro mil clientes, 26 franqueados e faturou, em 2010, R$ 12 milhões.



Outra empresa que também investe no setor de terceirização é a EPS. Apesar de receber mais pedidos de empresas, a EPS atende, em média, 20 clientes pessoa física por mês. Com foco em limpeza pós-obra, o custo do serviço varia de R$ 20 mil a R$ 400 mil - dependendo do tipo de trabalho e produto utilizado. “Nosso faturamento, em 2010, atingiu R$ 1,5 milhão e esperamos crescer este ano mais de 20%”, diz Leonardo Leandro, proprietário da empresa.



Mercado da terceirização

O Brasil tem hoje mais de oito milhões de trabalhadores terceirizados, o que representa quase 9% da população economicamente ativa, segundo levantamento do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sindeprestem). A remuneração mensal destes profissionais gira em torno de R$ 918, totalizando R$ 18 bilhões ao ano. Quando o assunto é prestação de serviços, o estado de São Paulo é o que possui maior participação no setor, com 8.300 empresas e um faturamento de R$ 22,52 bilhões apenas na região sudeste.


FONTE: IG ECONOMIA

terça-feira, 12 de julho de 2011

Apesar das baixas, não é hora de investir em dólar

Especialistas recomendam compra apenas para quem vai viajar; Entenda por que a moeda norte-americana está barata



Olívia Alonso, iG São Paulo 12/07/2011 05:43



Para os brasileiros que viajam aos Estados Unidos, o momento é claramente favorável. Na hora de fazer compras, a sensação de multiplicar o valor da etiqueta por menos de 1,70 para saber o valor em reais é boa. Mas a vantagem do dólar barato pára por aí. Para especialistas, não vale a pena comprar a moeda norte-americana como investimento. “Pelo contrário, o dólar é a pior opção para investir no momento,” diz Luiz Filipe Rossi, professor de Finanças do Ibmec. Segundo ele, não há sinais de que a moeda dos EUA vá subir no curto prazo.



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A principal causa do câmbio atual é a alta taxa de juros brasileira, que faz com que investimentos no País sejam atraentes para os norte-americanos. Como o juro pago na maior economia do mundo é baixo, o retorno é maior se eles enviarem seus dólares ao Brasil, pois recebem uma taxa mais alta pelo dinheiro aplicado em produtos financeiros brasileiros.



“Como a economia dos Estados Unidos é muito maior do que a brasileira, um pouco do investimento deles aqui acaba sendo um tsunami para o câmbio,” diz Rossi. Com a entrada de dólares, aumenta a oferta da moeda, que acaba ficando mais barata.



Outro fator que contribui para a desvalorização da divisa norte-americana é o preço das commodities – como a soja, a carne e o aço – que o Brasil exporta. “Esses produtos respondem hoje por cerca de 70% das exportações brasileiras. Com isso, conforme os produtores brasileiros vendem ao exterior, mais dólares entram no País,” acrescenta o consultor financeiro Humberto Veiga.



Essa situação não deve mudar nos próximos meses. Por isso, o dólar não é atrativo como investimento. Para fazer sentido pensar em comprar dólares, é preciso acreditar que a cotação não cairá ainda mais, diz o consultor. “Embora o preço da moeda norte-americana esteja baixo, não há garantia de que este é o piso. O investidor pode ver o dólar que comprou por R$ 1,55 chegar a R$ 1,45, assim como quem comprou a R$ 1,80 está com diante de uma cotação bem mais baixa agora,” afirma Veiga.



Na opinião dos especialistas, ainda que o presidente do Banco Central tenha dito nessa semana para as empresas não se endividarem em dólar, o que sugere que ele prevê que a moeda dos EUA terá uma valorização, isso não deve determinar a decisão de investidores. A aposta é de manutenção do atual cenário. “A luta do Banco Central para conter a inflação continua, o que significa que a taxa de juros deve permanecer alta,” afirma Rossi.






Gradual Investimentos

Veiga acrescenta que medidas que possam vir a ser tomadas pelo governo para conter o dólar dificilmente farão com que a divisa se estabilize ou suba. “Seria preciso que os governantes tomassem uma medida muito forte, o que não se sabe se estão dispostos a fazer”, diz.



Régis Chinchila, analista técnico da Gradual Investimentos, afirma que a "tendência, hoje, claramente é de queda". Segundo ele, que faz suas análises com base nos gráficos de comportamento do dólar, enquanto a moeda estiver operando abaixo de R$ 1,60, a manutenção da trajetória de baixa é "evidente".



