terça-feira, 7 de outubro de 2014

ELEIÇÕES & FALHAS NOS MÉTODOS DAS PESQUISAS




Ibope e Datafolha admitem falta de exatidão de pesquisas, mas defendem métodos



Por Anderson Passos -  iG São Paulo | - Atualizada às
 
            

Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, e Mauro Paulino, do Datafolha, explicam que institutos se defrontam com variáveis


Ainda que os institutos de pesquisa vendam exatidão nas pesquisas veiculadas pela imprensa, o resultado real confrontado ao dos levantamentos - mesmo os feitos no dia do pleito - voltaram a mostrar distorções com a realidade. As críticas aos institutos de pesquisas se avolumaram após o primeiro turno das eleições, em especial depois da virada de Aécio Neves (PSDB) sobre Marina Silva (PSB) na sucessão presidencial.
 
"Se essa conversa acontecesse às 15h de ontem [domingo, 5, dia do pleito] estaríamos tratando aqui de um cenário diferente. Nós conseguimos captar a virada do Aécio sobre a Marina. Na quinta-feira [2 de outubro], dia do debate da Globo, Marina tinha 24% contra 19% de Aécio. Na sexta, pós debate e pós pesquisa, que pauta de alguma forma a informação do eleitor, Aécio já tinha vantagem de 27% a 24%", explica Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope.

Orlando Brito/Coligação Muda Brasil/Divulgação - 2.10.2014
As pesquisas não foram capazes de medir o bom desempenho de Aécio Neves no primeiro turno
 
Montenegro enfatiza que o eleitor "está decidindo cada vez mais em cima da hora" e os institutos não conseguem captar essa mudança. "Tenho que fechar até 14h, 15h a pesquisa boca de urna, para que a TV possa divulgar. Nós perdemos aí algumas horas para ter uma fotografia mais exata", prossegue Montenegro.
 
Outros exemplos que colocaram em xeque as pesquisas eleitorais ocorreram nos Estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, Marcelo Crivella (PRB) tirou Anthony Garotinho (PR) da fase final contra Luiz Fernando Pezão (PMDB). No Rio Grande do Sul, mais surpresas: José Ivo Sartori (PMDB) foi ao segundo turno contra Tarso Genro (PT), governador e candidato à reeleição. Ao longo da campanha, Tarso teve como adversária mais constante a candidata Ana Amélia Lemos (PP). 
 
 
Mais: Veja a diferença entre as pesquisas e os resultados das eleições no Brasil


Para o presidente do Ibope, os debates, as pesquisas, a própria internet e os telejornais têm tido um papel cada vez maior na decisão final do eleitor. "No debate da Globo, com os candidatos ao governo do Rio, o Crivella foi muito bem. Somado a isso, Pezão cresceu e tirou votos do Garotinho. Esse movimento, nós não conseguimos captar. Além do mais, aqui no Rio, a abstenção e os votos brancos e nulos que somaram 40%. Quando fazemos uma pesquisa, consideramos que todos os eleitores vão votar", explica.
Maíra Coelho/Ag. O Dia
Carlos Augusto Montenegro diz que eleitor está consolidando o voto em cima da hora
Perguntado se os institutos de pesquisa do País deveriam rever seus métodos, Carlos Augusto Montengro rejeitou a tese. "A nossa metodologia é reconhecida mundialmente. Nós fazemos milhares de entrevistas", finalizou.
 
 
 
Datafolha
 
“Pesquisas avaliam o voto convicto, o não convicto (que é volúvel) e os indecisos”, disse à TV Folha o diretor do Instituto Datafolha, Mauro Paulino, na última segunda-feira (06). "Os não convictos podem mudar de voto [têm mais chance de mudar], são numerosos e vêm aumentando a cada eleição. É um comportamento crescente. É reflexo da maturidade política", disse o diretor do Datafolha, acompanhando a tese de Carlos Montenegro.
Paulino também concorda que as pesquisas eleitorais também são um dos elementos que influenciam a decisão final do eleitor. "As pesquisas influenciam [o voto] cada vez mais e é bom que influencie. Faz parte da democracia", justifica. 
O diretor do Datafolha sugere que devem surgir no horizonte ameaças à divulgação de pesquisas eleitorais. "Vão surgir novas ameaças de acabar com as pesquisas. Isso sempre aparece depois das eleições. Vão tenta proibir [por lei] e vão propor criação das CPI das Pesquisas".

