segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

IR 2013

Receita libera programa do IR 2013 nesta segunda-feira

Declaração poderá ser preenchida pela internet ou entregue em disquete nas agências da Caixa Econômica ou Banco do Brasil

Agência Brasil | - Atualizada às
 
 

Agência Brasil
 
 
A Receita Federal liberou hoje (25), às 8h, o programa gerador do Imposto de Renda Pessoa Física 2013. Para fazer o download, o contribuinte deve acessar o site da Receita Federal. Os contribuintes que entregarem a declaração no início do prazo (1º de março), sem erros, e tiverem direito à restituição, terão a chance de receber o dinheiro nos primeiros lotes.
O mesmo ocorre com as pessoas com idade superior a 60 anos, que terão prioridade em receber a restituição, em observância ao Estatuto do Idoso. O prazo da entrega será dia 30 de abril. A declaração poderá ser preenchida pela internet ou em disquete nas agências da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil.
 
 
 
 
 
QUEM DECLARA
 
Estão obrigados a declarar os contribuintes que receberam rendimentos tributáveis cuja soma foi superior a R$ 24.556,65 em 2012. O valor foi corrigido em 4,5% em relação ao ano anterior. A obrigação de declarar alcança também aqueles que receberam rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40 mil.
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Prazo para entrega termina em 30 de abril
A apresentação da declaração é obrigatória ainda para quem obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, ou obteve receita bruta com atividade rural superior a R$ 122.783,25.
Quem tinha, até 31 de dezembro de 2012, posse de bens ou propriedade, inclusive terra nua, com valor superior a R$ 300 mil, também está obrigado a declarar. A Receita publicou um manual com perguntas e respostas para o contribuinte com dúvida sobre o preenchimento da declaração.



DEDUÇÂO

O valor limite para a dedução com instrução será R$ 3.091,35. Por dependente, o contribuinte poderá abater R$ 1.974,72. No caso das deduções permitidas com a contribuição previdenciária dos empregados domésticos, o valor do abatimento pode chegar a R$ 985,96. Não há limites para os gastos com despesas médicas.
A expectativa da Receita Federal é receber 26 milhões de declarações. Em 2012, 25.244.122 contribuintes enviaram a Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física.


 
 
 
FONTE: IG ECONOMIA

domingo, 24 de fevereiro de 2013

MUITAS REUNIÕES

CEO CONSEGUE DINHEIRO

MSN Forbes Brasil
 
CEO consegue US$ 8 milhões para sua empresa em duas semanas
 
 
Confira o que Tom Serres fez diariamente

 
MSN Forbes BrasilIBM
Forbes Brasil
 

O diário de um dos maiores levantamentos iniciais de fundos de todos os tempos

 
 
 

Tom Serres conseguiu levantar US$ 8 mi para sua empresa em duas semanas de forma incomum

 
 

Tom Serres e a filha Madison (© Reprodução)
Tom Serres e a filha Madison (Reprodução)

Tom Serres teve de enfrentar uma escolha. O CEO da Rally.org, site de levantamento de fundos para campanhas políticas e outras causas sem fins lucrativos, tinha acabado de levantar um financiamento de US$ 3,5 milhões de grandes investidores do Vale do Silício, como Reid Hoffman, fundador do LinkedIn. Mas ele precisava de mais.


Com o aval dos investidores, Serres poderia ter levantado em uma longa rodada, o que tiraria seu foco do Rally por meses. Ou o organizador do site crowdfunding poderia fazer algo sem precedentes: levantar dinheiro em uma rodada inicial multimilionária pela internet, de uma única vez. Ao escolher a segundo opção, Serres queria capitalizar a atenção deles, definir uma linha de tempo e condensar o processo de captação de recursos em poucos dias.


Serres resolveu arriscar. No dia 15 de maio de 2012, a rodada da Rally foi aberta pela AngelList, uma rede social para startups e investidores, e os investimentos começaram a entrar. O empresário e pai solteiro passou 12 dias em uma missão que teria derrubado um homem mais fraco: respondeu a quase 3.000 e-malis, viajou para Texas, Lousiana e Washington D.C. e se encontrou com mais de 70 investidores, frequentemente em companhia da filha, Madison, 4 anos. Ao final, ele conseguiu 18 apoiadores e US$ 4,4 milhões.


Veja a rotina de Serres no período:


14 de maio, segunda-feira
Hoffman e os outros dois investidores, Mike Maples e Eric Ries, investem US$ 3,5 milhões na primeira rodada da Rally.


15 de maio, terça-feira
10h11. Da matriz da empresa, em São Francisco, Serres entra na página de levantamento de fundos da AngelList. Isso diz ao site que eles está procurando por investidores.

10h12. O primeiro investidor, de Austin, entra em contato com Serres por mensagem. Na hora seguinte, 61 fazem o mesmo.

12h. Serres pede a seu assistente, Sam Burkett, que limpe sua agenda na semana e marque encontros com investidores.


17h18. Tim Feriss, autor de “4-Hour WorkWeek” (“Trabalho Semanal de 4 horas”, em tradução livre), entra e contato e Serres demora quatro minutos para respondê-lo.

19h. Janta espaguete, toma banho e coloca sua filha Madison para dormir.

20h19. Feriss telefona e quer ver o PowerPoint usado na apresentação para levantar fundos de investidores. Serres liga para o diretor de criação, Jeff Castellana, para atualizar a plataforma da empresa.

