Metade dos americanos já mentiram sobre dinheiro para o
cônjuge. Esconder dívidas ou compras pode ser tão destrutivo quanto a
infidelidade sexual. Veja os sinais
Taís
Laporta- iG São
Paulo|
Extratos bancários que somem sem deixar rastros. Ligações de uma empresa de
cobranças. Nervosismo quando o assunto é a fatura do cartão. São estes os sinais
de que seu parceiro pode ter um amante: neste caso, o dinheiro. Quando um dos
cônjuges esconde informações financeiras do outro – seja dívidas ou compras por
impulso –, ele comete a chamada traição financeira, que pode ser tão destrutiva
quanto um caso extraconjugal.
“A infidelidade financeira não difere de outros tipos. Ela pode até
ser mais aceita socialmente do que a traição sexual ou afetiva, mas envolve
quebra de confiança do mesmo jeito”, explica o educador financeiro André
Massaro.
Apesar de grave, muitos casais consideram aceitável mentir sobre
dinheiro, especialmente o público masculino, explica a consultora de finanças
Suyen Miranda. “Ainda vivemos em uma cultura machista na qual os homens acham
que não precisam dar satisfação para as mulheres sobre sua vida financeira”.
Por conta disso, é comum atropelar os objetivos em comum do casal –
como comprar um carro financiado para a família de forma antecipada, sem
consultar a parceira. Mesmo que ela discorde do ato, o pretexto mais usado, de
acordo com Suyen, é que a aquisição do bem foi uma surpresa ou uma decisão “para
o bem da família”.
Quando um dos cônjuges começa a fazer muitas compras, procurando
esconder o que adquire ou dando justificativas do tipo “estava em liquidação”, é
um sinal de alerta, segundo Massaro. Outro indício, observa o educador, é a
chegada de correspondências desconhecidas de instituições financeiras, ligações
de cobranças ou tentativas (algumas vezes grosseiras) de evitar falar sobre
dinheiro em casa.
Esconder os recursos financeiros da família – registrados no extrato
bancário, talão de cheques ou a fatura do cartão de crédito – é outro sintoma de
uma possível infidelidade com as finanças, aponta a consultora Suyen.
Mulheres traem mais nas compras
Uma pesquisa do site americano Today.com , em parceria com a revista
Self, mostrou que 46% dos 23 mil americanos consultados já esconderam do
parceiro informações sobre dinheiro. Quando se trata de ocultar compras, as
mulheres traem mais: 32% delas admitiram a infidelidade, enquanto 17% dos homens
fizeram o mesmo.
Sacar dinheiro da conta conjunta sem avisar o cônjuge e esconder
compras no fundo do armário são as formas mais comuns de infidelidade, aponta o
estudo. Na opinião de 66% dos entrevistados, ser honesto sobre as finanças é tão
importante quanto a fidelidade sexual.
Entre os que admitiram a traição, 13% se divorciaram ou foram à
ruína financeira devido a esse comportamento. O principal motivo para a
infidelidade, para 34% dos consultados, foi por discordar do parceiro quanto às
formas de lidar com o dinheiro.
Para Massaro, mentir sobre dívidas é o tipo mais grave de
infidelidade financeira. “Esconder dinheiro ou investimentos é péssimo, mas
raramente tem um efeito além do abalo na confiança. Mas esconder dívidas pode
fazer com que uma pessoa descubra, da noite para o dia, que está financeiramente
arruinada”, explica.
Desconfiança e diálogo
Se existe uma suspeita quanto à honestidade financeira do parceiro, a melhor
saída é questionar o comportamento do cônjuge, acredita Massaro. “Uma resposta
exaltada, excessivamente emocional ou altamente racionalizada já é um sinal
suspeito e faz com que a situação mereça uma investigação mais aprofundada”.
Se a traição for confirmada, a primeira coisa que o parceiro traído deve
fazer, por mais doloroso que seja, é analisar o abalo causado, de acordo com
Massaro. As reações variam do perdão ao esquecimento (ou mesmo fingir-se de
morto) até uma ruptura sem possibilidade de retorno, analisa o educador
financeiro.