Montenegro admite que há erros e concorda que os questionamentos aos resultados sempre existiram. Mas o presidente do Ibope pondera que "já foram muito maiores no passado do que hoje em dia".  
Na sua defesa dos levantamentos de 2014, Mauro Paulino comentou que as "pesquisas presidenciais concordaram. Foi a eleição que houve menos polêmica em relação ao resultado. Nunca os jornalistas tiveram tanto acesso aos tracking, mostraram as mesmas tendências, evidência de que resultados estavam corretos. A ultrapassagem [de Marina Silva por Aécio] se deu entre quinta e sexta e [foi] alavancada final no dia da eleição", afirmou.



Repercussão

Para o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro, a sociedade brasileira vem se transformando e talvez as amostras de grupos dos institutos de pesquisa não tenham acompanhado esse fenômeno, "o que não é culpa dos institutos", sublinha.
Outro ponto apontado por Janine Ribeiro é que fenômenos de última hora também podem influenciar o eleitor, lembrando que a explosão de uma bomba no País Basco (Espanha) acabou pautando uma mudança na formação do parlamento local em 2008.
Brasil Econômico
Mauro Paulino, diretor do Instituto Datafolha
O professor da USP, no entanto, alerta que as pesquisas claramente influenciam o voto do eleitor e lembrou que a eleição ao Senado por São Paulo em 2010 foi marcada por "falhas metodológicas das pesquisas". Naquela eleição, Netinho di Paula (PCdoB) era seguido por Orestes Quércia (PMDB) e por Aloysio Nunes (PSDB). "Naquela eleição o terceiro colocado foi o eleito e não dá pra confiar numa pesquisa dessas", enfatiza Janine Ribeiro.
 
Questionado se defende ou não limites à divulgação de pesquisas, o professor diz não ter opinião formada, mas admite a discussão do assunto. "Embora elas pautem o voto, proibi-las pode fazer com que um universo pequeno de clientes, como partidos, bancos e empresários, possam usar os dados em seu próprio benefício", aponta Janine Ribeiro.

O professor da USP se diz incapaz de comentar que contribuição alterar as margens de erro das pesquisas poderia dar para um resultado mais fiel das mesmas. "É uma questão estritamente técnica. Mas imagine uma margem de erro de cinco pontos. Quem iria se interessar por esse produto?", questiona.



Leia também: Aécio começa campanha de 2º turno reciclando slogan de Lula em 2002
     
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    2o. TURNO É DE AÉCIO NEVES




    Aécio pode aparecer na frente nas primeiras pequisas de 2º turno        

    aécio


    O resultado deste domingo para a presidência da República foi bastante surpreendente.

    A diferença entre Dilma e Aécio foi de aproximadamente 8%.

    Ela com 41,6% a 33,6%. Aécio teve uma votação muito superior a expectativa das últimas pesquisas.

    Dilma teve aproximadamente 3% a menos do que se esperava. Marina não desmoronou, mas ficou aquém dos prognósticos.

    Ela que chegou a ter no começo de setembro 34% dos votos totais, ficou com 21,3% dos votos válidos. Praticamente a mesma votação de 2010.

    Esse resultado é muito melhor para Aécio do que para Dilma. E nas primeiras pesquisas de segundo turno não será surpresa se o tucano aparecer na frente da petista. Isso é ruim, mas não é uma tragédia. Há muita disputa para os próximos 21 dias.

    O PT ganhou dois estados muito importantes no primeiro turno, Minas Gerais e Bahia, além do Piauí. O PSDB ganhou São Paulo e Paraná. No Rio Grande do Sul, o PT está na disputa, como também no Ceará e Mato Grosso do Sul. No Maranhão, ganhou o PCdoB, aliado do partido. No Rio de Janeiro, Pezão e Crivella, em tese dois candidatos da base governista, foram para a disputa. Isso pode ser bom ou ser ruim. Em Pernambuco, o candidato do PSB, Paulo Câmara, ganhou com folga. E lá Aécio teve 6% dos votos e Marina, 48%. É preciso saber o que ficou da disputa contra o PT local e se a família Campos vai de Dilma ou se vai jogar toda a sua força política para Aécio.

