segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mercado de estreias em Bolsa deve esquentar em abril

Ernst & Young Terco espera 20 novas empresas na Bovespa este ano, se a Europa não voltar a prejudicar os investidores

Aline Cury Zampieri, iG São Paulo | 27/02/2012 05:51

O mercado brasileiro de ofertas iniciais de ações de empresas novas deve começar a esquentar no começo de abril. A previsão dos especialistas leva em conta uma estabilização na crise europeia e a continuidade da liquidez financeira no mundo.


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Para a Ernst & Young Terco, 2012 terá cerca de 20 estreias de empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O número previsto é idêntico ao esperado para 2011, mas que não se concretizou. No ano passado, a crise europeia trouxe novos episódios, que desencorajaram empresas e investidores, e apenas 11 companhias entraram na Bovespa.

“A situação de 2012 é parecida com o começo de 2011”, diz Paulo Sergio Dortas, sócio-líder das área de IPOs (sigla em inglês para oferta inicial de ações) da Ernst & Young Terco. “Há ativos de qualidade e as empresas vão entregar resultados”, continua. “Mas, nesse ano, pelo menos os Estados Unidos já trazem notícias melhores. Temos que torcer para que a Europa não piore.”

O ano de 2012 começou com uma situação que parece paradoxal. Pelo menos as duas primeiras empresas que abririam capital via ações – Seabras e Brasil Travel – desistiram. A primeira adiou seu lançamento por questões operacionais, mas a companhia de turismo não gostou do preço que os investidores toparam pagar por suas ações: R$ 1 mil, abaixo da faixa esperada, entre R$ 1.250,00 e R$ 1.650,00 por ação.
Apesar das desistências, o Ibovespa segue subindo e recuperou um bom terreno, após ser a pior opção de investimento de 2011. No ano, até 17 de fevereiro, o índice sobe 16,6%, no maior patamar em dez meses.


Bolsa é a melhor aplicação de janeiro, com alta de 11,13%



Alexandre Gartner, chefe de pesquisa do HSBC, lembra que o movimento principal que mudou a percepção dos investidores sobre o mercado foi a liberação da linha de US$ 500 bilhões a bancos da zona do euro pelo Banco Central da região, o BCE, em dezembro. “Apesar de não ter sido uma grande mudança estrutural, foi um ganho de liquidez que deu aos governos tempo para resolver os problemas de dívidas. O risco se reduziu”, disse.

Essa nova percepção liderou dinheiro para os mercados emergentes, mas por enquanto esses recursos estão em opções de menor risco e maior liquidez. “Os investidores começam pelos ativos maiores, mais líquidos e, portanto, de alocação mais fácil”, afirma.

Guilherme de Morais Vicente, sócio responsável por ações da Mauá Sekular, acrescenta que esse dinheiro novo encontrou empresas com histórias conhecidas, pagando bons dividendos e baratas em bolsa. “É mais fácil comprar uma companhia com histórico conhecido do que uma incógnita.” Gartner complementa que, em geral, um IPO representa uma nova empresa, que o mercado não conhece e por isso embute um risco maior.

Para os especialistas, os investidores precisam de um tempo para passar do investimento líquido e certo ao mais arriscado. E abril deve ser a janela para que as operações comecem a sair, de acordo com eles. Isso se a Europa der uma trégua.

Vicente, da Mauá, acredita que as novas aberturas de capital devem mostrar um mercado de capitais brasileiro mais maduro. “Vejo como emblemático o spin-off da Vigor”, diz, referindo-se à operação que separa em duas uma empresa já listada na Bolsa. Para ele, esse tipo de operação deve ser cada vez mais comum no mercado local.

“O número de empresas com potencial de valer R$ 1 bilhão em bolsa em 2005 não passava de 500. Hoje, há pelo menos duas mil companhias assim”, diz. “Há cada vez mais empresas buscando dinheiro no mercado para crescer e, com o desenvolvimento do mercado, fazem operações cada vez mais sofisticadas.”