Outra alternativa para o traído é tentar chegar a um acordo com o parceiro,
orienta Suyen. Para isso, ambos devem estar dispostos a compartilhar uma vida em
comum. Isso não impede, contudo, novas traições.
Conta conjunta é solução ou problema?
Para a consultora, uma conta conjunta para o casal não é barreira para uma
infidelidade financeira, já que há outros recursos para mentir sobre gastos.
“É preferível que o casal tenha uma conta em comum para as despesas, como
luz, telefone e aluguel; e outra, individual, para seus gastos pessoais”,
recomenda.
Ter contas separadas ajuda a evitar a infidelidade financeira, acredita
Massaro, mas o recurso é limitado no caso de dívidas.
“A vantagem é que o casal ganha autonomia financeira, o que o deixa mais à
vontade para realizar gastos pessoais sem ter que dar satisfações", diz.
7 SINAIS DA TRAIÇÃO FINANCEIRA:
1 – Esconder as compras em locais pouco visíveis da casa,
como o fundo do armário
2 – Alegar liquidações para justificar compras por
impulso
3 – Receber correspondências inesperadas de bancos ou
financeiras
4 – Receber ligações de empresas de crédito que realizam
cobranças
5 – Demonstrar nervosismo durante conversas sobre
dinheiro
6 – Evitar falar sobre finanças e o orçamento
doméstico
7 – Esconder o extrato bancário, talões de cheque e a fatura
do cartão de crédito
Governo já contabiliza 22 ações contra o
leilão de Libra, 14 delas favoráveis
Certame, o primeiro do pré-sal, desencadeou batalha judicial
e alimenta greve de petroleiros
Agência
Estado-|
O balanço mais recente do governo aponta que das 22 ações judiciais
travadas em vários Estados brasileiros para tentar impedir a realização do leilão do
campo de petróleo de Libra
, marcado para segunda-feira (21), 14 são consideradas favoráveis à operação,
das quais sete já em versão definitiva.
De acordo com a Advocacia-Geral da União (AGU), as outras sete
também são avaliadas como a contento do governo porque os juízes que fizeram a
apreciação entenderam que os argumentos são semelhantes aos apresentados na
primeira ação, da 30ª Vara Federal do Rio de Janeiro e que teve resultado a
favor do leilão depois de ter sido negado pela Justiça local.
Segundo a AGU, das 22 ações que estão sob análise, sete correm no
Estado do Rio de Janeiro; outras sete, em São Paulo; duas no Distrito Federal;
duas no Rio Grande do Sul, duas no Paraná, uma em Pernambuco e uma na Bahia.
Oito delas, que também pedem a suspensão da operação, ainda não chegaram a um
desfecho. O monitoramento da AGU continuará a ser feito ao longo deste sábado
(19).
A concorrência para a exploração do campo de Libra é a primeira do
pré-sal .
Entre as alegações de quem é contra o leilão está o temor de que haverá
transferência do poder de controle da produção nacional de petróleo para
empresas estrangeiras.
Na quinta-feira (17) os petroleiros iniciaram uma greve
nacional contra a "privatização" dos campos do pré-sal. A paralisação
continuou na sexta-feira (18). O leilão do Campo de Libra também é alvo de
críticas e protestos organizados por movimentos sociais.
Entre os equívocos mais comuns estão mentir sobre o nível de inglês e
descrever hobbies irrelevantes
Os 10 erros mais frequentes no
currículo
Recrutadores de grandes empresas citam as principais gafes
de quem busca um emprego
Murilo
Aguiar- iG São Paulo|
Ao iniciar a procura por um novo ou primeiro emprego, muitos são os
conselhos sobre como montar o currículo
ideal . Para dificultar a situação, quando se pesquisa na internet um modelo
padrão, aparecem inúmeras opções. “O currículo é a carta de apresentação de um
profissional, ou seja, o passaporte para o agendamento de uma entrevista”,
avalia Glizia Prado, gerente de RH da Fiat Chrysler. Por ser uma parte
inevitável do processo, a montagem de um bom currículo é essencial e pode
definir o sucesso da busca.