A recomendação dos especialistas, portanto, é comprar dólares apenas para viajar. Em último caso, para ser um componente a mais para variar o portfólio de investimentos. “Minha sugestão conservadora é de que se você tem interesse em adquirir a moeda estrangeira, faça isso não como uma ação especulativa, mas como uma diversificação de carteira,” diz Veiga, autor do livro “Tranquilidade Financeira: Saiba como investir no seu futuro”. Neste caso, ele diz que o ideal é aplicar em fundos cambiais que tenham exposição em moeda estrangeira.



Dólar comercial e dólar turismo

Apesar de o dólar estar cotado a R$ 1,55, quem vai viajar acaba pagando alguns centavos a mais na hora de comprar a moeda estrangeira. Nesta quinta-feira, por exemplo, quem comprou a divisa americana pagou R$ 1,63 por cada dólar. Isso porque o viajante compra sempre o dólar turismo que, apesar de acompanhar o dólar comercial, é mais caro.



A diferença existe porque as operações realizadas com cada modalidade são de naturezas distintas, com custos administrativos e financeiros também diversos. Enquanto a cotação de turismo é utilizada para transações relacionadas com viagens ao exterior, a comercial é usada nos negócios de comércio exterior.



FONTE: IG ECONOMIA - FINANÇAS

MODELO DE RELATÓRIO DE VISITAS - ABRIGOS

PERFIL DA INSTITUIÇÃO:
Endereço Completo
Responsável
Breve histórico da instituição
Faixa Etária das crianças abrigadas
Capacidade total de atendimento (nº máximo de crianças que podem ser atendida)
Ocupação atual (nº de crianças que está atendendo atualmente)
Origem das crianças acolhidas (conselho tutelar, outras instituições)


RECURSOS HUMANOS:
Equipe de atendimento (nº de profissionais que atuam na instituição)
Perfil da equipe de atendimento às crianças
Existem voluntários? (quantos, como é o regime de trabalho deles?)


INSTALAÇÕES FÍSICAS:
Nº de quartos
Nº de camas em cada quarto
Extintores de incêndio e demais equipamentos de segurança
Refeitório
Banheiros
Brinquedoteca
Demais locais
Condições das instalações elétrica e hidraulicas
Condições gerais de manutenção, higiene e limpeza
Armazenamento de alimentos e demais gêneros


DINÂMICA INSTITUCIONAL E ATENDIMENTO:
Visitação de familiares (é permitida? periodicidade?)
Como é o mecanismo para preservar os vícunculos familiares?
Assistência religiosa?

Na nova estrada Brasil-Pacífico, o progresso é via de mão dupla

Rodovia terá pouca relevância para exportações brasileiras, mas já causa profundas transformações locais, boas e ruins


Pedro Carvalho, enviado ao Peru 12/07/2011 05:55

Na próxima sexta-feira, uma ponte será inaugurada na Amazônia peruana. Feita de estrutura metálica vermelha e suspensa por enormes cabos de aço, presos a 75m de altura, será a primeira a atravessar o rio Madre de Dios – que no Brasil vira o Madeira. Ela vai ligar Puerto Maldonado e Triunfo, duas cidades onde a esperança de escapar da miséria chega aos jovens na forma de aventuras pelos garimpos ilegais da região. Essa ponte, chamada Billinghurst, significa que agora um brasileiro poderá pegar seu carro e dirigir até o Oceano Pacífico, sem passar por nada que não seja estrada asfaltada.


A ponte Billinghurst: 520 metros que faltavam para ligar um país a um oceano

A Estrada do Pacífico (veja mapa abaixo) ficou pronta trecho por trecho, só faltava a ponte. O pedaço que sai do Acre, corta a floresta tropical, sobe os Andes e chega até a cidade de Cuzco (no alto da cordilheira) foi inaugurado em dezembro. O resto, que parte da antiga capital Inca para o outro lado, até o mar, já era asfaltado – mas foi recuperado. Assim, o Brasil ganha uma ligação com o maior oceano do planeta, embora na prática a novidade seja mais importante aos peruanos que aos brasileiros.



Não que isso seja uma injustiça – é o governo peruano que pagará pela obra. E, inclusive, construtoras brasileiras receberam para fazê-la. O maior contrato, no valor de US$ 1 bilhão (R$ 1,6 bi), foi executado por um consórcio liderado pela baiana Odebrecht, que construiu – e vai administrar por 20 anos – a parte entre o Acre e Cuzco. Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez participaram de um trecho que sai da via principal e chega a portos do sul do país.