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FONTE: IG ECONOMIA

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Curso de Découpage – Aula 1

Programa, o que você irá aprender:

•Definição do que é Découpage
•Material básico
•Preparação da peça ou objeto onde será feita a Découpage
•Découpage Usual
•Découpage Estilo
•Découpage Profissional
•Découpage em 3D
•Découpage em vidros
•Découpage em plástico
•Acabamento interno

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Exigência maior de capital afetará crédito, diz presidente do Itaú Unibanco

Para Roberto Setúbal, regulação mais rigorosa do sistema financeiro global deve ter baixo impacto sobre o Brasil

AE | 24/02/2012 18:03

O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, disse hoje que uma regulação mais rigorosa do sistema financeiro global deve ter baixo impacto sobre o Brasil e maior sobre os países ricos. "A exigência maior de capital deve afetar a oferta de crédito e crescimento nesses países", disse ele.


Leia: Crise financeira pede reforma tributária global, diz OCDE


"Mas novas regras devem afetar pouco o Brasil, que já vinha de nível se segurança maior do que outros países", ressaltou, após entrevista coletiva do Instituto Internacional de Finanças (IIF) que antecede a reunião do G20, na Cidade do México, neste final de semana. Segundo ele, a situação fiscal e reservas mais robustas deixam o Brasil "muito bem posicionado" para enfrentar a crise global.
Setúbal também avalia que os bancos brasileiros não devem enfrentar nenhum problema com as regras de liquidez adotadas pelo Banco Central no final do ano passado e disse que o Itaú Unibanco já está 100% em linha com as exigências do BC.


Veja: Itaú Unibanco lucra 9,7% mais em 2011 ante 2010


O executivo disse que o IIF é favorável que novas regras de regulação do sistema financeiro sejam adotadas em todos os países e ao mesmo tempo. "Regras particulares de países não têm apoio do IIF", afirmou, sem fazer referência a nenhum país, como os Estados Unidos, por exemplo, que adotaram a "Regra Volcker" de regulação das instituições financeiras do país.

FONTE: IG ECONOMIA

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Guerra cambial global se intensifica, diz Mantega


Segundo o ministro da Fazenda, o Brasil está "bem preparado" para defender o real de apreciação indesejada

AE | 23/02/2012 18:10

A "guerra cambial" mundial vai se intensificar neste ano conforme a economia mundial perder fôlego, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, acrescentando que o Brasil está "bem preparado" para defender o real de uma apreciação indesejada. "O crescimento econômico mundial em 2012 será menor que em 2011. Um dos resultados do desaquecimento é a intensificação da guerra cambial global", afirmou o ministro. 
O afrouxamento monetário nas economias desenvolvidas desde o surgimento da crise financeira levou as moedas desses países a perder força, tornando as exportações dessas nações mais competitivas no comércio global e levando os investidores a aplicar em ativos com taxas de retorno mais altas - caso do Brasil e de outros países emergentes.


Veja: Corte abre espaço para juros menores, diz Mantega


Diante disso, o real, por exemplo, ganhou força e do início do ano até agora acumula ganho de 9%. Mantega, no entanto, disse que o governo brasileiro tem "um grande arsenal de instrumentos" que utilizará para "evitar uma apreciação excessiva" da moeda, mas se recusou a dizer qual seria a faixa de preço ideal para o real.
Desde 2010, quando o ministro começou a falar das "guerras cambiais", o Brasil usou uma série de ferramentas para conter o avanço da moeda, como compras frequentes de dólares pelo Banco Central, além de operações ocasionais de swap em que os investidores trocam títulos ligados à moeda norte-americana por papéis indexados aos juros locais. Outras medidas incluem impostos sobre empréstimos estrangeiros de curto prazo e sobre posições vendidas em dólar no mercado futuro e em investimentos de renda fixa de curto prazo.


Mais: Mantega acredita em um 2012 melhor para a indústria


A preocupação do governo com as movimentações no câmbio será uma das prioridades do Brasil na reunião do G-20, que acontecerá no próximo fim de semana, mas a crise de confiança nas dívidas soberanas da Europa também deve estar na pauta do encontro.
"Os europeus - e não somente eles, porque os EUA também carregam sua parcela de responsabilidade - estão pesando sobre a economia mundial", disse Mantega. O Brasil expressará na reunião de ministros de Finanças do G-20 suas preocupações sobre as políticas europeias que têm como foco apenas os problemas imediatos relacionados ao endividamento, não questões mais amplas sobre como estimular o crescimento da economia mundial, acrescentou.


