quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CURSO DE SOM AUTOMOTIVO – AULA 14


O SOM NO AUTOMÓVEL





•ALGUNS CONCEITOS;

O som reproduzido no interior de um carro é percebido de uma forma totalmente diferente do que o seria em uma sala comum. Isto se deve, não só a fatores ambientais, como também psicológicos.
O automóvel, enquanto ambiente para audição de som, apresenta condições bastante estranhas: acelerações e desacelerações, súbitos trancos originados pela pavimentação (ou falta de… ), um motor de combustão interna originando vibrações e interferências em quase toda a faixa audível, indo mesmo até a faixa de radiofreqüência. O calor, o pouco espaço e a tensão disponível de 12 V nominais não permitem grandes vôos de imaginação por parte dos projetistas do equipamento eletrônico, sendo ainda que as localizações disponíveis para falantes são extremamente limitadas, dentro de um meio ambiente agressivo, com extremos de temperatura e umidade.
Por outro lado, as condições internas de acústica alteram significativamente o equilíbrio harmônico, dificultam a reprodução de baixas freqüências devido à limitação volumétrica do habitáculo, acentuam demasiadamente as freqüências médias-baixas, e as áreas envidraçadas originam focalizações indevidas nos agudos. Aparentemente, a quantidade de problemas sugere que não é possível a reprodução de alta-fidelidade no interior do automóvel.
No entanto, a audição no carro, apesar da aparente falta de lógica, é, para muita gente, bastante satisfatória, como tem demonstrado a popularidade dos concursos automotivos.
Como então explicar essa aparente contradição?
Talvez algumas motivações para o gosto pelo som no carro tenham sua origem em uma esfera de ordem mais psicológica que propriamente acústica, como por exemplo, a própria dificuldade da instalação de forma a superar desses obstáculos, ou mesmo a possibilidade de poder contar com as músicas que mais gostamos em um passeio descomprometido por um lugar agradável.
De qualquer forma, um pouco de conhecimento de acústica pode servir para tornar mais fácil a “afinação” do som do automóvel e contribuir para o enriquecimento do nosso universo audiófilo.




CONDIÇÕES DE AUDIÇÃO;

O fator mais importante que modifica a percepção do som presente no ambiente do automóvel diz respeito ao ruído. Como ruído, entendemos todo o som originado por diversas fontes: o barulho externo do tráfego ao redor, dos pneus sobre a pavimentação, “grilos” na suspensão, vibrações do motor, vento, radiointerferência e muitos outros. O espectro de freqüências cobertas pelo ruído vai desde os subsônicos, produzidos principalmente pelas vibrações do motor e pela ação de compressões e descompressões atmosféricas que ocorrem nos espaços das janelas abertas; entram na faixa de graves, de 20 a 100 Hz, originados pela ação do rolamento; na faixa de médios e agudos, pelo motor e assobio do vento.
Uma série de medições em carros médios e pequenos originou as curvas mostradas. Vemos duas respostas típicas, a de baixo, para um carro médio, e a de cima, característica de carro pequeno. As medições foram feitas utilizando ruído rosa em autos com som tipo original, ou seja, sem o uso de amplificadores potentes ou equalizadores. Notamos de imediato a semelhança entre ambas (a correspondente aos carros de maior porte foi destacada ligeiramente para baixo para maior facilidade de visualização).
O aspecto mais notável é a ressonância de aproximadamente 10dB que afeta apreciavelmente os médios-baixos, seguida de uma segunda ressonância por volta dos 2 kHz, e uma terceira perto dos 5 kHz Estes efeitos são claramente notados na audição por serem bastante evidentes, e dão uma sensação que muitos apreciam de “realce” de graves e agudos, embora o som resultante não possa ser chamado, de maneira alguma, de alta-fidelidade.
Nessas condições, um equalizador gráfico de qualidade ajuda apreciavelmente, e é mesmo indispensável para quem quiser levar a sério o som automotivo. Sabendo-se que as curvas mostradas são bastante comuns para diversos carros e correspondem ao uso de aparelhos de boa procedência, a mesma figura serve como sugestão para a primeira tentativa de “acertar” uma equalização.
Medições realizadas separadamente com o canal direito e o canal esquerdo não mostram diferenças significativas entre ambos. Isto, pela lógica, seria mesmo de se esperar, devido à simetria e ao pequeno volume do habitácuio. Assim sendo, os equalizadores estéreo com um só controle para ambos os canais são perfeitamente satisfatórios.
O tipo de acabamento do carro, especialmente aqueles mais luxuosos com tapetes de náilon ou buclê, e assentos altos, tendem a amortecer mais os médios e agudos diminuindo ligeiramente a potência aparente, mas o efeito não é por demais significativo.
Como se vê, o automóvel não é dos ambientes mais propícios para o áudio. Se o objetivo for conseguir um som de “alta-fidelidade”, é necessário investir muito tempo e dinheiro – às vezes mais do que o valor do automóvel. Mas, para uma audição descompromissada, um equipamento mínimo pode ser puro divertimento e, com um pouco de boa vontade, é possível curtir uma boa gravação até com mais gosto do que no sistema hipersofisticado da sala de estar.
De certa forma, é instrutivo tentar entender como isso acontece.
Na verdade, para uma audição musical, os ruídos de fundo necessitam serem baixos o suficiente de forma que, com material de faixa dinâmica normal, as passagens de baixo nível sejam claramente audíveis. Seria de se esperar que, com valores de ruído da ordem de 80 dB, ao ouvir uma gravação a um nível máximo de 85 dB, só restassem 5 dB de dinâmica máxima, número que se obtém com uma simples subtração.
Ora, na prática não é isso que acontece, pois o ouvido é capaz de discriminar dentre os ruídos circundantes os sons que nos interessam, sejam eles provenientes da conversa do passageiro ao lado, ou da música. E isto ocorre por ser o espectro do sons musicais tão diferente do espectro do ruído ou da conversa, que não há possibilidade de enganar o cérebro a respeito. Isso já não ocorre com um microfone, para o qual o cálculo aritmético feito acima é válido. Isto explica porque ao ouvirmos uma gravação que foi realizada ao vivo somos surpreendidos com ruídos que absolutamente não nos lembramos de ter ouvido – a diferença é o computador que temos embutido dentro de nós: o nosso cérebro.