22h15. Feriss liga de volta e diz: “Essa é a plataforma mais bonita que eu já vi.” Ele se compromete a investir e pede que guarde um espaço para Kevin Rose, fundador do site de entretenimento Digg.


16 de maio, quarta-feira
1h. Serres vai dormir depois de 550 e-mails ao longo do dia.

6h30. Telefonema de um possível investidor: Josh Spear, fundador da consultoria Undercurrent.

10h43. Após cinco encontros e seis telefonemas de investidores, Serres conversa com Burkett, que confidencia: “eu surtaria quando tivesse que tomar banho pela manhã”.


17 de maio, quinta-feira
5h14. O fundador da Vignette Corp., de serviços executivos, Ross Garber, compromete-se a investir com uma mensagem: “Dentro.”

8h34. Serres e Madison vão para Austin, no Texas, para encontros com representantes da Universidade do Texas.

12h31. “Eu entendo que você esteja em uma agenda apertada para levantar fundos”, escreve por e-mail Peter Boboff, da empresa de investimentos Transmedia Capital. “Normalmente, eu não agiria tão rápido, mas gostaria de me comprometer.”

15h. Serres volta à universidade para discutir captação de recursos de ex-alunos.

20h. Serres checa sua filha dormindo e responde e-mails até as 22h.


18 de maio, sexta-feira
6h. Uma ligação via Skype com Habib Haddad, empresário e investidor de Beirute, no Líbano.

8h. Serres participa de uma mesa de discussão sobre negócios.

9h30. Serres e Madison se encontram com representantes da investidora Vianovo Ventures.

17h. Serres encontra Kevin Rose em Nova Orleans, que confirma o investimento.

18h. Liga para John Occhipinti, da empresa de investimentos Relay Ventures.


21 de maio, segunda-feira
9h, Depois de um fim de semana checando e-mails e de voltar para São Francisco, Serres se encontra com Occhipinti por uma hora no escritório da Rally.

12h. Recebe um telefonema de Jessica Jackley, do Collaborative Fund, que investe em tecnologias emergentes.

15h. Depois de alguns encontros, Serres fala com Maples, que o conecta a Tom Steyer, bilionário fundador da empresa de gerenciamento de capital Farallon Capital.

16h. Serres fala com Rob Hayes e Kent Goldman, da empresa de investimentos First Round Capital.

17h. Telefonemas de Steyer e, mais tarde, do investidor inglês Michael Birch.


22 de maio, terça-feira
7h30. Outra ligação de Occhipinti.

8h30. Telefonema do ex-publicitário Alex Bogusky.

9h30. Vídeoconferência com Occhipinti e parceiros do Relay.

15h17. Um e-mail de Michael Birch: “Gostaria de fazer parte disso.”

17h30. Happy hour em um bar com os funcionários da Rally.


23 de maio, quarta-feira
8h. Telefonema com Ephrain Luft, ex-CEO do Circle of Moms, grupo de mães on-line. Mais cinco encontros com investidores durante o dia.

17h. Serres se reúne com os pintores que trabalham na casa para que ele está se mudando.

18h. Steyer se compromete via e-mail. “Estou exausto, tentando manter contato com todos os investidores”, envia também por e-mail Robin Stenersson, um advogado da Gunderson Dettmer.


24 de maio, quinta-feira
12h. Encontro com a Relay Ventures.

14h15. Conversa com Kevin Rose e a Google Ventures.

20h41. Sonolento na sala, Serres recebe uma mensagem de Occhipinti: “Estamos dentro.” Uma hora depois, ele responde e pega um voo para Washington D.C. para o casamento de um amigo.


25 de maio, sexta-feira
9h. Encontro com a Transmedia Capital na Rally.

11h51. Serres e Madison saem de D.C.

12h. A rodada acaba oficialmente.

14h54. Serres consola uma empresa de investimentos que chegou muito tarde: “Desculpe pelo atraso. Essa realmente não é uma arrecadação de fundo normal.”



Atualizado: 23/02/2013 | Por J.J. Colao- Forbes Brasil


FONTE: FORBES - MSN

sábado, 23 de fevereiro de 2013

MICROCRÉDITO PARA EMPREENDEDORES


Microcrédito estimula crescimento de quem quer investir em negócio próprio

Dinheiro emprestado pelos chamados bancos do povo ajuda brasileiros que desejam trabalhar por conta própria.