Com tantas sugestões disponíveis, a probabilidade de cometer erros aumenta.
Para mostrar quais são os equívocos mais comuns e as maneiras de evita-los, o
iG ouviu recrutadores e gerentes de Recursos
Humanos das maiores empresas do Brasil. Veja abaixo os 10
erros mais frequentes no currículo apontados pelos especialistas:
1 – Mentir sobre o nível de inglês
“São incontáveis os casos de pessoas que colocam nível de inglês
fluente quando têm o básico. É impressionante. Isso não é uma omissão, é uma
mentira”, alerta Gabriela Colo, recrutadora da Havik, consultoria em RH que faz
seleções para o setor bancário e industrial. “Você chega na entrevista e a
pessoa fala: 'Veja bem, era fluente mas está enferrujado’. Isso não existe”,
completa.
Em algumas ocasiões, os recrutadores pedem que uma versão do
currículo em inglês seja enviada juntamente com a versão em português, para
avaliar o nível de conhecimento. “A gente já teve candidato que colocou [o
currículo] no Google Translator [ferramenta de tradução do Google] e saiu aquela
tradução macarrônica. É péssimo. Se tem que tomar cuidado com o português, tem
que tomar cuidado com outra língua”, comenta Paulo Moraes, consultor da
Talenses, empresa que seleciona para organizações como Alpargatas, Serasa
Experian e Johnson&Johnson.
Para impedir que isso aconteça, o profissional tem de ser honesto em todas as
informações que constam no currículo. Desta maneira, ele não perde
credibilidade, além de poupar o próprio tempo participando de entrevistas sem
ter o perfil procurado pela empresa.
2 – Colocar todos os documentos pessoais
“As pessoas têm mania de colocar os números do RG, CPF e todos os documentos
possíveis. Você está expondo uma coisa desnecessária”, conta Caroline Cobiak,
consultora da RH Across, empresa que faz recrutamento para a BRF, Whirpool, JBS,
entre outras. Ainda que o profissional passe no processo seletivo, a equipe de
RH da companhia só deve solicitar os documentos no momento da contratação.
Além disso, é preciso levar em consideração a questão da segurança pessoal.
“Não se deve colocar o endereço residencial, ainda mais se for um executivo”,
diz o headhunter Ricardo Nogueira, presidente da empresa de recrutamento Junto
Brasil. A dica é colocar apenas o nome completo, idade, nacionalidade, estado
civil e dados para contato – como telefone e endereço de e-mail.
3 – Prolongar-se nas características pessoais
É comum que o profissional comece o currículo colocando características de
sua personalidade como, por exemplo, ser observador, pró-ativo e perfeccionista.
Para alguns especialistas, esta apresentação de qualidades é muito subjetiva e
não acrescenta dados significativos sobre o candidato. “Se eu preciso de alguém
que é detalhista, eu vou checar por meio de questões [durante a entrevista]. Ele
não precisa se vender como detalhista”, diz Caroline Cobiak.
Além disso, o profissional precisa estar atento ao espaço dedicado para esta
seção. Por não ser de suma importância, o ideal é que este tópico não ocupe mais
do que algumas linhas. “[O currículo] deve ser curto o suficiente para gerar a
vontade de ler, mas na medida certa de conteúdo para ser chamado para uma
entrevista”, fala Marcelo Arantes, vice-presidente de Pessoas & Organização
da Braskem.
4 – Esconder a idade
“Existe um fantasma de que depois dos 40 anos fica difícil
conseguir emprego. Por conta disso, as pessoas acabam não colocando a idade”,
comenta Ricardo Nogueira. Segundo ele, ao omitir essa informação, o candidato
permite que o recrutador imagine a idade que quiser. “Existe um pré-julgamento
do selecionador de que aquele cara não colocou a idade porque deve ter uns 70
anos. Então o candidato que poderia ter mais chance acaba sendo preterido”,
conta ele.
5 – Limitar o objetivo de carreira
Em alguns casos, quando se constrói um currículo almejando uma vaga
específica, o profissional põe como seu objetivo ocupar apenas aquela posição.