•ALTO FALANTES;

Os alto-falantes empregados em sonorização podem ser divididos em grupos, conforme o espectro de frequências que manejam melhor. Naturalmente, seria desejável que um único tipo de alto-falante reproduzisse com fidelidade e volume todas as freqüências.
Na prática, os falantes de graves tendem a serem grandes e pesados para suportar melhor a potência exigida, enquanto aqueles voltados para a reprodução dos agudos devem ser pequenos e leves.
Até cinco grupos diferentes de freqüências podem serem definidas para a reprodução dos alto-falantes:
· SUBWOOFER: São aqueles projetados para as freqüências mais baixas, comumente entre 20 Hz a
120 Hz. Tem grande capacidade de absorção de potência, alta excursão do cone, bobinas longas.
· WOOFER: Reproduzem de 20 Hz a 3.000Hz. Embora os woofers possam responder de 20 Hz a até cerca de 3000 Hz, em um sistema empregando sub-woofers a sua resposta é limitada às freqüências de 50 Hz até 500 Hz. Tem boa capacidade de absorção de potência e podem em sistemas mais simples, como por exemplo os de duas vias, reproduzirem a faixa completa até 300 Hz.
· MID-BASS: Empregados entre 80 Hz e 500 Hz. São muito usados em sistemas multi-vias com divisores ativos, em portas e tampões traseiros.
· MID-RANGE: Respondem de 300 Hz a 4.000 Hz. Rotineiramente usados em sistemas de tres ou mais vias, podendo serem fechados, abertos ou tipo domo. Definem a qualidade do som, já que reproduzem a faixa de freqüências com maior presença e que necessita de mais definição. Nessa faixa está a maioria dos instrumentos que reproduzem a melodia e também a voz humana.
· TWEETER: Emitem os agudos, de 3.000 Hz a 20.000 Hz. Normalmente bastante diretivos, são fundamentais na localização da imagem sonora. Podem ser construídos com cone, domo ou utilizando cristais piezoelétricos.
Os falantes mais comumente encontrados são do tipo eletrodinâmico., pois transformam a energia elétrica recebida do amplificador em anergia acústica por meio de um transdutor mecano-eletro-acústico constituído de uma bobina móvel imersa em um campo eletromagnético mantido por um imã permanente.
As principais características de um falante eletrodinâmico são:



RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA: Corresponde à curva da pressão sonora emitida pelo falante medida em relação ao conjunto das freqüências audíveis. As freqüências são eletricamente emitidas com a mesma potência nominal, de 20 Hz a 20.000 Hz. Dependendo da melhor resposta do alto-falante este é classificado como sendo pertencente a um dos grupos já definidos.

IMPEDÂNCIA NOMINAL: É a resistência característica da bobina do alto-falante somada ao valor da capacitância/indutância, definido como o valor mínimo encontrado logo acima da ressonância em baixa freqüência.
· RESISTÊNCIA: Definida como a resistência ôhmica do fio de cobre da bobina.
· POTÊNCIA: O parâmetro mais procurado e menos conhecido das especificações. Normalmente, e pela Norma Brasileira NBR 10303, a Potência Nominal é definida como a potência máxima em watts RMS (Root Mean Square) aplicável ao alto-falante no período mínimo de duas horas dentro da faixa de freqüencias para a qual foi construído.
A Potência Musical surgiu como uma definição padronizada pelo IHF – Institute of High Fidelity americano como uma forma de incorporar o programa tipicamente musical em vez de sinais senoidais às medições. É considerada como sendo em tôrno de 2 vezes a potência RMS.
Já a Potência Musical de Pico Operacional – PMPO, corresponde ao pico do programa musical. É uma forma de produzir números inflacionados para impressionar o consumidor e geralmente corresponde a quatro vezes a Potência RMS, embora alguns fabricantes cheguem a números de até dez vezes. Não tem nenhuma confiabilidade.
· SENSIBILIDADE: Corresponde ao nível de pressão sonora, em dB, emitido pelo falante com um watt RMS e a um metro de distância. Serve para identificar os alto-falantes mais eficientes e que aproveitam melhor a potência dos amplificadores.
· PARÂMETROS DE THIELE-SMALL: Identificam para o projetista os dados necessários para o cálculo do volume e do tipo caixa acústica mais aconselhável para um dado falante.


•DIVISORES DE FREQUENCIA;
Os alto-falantes empregados
Cada grupo de falantes suporta somente as freqüências para as quais foi construído.
Dependendo da sofisticação, os sistemas automotivos podem empregar de duas até as cinco vias definidas acima.
Para a separação das freqüências de modo a que cada alto-falante receba somente as que é capaz de reproduzir com maior fidelidade e menor distorção emprega-se o divisor de freqüências – “crossover”.
· PASSA-BAIXAS: filtros que rejeitam progressivamente as freqüências acima de determinado valor. São usados nos subwoofers e woofers.
· PASSA-ALTAS: rejeitam as freqüências mais baixas. Empregados nos tweeters.
· PASSA-BANDA: rejeitam as freqüências abaixo de um certo valor e as mais altas acima de um outro valor maior que o primeiro. Usados nos mid-range e mid-bass.
Os divisores podem ser PASSIVOS – os mais comuns – ou ATIVOS.
Os passivos são formados por capacitores e indutores conectados de forma a aceitar determinadas freqüências e rejeitar outras. São ligados após o amplificador e antes do alto-falantes.
Os divisores ativos são mais dispendiosos e empregados em sistemas multi-vias com muitos amplificadores, bem como em sub-woofers para o aproveitamento e controle integral dos graves. Os divisores ativos proporcionam controle total do volume de cada faixa, pontos de transição variáveis e são ligados entre o gerador de som com saídas de baixo nível e o(s) amplificador(es) de potência.




CURSO DE SOM AUTOMOTIVO – AULA 13


AMPLIFICADORES DE POTÊNCIA




Verifique se o módulo amplificador admite ligação Bridge, possui crossover ativo passa-alta e passa baixa e controle de ganho para cada par de canais; Verifique sua distorção harmônica, distorção (THD) acima de 1% pode causar fadiga. Quanto menor este valor, menor será a distorção.

Verifique sua resposta de frequência, ela deve ser a mais plana possível entre 20Hz e 20.000Hz.

Verifique sua potência RMS, contínua a 4 Ohms (Root Mean Square) com baixa distorção. ( 30W RMS é o suficiente para sistemas para o dia a dia, 50W ou acima já servem para fazer um bom barulho fora do carro) Muitos fabricantes indicam a potência a 1 Ohms, algo que é muito difícil de ser utilizado, você precisaria de 4 falantes de 4 Ohms ligados em paralelo para chegar a essa impedância. Inviável para quem quer utilizar apenas um SubWoofer. Além de que muitos utilizam a potência PMPO (Peak Music Power Output) que é a potência de pico medido em frações de segundo que não servem para a música em geral.