Sair do anonimato. Trabalhar por conta própria. Dona Ruth Rodrigues começou a sonhar com isso ainda menina. Já nasceu com talento para a costura.
"Quando você vê a peça pronta você fica alegre. Quando você vê a pessoa vestindo a peça e saindo satisfeita, aí alegra o coração da gente e a gente quer continuar melhorando, fazendo mais", diz a modista Ruth Rodrigues.
E ela fez muito, trabalhando 12, 13 horas por dia. Sempre no quartinho dos fundos de casa em Diadema, na periferia da Grande São Paulo. Até que um dia, junto com a filha, virou o jogo para sempre.
Há cerca de três anos, dona Ruth e a filha resolveram abrir uma loja para vender as roupas. Mas o dinheiro era curto e tudo o que elas conseguiram foi montar um box, de seis metros quadrados, no centro comercial. Mal cabia roupa, balcão, experimentador, tudo.
"Nessa loja tem o meu tamanho. E assim, quando a gente tem um problema, aqui mesmo ajusta, já saio com a minha mercadoria de acordo com o meu tamanho”, conta a freguesa Nadir Garcia.
"A gente começou a trabalhar sob medida. As pessoas vinham, traziam uma entrada, e aí com aquela entrada, a gente fazia a roupa da pessoa. Quando entregava, ela pagava o restante e a gente trabalhava com aquele valor”, explica a lojista Aline Rodrigues.
Mas nunca sobrava o suficiente para instalar e equipar uma loja pra valer. Só deu certo quando fizeram empréstimo no banco.
O primeiro empréstimo que fizeram foi de R$ 500. “Deu para fazer bastante coisa. Para quem não tinha nada, já foi muito.", lembra.
Esse pouquinho que vale ouro é dinheiro emprestado por bancos especializados em microcrédito - os chamados Bancos do Povo. O Crédito Solidário, do qual Aline faz parte, reúne empreendedores em pequenos grupos para estimular a parceria. Aqui, todos se comprometem com o pagamento das prestações, se, por algum motivo, um dos participantes não puder quitar.
"É isso o que a gente deixa bem claro na reunião, é o compromisso. E isso o pessoal tem bastante. Principalmente aqueles que têm restrição no nome. Esses que são as pessoas mais assíduas, são aqueles que pegam e pagam em dia”, conta a agente de crédito Carla de Jesus.
E a lojista Kelly Palazan acredita que isso dá mais segurança. “É melhor do que você ir pegar um empréstimo sozinha”, diz a lojista.
Kelly e o marido têm uma pequena loja de artigos religiosos, nos fundos de uma galeria, no centro de Diadema.
A sacoleira Maria Angélica da Silva é revendedora de roupas de cama, mesa e banho. Aceita encomendas, tem vendedoras que vão de porta em porta e também promove os produtos em reuniões com amigas do bairro. No Natal de 2012, pegou R$ 1.000 de empréstimo para comprar um estoque maior.
Angélica afirma também que vai continuar pegando esses empréstimos. “Vou continuar, porque eu quero crescer. Eu quero ver se eu consigo montar uma grande empresa para mim. Trabalhar, para ter as vendedoras e uma loja para mim mesma. O que eu quero fazer é parar de trabalhar em reuniões, mas vender numa loja. Montar uma loja pra mim”, conta.
As mulheres lideram o mundo do empreendedorismo. Metade dos negócios gera renda mensal de dois a três salários mínimos. E apenas 25% já começam como empresa registrada. A informalidade é a porta de entrada para a maioria. Gente com vontade de trabalhar, mas sem um centavo de capital próprio.
"Elas vão precisar de um empurrão aqui, outro ali, vão precisar melhorar os seus negócios, buscar outras qualidades, e isso vai permitir que elas cheguem muito longe", explica o diretor do Crédito Solidário Almir da Costa Pereira.
O comerciante José Elnir Rodrigues da Silva, único homem no grupo batizado de "mulheres conquistadoras", é um caso desses. Com o nome negativado, ele só voltou a fazer planos depois de descobrir esse sistema de empréstimos.
"Como me salvou. Chegou como socorro imediato mesmo, porque através desse microcrédito é que eu dei uma reerguida, na verdade", conta o comerciante.
José reforma e revende eletrodomésticos descartados. Tem uma loja e também faz consertos a domicílio, em toda Diadema e vizinhança. O objetivo é aumentar bem o negócio. "Eu tenho planos de colocar pelo menos dois carros na rua, ter uma equipe trabalhando na rua”, planeja o comerciante.
Confiança no futuro. Este é o resultado mais concreto do suporte que o grupo dá ao empreendedor individual. A cabeleireira Jeane da Silva que o diga: quando a sociedade com a irmã acabou, ela ficou com apenas a metade do salão, e não tinha como se reerguer sozinha.
"O meu primeiro empréstimo foi de R$ 800. Aí, com esses R$ 800 eu comprei uma cadeira, usada, bem velhinha", lembra a cabeleireira.
Comprou a cadeira, fez um novo estoque de produtos, quitou prestações atrasadas e aproveitou para investir na propaganda. Com 100 mini-panetones, numa véspera de Natal, ela começou de novo. "Eu dava os panetones, dava o cartãozinho, e fui fazendo uma clientela fiel. E o que acontecia? Uma cliente indicava outra, eu dava uma hidratação. Chegava o aniversário da cliente, eu dava uma escova” Tudo idéia de Jeane, que diz gostar bastante de ler. “Aí, lia os grandes empreendimentos, e pensava ‘o que eu posso fazer?’. Se eles oferecem champagnes para clientes deles, eu vou oferecer mini-panetones, porque é o que entra no meu orçamento e eu trabalho em um bairro que é simples", completa.
Até a filha acabou adiando os planos de estudar medicina porque já tem trabalho.
Radhleen Lopes da Silva, filha da Jeane, ganha seu salário no salão da mãe. “Minha mãe paga direitinho. Tudo o que fizer, ela tira o produto, e o resto é meu”, conta.
O marido, Eliseo Medeiros, que é metalúrgico durante a semana, nem consegue mais descansar. "Fim de semana ele rala junto comigo igual um escravinho”, conta Jeane.
"Elas gostam quando eu lavo o cabelo, tanto é que elas pedem às vezes pra minha esposa para que eu lave o cabelo delas. Então, eu acredito que eu esteja agradando.", revela Eliseo.
É tanto capricho, que Jeane já garantiu o que é mais sólido nesse tipo de negócio: a fidelidade da clientela.
"Um dia eu mudei pra outro salão mais perto de casa, a menina foi fazer as luzes e colocou uma touca térmica pra andar mais rápido, danificou o meu cabelo. Aí eu percebo que não vale a pena mudar”, conta a dona de casa Edinete Reis Santos, que afirma ter confiança no trabalho de Jeane.
Não demorou muito para o espaço na garagem da casa alugada ficar pequeno. O próximo passo é ter o próprio imóvel, um lugar onde ela possa fazer o salão dos sonhos. "Que eu quero uma sede própria, eu quero. Se eu posso pagar mil e tanto de aluguel, por que eu não posso pagar o financiamento de uma casa?", planeja a cabeleireira.
E o que será do futuro, Jeane? Ela conta: "Um lugar amplo, com no mínimo cinco cadeiras, cinco cabeleireiros trabalhando para mim, no mínimo três manicures, e vários locais da cidade".