Mas é improvável que a estrada vire um corredor para a exportação de soja, minério e outras commodities brasileiras para a Ásia, como alguns especialistas acreditam. É muito remota, sinuosa e estreita (uma pista, sem acostamento). Talvez o único produto para qual a hipótese faça sentido seja a carne produzida no Acre. É verdade, ainda, que a vida dos acreanos deve melhorar com a chegada de cebolas, tomates, uvas, azeitonas e cimento vindo do Peru – hoje, essas coisas precisam chegar de lugares distantes, como o sudeste brasileiro.



A grande transformação, porém, irá acontecer nos povoados e cidades peruanas à beira do caminho. O progresso – tanto o bom quanto o mau progresso – será trazido, por esse veio de asfalto novinho, a comunidades antes isoladas. “A estrada cumpre funções básicas, de integração regional, antes de qualquer ‘mega-função’ de comércio exterior”, afirma Delcy Machado Filho, diretor de sustentabilidade da Odebrecht Peru.



Novatos no campeonato

Até o ano passado, o maior sonho de qualquer jogador do San Francisco era brilhar no campinho de Marcapata, numa tarde de domingo, quando acontecem os jogos. A cidade sempre viveu isolada, incrustada nos gelados penhascos dos Andes. Os moradores – são 120 famílias – levavam quinze dias para ir a Cuzco, a maior cidade da região. Ou, dependendo do clima, simplesmente não iam. Agora, levam menos de 5hs.



Isso, claro, teve consequências. Marcapata tinha três lojas na rua principal, hoje tem dez. Tinha um hotel, agora tem oito. Um trabalhador manual, que cobrava 10 soles (R$ 6,25) por dia de serviço, passou a cobrar 30 soles. Além disso, o time de futebol que vencer o torneio local irá participar, pela primeira vez, da Copa Peru, no ano que vem. A camisa bege do San Francisco é considerada favorita pelo prefeito, Placido Gutierrez. Ele comemora o fim do isolamento desportivo, mas também outros fatos importantes. “Os jovens daqui só viam o garimpo na selva como alternativa, agora pensam em morar na cidade”, conta.



Porém, se as viagens ficaram mais curtas, elas continuam traiçoeiras. “Não passa uma semana sem acontecer um acidente”, afirma Gutierrez. “Tem muito carro que tenta correr mais, atravessa a pista e cai no penhasco”.



Acontece que, naquele trecho andino, os homens fizeram um bom trabalho, mas a natureza não facilitou. A estrada não tem sequer um buraco no asfalto, nem uma curva sem sinalização, nem um “olho de gato” faltando. Mas a neve e a neblina são frequentes – e a sequencia de curvas é inacreditável. Para descer dos 4.735m de seu ponto mais alto até a floresta, a via serpenteia numa sucessão infinita de dobras pelas encostas da cordilheira. Recomenda-se cautela – e um bom remédio para enjoo – para se conseguir admirar a belíssima vista.



Llamas e porquinhos

Ao longo de toda a estrada, transformações como a de Marcapata acontecem. Veja-se o povoado de Cuyuni. Sempre teve tudo para ser um lugar turístico: cultura tipicamente andina, com suas mulheres que tecem as próprias roupas coloridas e suas divertidas llamas; comida deliciosa e totalmente orgânica, plantada ali mesmo, como aquelas que se paga uma fortuna para comer na Europa; uma vista espetacular do pico de Ausangatec, com seu cume forrado de neve a 6.300m de altitude. Mas Cuyuni nunca foi turística.



As 60 famílias do povoado esbarravam num problema. Cuzco, que tem aeroporto e recebe milhares de viajantes a caminho de Macchu Picchu, ficava a 7hs dali. Depois da chegada da estrada, que reduziu a viagem a 45 minutos, os moradores construíram – com ajuda do consórcio que fez a via – um restaurante-loja-mirante, na forma de empresa comunal. A visita é fortemente indicada. “Agora recebemos cerca de 350 turistas por mês, que deixam 7 mil soles (R$ 4,3 mil) na comunidade”, diz Faustino Inquillay, 26, administrador do lugar.


Perto dali, a uma hora de viagem, fica o povoado de Huayllabamba. Nele, um tímido e sorridente morador chamado Lívio Quispioc, 34, cresceu rodeado por pequenos cuyes, uma espécie de porquinho-da-índia. Os cuyes viviam soltos, corriam pela cozinha e pelo quintal – mas também eram vendidos para virar comida, por 6 soles (R$ 3,75) o quilo. Então, veio a estrada. E, com ela, a chance de vender os porquinhos em cidades maiores.