Verifique a impedância mínima que o amplificador aguenta. Normalmente fica em 2 Ohms em estério e 4 Ohms em bridge. Amplificadores de alta-corrente aguentam até 0,25 Ohms em bridge gerando cerca 1500 W, 3 a 6 vezes mais potência que a 4 Ohms.

Verifique sua relação Sinal/Ruído (S/N). Relação entre o nível de Sinal e o nível de ruído presente no som, os melhores amplificadores tem a relação acima de 100dB. Quanto maior esse valor, menos ruído seu amplificador vai gerar.


Você sabia que na maioria dos amplificadores do mercado são de classe AB e que metade da corrente que ele consome vira calor e a outra metade vira som e música ?



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Teste: Você tem fobia financeira?

18% dos homens e 23% das mulheres têm aversão por lidar com assuntos ligados a dinheiro e finanças pessoais. Veja se você é um deles


Olívia Alonso, iG São Paulo | 12/12/2011 05:45


Uma em cada cinco pessoas no mundo tem a chamada "fobia financeira", que é aversão por lidar com questões relacionadas a dinheiro, segundo o estudo "Investment Phobia" (Fobia de Investimentos), realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge. São pessoas que evitam conversar - ou até mesmo pensar - em assuntos que envolvem contas a pagar, planejamento financeiro, dívida ou investimentos.
Para identificar seu nível de aversão (ou habilidade) por assuntos ligados a dinheiro, o pesquisador Brendan Burchell, um dos criadores do termo fobia financeira, elaborou e cedeu ao iG o teste abaixo. Responda e veja dicas para melhorar sua relação com suas finanças pessoais:




Segundo os dados do estudo de Cambridge, que foi realizado em 43 países, incluindo o Brasil, o receio de não ter recursos para se sustentar financeiramente atinge 23% das mulheres e 18% dos homens, "ainda que em diferentes níveis de intensidade", comenta Aquiles Mosca, superintendente de investimentos do Santander e especialista em finanças comportamentais.
Mosca enfatiza que a fobia financeira não é uma doença, mas sim um termo usado pelos pesquisadores, e que entre os sintomas estão a aceleração cardíaca, a transpiração excessiva e o desconforto ao lidar com temas relacionados às finanças pessoais.


CURSO DE SOM AUTOMOTIVO – AULA 12


E COMO FICAM OS AMPLIFICADORRES




Exige-se portanto que o amplificador lide com essa troca de energia (não há como evitar) que, por sua vez, representa um esforço bem maior do que simplesmente fornecer potência, havendo a necessidade de absorver-se a energia da descarga do circuito reativo, que é a carga. É possível agora, analisar o que pode acontecer ao sinal de áudio e ao próprio amplificador.


· DISTORÇÃO

Os estágios de saída dos amps de grande potência quase sempre operam em push-pull e em simetria complementar (ou quase complementar em alguns circuitos), ou seja, existem dois “braços” ou “lados”, cada um contribuindo com um semiciclo da onda de corrente e de maneira alternada (estágios classe B e AB), de modo a refazer o sinal de áudio na saída (figura 6). Se o circuito não tiver um projeto bem elaborado, o esforço adicional provocado pela absorção de energia que retorna da carga fará com que o sinal não seja coerentemente amplificado e a onda de saída não mais corresponderá à onda de entrada, pois apresentará distorção.
Os tipos de alterações geradas no áudio pelo amp mal projetado e/ou dimensionado que opere nessa condição, são difíceis de prever-se e muito sujeito às condições do uso/teste e da topologia do circuito, porém a presença de distorção harmônica deve ser considerada.
Pode-se verificar também que a alta impedância de saída (ou baixo fator de amortecimento) de alguns amps dificulta o desvio das ondas de descarga para um terra ac (+Vcc e -Vcc). A resistência interna alta faz com que a onda de descarga permaneça na saída do amplificador, sobrepondo-se à onda original e gerando “coloração” ou distorção.
Na figura 6, pode-se ver um exemplo simples de estágio de saída em classe B, e o desenvolvimento das tensões e correntes (apenas para ac). A incapacidade de lidar com o esforço (troca de energia) pode levar o amplificador a um estado de total incoerência de funcionamento. Oscilação é possível, bem como a queima do estágio de saída.



· SUBDIMENSIONAMENTO

No caso da queima a causa pode ser simplesmente fadiga excessiva quando a etapa de saída atinge seus limites operacionais. Observe que essa situação de limites poderia ser alcançada com uma simples carga resistiva, bastando que para isso o amplificador fosse muito exigido ou que o valor ôhmico fosse muito baixo. Porém, a carga fortemente reativa fará com que essa extrema fadiga ocorra com muito mais facilidade, obtendo como resultado (muito provável) a possibilidade de queima do estágio de saída.
Esse quadro é comum em amps que foram dimensionados a partir de uma carga resistiva. Como foi visto, existe uma enorme diferença entre uma carga resistiva de 2 ohms e outra reativa, também com 2 ohms. No caso da primeira o gerador apenas fornece potência, sendo submetido a um certo esforço, porém no caso da segunda existe, além desse esforço, outro adicional a que o estágio de saída terá que se submeter para dissipar a energia devolvida pela carga reativa, consequentemente a etapa aquecerá mais e exigirá um dimensionamento mais avantajado e cuidadoso.
Deve-se considerar também que em cargas resistivas o valor ôhmico (no exemplo 2W) é fixo, o que não acontece com cargas reativas (como alto-falantes), nesse caso, o módulo da impedância varia com a freqüência (consultar a fig. 5), podendo atingir valores bem inferiores a 2W. Normalmente dimensiona-se um amp a partir de uma carga resistiva sem levar em consideração que falantes e caixas acústicas são extremamente reativos; o estágio fica assim subdimensionado e corre sério risco de queima; para o usuário esse seria um fato inexplicável, já que seu amp “queimou-se sozinho” sem nenhuma falha no seu sistema de caixas e talvez até em volume baixo ou mediano.
Lembre-se que somente a potência ativa gera trabalho aproveitável (som), porém a potência reativa existe e exige esforço do amplificador para dissipá-la.


· OSCILAÇÃO

Outro problema muito encontrado em amps de marcas não idôneas, é a oscilação. Novamente aqui o efeito é muito mais pronunciado em cargas reativas, devendo-se considerar a importância de serem feitos testes com esse tipo de carga no trabalho de desenvolvimento de um amplificador. Amps que em cargas resistivas não oscilam, podem perfeitamente oscilar em cargas fortemente reativas e provavelmente queimarão o estágio de saída (o que foi confirmado em testes).