Quem quiser, pague pra ver. Com um passo de cada vez, elas vão longe. Aline e a mãe já estão trabalhando para ampliar a estrutura. Querem ter certeza que podem lançar uma marca exclusiva.
"Nosso foco agora é a oficina, para a gente poder comprar máquina, investir no tecido, contratar mão-de-obra, porque o que minha mãe faz já tá sendo pouco, porque a gente precisa de mão-de-obra pra trazer mais, pra vender mais, pra comprar mais”, diz Aline.
A empresa realmente cresceu.


Edição do dia 22/02/2013
22/02/2013 23h23- Atualizado em 22/02/2013 23h52

FONTE: GLOBO REPORTER

EMPREENDEDORAS CRIATIVAS FOCAM A INCLUSÃO SOCIAL

 

Irmãs criam linha de bonecas com necessidades especiais

Com iniciativas como os bonecos da inclusão, pequenos empreendedores são responsáveis por mais de 70% dos empregos no Brasil.

 


Na era dos brinquedos eletrônicos, será que bonequinhas de pano ainda conquistam as crianças? E como. Criadas e produzidas em São Paulo, falta pouco para serem exportadas para a África.
As irmãs microempresárias Lúcia e Joyce Venâncio contam que por me produzem cerca de 2.000 bonecas e que chegam a fazer 80 bonecas por dia. “Nós fizemos um trabalho de pesquisas em bairros A, B, C e D, pra saber como seria a aceitação desse produto no mercado”, conta a microempresária Joyce Venâncio. E Lúcia Venâncio garante: "Boneca eu posso dizer com certeza que é de zero à melhor idade".
Mas antes de vencer com as bonecas, as irmãs Venâncio experimentaram o gosto amargo do fracasso. Foi com um café chique, que abriram no bairro. “Nós só pensamos mesmo no visual desse café e na satisfação de ter um negócio. É claro, pensávamos em ganhar dinheiro, mas sem planejamento", lembra Joyce.
Descobriram tarde demais que no bairro em que abriram o café é muito raro alguém parar para tomar um cafezinho. Depois, com o projeto das bonecas, planejaram tudo. Não cederam ao impulso do improviso.
"Esse é um dos grandes erros. É você fazer algo que te dá prazer, mas não saber se esse trabalho é bom para o público e se vai te render alguma coisa também”, reflete Joyce.
Inspiradas em um bonequinho negro que a avó fez para Joyce, as netas criaram vários modelos e apostaram numa idéia surpreendente: bonecos de inclusão.
"Eu tenho a boneca cadeirante, muletante, com síndrome de Down, obesa. Tem a boneca da quimioterapia, a cega com o cão-guia”, conta Joyce.
“Gratificante é quando entra alguém com síndrome de Down e pega a boneca e não quer nem que embrulhe, ela sai segurando uma referência que ela busca no mercado e não existe”, se orgulha Lúcia. E os bonecos de inclusão têm ainda outro papel, como explica Joyce. “Nas escolas, essas bonecas não são para ficar na prateleira, e sim para estar trabalhando no dia-a-dia, falando das diferenças, colocando a importância da inclusão”.
Pesquisa de mercado, planejamento detalhado e sonhar com os pés no chão. Três regrinhas fundamentais, mas só para começar, porque a lista é longa.
“Informação hoje é a principal mola de crescimento. Quem não tem conhecimento, dificilmente vai pra frente”, conta o presidente do Sebrae Luiz Barreto.
Quem pretende ser o próprio patrão, não pode se iludir. Empresas de qualquer tamanho dão sempre muito trabalho. Mandamento número um: não dar o passo maior do que a perna.
Às vezes, um passinho para trás pode ser um recuo estratégico. A Kelly, por exemplo, acaba de sair do grupo de microcrédito em Diadema. Para diminuir os custos, ela trocou a Grande São Paulo por uma cidade no interior de Minas Gerais e lá pode abrir sua lojinha num espaço melhor.
"Tendo responsabilidade e comprometimento, eles podem crescer”, diz a agente de crédito Carla de Jesus.
O comprometimento com a qualidade do produto é a porta de entrada para a exportação. Outro ponto importante: ter olhos bem abertos para as oportunidades.
"A associação existe há 21 anos, então, nunca tinha chegado alguém da Amazônia, lá de Manaus, com essa proposta”, conta o comerciante Virgílio Ramos.
E a microempresária Maria de Nazaré Nascimento já sabe aonde quer chegar. “Eu quero poder dar muitos e muitos empregos, dar oportunidade, poder crescer para cada vez mais melhorar a qualidade do meu trabalho", planeja.
Hoje, Nazaré e todos os pequenos empreendedores são os responsáveis por mais de 70% dos empregos gerados no Brasil. Na oficina de bonecas, a costureira Ivone Maria dos Reis é um bom exemplo. Já na idade de se aposentar, ganhou uma nova profissão e muita esperança.
"Eu nunca esperava que eu fosse poder ter esse orçamento que eu tenho agora, graças ao trabalho da Preta-Pretinha”, conta a costureira.
É assim que os pequenos negócios vão dando frutos, gerando renda e abrindo oportunidades.