Também: O PAC de 2012 será o maior que já tivemos, diz Mantega


"A barreira não está completa e há risco de contágio, inclusive para as economias emergentes", disse o ministro, referindo-se aos mecanismos da União Europeia para evitar a disseminação da crise. As informações são da Dow Jones.

FONTE: IG ECONOMIA

Empresas ensinam funcionários a cuidar do dinheiro

Depois da onda da sustentabilidade, a moda da educação financeira começa a ganhar espaço nas companhias brasileiras

Olívia Alonso, iG São Paulo | 23/02/2012 05:50
Depois da sustentabilidade, que começou a ganhar espaço no Brasil na última década, agora é a vez da educação financeira. Companhias de diversos setores da economia e diferentes portes estão contratando especialistas e capacitando voluntários para dar aulas para seus funcionários e suas famílias. O que vem impulsionando esta nova onda é o aumento da oferta de crédito no País e do poder aquisitivo dos trabalhadores, além da queda dos juros, segundo especialistas.


Foto: Divulgação Ampliar
Funcionários do Itau Unibanco participam de palestra sobre educação financeira


“Hoje temos uma taxa de juros menor do que em outros períodos e um maior acesso ao crédito,” afirma Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade do Itau Unibanco. Quando tomam dinheiro emprestado e não conseguem controlar suas contas, os consumidores acabam se endividando. “Em geral, as empresas acreditam que tendem a perder em produtividade quando seus trabalhadores têm problemas financeiros”, diz Conrado Navarro, consultor do programa Consumidor Consciente da Mastercard.
Assim, ainda que o aumento do consumo eleve as receitas das companhias, o consumismo desenfreado pode ser um tiro no pé, já que os consumidores são também os trabalhadores. Por essas razões, a educação financeira em empresas está virando “uma febre” no País, diz o educador financeiro Wilson Muller, da Fundação Cesp. “Vai ser a próxima onda da economia, depois da sustentabilidade. É uma tendência cada vez maior no Brasil,” diz.
Na fundação, ele faz parte de uma equipe de quatro educadores, que fazem palestras e cursos sobre diversos temas de educação financeira para funcionários de dez companhias do setor de energia, em diversas regiões do País. “Fazemos diversas viagens para usinas espalhadas pelo País para ensinar funcionários,” diz Muller. Além disso, algumas vezes no ano o grupo tem um reforço de consultores externos para dar orientações para quem está para se aposentar.




Jurandir Macedo, educador do Instituto de Educação Financeira (IEF), afirma que vem sendo mais procurado por companhias de diversos portes nos últimos anos para montar programas de educação financeira. Ele trabalhou quatro anos como consultor no Banco do Brasil e hoje faz parte da equipe do Itaú.
Denise conta que o banco lançou um programa interno de educação financeira há três anos. Desde então, 80 mil dos 106 mil funcionários da instituição já passaram por aulas ou palestras de orientação sobre finanças pessoais, segundo a executiva. O Itau Unibanco também capacita funcionários e parentes ou amigos para disseminar a educação financeira. Ao todo, já foram habilitadas 777 pessoas, que atuam como voluntárias em suas comunidades ou em empresas. “Também somos procurados por companhias para fazer parcerias. Já educamos em torno de 1400 pessoas de outras empresas,”diz Denise.


Foto: Divulgação Ampliar
Wilson Muller, da Fundação Cesp, dá orientações sobre orçamento doméstico para trabalhadores de empresas de energia


Alguns dos principais desafios para a disseminação da cultura de cuidados com as finanças pessoais, segundo consultores, é a pequena oferta de educadores financeiros no Brasil e a falta de hábito dos brasileiros para cuidar de seu dinheiro. “É uma questão cultural, muitos só procuram ajuda quando já estão tecnicamente falidos,” diz. Sobre a falta de profissionais especializados, Fábio Morais, diretor de educação financeira da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), comenta que no Brasil muitos consultores e professores de finanças que acabaram assumindo o papel de consultores financeiro.
A dificuldade é ainda maior para o ensino de crianças, diz Wilson, da Cesp. “Os adultos até conseguem informações na internet e em livros. Mas ainda há um deficit muito grande nas escolas,” acrescenta. Segundo Morais, isso já está mudando no País. Ele conta que a Febraban tem um projeto para transformar professores de matemática em educadores financeiros. A principio, serão capacitados mil professores, de cerca de 40 escolas brasileira.