Lívio formou uma sociedade com outros 13 moradores para encher caminhonetes de cuyes e levar a lugares mais populosos do distrito. Conseguiram fechar contratos para fornecer 300 porquinhos por quinzena – a suculentos 17 soles por quilo. “Estamos sustentando nossas famílias com isso. Antes eu ganhava 300 soles (R$ 190) por mês, agora tiro 700 soles (R$ 440) e não preciso ser empregado dos outros”, conta Lívio, que possui 350 cuyes no próprio criadouro.



São incontáveis as pequenas revoluções sociais que a rodovia traz. Ainda no altiplano, mulheres se organizam para vender artesanato local, em Ocongate. Já em plena Amazônia, numa das enormes retas que é a estrada naquele pedaço, um senhor abriu um restaurante simpático para atrair os motoristas. Quem resolve parar no Família Mendez pode dar um passeio pelos 80 hectares da propriedade e ver castanheiras, macacos e outras belezas da selva. “Antes eu ganhava 2 mil soles (R$ 1.250) por mês, vendendo à beira do caminho. Agora, o restaurante fatura 14 mil soles (R$ 8.750) mensais”, diz Cirilo Mendez, 67. Mas o progresso, assim como as estradas, é via de mão dupla.



As cidades lunares

O velho Cirilo agora tem um problema. “Não consigo contratar gente para trabalhar no restaurante. A 10 km daqui, tem um garimpo ilegal onde os mineiros ganham 120 soles (R$ 75) por dia – e eu não posso pagar isso”, diz. E, naquele pedaço da Amazônia peruana, a mineração irregular está muito, muito longe de ser um problema só dele.



Estima-se que mais de 50 mil pessoas trabalhem em garimpos no distrito de Madre de Dios, pelo menos 90% deles ilegais. É uma das principais regiões mineiras do país, que tem 17% de sua área ocupada por concessões a mineradoras (o fato de haver uma concessão não torna o negócio legal: ele precisaria não poluir, não contratar irregularmente etc). Madre de Dios ajudou a transformar o Peru na nação sul-americana que mais produz ouro – o país também ostenta esse título em prata e zinco. Mas essas estatísticas só fazem sentido quando se sobrevoa a região agora cortada pela Estrada do Pacífico.





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O rio Madre de Dios parece enorme quando o avião ganha altura – é uma larga fita marrom retorcida na imensidão verde e plana. A cidade de Puerto Maldonado também parece grande, maior do que suas ruas poeirentas faziam supor. Então se avista uma área de garimpo, e tudo mais parece pequeno – o rio, a estrada, a cidade. O garimpo é maior que tudo isso. É uma sequencia de crateras de lama, ocres, gigantescas. E é só isso. Num garimpo não tem árvores, nem bichos, nem gente – na verdade, tem gente, mas uma área do tamanho de uma metrópole onde vivem só algumas centenas de pessoas, escondidas em feias barracas de lona azul, parece deserta de cima.



De modo que as maiores cidades da Amazônia peruana não são cidades, são garimpos. E garimpos precisam de gasolina para as máquinas e comida para os garimpeiros. Logo, não é difícil cruzar com caminhões lotados de tonéis de combustível naquele trecho da Estrada do Pacífico (veja na galeria de fotos).



“A primeira tentação é achar que a estrada facilita o garimpo”, rebate Delcy Machado Filho, o diretor de sustentabilidade da Odebrecht Peru. “Na verdade, ela permite a fiscalização, a presença do estado, a formalização e o controle do tráfego na via. Os garimpos existem ali há 25 anos, não precisaram da estrada”, afirma.



Mas o governador de Madre de Dios, um aliado na busca da formalização do garimpo, aponta outros malefícios do progresso. “Para mim, o maior impacto da estrada é a constante vinda de trabalhadores para a região. Madre de Dios recebe 400 a 500 pessoas por dia”, diz José Luis Pastor, 44. “Os impostos não crescem na mesma proporção, porque há muita informalidade, mas aumentou a violência, a delinquência, os assassinatos”, afirma. “Nosso sistema de saúde não é mais suficiente, tivemos surtos de dengue”.



A própria ponte Billinghurst, a poucos metros da sala onde Pastor dá esta entrevista, que custou US$ 28 milhões (R$ 44,8 mi), vai tirar o emprego de 150 pessoas que trabalham em barcaças para atravessar moradores. “Não acho que a estrada melhore a qualidade de vida de nossa população neste momento”, diz. “Temo que Madre de Dios vá ver passarem os carros, mas não o desenvolvimento chegar”.