Edição do dia 22/02/2013
22/02/2013 23h41- Atualizado em 23/02/2013 00h00


FONTE: GLOBO REPORTER

AS EMPREENDEDORAS


Mulheres abrem suas próprias empresas e dão a volta por cima

Brasileiras que conseguiram abrir seus próprios negócios e superar histórias de pobreza e dificuldade contam suas experiências.

 
Na loja da microempresária Ana Lúcia Reis, o movimento é para valer: das 8h às 23h, de segunda a sábado.
Ana hoje tem uns 300 clientes: a freguesia é fiel, as funcionárias têm carteira assinada e a proprietária garante que só está começando.
"A minha vontade agora é pegar a parte de cima e botar só a passadoria. Já fico sonhando em cada canto uma passadeira passando as roupas, contratando um boy fixo, de carro mesmo, pra poder entregar as minhas roupas”, conta Ana Lúcia, que diz ainda que não esperava esse sucesso todo dentro da comunidade, que fica na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, Rio de Janeiro. “Eu achava que teria sucesso no asfalto, não na comunidade. Mas a comunidade acabou me surpreendendo, eu faço sucesso aqui na comunidade mesmo.", garante a microempresária.
Em 2009, Ana estava desempregada e sem dinheiro. Mas tinha intuição e uma enorme vontade de vencer. A lavanderia começou como a maioria dos empreendimentos no Brasil: bem pequena, em casa mesmo. “E acabou dando tanto sucesso que eu acabei ganhando mais que meu esposo. E foi daí que veio a idéia de realmente montar uma lavanderia", conta Ana.
O primeiro passo para sair da cozinha foi se instalar em um quiosque, emprestado da associação dos moradores do morro. Lá, Ana fez uma aposta com o marido.
"’Se passar dos seis meses e não quebrar, a gente vai em frente’. E foi aí, quando chegou os seis meses, fizemos uma festa. Agora não quebra mais, agora é só divulgar e fazer sucesso”, comemora.
Daí para a loja foi um pulo.
A dona-de-casa Glória Gonçalves diz o que acha do serviço. “Ah, muito boa, roupa cheirozinha, muito boa a roupa", elogia.
Quem lavava as roupas do cabeleireiro Moisés Neves era a mãe dele. Agora, ela se aposentou dessa função. “Agora só venho aqui”, conta.
Se a freguesia não traz a roupa, Ana manda buscar. Se a entrega é longe, manda levar.
"Eu faço a minha propaganda, eu mesmo vou pessoalmente, faço boca-a-boca, quando é cliente pela primeira vez eu mesma vou visitar, eu mesma me apresento como dona, mostro o panfleto e dou desconto. Se for cliente de toda a semana, ele ganha um quilo grátis, e daí vai a divulgação deles", diz a microempresária.
Na comunidade, dizem que ela ficou rica. Mas ela jura que, ainda, não.
"A maior parte do nosso lucro a gente reinveste na loja, a gente não tira não, não tira nem o nosso, às vezes até põe da nossa casa, do extra que nós temos, que eu tenho uma casa alugada, meu esposo trabalha como motorista, e o dinheiro dele e o meu vem pra loja", conta Ana.
A Ana sonha grande, ela quer ver o nome da lavanderia espalhado pelo Rio. E é melhor não duvidar dela: já foi criada a primeira filial da futura rede, na comunidade do Tuiuti, zona norte da cidade.
Outra que também pega no batente é dona Zenir Ribeiro, cheia de orgulho pelo sucesso da filha. "Eu estou feliz porque ela conseguiu o que ela queria, graças a Deus", diz a mãe de Ana, Zenir Ribeiro.
Ana deixou a escola na sexta série, quando ficou grávida aos 15 anos. Com apenas 35, é mãe de quatro filhos e avó de duas netas. Agora, quer recuperar o que deixou de lado. Nos planos estão o supletivo, a faculdade de administração e quantas lojas puder abrir.
"A próxima lavanderia eu não quero mais em comunidade. Eu quero lá em baixo, no asfalto, na rua principal. Não quero ficar na mesmice. Quero sair do morro e continuar com minha lavanderia de raiz aqui em cima, mas lá embaixo sair o nome da comunidade, que saiu uma do morro e foi pro asfalto”, conta Ana.
Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a artesã Francisca Fernandes também pensa grande. Sobre até onde ela planeja chegar, ela é categórica: “Até onde Deus permitir. Se Deus permitir que eu vá à Lua, eu vou".