· UMA ANÁLISE MAIS PROFUNDA

Quando um amplificador oscila ocorre uma sucessão de fatos que levam à destruição do estágio de saída. Embora não estejam ainda fundamentadas em sua totalidade, pode-se fazer algumas suposições bastante seguras do que afinal de contas acontece.
Uma teoria cativante sugere que a queima ocorre devido a um efeito conhecido como avalanche térmica, sugestão esta feita pelo Eng. Rosalfonso Bortoni. Para a justificativa, supõe-se um estágio de saída composto por apenas um par de transistores de potência operando em push-pull, sendo o exemplo válido também para estágios que contenham qualquer número de transistores, visto que são geralmente ligados em série e/ou paralelo.
O que acontece então é o seguinte: Quando o circuito oscila, a pastilha semicondutora dos transistores de saída aquece provocando um aumento da corrente de coletor IC, que deveria depender somente da tensão VBE (tensão entre base e emissor ou tensão de polarização). Quando a tensão VBE sobe, a corrente IC também sobe em resposta (e de maneira muito mais pronunciada pois: IC = corrente de base × ganho do transistor). Com o aumento da temperatura, diminui a VBE requerida ou seja, a polarização que seria necessária e IC será bem maior do que antes, o que aquecerá ainda mais o transistor.
Tipicamente, num estágio de saída classe B ou AB, um aumento de 30ºC na temperatura se não for compensado, será acompanhado de um aumento na corrente de coletor por um fator de 10! Com o transistor ainda mais quente IC será ainda maior quando ele for à região ativa o que novamente elevará sua temperatura. Este ciclo realimentado progredirá até que o transistor atinja sua máxima corrente de coletor admissível, e então finalmente será destruído (entrará em curto).
Observe que tal processo leva apenas alguns poucos segundos para acontecer. É interessante notar que os circuitos de compensação térmica presente em todos os amplificadores push-pull de grande potência classes B, AB, G e H não são suficientemente rápidos para realizar a compensação e assim evitar a queima. A causa é devido principalmente ao fato de serem as trocas de calor processos físicos essencialmente lentos. Esse fato perde importância em estágios de saída que empreguem tecnologia E-MOSFET, graças ao seu coeficiente negativo de temperatura.



MAIS UM PROBLEMA

Um outro problema que aparentemente acompanha amps mal projetados e/ou dimensionados é o da condução simultânea, que pode surgir quando o circuito atinge os limites impostos pelo projeto e/ou pelos componentes. Mais uma vez, considera-se que amps mal projetados e/ou dimensionados sempre terão esses limites drasticamente reduzidos, pois num projeto de alto nível procura-se atingir o máximo desempenho da configuração adotada e dos componentes utilizados, o que naturalmente não ocorreria em um trabalho com menor respaldo técnico.
Convém lembrar que as cargas reativas sempre farão qualquer amp atingir seus limites antes das cargas resistivas. Para entender o que acontece, antes de mais nada é preciso saber que sendo o estágio de saída push-pull, operando em classe B, AB, G ou H, os transistores entram na região ativa um de cada vez (pelo menos considerando a maior parte do tempo). Em outras palavras, quando um está na região ativa o outro está na região do corte.
Engenheiros e técnicos podem enxergar de outra maneira: essencialmente os dois transistores têm o seu ponto Q (quiescente ou de operação) posicionado no extremo inferior da reta de carga ac, em VCE corte. Estágios classe AB posicionam o ponto Q um pouco acima de VCE corte , mas o funcionamento é semelhante. A tensão ac (sinal de áudio) aplicada às bases desloca o ponto Q para cima da reta de carga ac, porém, quando um deles é deslocado o outro permanece firme, próximo à VCE corte.
A condução simultânea é um fenômeno que surge principalmente pela falta de velocidade do circuito em processar sinais de freqüência muito alta (acima de 20kHz), ou seja, há uma dificuldade do circuito em fazer a transição entre um estado e outro (quanto mais rápido, mais difícil). Essa dificuldade, em primeira análise, introduz distorções do tipo de “crossover”. Mas se a freqüência do sinal for realmente alta o circuito poderá “confundir-se”, por assim dizer e permitir que os dois transistores conduzam corrente (IC > ICQ) ao mesmo tempo, ou ainda que o ponto Q dos dois transistores posicionem-se bem acima de VCE corte num mesmo instante, podendo ser ambos destruídos caso IC seja suficientemente alta.
É interessante notar que isso pode acontecer até sem carga alguma, mas há razões sutis para crer que em situação de fadiga a ocorrência seja bem maior, possivelmente até diminuindo o valor da freqüência necessária para que o circuito “confunda-se”. Novamente, considera-se neste artigo que a carga reativa fará com que qualquer estágio de saída seja muito mais exigido. Para a justificativa dessa hipótese é considerado apenas um par de transistores de saída.
No entanto, convém lembrar que a explanação visa justificar fatos observados em testes de laboratório. A explicação a ser dada é a seguinte: Com o transistor no corte, seu VCE (tensão entre coletor e emissor) é o próprio valor da fonte. Considera-se como exemplo Vcc=100Vdc. Ao encontrar o semiciclo positivo da onda de tensão de descarga do circuito reativo (que é a carga) o emissor “enxerga” um potencial que varia desde zero até +100V, e para isso, supõe-se que a onda tenha um valor de 200Vpp, o que é comum em alta potência. O VCE assim seria no máximo o valor da própria fonte que é Vcc=100V (100V-0V) e no mínimo de 0V (100V-100V). Mas no semiciclo negativo da descarga a situação inverter-se-ia. O emissor veria no máximo 0V e no mínimo -100V e como 100-(-100)=200, o VCE teria o valor de 200V por um breve instante, perigosamente perto da região de ruptura, onde o funcionamento do transistor não é mais normal.