“Se você coloca seu objetivo, eu naturalmente vou lhe descartar para qualquer
outro projeto que surja”, observa Moraes, da Talenses.
O recomendável é que seja especificada apenas a área de atuação. Para uma
vaga de analista pleno de marketing, por exemplo, o ideal é colocar como
objetivo ocupar uma posição na área de marketing ou comunicação. Desta maneira,
o currículo do candidato pode ser guardado para futuras oportunidades neste
setor.
6 – Omitir a data de conclusão da formação acadêmica
No tópico de formação acadêmica, é necessário escrever a data de conclusão de
cada curso. Isso é importante não só para que o recrutador saiba há quanto tempo
o profissional se formou, mas também para ter certeza de que o curso foi
concluído. “Existem casos em que a gente vê que não tem data de formação e no
momento da admissão, quando se pede o diploma como documentação, a gente
descobre que [o candidato] não tem. Isso inviabiliza todo o processo”, conta
Gabriela Colo, da Havik.
Para evitar mal-entendidos, a pessoa pode especificar que o curso não foi
concluído ou está trancado. “Informações inverídicas não são uma opção. Mesmo
uma pessoa que tenha um bom currículo fica marcada por falta de honestidade.
Causa desconfiança na empresa e no recrutador”, alerta ela.
7 – Colocar foto
O uso da foto no currículo só é válido quando a descrição da vaga
fizer esta exigência. “Talvez a única exceção seja em processos de projetos, que
tem um volume de vagas muito grandes. A gente utiliza sim [a foto] e até pede,
mas é só para os recrutadores terem mais uma maneira de lembrar quem é quem”,
diz a recrutadora Gabriela.
Segundo Nogueira, a foto também pode ser interpretada como uma
maneira de conquistar o recrutador pela aparência física. “A pessoa se vale de
uma foto – a mulher com o decote ou o rapaz na academia com camiseta regata”,
comenta.
8 – Ser vago na experiência profissional
Experiências anteriores são os dados mais importantes de um
currículo. Segundo os especialistas, este é o primeiro tópico que um recrutador
lê. Portanto, é preciso ter cuidado redobrado com as informações sobre passagens
em outras empresas. “Percebo, em diversas ocasiões, que as pessoas não são
claras nas contribuições que deixaram em cada empresa onde atuaram. Escrevem
muito e, às vezes, não conseguem explicar para o leitor como contribuiram”,
observa Arantes, da Braskem.
Para Ricardo Nogueira, da Junto Brasil, um bom currículo é aquele que
descreve os resultados obtidos. “Ficar falando ‘experiência em...’, ‘vivência
em...’ ou ‘habilidade em...’ é tudo pressuposto. Utilizar-se de clichês é muito
cansativo e não leva a lugar nenhum. A gente não consegue determinar previamente
se o candidato é bom”, avalia o recrutador.
O ideal é selecionar os projetos mais relevantes e interessantes que produziu
em seus últimos empregos e especificar quais ações desenvolvidas por ele foram
essenciais para o sucesso do trabalho. Além disso, é preciso escrever quais
foram os resultados do projeto, como o percentual de aumento de vendas, por
exemplo.
9 – Descrever hobbies pessoais irrelevantes
Como os recrutadores lidam com uma quantidade considerável de currículos por
dia, o profissional deve ser claro e apresentar informações que possam ser
interpretadas por quem está lendo. Isso é válido também para a descrição dos
hobbies pessoais. Assistir a filmes e escutar música são hábitos compartilhados
por muitas pessoas, o que impede que o avaliador chegue a qualquer conclusão
sobre seu comportamento.
Caso o profissional sinta necessidade, o aconselhável é que ele
descreva hobbies mais específicos. “Por exemplo, a pessoa que faz ironman
[competição de triatlo – esporte que combina natação, corrida e ciclismo] tem
que ser muito disciplinada e determinada. A pessoa que faz teatro tem uma boa
habilidade de comunicação”, observa Gabriela.