Dos ditados às empresas

Com as novas investidas das companhias, o Brasil começa a deixar para trás sua deficiência em educação financeira que, segundo especialistas, é herança de uma história recente de inflação altíssima no País, que se arrastou até 1996. “Assim que recebiam seus salários, os trabalhadores iam para o supermercado para estocar produtos, ainda que não precisassem. Era um período em que não conseguíamos planejar nada e tínhamos que estocar,” diz Conrado Navarro, do blog Consumidor Consciente.
De lá para cá, o País teve três gerações sem conhecimento sobre gestão do dinheiro. “Hoje o que temos são vítimas desta história,” diz Macedo. Especialista na história da educação financeira do Brasil, o consultor diz ainda que o tema já esteve na pauta de muitas reuniões familiares no passado, antes dos períodos de inflação alta, mas em um outro formato. “Era comum o aprendizado de finanças pessoais por meio de ditados populares,” diz.
Era comum ouvir ditados como “não adianta o homem ganhar dinheiro de balde e a mulher gastar de colherinha” e “Eu não economizo mixaria. Mas se você não economizar mixaria, você nunca vai ter nada alem de mixaria para economizar,” diz. No passado, acrescenta o especialista, a função da mulher era cuidar de casa e educar os filhos para consumo.



FONTE: IG ECONOMIA

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

COMPANHIA AÉREA OFERECE OPORTUNIDADE DE FAZER SEXO NAS ALTURAS

Por cerca de R$ 730 em voo de uma hora casal tem direito à cama, champagne, chocolate e também à discrição do resto da tripulação

BBC Brasil | 22/02/2012 08:32


Uma empresa aérea da cidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, oferece aos seus passageiros a possibilidade de fazer "sexo nas alturas".

A Flamingo Air, que opera voos em jatos, promete em seu site uma experiência que o cliente "nunca se esquecerá".

A ideia surgiu de uma aposta entre os pilotos da companhia aérea. Eles apostaram que ninguém conseguiria convencer sequer um casal a pagar por uma viagem de jato.

Em 1991, eles passaram a oferecer o serviço "especial". Desde então, segundo a Flamingo Air, milhares de passageiros já passaram pela experiência.

A aposta acabou se transformando em uma oportunidade de negócios. A empresa cobra US$ 425, ou cerca de R$ 730, pela suíte.

Por essa tarifa, um casal tem direito à cama, champagne, chocolate e também à discrição do resto da tripulação, já que a única coisa que separa a suíte da cabine do piloto é uma cortina.

No entanto, a companhia aérea afirma que a discrição é total, já que o piloto passa o tempo todo com fone de ouvidos.

O capitão David McDonald, que pilota muitos dos voos, promete discrição total. No entanto, ele revelou ao site da rede de TV de Cincinnati WCPO que já foi atingido por um salto alto e por uma rolha de champagne.

A empresa afirma que 90% das reservas da companhia são feitas por mulheres, que buscam uma experiência romântica diferente.

O voo dura uma hora e os clientes podem escolher entre alguns itinerários. A época de maior demanda pelo serviço são os dias próximos ao Dia dos Namorados.

FONTE: IG ECONOMIA

KHAIR: “ACREDITO QUE O GOVERNO MEXA NAS REGRAS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS AINDA NO PRIMEIRO SEMESTRE”

Entrevista | 06:06

Um dos maiores especialistas em finanças públicas no país e ex-secretário de Finanças de São Paulo, o economista Amir Khair acredita que o governo ainda tem “muita bala na agulha” para enfrentar a crise mundial e garantir um crescimento maior em 2012

No entanto, vê como medida fundamental enfrentar a “distorção” entre a taxa básica de juros e as taxas praticadas pelo mercado. Apenas reduzir a Selic, cortar despesas e garantir o superávit primário, segundo afirma nesta entrevista ao Poder Econômico, é pouco. Khair alerta ainda para as – boas – conseqüências de um país com juros de um dígito: “Acredito que o governo mexa nas regras de aplicações financeiras ainda no primeiro trimestre”.