E se der, vai mesmo. Vencer obstáculos é uma coisa que ela sabe fazer muito bem. "Eu fiz grinalda pra defunto, eu fiz arranjo de noiva, eu costurei, eu passei, eu cozinhei, eu lavei roupa, eu já fui de tudo, já fui estilista de moda, já fiz de tudo para ver se mudava a situação", conta a artesã.
Analfabeta, não tinha nem documentos. E a vida ia de mal a pior: "Já dei um filho porque eu não podia criar. Meu filho mais velho desmaiou de fome, e eu sem poder fazer nada porque era difícil a vida por eu nem saber escrever, não tinha como trabalhar. A pessoa não dava emprego por eu não saber ler nem escrever."
Trabalhando como mecânico, seu Firmino, o marido, ganhava bem, mas não cuidava da família. Até que um dia, ele exagerou: negou R$ 1 para comprar pão. "Ele olhou bem para mim, enfiou a mão no bolso, pegou R$ 50, passou na minha cara e disse: ‘eu trabalhei, ganhei, então vou pro bar beber e escutar música do Roberto Carlos’”. E não deu R$ 1 para a esposa.
Nesse dia, ela apostou a última esperança: moldar figuras em biscuit, uma técnica de artesanato que tinha visto na televisão. A matéria prima era muito cara. Ela foi misturando o que tinha em casa: óleo, goma de mandioca, vinagre e sabonete. "Tentava fazer de todos os jeitos. Quando eu botei o sabonete, foi o ponto. O essencial foi o sabonete”, explica Francisca.
Os instrumentos de trabalho também foram improvisados: um pedaço de raio de bicicleta, agulha de crochê, um pedaço de cano, palito de coqueiro.
"A gente decorava sabonete, fazia ímã de geladeira, fazia chaveirinho, e todo mundo achava feio porque era aquela coisa envernizada, aquela coisa brilhosa e o povo criticando, dizendo que era feio", conta.
As críticas negativas, as dificuldades para produzir e vender a sua arte nunca abateram Francisca, ao contrário. Como boa nordestina, essa mulher tem na perseverança o seu traço fundamental. Franscisca fez de Lampião e Maria Bonita seus personagens favoritos e, como eles, nunca desistiu da luta.
A luta melhorou muito depois que ela fez um curso de artesanato. O casal de cangaceiros ganhou estilo, em novos modelos e vários tamanhos. Com a ajuda da filha Adriana, a produção cresceu e as vendas também. Mas havia ainda muito que aprender. Até para tirar os documentos.
"Meu filho escreveu meu nome na parede: Francisca Fernandes – arte em biscuit. E aí, todo dia eu ficava ali sentada na porta, contando quantas letras tinha o meu nome e quais eram as letras do meu nome para poder escrever direitinho, correto, o meu nome. Para mim, foi como se eu tivesse nascido de novo, e outra coisa: melhorou minha autoestima. Eu virei outra pessoa”, comemora a artesã.Carlinhos, o filho mais velho, largou o emprego para trabalhar com a mãe e a irmã. Juntos, eles formam uma equipe de produção impressionante: em um mês, chegam a fazer cinco mil peças.
"O nosso carro-chefe são as peças miúdas e essas peças pequenas têm uma produção muito rápida. Num dia eu consigo fazer 150 cabeças dessas. A minha irmã já coloca o cabelo, o chapéu e está pronto", explica Carlos André de Sousa, filho de Francisca.
E será que não cansa? Adriana de Sousa, filha de Francisca, diz que não. “Às vezes enjoa de fazer tanto cangaço, mas aí eu faço uma caricatura, uma bonequinha colorida, e daí já começo de novo no cangaço", conta.
As caricaturas são de gente famosa: Xuxa, Ana Maria Braga, Louro José, Amy Winehouse, e até Michele Obama.
Com isso, a vida da família mudou muito. “Meu sonho era ter dois pares de chinelo e eu já tenho todos os que eu quero. A gente tem internet em casa, nunca que pensei ter internet.”, diz Francisca. Agora, não falta mais nada em casa. “Tudo o que eu quero, vou ao supermercado e compro. As pessoas me ajudar a chegar a ter nome de celebridade".
Dez anos atrás ela precisava implorar R$ 1 do marido. Agora, seu Firmino jura que nem se lembra dessa história. E diz que tem o maior orgulho dela. "Uma mulher que nem essa daí não é todo mundo que tem não. São poucas", elogia o aposentado Francisco Firmino da Costa Neto.
A microempresária Maria de Nazaré Nascimento é uma dessas mulheres. Em São Luís, capital do Maranhão, não há religioso que não conheça os paramentos que ela produz. E ela sonha até em fazer roupa para o Papa. “É verdade. É um sonho, e eu vou realizar", confirma rindo.