Ex: o VCE máximo dos transistores 2SC3281/2SA1302 = 200V. Esses modelos são muito empregados neste tipo de aplicação. Analisando um gráfico da IC (corrente de coletor) no domínio da VCE (figura 7), nota-se que a IC próxima da região de VCE máxima, sobe rapidamente, mostrando que poderia assumir qualquer valor (este efeito é conhecido como multiplicação por avalanche), o que bastaria para provocar sua destruição, talvez não imediata, mas abreviaria consideravelmente sua vida útil. Com a queima de um transistor do par (curto), o outro também seria destruído.
Entretanto, se o transistor ainda não se destruir estará conduzindo fortemente, pois por um breve instante existirá corrente apreciável no diodo coletor (na verdade um pulso de corrente). Com o outro transistor do par já conduzindo na região ativa, teríamos a condução simultânea independente do valor da freqüência e que destruiria ambos, caso a corrente desenvolvida seja suficiente.
Convém lembrar que estágios classe B, AB, G ou H geralmente não são dimensionados para suportar uma condução simultânea, o que ocorre normalmente em estágios classe A, sendo estes, portanto, naturalmente imunes a esse problema. Para concluir, deve-se dizer que essa situação é aparentemente facilitada no caso do amplificador não possuir uma baixa resistência interna (baixa impedância de saída).
Observe que tanto a ocorrência de avalanche térmica (vista na edição anterior) como a de condução simultânea (nessa situação em específico) não passam de hipóteses ainda a serem confirmadas como fatos. Os sintomas são muito variáveis e sujeitos a condições, de maneira que não se pode ter muita certeza disso ou daquilo, no entanto ao que parece são as causas da queima de amps mal projetados e/ou dimensionados nas condições de extrema fadiga proporcionadas por uma carga fortemente reativa.
É claro que as pesquisas continuam, de modo que novas confirmações serão relatadas. É importante salientar que as duas causas descritas (avalanche térmica e condução simultânea) são teses, mas o mau desempenho e as queimas dos estágios de saída não, estes sim são fatos e ocorreram inclusive nos testes realizados.

(Nota:Em leitura de recente trabalho, do pesquisador norte-americano G. Randy Slone, comprovei tais teses. Slone afirma serem estes fenômenos fatos, mas não relata detalhes desses trabalhos, o que será objeto de pesquisa futura)
O subdimensionamento é também fato comprovado e mereceu inclusive fazer parte da dissertação de mestrado do Eng. Rosalfonso Bortoni (UFSC). Cabe aqui, portanto uma descrição das condições de teste a que foram submetidos alguns aparelhos comerciais e também circuitos experimentais e/ou de desenvolvimento.

  • Sinais aplicados: ondas, senoidal e quadrada, na faixa de 1Hz à 100kHz.
  • Cargas utilizadas: resistiva e puramente capacitiva com valores oscilando entre 1uF e 10uF.
Regime de trabalho: variando entre baixo e o máximo, respeitando as limitações próprias de cada
aparelho.



· CAIXAS ACÚSTICAS E CROSSOVERS PASSIVOS

Porém, até agora neste artigo, considera-se como uma possível carga reativa prática somente o alto-falante ao ar livre. Na realidade a situação é ainda mais difícil, pois o esforço do estágio de saída é ainda maior quando se usam caixas acústicas com diagramas fasoriais mais complicados.
Levando-se em consideração que ninguém utiliza falantes ao ar livre, essa observação atinge todos os casos (exceto em situações onde se usam caixas closed-box do tipo fechada, pois o diagrama fasorial dessas caixas é semelhante ao de um falante ao ar livre). Caixas bass-reflex teriam pelo menos mais duas freqüências de ressonância e por conseqüência mais duas inversões de fase em relação ao falante ao ar livre (ou caixas closed-box).
Caixas band-pass e caixas-corneta têm comportamento ainda mais complexo. Naturalmente o circuito equivalente de tais sistemas é algo bem mais complicado do que o apresentado na figura 2. Analogamente, falantes que possuem fator de qualidade total (Qts) mais altos, exigem mais dos amplificadores e expõem bem mais um eventual circuito mal dimensionado a falhas, pois são mais reativos do que outros possuidores de Qts mais baixos (normalmente um indicador de falantes de alta qualidade).
Assim se pode generalizar esse raciocínio para o sistema formado pela caixa+falante. Estes sempre exigirão mais dos amplificadores quanto maior for o fator de qualidade resultante do sistema (Qt), que por sua vez é função do falante e do alinhamento adotado. Estendendo ainda mais, verifica-se que caixas acústicas com crossovers passivos apresentam forte reatância adicional, devido aos circuitos sintonizados formados por redes de capacitores e indutores.
Os diagramas fasoriais dessas caixas seriam ainda mais complexos que se estivessem sem o crossover passivo. Naturalmente se este crossover passivo possuir alguma equalização ou Notch Filters, a situação tornar-se-á ainda mais problemática para o amplificador. O circuito equivalente desses sistemas pode ultrapassar a 16ª ordem.


· CONCLUSÃO

Cargas reativas impõem uma dificuldade aos amplificadores de potência que cargas resistivas jamais poderiam fazer sob iguais circunstâncias.
As reativas, portanto exigirão um maior “preparo” dos amps, pode-se assim dizer, o que muitas vezes não acontece, pois os próprios fabricantes não as consideram no seu desenvolvimento e dimensionamento; também acabam por não usá-las nos testes finais com os seus aparelhos e muitos deles sequer têm conhecimento do fato (nem todos são assim, felizmente).
Observei através de testes em alguns amps comerciais, que em aparelhos de marcas “estranhas” todos os problemas descritos anteriormente são comuns, possuem estágios mal dimensionados e ao conectar-se uma carga reativa apresentam grande alteração de comportamento.
Viu-se que quando o circuito não é bem elaborado e/ou dimensionado, qualquer esforço requerido pela carga (como trocas de energia) fará com que o sinal não seja coerentemente amplificado, resultando assim numa distorção e até oscilação e queima, sendo uma das causas disso tudo, o fato de que, no período de desenvolvimento não se previu que a carga seria reativa e nos testes de prototipagem os amps não foram avaliados com cargas fortemente reativas, mas tão somente com cargas resistivas (se é que).
Mas na esmagadora maioria dos casos, isso acontece porque seus circuitos foram copiados de outros amplificadores. Freqüentemente a topologia do circuito acaba sendo utilizada em aplicações e/ou condições para qual não foram previstos pelos projetistas originais, resultando assim num aparelho mal dimensionado e sujeito a problemas de todos os tipos já mencionados, principalmente à queima por fadiga excessiva (repetindo: isso chegou a acontecer nos testes).
Assim também como no desenvolvimento de amplificadores de potência estes fatos devem ser considerados pelos projetistas e tratados à parte. Muitos fabricantes testam seus amplificadores somente com cargas resistivas e por esse mesmo motivo mascaram o surgimento dos problemas. O projetista deve portanto submeter seu projeto a testes meticulosos, dentro e fora da faixa audível, com várias formas de onda e vários tipos de carga.
Da mesma maneira, os testes de longa duração feitos ao final da linha de montagem, normalmente em cargas resistivas, deveriam ser também realizados com cargas fortemente reativas, revelando com mais facilidade a existência de problemas (componentes e/ou montagem). O profissional de áudio e o público que afinal de contas são os maiores interessados agradecem.
Sempre bom lembrar: quando o usuário compra um equipamento, ele não está adquirindo simplesmente um monte de peças, e sim um trabalho de pesquisa e desenvolvimento. Se o fabricante deste equipamento não tiver condições de lidar com sua tecnologia (o que freqüentemente ocorre), o desempenho e por conseqüência o investimento serão prejudicados.






segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

SÃO PAULO CONCENTRA UM TERÇO DE NOTAS FALSIFICADAS DO BRASIL

O Estado de São Paulo é o campeão absoluto em apreensão de notas falsificadas pelo Banco Central.

De janeiro a novembro, foram apreendidas 103.306 cédulas falsificadas no Estado, segundo o Departamento de Meio Circulante do BC.

O resultado corresponde a um terço das 312.688 apreensões realizadas pela autoridade monetária.

O segundo lugar da lista fica com Minas Gerais (32.865), seguido por Rio de Janeiro (24.722).

O Estado de Roraima tem o menor volume de apreensões no ano, com 32 no total.

A cédula de R$ 50 da primeira família do Real é a mais falsificada, com 121.495 apreensões.

A nota de R$ 100 vem em seguida, com 68.922.

Já as cédulas da segunda família do Real também têm sido falsificadas.

A nova nota de R$ 50 teve 17.753 apreensões, enquanto a nova cédula de 100 teve 29.516.


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Receita sugere preenchimento de declaração de IR a pessoa física

Medida valerá para quem tem só uma fonte pagadora e recolhe pela forma simplificada a partir de 2014

Danillo Farielo, iG Brasília | 12/12/2011 15:46 - Atualizada às 16:12


Valerá a partir da declaração de 2014, referente aos rendimentos das pessoas físicas em 2013, o novo sistema de preenchimento do imposto de renda no modelo simplificado. As pessoas com apenas uma fonte de renda terão sua declaração previamente sugerida pela Receita Federal, inclusive com o imposto a pagar ou a restituir.


Segundo Carlos Alberto Barreto, secretário da Receita Federal, essa data poderia até ser antecipada. “Se conseguirmos avançar na tecnologia poderia até ser antecipado, mas essa é uma previsão atual.”As pessoas físicas receberão dados cadastrais, rendimentos, bens, direitos e obrigações sobre suas declarações já de forma pré-preenchida anualmente. Assim, bastará ao contribuinte confirmar as informações ou alterar com alguma complementação, por exemplo com mudanças de patrimônio ou informação sobre diferentes fontes de renda.

“Para as pessoas físicas, a meta é simplificar reduzindo o trabalho e a margem de erro que poderia ocorrer para os contribuintes de menor complexidade nas suas declarações”, diz Barreto.Recolhe pelo modelo simplificado 70% dos 25 milhões de contribuintes, ou seja, 17,5 milhões de pessoas. A Receita não sabe, porém, quantas dessas pessoas têm apenas uma fonte pagadora, mas Barreto estima que seja quase a totalidade delas. Nessa hipótese, não vai ser necessário baixar um programa, explica Carlos Roberto Occaso, secretário-adjunto de arrecadação e contencioso.


A Receita ainda avalia se informará a declaração sugerida online ou na caixa postal do contribuinte no e-cac na Receita Federal, um e-mail exclusivo que existe para lidar com o Fisco. “A Receita não envia nem enviará e-mails para os contribuintes”, explica Occaso. O contribuinte entrará nessa caixa postal por código de acesso exclusivo ou por um certificado digital, diz.A novidade não deve alterar o cronograma de pagamento de restituições, diz o secretário-adjunto, porque esse calendário segue conforme o ritmo de devoluções acordadas com o Tesouro Nacional.


Imposto pago no cartão

Em alguns meses, o contribuinte também poderá pagar impostos junto à Receita Federal com cartão de crédito ou débito. “É mais uma opção, além da espécie, cheque e cartão”, diz Occaso. “Imagine um viajante chegando na madrugada do exterior e o auditor cobrar-lhe um tributo? Ele poderá fazer isso numa máquina diretamente no aeroporto.”

Barreto diz que já existem negociações com instituições financeiras para operar esse sistema. Segundo Occaso, esses acordos têm como meta não causar nenhum incremento de custo para o contribuinte.

O modelo começa por impostos de comércio exterior com cartão de débito, mas a meta do governo é de que, já na época da Copa de 2014, os contribuintes e turistas poderão pagar impostos em máquinas instaladas nas Unidades da Receita Federal localizadas em portos, aeroportos e pontos de fronteira. “Antevemos grande fluxo de pessoas nos aeroportos.”

Segundo Barreto, essa medida visa também a aliviar o fluxo de pessoas nos postos da Receita Federal, para, dessa forma, melhorar o atendimento geral à população. Outra medida nesse sentido adotada a partir de março pela Receita será permitir que débitos relativos a contribuições à Previdência Social, de pessoas físicas ou jurídicas, sejam também parcelados diretamente pela internet – sem, portanto, necessidade de ir ao posto da Receita.

A Receita anunciou hoje também que extingue a partir de janeiro seis declarações para pessoas jurídicas. São elas, o demonstrativo de exportação (DE), que já havia sido extinto em maio; a DIF bebidas, o demonstrativo de notas fiscais, a declaração de crédito presumido de IPI, a declaração anual do Simples Nacional, e a declaração do imposto territorial rural para imóveis imunes e isentos. Segundo Barreto, outras declarações ainda podem ser extintas.

FONTE: IG ECONOMIA

DUPLA JORNADA TORNA MULHERES MAIS COMPLETAS, DIZ DONA DO BLUE TREE HOTELS

Referência no setor de hotelaria no Brasil, Chieko Aoki defende maior participação feminina na liderança de empresas

Chieko Aoki, dona do Blue Tree Hotels: 'profissionais que sabem aproveitar bem seu tempo são altamente valorizadas no mercado de trabalho'

Dividir bem o tempo entre trabalho e família pode ser um desafio, mas é também um fator que ajuda a preparar melhor as mulheres para exercer cargos de liderança em grandes empresas. A avaliação é de Chieko Aoki, dona do Blue Tree Hotels e uma das principais empresárias do Brasil. “As várias jornadas que as mulheres precisam enfrentar deixam-nas mais preparadas e completas”, diz.