10 – Escrever anexos desesperados
Alguns candidatos restringem a formalidade apenas ao currículo e
acabam enviando textos no corpo do e-mail tentando persuadir o recrutador para
que o contrate. "Parecem correntes de internet, com o pai que a mulher abandonou
e está com três crianças. Quase que fui lá dar uma grana para o cara. É para
você ficar com dó", conta Nogueira.
Arantes, da Braskem, afirma que algumas pessoas vão além do texto. “Uma vez,
um profissional fez um currículo e junto enviou, para uma pessoa da minha
equipe, uma garrafa de cerveja e dois copos convidando-a para um happy hour para
se conhecerem”, lembra.
O profissional não pode se esquecer de que quem vai ler o currículo ainda não
o conhece, portanto, atitudes como mandar presentes podem ser mal
interpretadas.
Para evitar cometer tais erros, o ideal é que quem esteja na procura por um
emprego pesquise modelos de currículos e cartas de apresentação na internet.
Também é válido pedir para conhecidos pegarem alguns modelos de CVs que a área
de RH de suas empresas indicar. Desta forma, o recrutador prestará atenção
apenas nas suas competências e não em equívocos que podem ser facilmente
evitados.
‘Bolsa Família é pancada na velha política do
coronelismo’, diz ministro da CGU
Por Vasconcelo
Quadros- iG São
Paulo|
Para Jorge Hage, é necessário aperfeiçoar os controles,
apertar a fiscalização contra fraudes e melhorar a gestão do programa: 'O
calcanhar de Aquiles são os municípios'
Auditoria da Controladoria Geral da União realizada em 401 municípios, num
universo de 11.686 residências que recebem a Bolsa Família, aponta que é
necessário apertar a fiscalização contra fraudes e melhorar a gestão do
programa.
“O calcanhar de Aquiles são os municípios. Faltam gestores capacitados para
fiscalizar e executar a compatibilidade dos benefícios com as
condicionalidades”, disse ao iG , o ministro Jorge Hage, da
CGU.
“A reação da elite é compreensível: o povo pobre não depende mais do coronel
local. O Bolsa Família é uma pancada na velha política do coronelismo”, cutuca
Hage. “O que precisamos é aperfeiçoar os controles”, admite.
Ele afirma que os casos de recebimentos indevidos, detectados entre
vereadores eleitos em 2012, representam 3% dos beneficiários e são pequenos
diante da dimensão do programa.
“Seria ingenuidade imaginar que num programa que chega a 14 milhões
de famílias e distribui mais de R$ 20 bilhões por ano não tentassem praticar
desvios. O que não podemos, jamais, é baixar a guarda”, avisa Hage, que há sete
anos, desde que tomou posse, está na linha de frente da guerra de “gato e rato”
entre os órgãos de controle e os aproveitadores de plantão.
Foi da CGU, por exemplo, a recomendação para que o Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS) incluísse, já em 2008, no sistema um programa que
rastreia e cruza informações sobre vereadores eleitos e os benefícios.
A medida surtiu um efeito surpreendente este ano: 2.272 vereadores foram
flagrados recebendo o benefício mesmo depois da posse, em fevereiro deste ano.
Na depuração, constatou-se que 104 casos não estavam irregulares e foram
reincorporados ao cadastro, mas 2.168 acabaram cancelados.
Se por um lado a descoberta mostra pagamentos irregulares, por outro revela a
inclusão de uma pequena fatia dos alvos do Bolsa Família – que chegaram às
Câmaras Municipais e, portanto, a melhores salários –, nos sistemas políticos
municipais.
A dificuldade em esclarecer se determinada família está ou não incluída entre
os beneficiários é um dos defeitos da legislação que define os critérios do
programa: a lei não obriga a comprovação da renda, ou seja, o candidato ao
benefício apenas declara que tem renda inferior aos R$ 140,00 e passa a integrar
o cadastro.
Para o ministro Hage, eventuais mudanças nesse critério só podem ser feitas
pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Ele afirma, no entanto, que graças às
sugestões da CGU e do Tribunal de Contas da União (TCU), o MDS vem aperfeiçoando
os controles e agindo rapidamente diante da constatação de irregularidades.