O consórcio liderado pela Odebrecht destinou US$ 6 milhões (R$ 9,6 mi) a investimentos sócio-ambientais ao longo da via, para minimizar os impactos da construção. Na hidrelétrica de Santo Antônio, foram gastos, para esse propósito, 10% do valor da obra (ou US$ 1 bi). Se fosse mantida a proporção, deveriam ter sido gastos US$ 100 milhões na rodovia peruana. “O governo do Peru é menos rigoroso que o brasileiro nesse tipo de exigência”, diz Delcy.



FONTE: IG ECONOMIA

segunda-feira, 11 de julho de 2011

MODELO DE ORGANOGRAMA DA AZALÉIA (adotado na indústria de moda)

Após ano de transição, a Patachou se consolida como uma das empresas de moda mais importantes de Minas Gerais.

A marca completa 30 anos, implantando um novo modelo em sua administração: o sistema orgânico.

São sete lojas, 9 showrooms e 200 boutiques espalhadas por todo o Brasil, que precisam estar sempre em sintonia.

Moema Breves
, diretora de marketing e expansão da marca recebeu o Vitrine da Moda para contar um pouco desse modelo.



 
O que faz da Patachou uma marca grande?

O que faz a marca parecer grande é a popularidade que ela adquire com a adesão que o seu conceito tem no mercado, fazendo um estilo feminino, elegante e atual, com qualidade ampliada no dia-a-dia de seus relacionamentos e elaboração de seus produtos.


 
Como está dividido o organograma da empresa?

Organograma é um conceito ultrapassado. Nós trabalhomos com um sistema orgânico de administração, onde cada setor da empresa está interligado. Os setores conversam entre si e com o mercado. Estamos divididos em um Conselho, integrado pela presidência, diretores comercial, de estilo, de operações e marketing. Além do Conselho, temos os líderes, que são os gerentes comercial (varejo e multimarcas), de estilo, de marketing, desenvolvimento, produto, planejamento, financeiro, logístico, relações humanas e compras. Este modelo é um modelo moderno que não existe ainda na indústria de moda de Minas Gerais. Ele foi implantado pelos novos donos da Patachou, vindos da Azaléia - o setor calçadista é mais desenvolvido nessa área do que o de vestuário no Brasil.


Vocês têm quantos funcionários?

Devemos ter hoje cerca de 160 funcionários, incluindo vendedores, porque terceirizamos toda a nossa produção. Temos, aqui, apenas um laboratório de criação, onde são feitas as primeiras peças, as peças-piloto. Então, saímos da estrutura fabril e passamos para uma estrutura de gestão de marca. Além disso, a Patachou é gestora das lojas Le Soulier (marca de calçados) e pretende gerir outras marcas também.


 
Como é o relacionamento com os funcionários em relação à circulação de informações?

Temos vários procedimentos de comunicação que funcionam muito bem. Nós dançamos uma dança conjunta aqui na empresa. Primeiro, pela comunicação diária que temos. Ela é sempre feita por e-mail com funcionários, lojas, pontos-de-vendas para que haja uma organização de prioridades das demandas. Temos e-mails grupos que facilitam muito. Fora isso, temos reuniões mensais e, eventualmente, quinzenais feitas pelo Conselho, nas quais acontece todo o processo decisório. Toda segunda-feira, temos as reuniões de líderes, na qual são tomadas as decisões operacionais da empresa, com o acompanhamento do desempenho de cada setor e análise de metas. Os líderes têm total autonomia de operação.


 
Para que as informações cheguem às lojas, como é feita a comunicação?

O gerente de varejo sai da reunião de líderes com as informações necessárias e faz áudio-conferência via skype com os gerentes de lojas de todo o país. Para isso, temos uma sala com todo sistema multimídia necessário. Posteriormente, é passado um e-mail para todos com todas essas informações discutidas e as metas a serem cumpridas.

Alem disso, temos um tablóide impresso e eletrônico, chamado Visioner, voltado para todo o publico interno de varejo. Ele leva informações de moda focadas no conceito da Patachou.


Vocês fazem treinamentos periódicos de vendedores?

São feitas convenções de varejo. No dia, todas as lojas do país são fechadas, todos os funcionários vêm para Belo Horizonte para mostrarmos para toda a equipe de vendas a nova coleção, detalhando peça por peça, mostrando possibilidade de looks, cartela de cores e as tendências que serão apresentadas pelos concorrentes.