    Há algumas chaves para esta eleição. E que provavelmente decidirão o resultado final.

    A primeira, Dilma não pode perder tão feio em São Paulo. Aécio a superou no estado em 4 milhões de votos. Se ampliar essa margem para 6 milhões, isso praticamente selará sua vitória. Dilma fez quase 500 mil votos a mais do que Aécio em Minas e não pode deixar que ele vire por lá. No Rio, a petista teve pouco mais de 700 mil votos do que Aécio. Tem de buscar ampliar essa votação para uns 2 milhões de diferença. O que eu quero dizer com isso é que Dilma não pode perder no Sudeste por mais de 2 milhões de votos. Ou seja, se perder, tem de ser de pouco.

    O segundo desafio de Dilma é ganhar no Rio Grande do Sul e com isso equilibrar a diferença da derrota que tudo indica terá no Paraná e Santa Catarina. Não será fácil. Porque lá Tarso Genro disputa contra o PMDB. E isso pode gerar conflitos na base.

    Dilma também dificilmente não vai perder no Centro-Oeste, mas não pode perder de muito. Ou seja, pode até ter derrotas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o que parece ser uma tendência. Mas seria bom que na soma total, a diferença não passasse de uns 5 milhões de votos. No máximo 6 milhões.

    Por fim, Dilma tem que fazer de 8 a 10 milhões de diferença no Nordeste. E ganhar no Norte. E pra isso tem que fechar o apoio do PSB nordestino e fundamentalmente da família Campos. Se eles apoiarem Aécio, sua situação ficará muito difícil.

    Marina pode até apoiar o PSDB, o que será seu suicídio político e derrotará qualquer perspectiva de construção da Rede como um partido alternativo. Mas se Dilma conseguir uma costura com ampla maioria do PSB, ficará com uma parte significativa dos votos de Marina, principalmente os do Nordeste.

    Por fim, a disputa desse segundo turno será ideológica. E por isso não dá para ficar buscando votos apenas fazendo contas de estrutura. No #48hDemocracia, o professor Wagner Iglesias lembrava de quando Mario Covas, mesmo tendo perdido com larga diferença de Maluf no primeiro turno, foi para cima. E não deixou o adversário respirar na etapa final.

    Lula fez o mesmo com Alckmin em 2006. E o governador paulista acabou tendo menos votos no segundo turno do que no primeiro. Mas a partir de agora não se admite mais erros. E o PT errou ao exagerar na dose da artilharia contra Marina no primeiro turno.

    Achava-se que com isso poderia se ganhar no primeiro turno. Foi um equívoco. Ao contrário, isso liberou Aécio para se consolidar como uma alternativa de mudança.


    O copo está meio cheio e meio vazio para a disputa final. Qualquer um pode ganhar. Mas Dilma ainda continua ligeiramente favorita, mesmo podendo aparecer atrás nas primeiras pesquisas.

    Mas para vencer Dilma terá de ter muita habilidade política para lidar com sua base, em especial o PMDB. O partido disputa em vários lugares no segundo turno. No Rio Grande do Sul e no Ceará, contra o PT. E no Rio de Janeiro, contra um ex-ministro seu, o senador Marcelo Crivella. Se por acaso vier a perder o apoio do partido nesses estados, terá problemas.

    Aécio é um sedutor, ele fará de tudo para tirar apoios da base de Dilma. E tem muita gente na sua base, louquinha para mudar de namorado.


    Renato Rovai

    Por Renato Rovai outubro 5, 2014 22:32


    Veja também

     

    MARINA APOIA AÉCIO




    Marina decide apoiar Aécio em troca de compromisso real por fim da reeleição

     
    Estadão
     
       
    Candidata do PSB que ficou fora do 2º turno pede alterações no programa de governo de tucano antes de oficializar adesão. © Foto: Márcio Fernandes/Estadão Conteúdo Candidata do PSB que ficou fora do 2º turno pede alterações no programa de governo de tucano antes de oficializar adesão.
     