Poder Econômico – Qual análise sobre o anúncio pelo governo de corte de R$ 55 bilhões no Orçamento?

Amir Khair – Tecnicamente, o governo precisa fazer o corte. O tamanho vai ser definido no decorrer do ano de acordo com a arrecadação, com a receita projetada para 2012. Ou seja, o corte pode ser maior ou menor. Essa calibragem é importante para o cumprimento do superávit primário [3,1% do PIB, segundo meta do governo]. Eu acredito que o governo vá cumprir o prometido. Conheço a equipe econômica e sei que, se seus integrantes falam que vão cumprir, vão cumprir.  O mais importante, porém, é a meta de resultado nominal, aquele que inclui os juros. Não levar em conta os juros é tapar o sol com a peneira. Os juros ainda serão pesados esse ano. Aposto que a taxa básica termine o ano em torno de 8%.

Poder Econômico – Mas e a inflação?

Amir Khair – O Ministério da Fazenda e o Banco Central já estão convencidos, só não podem revelar explicitamente, que para estimular o consumo os juros têm menos efeito do que as medidas macruprudenciais. Não é a Selic que controla o consumo. Aos poucos isso vai sendo reconhecido pelos analistas. No momento em que isso ficar mais claro, as taxas de juros para o tomador final cairá. A nossa maior distorção econômica não é a Selic, é a taxa de juros ao consumidor.Isso é que vai estimular o crescimento e, logo, ampliar a arrecadação. Sobre inflação: em 2012 a tendência é de preços internacionais comportados. A crise impedirá ampliação de exportações pela China, o mercado americano não comportará aumento de consumo amplo, logo, a inflação de fora não ocorrerá. Por aqui, a inflação é de serviços, taxas administradas e taxas de juros na ponta.

Poder Econômico – Como resolver o descasamento entre Selic e juros de mercado?

Amir Khair – O governo é que manda nos bancos públicos. E pode fazer. O ex-presidente Lula chegou a demitir um presidente do Banco do Brasil que resistiu baixar os juros finais.Sofreu críticas. O tempo mostrou que estava certo. O que determina o lucro do banco não é o juro alto, mas o volume de crédito. O volume aumentou e a inadimplência no Banco do Brasil caiu. Vê o balanço. Está lá. Hoje, pega o ranking. O BB e a Caixa [Econômica Federal] estão se destacando. Tenho dúvida que o governo trilhe esse caminho. Mas precisa afinar os bancos públicos à sua política. Uma medida que seria eficaz é uma política diferenciada de depósito compulsório. O banco que praticar taxas menores tem obrigações menores no compulsório [o montante de recursos que os bancos são obrigados a deixar no Banco Central]. Isso o Conselho Monetário Nacional pode fazer.

Poder Econômico – Como vê as medidas tributárias setoriais?

Amir Khair – São de baixa eficácia. Funcionam um pouco. Mas o impacto é pequeno. O governo tem muita bala na agulha. Ainda pode fazer muita coisa para enfrentar a crise e estimular a a economia. O fundamental é entender que só baixar os juros básicos é pouco. Promover corte de gastos há limite. O governo vai cumprir o superávit primário para atender o mercado. É importante. Mas deve olhar o superávit nominal. Não pode deixar o esforço fiscal ser comido pelos juros e ainda a distorção entre o básico e o mercado impedir o crescimento.

Poder Econômico – Como vê o impacto da redução dos juros nas aplicações financeiras?

Amir Khair – Vão ter que mexer. Isso o governo está vendo. É o caso da poupança, das aplicações de renda fixa. Não pode deixar que os investidores migrem para outras aplicações. Acredito que o governo mexa nas regras de aplicações financeiras ainda no primeiro semestre. Mas tudo tem que ser articulado. O governo não pode cometer o mesmo erro do ano passado, quando segurou as macroprudenciais até setembro. O estrago já estava feito. Agora há a imposição de um crescimento de 4,5% do PIB este ano. Não podemos crescer 2,8%, o mesmo que um Estados Unidos em plena crise. Nós estamos mal pra burro. Acredito que a presidente Dilma não deixará que isso se repita em 2012.