No caso dos vereadores, o pagamento irregular foi descoberto assim que o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponibilizou em seu banco de dados a lista
dos eleitos em 2012. O resultado sai de um rastreamento automático, que acessa
também o banco de dados de outros órgãos públicos. Nele estão informações sobre
crédito, programas sociais, formação de empresas, propriedade de veículos e até
doações eleitorais para confrontar informações. Não escapam nem os sistemas de
crédito a agricultura familiar ou novos donos de carro usado.
Segundo o relatório da CGU, o pente fino localizou um total de 664.978
benefícios irregulares – 273.263 deles em 2011 e 391.715 no ano passado –, num
total de R$ 73.582.456,11. No lugar dos que foram cancelados, entrou um número
idêntico de famílias que aguardavam na fila.
O levantamento também constatou que em 31% das famílias entrevistadas, as
informações cadastrais estavam desatualizadas, 31,4% delas não foram localizadas
nos endereços registrados no cadastro do MDS e em 9,3% havia indícios de renda
superior. Constatou-se também que em 51 dos 401 municípios não havia
acompanhamento das condicionalidades (frequência escolar, vacinação, atendimento
a gestantes, etc.), 81 não tinham acesso a informações básicas e em outros 128
faltavam meios adequados para atuar.
O ministro Jorge Hage diz que apesar das falhas, o Bolsa Família tem
comprovada eficácia no rompimento do ciclo da pobreza, com a transferência
direta de renda, acesso a saúde, educação e assistência social.
“Duvido que algum governante tenha coragem de mexer no Bolsa Família”,
desafia o ministro. Segundo ele, os índices de irregularidade podem ser
considerados baixos quando comparados com a eficácia do programa e a capacidade
do governo em corrigi-lo.
Ele admite, no entanto, que como se trata de um programa de responsabilidade
compartilhada, é necessário fortalecer os municípios, melhorando a gestão,
capacitando as instâncias de controle social e facilitando o acesso aos bancos
de dados. Garante também que o Bolsa Família melhorou a cidadania e o exercício
do voto livre.
Transferência de renda mantém 522 mil famílias como beneficiárias e tirou 1,7
milhão de famílias da pobreza
Bolsa Família em números: confira resultados de dez
anos do programa
Por iG São
Paulo| -
Atualizada às
Transferência direta de renda mantém 522 mil famílias como
beneficiárias desde 2003, tirou cerca de 1,7 milhão de famílias da pobreza
(aproximadamente cinco milhões de pessoas) e mantém 17,5 milhões de crianças na
escola
O programa Bolsa Família levou cerca de 1,7 milhão de famílias
brasileiras à superação da pobreza. Este é o número total de famílias que
deixaram de receber o benefício por aumento de renda desde 2003, de acordo com
dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Do grupo
de 6,5 milhões de famílias beneficiadas no primeiro ano, 522 mil ainda dependem
do programa.
O tripé do programa é formado pelos benefícios de transferência de
renda, o acompanhamento das condições necessárias para manter o acesso aos
benefícios e uma série de iniciativas complementares de apoio a famílias de
baixa renda, como Luz para Todos, Brasil Alfabetizado, Farmácia Popular, Brasil
Sorridente e Minha Casa, Minha Vida.
Os mecanismos de transferência direta de renda do programa incluem
seis tipos de benefício. O básico garante o pagamento de R$ 70 mensais a
famílias com renda mensal per capita menor ou igual a este valor. Há também o
benefício de R$ 32 que pode ser pago a gestantes, famílias com bebês de até seis
meses e famílias com crianças de 0 a 15 anos. Além disso, famílias com
adolescentes de 16 e 17 anos podem receber R$ 38 mensais, limitados a dois
benefícios por família.
O mais recente, criado em 2012, é o benefício de Superação de Extrema
Pobreza, destinado às famílias que permanecem em situação de extrema pobreza
mesmo recebendo outros benefícios do programa. Neste caso, o valor varia de
acordo com as condições de cada família.