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Segundo ela, o planejamento e disciplina necessários para conciliar as demandas profissionais e domésticas tornam as mulheres “mais competentes e com visão mais ampla das coisas”. O resultado? “São profissionais bem preparadas e eficazes, que sabem maximizar o seu tempo, sendo executivas altamente valorizadas no mercado de trabalho”.

Chieko fala com conhecimento de causa. Com quase trinta anos de experiência no setor de hotelaria, ela conta que no começo de sua carreira “alguns homens ficavam constrangidos” com sua presença em reuniões. Hoje é referência no setor, à frente de uma das maiores redes hoteleiras do Brasil – a Blue Tree possui 22 hoteis e um resort no País, além de um hotel no Chile.

Em entrevista ao iG, ela diz que procura sempre “dar quilometragem a mais do que outras pessoas” e vê nisso um fator importante para quem quer se destacar na profissão. “Fazer mais – sem prejuízo de alguma parte – só traz benefícios”, conta. Em sua trajetória profissional, Chieko sempre teve o apoio de sua família e conta que seu marido, John Aoki, foi seu “grande e maior incentivador para seguir a carreira em hotelaria”.

Nascida no Japão, Chieko veio com os pais e o irmão para o Brasil em 1956, aos seis anos de idade. Formou-se em direito pela Universidade de São Paulo (USP), fez pós em administração no Japão e foi aos Estados Unidos cursar especialização em hotelaria. Foi presidente do Caesar Park e do Westin Hotels & Resorts, até lançar, em 1997, o Blue Tree Hotels.


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No decorrer dos anos, a dama da hotelaria brasileira conta que teve momentos em que pensou em desistir de tudo. “Mas isso dura, no máximo, um dia, porque no dia seguinte já estou pronta para resolver os problemas e enfrentar os desafios”, diz. O segredo, segundo ela, é focar em alcançar seus objetivos. “Quero ficar satisfeita com tudo que faço e isso exige tanto empenho e energia que, na verdade, não sobra tempo para outras coisas, principalmente medo ou fraqueza”.

Chieko é uma das maiores defensoras da inserção de mulheres em cargos de liderança no Brasil, tanto no setor privado quanto público. Presidiu por dois anos o Grupo de Mulheres Líderes Empresariais (LIDEM). Atualmente, uma das empresárias que ela mais admira é Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza. “Além de ser uma grande empreendedora, com visão estratégica e inovadora, ela é um ser humano de uma generosidade imensa”, diz.

Várias pessoas serviram de inspiração profissional para Chieko, incluindo Akio Morita, fundador da Sony. "Uma vez ele me disse para nunca desistir da excelência ou de atingir meus sonhos". Sua trajetória mostra que ela tem seguido o conselho à risca.

Confira a seguir a íntegra da entrevista que Chieko Aoki concendeu ao iG:

iG: Sua empresa possui políticas de “empoderamento” de mulheres? A ocupação de mulheres em níveis mais altos na hierarquia é importante para o equilíbrio da empresa?
Chieko Aoki: Não temos na Blue Tree política específica de “empoderamento” de mulheres porque elas são valorizadas regularmente na empresa, faz parte da nossa cultura. Assim, nunca tivemos na Blue Tree a necessidade de criar uma política específica para isso. As mulheres na Blue Tree casam, têm filhos e continuam fazendo carreira com a mesma dedicação, ou ainda maior, no decorrer dos anos. Temos executivas admiráveis que, mesmo casadas e com filhos, dão conta de viajar a semana inteira, planejando a sua agenda e da família com organização, comprovando que quem é competente tem esta qualidade em tudo que faz, inclusive na condução e no cuidado da família. Acredito inclusive que as várias jornadas que as mulheres precisam enfrentar deixam-nas mais preparadas e completas, pois passam a aplicar os aprendizados do lar e do trabalho, que têm características diferentes e também similares, no jeito de tratar, resolver e até de liderar situações. Há complementações positivas para todas as jornadas. A título de exemplo, a Blue Tree conta com 70% de colaboradores mulheres, no Corporativo e nos hotéis, com várias gerentes e diretoras. Talvez isso seja uma das chaves do sucesso da Blue Tree.

iG: Conciliar a carreira com outros “papéis” femininos foi – ou ainda é – um desafio para você? Qual é a maior angústia de uma mulher que ocupa um cargo executivo máximo de uma empresa?
Chieko Aoki: Realmente, conciliar a carreira com diversos outros “papéis” é um desafio no sentido de que o tempo é sempre pouco para tudo que se quer fazer. Por outro lado, assim como diz o ditado, “se tem algo para ser feito, dê para quem está ocupado e não para quem está sem fazer nada”, pois quanto mais as mulheres atuam em várias ocupações, ficam mais competentes, mais preparadas e com visão mais ampla das coisas. Como resultado, são profissionais bem preparadas e eficazes que sabem maximizar o seu tempo, sendo executivas altamente valorizadas no mercado de trabalho. Fazer mais – sem exageros e prejuízo de alguma parte – só traz benefícios. Pessoalmente, busco sempre dar quilometragem a mais do que outras pessoas porque penso que o diferencial para melhor está nesta pequena, mas importante diferença. Quanto à angústia em ocupar o cargo executivo máximo de uma empresa, acredito que é a mesma de homens e mulheres – saber que precisamos cobrar-nos muito fazendo sempre o máximo e o melhor, porque cada passo ou decisão tem impacto na empresa e nos seus stakeholders. E que, na tomada de decisões difíceis, é preciso ser forte porque muitas vezes a decisão é solitária.

iG: Sua família apoiou a sua carreira?
Chieko Aoki: Todos na minha família adoram empreender e encontrar novas oportunidades no mercado. Comigo não foi diferente. Além de se tornarem uma referência para mim, meus familiares sempre me proporcionaram apoio irrestrito e ajuda para crescer profissionalmente e realizar os objetivos da Blue Tree. Meu marido, especialmente, foi o meu grande e maior incentivador para seguir a carreira em hotelaria. Sou muito grata à minha família que sempre me ajudou, de um jeito natural e sutil, para que não sentisse que precisava contar com ajuda da família para dar conta do trabalho.