E se essa baixinha promete, ela cumpre. Até chegar a seu atelier, num casarão histórico do centro da cidade, foi uma longa caminhada. E ela chegou. "Eu tenho que contar essa história muitas e muitas vezes, para encorajar essas mulheres que às vezes acham que não tem mais jeito, que tem que se entregar e não é bem assim, tem que acreditar, correr, trabalhar, coragem, pensar nos filhos”, incentiva.
Tudo começou numa pequena cidade do interior do Maranhão, onde Nazaré vivia sob o domínio de um marido muito violento. Foram tempos de dor e de medo, para ela e para os quatro filhos menores. Pra sair dessa situação, Nazaré precisava ter um trabalho. Para isso, ela foi estudar corte e costura, escondida do marido.
"Não tinha liberdade, ele não deixava. Até mesmo ir para a missa, tinha que ser escondido, era aquela coisa. E eu vivendo aquela vida de desespero, de sofrimento, muitas vezes faltava comida, não pela pobreza, mas pela ruindade dele mesmo”, diz Nazaré.
Recém-formada, ela fez as primeiras vestes litúrgicas seguindo as orientações de um padre amigo. Mas o negócio não dava certo no interior. Ela tinha que encarar a mudança para a capital.
"Falei assim: ‘mãe, seja o que Deus quiser’. E ela falou: ‘vai, tu vai conseguir. Se você não conseguir, você volta, mas vai conseguir e nem vai querer voltar’", conta a microempresária.
E ela foi, mesmo precisando deixar pra trás as filhas pequenas. Na bagagem, levou quase nada: só mesmo as máquinas usadas.
Para quem começou só com duas máquinas velhas, sua oficina dá bem a medida do sucesso de Nazaré. Hoje são 14 funcionárias e a equipe deve crescer ainda mais. Trabalho é o que não falta. Só para a Páscoa do ano passado, as costureiras chegaram a produzir, em um mês, mais de 1500 peças.
"Quando eu cheguei em São Luís, eu não tinha condições nem de alugar uma casa, por mais barata que fosse. Batia nas portas das lojas de tecido, contava a minha situação e nada. Porque assim: ‘você tem cartão?’. ‘Não’. ‘Tem cheque?’. ‘Não’. ‘Então nós não vendemos’. Aí muitas vezes eu deixava de comprar alimentação para comprar o tecido, porque eu tinha que pagar o aluguel, pagar a água, pagar a luz e não tinha outra saída", lembra Nazaré.
Católica fervorosa, Nazaré fez muitos amigos na igreja e, com a ajuda deles, venceu. Hoje, são clientes fiéis, que recebem de volta o carinho da amiga.
O padre Cosmo de Sousa Almeida sempre compra fiado com Nazaré, mas garante sempre pagar. “Pago direitinho. Mas a gente paga como pode. Ela diz ‘quando puder, deposita’, e dá o número da conta. Aí, a gente deposita e liga pra ela”, conta rindo o padre.
E Nazaré diz nunca ter sido enganada: “Nunca perdi, nenhuma conta. Eles pagam direitinho".
O padre Tarcísio Sousa explica o porquê de todo padre ficar amigo de Nazaré. “Porque ela é um amor”, garante. E quando ela diz a mesma coisa dos padres, o padre Tarcísio completa: “É um amor mútuo, recíproco, entre nós e a Nazaré. Com certeza”.
Na Catedral da Sé, padre Cesar confessa: tem uma coleção de peças do atelier. “Eu me sinto muito bonito. E mais que bonito, mais realizado, feliz. Dona Nazaré contribui para essa nossa alegria de sentir-se bem vestido", conta rindo o padre.
Feliz nos negócios e no amor: o novo marido de Nazaré trabalha no ateliê. E se conheceram na igreja.
No almoço, patroa e funcionárias dividem a mesma mesa. Muitas das mulheres viviam em dificuldades. Nazaré deu a elas profissão e esperança.
"Eu não sabia costurar. Ela disse que se eu quisesse aprender, ela me ensinava”, conta a costureira Lilian Aguiar, que diz ainda que estava precisando muito do emprego. “Eu não sabia nada e é difícil achar alguém que queira ensinar como ela fez", conta a costureira.
Apenas dez anos, e a costureirinha do interior virou capitã de uma próspera empresa familiar. As filhas criam os desenhos e controlam modernas máquinas de bordado. O filho é o gerente.
"É um dos motivos de eu chorar, porque tem hora que eu me belisco. ‘Será que sou eu? Como eu cheguei aqui? Como eu consegui sobreviver?’", se questiona Nazaré.
E ela ainda quer muito mais. Gerar novos empregos é só um dos planos para o futuro.
“Esse choro é de felicidade, de vitória, de sucesso”, afirmou a costureira.