iG: Ainda existe machismo nas empresas?
Chieko Aoki: É verdade que ainda há casos de discriminação em relação às mulheres, tanto nas tentativas de crescer dentro do ambiente de trabalho, quanto no relacionamento interpessoal com a equipe. Se isso não acontecesse, não teríamos tantos movimentos nas empresas trabalhando na diversidade com foco nas mulheres. Recentemente, ouvi de uma alta executiva de uma grande empresa respeitada no mercado que ela estava sendo sutilmente discriminada na ampliação de suas responsabilidades, ou seja, estavam limitando oportunidades para o seu crescimento. Por isso muitas empresas têm comissões de diversidade, focando na ampliação das mulheres no mercado de trabalho. Com todos estes movimentos, em pouco tempo este tema será uma questão superada, como aconteceu com muitas conquistas e mudanças, cujos benefícios temos a felicidade de usufruir, como igualdade no direito ao voto, acesso a educação e etc.

iG: Existem diferenças na forma como mulheres e homens executam a gestão? Quais?
Chieko Aoki: Acredito que, de uma forma geral, as mulheres têm mais leveza na tomada de decisão e na atuação, porque possuem muito foco nas pessoas, no ser humano. Nesse aspecto, como acredito que o mundo de hoje demanda mais atenção e cuidado com as pessoas, as mulheres são ótimas líderes. A mulher conta com participação, presença, flexibilidade, sensibilidade, sabedoria de ouvir e de se fazer ouvir. E essas características estão gerando mudanças nas comunidades – seja na empresa, nas cidades, no mundo político, nos negócios, na família, isto é, na sociedade como um todo. Ao mesmo tempo, não podemos deixar de reconhecer que existem muitos pontos positivos no estilo de liderança masculino, como objetividade e foco no resultado de forma pragmática. Não acredito que existe padrão, especialmente quando se trata de homens e mulheres; cada ser humano é complexo, mas único. Assim, é difícil dizer de forma radical que mulheres têm qualidades diferentes dos homens e vice-versa. Ao mesmo tempo, homens e mulheres estão aprendendo mutuamente com estilos de cada um e, em breve, vamos ver qualidades e formas de liderar similares, nos homens e nas mulheres.

iG: Em algum momento você pensou em desistir ou não investir tanto na carreira como executiva?
Chieko Aoki: A gente pensa em desistir sempre que encontra dificuldades ou quando as coisas não andam na velocidade ou da maneira como queremos. Mas isso dura no máximo um dia, porque no dia seguinte já estou pronta para resolver os problemas e enfrentar novos desafios. Pode-se desistir a qualquer momento, isso é muito fácil. Mas não perco tempo pensando nesta questão, e sim em como fazer a empresa crescer em qualidade e em quantidade para chegar aos meus objetivos. Quero ficar satisfeita com tudo que faço e isso exige tanto empenho e energia que, na verdade, não sobra tempo para outras coisas, principalmente medo ou fraqueza.

iG: Qual foi o momento mais marcante em sua trajetória como executiva?
Chieko Aoki: Acredito que não tive momentos marcantes específicos, mas muitos momentos marcantes no dia a dia que me emocionaram, incentivaram e me fizeram acreditar que a carreira estava valendo toda a dedicação e muito mais. Quando decidi criar a Blue Tree Hotels, contei com o apoio de muitos amigos e colegas de trabalho, pessoas que acreditavam no meu profissionalismo e que me ajudaram a sonhar com uma rede de hotéis com a minha cara, meus ideais e seguindo o que acreditava ser a melhor forma de fazer hotelaria. Este foi um momento muito importante na minha trajetória, pois nunca fazemos nada sozinho.

iG: Você já buscou aconselhamento de mulheres executivas, com mais experiência?
Chieko Aoki: Uma das executivas que admiro é a Luiza Helena Trajano. Além de ser uma grande empreendedora, com visão estratégica e inovadora, ela é um ser humano de uma generosidade imensa, com uma preocupação genuína pelo bem-estar das pessoas. Outra grande fonte de aprendizado é o Grupo de Mulheres Líderes Empresariais, o qual presidi por dois anos, e cujo objetivo é ampliar a inserção das mulheres nas lideranças privadas e públicas da sociedade brasileira.

iG: Você acredita que a forma como as mulheres são vistas dentro das empresas mudou nos últimos dez anos?
Chieko Aoki: Com certeza muita coisa mudou nos últimos anos. Quando comecei minha carreira, eram poucas as mulheres no ambiente hoteleiro. Alguns homens ficavam constrangidos com a minha presença em reuniões, mas mesmo assim eu sentia que era convidada para participar de muita coisa justamente por ser a única mulher. Hoje esse preconceito quase não existe mais, pois a presença da mulher no mercado de trabalho é uma tendência natural. A mulher vem realizando papel cada vez mais importante e maior na sociedade, inclusive em altos cargos executivos. Resumindo, houve muita mudança nos últimos dez anos e vamos ter muitas mais e com maior velocidade, porque, como já disse anteriormente, a própria sociedade e o mercado mudaram. Hoje, eles precisam contar muito mais com a visão e o jeito de fazer das mulheres para atender, ou perceber, as necessidades do mercado.

iG: Qual é seu maior modelo ou pessoa que serviu de inspiração para sua carreira?
Chieko Aoki: Muitas pessoas me inspiraram em minha carreira. Recebi ótimos conselhos de personalidades maravilhosas, como Akio Morita, fundador da Sony. Uma vez ele me disse para nunca desistir da excelência ou de atingir meus sonhos, mesmo enfrentando dificuldades, pois essas situações são grandes lições camufladas para testar nossa capacidade. Também aprendi muito com os ensinamentos de Peter Drucker, John Naisbitt, Jim Collins e outros gurus e visionários do mundo dos negócios.

iG: Qual seu livro preferido, de cabeceira?
Chieko Aoki: Tenho muitos livros do Peter Drucker que gosto de ler e reler com frequência. Outro livro que mantenho sempre comigo é “Empresas feitas para Vencer”, de Jim Collins.

iG: Qual o seu conselho para jovens executivas que estão começando a carreira?
Chieko Aoki: Minha recomendação é que as mulheres continuem, agilizem e fortaleçam as metas e o ritmo que vêm abraçando para serem excelentes profissionais. Trabalhar, suar, buscar sempre o melhor resultado de qualidade e quantidade continuam sendo os requisitos básicos para ter sucesso no trabalho. As empresas querem rentabilidade e expansão e isso se alcança com profissionais qualificados, éticos e com boa energia. Felizmente, vejo que as mulheres estão nesta linha, estão investindo e abraçando esse jeito de fazer e ser, plantando as sementes para um futuro diferente.

FONTE: IG ECONOMIA