Edição do dia 22/02/2013
22/02/2013 23h07- Atualizado em 22/02/2013 23h52

FONTE: GLOBO REPORTER

BRASIL NO TOP 10 DO EMPREENDEDORISMO

 

Brasil está entre dez maiores países empreendedores do mundo

União de produtores, inovação e qualidade levam produtos orgânicos brasileiros para outros continentes.

 

A paisagem até lembra a Europa. Mas é no interior de São Paulo, distante apenas 90 quilômetros da capital.
Qualidade de vida, quem não quer? Mas para tirar o próprio sustento da produção de figos, não é fácil.
"O figo é um fruto assim muito delicado, ele precisa de água e ao mesmo tempo não pode ser muita água. Ele é muito exigente.", explica a produtora Lurdes Scabello.
A colheita é 100% manual. Nada pode ser feito com máquinas. Lurdes produz ótimas frutas e já pensa em exportar. Mas por onde começar quando se é tão pequeno ainda?
Para um pequeno produtor, conseguir certificar e exportar os figos é um sonho quase impossível. O processo todo é muito caro e muito difícil. Agora, se esse produtor se unir a outro, e mais outro, o grupo pode ganhar força. Juntos, eles podem dividir despesas, resolver os problemas, e ter melhores condições pra negociar o produto.
Já são 22 produtores de figo no grupo que recebe apoio e suporte da Associação Agrícola de Valinhos. É o velho ditado: a união faz a força.
"Todos compram no mesmo patamar, independente da quantidade. Tem produtor que compra um item, tem produtor que compra dois mil itens, e o preço é igual para todos. Então, com isso o pequeno conseguiu um fôlego para se manter na produção”, conta o presidente da Associação Agrícola de Valinhos/SP, Pedro Pellegrini.
Fôlego e asas para voar. Ano passado a turma foi para Paris e visitaram a maior feira mundial da indústria de alimentos. De olho nas exportações, eles saíram do Brasil pela primeira vez para pesquisar o assunto pessoalmente. Conheceram de perto o principal concorrente, o figo da Turquia. Fizeram contatos com produtores de vários países e trouxeram de volta inspiração para trabalhar mais, muito, e de um jeito novo.
"Visitando um stand de italianos, a moça tinha demonstração de esfoliante, de creme hidratante, tudo feito com figo”, conta a produtora Márcia Previtali.
"Desde papinha de bebê, calda pra acompanhar algum prato salgado, dá pra fazer patê, creme, figo com chocolate, dá pra fazer o que você quiser", se empolga a produtora Ivete Lacarini.
"Até fazer embalagens menores, porque hoje em dia tem um consumidor que muitas vezes não compra oito figos, ele pode comprar quatro. Então, a gente está com a idéia de mudar um tipo de embalagem menor", explica o presidente do Sindicato Rural de Valinhos/SP, Alci Roberto Previtali.
Lurdes não foi a Paris desta vez. Ficou para não deixar o marido sozinho cuidando do pomar. Mas adorou as novidades que os outros trouxeram. Especialmente sobre embalagens – um item fundamental para quem pretende conquistar o mundo.
Lurdes se orgulha de imaginar sua caixinha de figos chegando à Europa. “Muito chique”, ri.
É pra se orgulhar mesmo: o Brasil está entre os dez maiores países empreendedores do mundo. 27 milhões de brasileiros, ou já tem a sua empresa formalizada, ou estão se preparando para isso. A boa notícia é que 73% dos negócios já sobrevivem ao segundo ano de vida.
"E a outra questão muito importante: a busca permanente pelo conhecimento, pela informação. No mundo moderno de hoje, aquela velha frase que a gente já escutou muitas vezes, ‘o meu avô sempre fez assim’, ‘meu pai sempre fez assim’, hoje isso não é mais assim”, conta o presidente do Sebrae, Luiz Barreto.
Inovar é a regra número um para o empreendedor. É assim que seu Virgílio Ramos ficou famoso na maior feira orgânica de São Paulo. " Isso é alimento dos deuses. Os maias e os astecas já reverenciavam essa fruta. Bom pra circulação, bom pro coração, bom pro bom humor também", contou.
O alimento milagroso é o cacau. Mas também tem o açaí e a castanha, tão competentes quanto. "A castanha tem um mineral chamado, que é selênio. Quando você consome o produto assim, você está colocando pra dentro os flavonóides e antioxidantes", explicou.
Ninguém resiste. Os produtos são saborosos, vêm direto da Amazônia, são produzidos em alta floresta com certificação ambiental, tudo do bom e do melhor. Parece fácil, mas no começo era apenas um sonho - praticamente impossível. "Porque você chega num lugar, ninguém te conhece, ninguém sabe do teu produto", disse.
O comerciante Virgílio Ramos saiu de Manaus e desembarcou em São Paulo sabendo apenas que deveria procurar o mercado municipal. "Foi assim: todas as bancas do Mercado Municipal eram de seis metros, e me deram um metro praticamente. O que é um metro? Quase que nada pra expor os produtos que eu tinha, exclusive a castanha, e após cinco horas eu tive uma verdadeira posição de onde eu estava. No primeiro dia, sem conhecer, eu apurei R$ 700. E o que eu pensei? Eu estou rico em São Paulo", conta Virgílio.
15 anos depois, seu Virgílio administra uma próspera empresa. Tem um espaçoso depósito refrigerado, máquinas que garantem a eficiência das embalagens, e principalmente se orgulha de ter inventado um jeito novo de vender açaí: ele compra a fruta congelada, manda liofilizar, e depois vende o pozinho - que diluído em água vira suco, sopa, creme.
"Esse é o melhor açaí do mundo. Ele obedece toda a cadeia produtiva: o preço justo para quem trabalha, a mão-de-obra não é escrava, e cada pessoa que colhe recebe o preço justo", se orgulha Virgílio.
São detalhes fundamentais para quem trabalha com produtos orgânicos. "A minha família já tem o hábito de consumir o produto orgânico dessa feira", conta a analista de RH Creila Pereira.
Não basta ter sabor, tem que estar certificado.
Roger Augusto Ramos, filho do Virgílio, acredita que o pai deu a tacada certa nos negócios. “Sem ele não ia dar certo", diz.
Quem está de olho nessas castanhas agora é a Ásia. Seu Virgílio já recebeu consultas e propostas para exportar para vários países. O segredo? Disciplina, força de vontade e visão de mercado.
Sobre se acha que está ficando importante, seu Virgílio diz, sorridente: “É, o produto também. O produto por si só fala".

Edição do dia 22/02/2013

22/02/2013 23h08- Atualizado em 22/02/2013 23h52

FONTE: GLOBO REPORTER