     
    A candidata derrotada Marina Silva (PSB) decidiu apoiar o tucano Aécio Neves no 2.º turno mediante o compromisso de apoiar causas defendidas pela terceira colocada na disputa presidencial, incluindo uma reforma política que ponha fim à reeleição. Conforme informou a colunista Sonia Racy no portal estadão.com.br, o que está em discussão é se isto ocorrerá com o PSB ou se será uma manifestação da Rede Sustentabilidade, partido que Marina não conseguiu criar em 2013 e se abrigou no partido que foi presidido por Eduardo Campos.
     
    A decisão deve sair antes do endosso formal ao tucano de Renata Campos, viúva do ex-governador de Pernambuco, morto em agosto. Renata deve formalizar o apoio a Aécio por um motivo simples: se não o fizer ou se acenar com a possibilidade de apoiar a petista Dilma Rousseff, iria contra o discurso do marido de que a presidente representava a velha política.
     
    Marina não quer condicionar sua decisão a cargos, o que ela define como “velha política”. O caminho é pedir um compromisso formal de pontos do programa de governo anunciado pelo PSB em agosto, como o fim da reeleição e uma proposta de reforma tributária. Aécio já disse publicamente ser a favor de ambas as propostas.
     
    Fora isso, a candidata derrotada do PSB também tem interesse em ver o tucano se comprometer com a manutenção das conquistas socioeconômicas dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a inclusão na agenda de cuidados com a sustentabilidade e a garantia de aumento de produção do agronegócio sem riscos à floresta amazônica.
     
    Em 2010, a ex-ministra, que como agora ficou em terceiro lugar, fez uma lista de dez itens de seu programa de governo e a enviou tanto a José Serra e quanto a Dilma, que passaram para o segundo turno. O tucano não respondeu.
     
    A petista assinou o termo, indicando aceitar o proposto, mas não chegou a cumprir isso - Marina tampouco a apoiou e optou pela neutralidade. No domingo, em discurso após reconhecer a derrota, a ex-ministra deu a entender que não ficaria neutra novamente e que os brasileiros demonstraram um “sentimento de mudança”.
     
    A tendência nos partidos que formaram a aliança de Marina é apoiar Aécio. Já se manifestaram nesse sentido o presidente do PPS, Roberto Freire, que convocou reunião do partido para hoje, quando será definida a posição oficial da legenda. Também disse que apoia Aécio o presidente do PSL, Luciano Bivar. Os dirigentes do PHS, PPL e PRP também tendem a dizer que ficarão ao lado do tucano. 
     
     
     
    Partidos.
     
    No PSB, foi marcada para esta terça-feira, 7, uma reunião da Executiva para se buscar um consenso sobre o 2.º turno. A Rede também discutem o assunto amanhã. Na quinta-feira, os partidos da coligação vão se reunir para divulgar a posição final. Mas ontem lideranças do PSB começaram a indicar preferência por Aécio ou já declararam voto no tucano.
     
    Mesmo o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, aliado de longa data e ex-ministro de Luiz Inácio Lula da Silva, sinalizou nesta segunda-feira que não se oporia ao apoio do partido ao candidato do PSDB, se essa for a decisão da cúpula partidária.
     
    “O fundamental é estar envolvido em um processo de progresso, de crescimento. Às vezes um reacionário serve de avanço.”
     
     
    Questionado se ele, que é fundador do PSB e se classifica como “homem de esquerda”, se sentiria confortável com uma aliança com o PSDB, Amaral respondeu com pragmatismo:
     
    “As alianças são táticas e, se não prejudicarem o projeto do meu partido, são válidas”.
     
     
    O vice-presidente do PSB e parceiro de chapa de Marina, Beto Albuquerque, disse que apoiará Aécio e que “quem joga sujo na eleição” não terá o seu apoio.
     
    Em Pernambuco, o advogado Antonio Campos, irmão de Eduardo Campos, adiantou seu voto em Aécio, mas afirmou ser uma decisão pessoal e que não falava em nome da viúva de Campos. “Vamos conversar para tentar chegar a um consenso”, disse o prefeito de Recife, Geraldo Júlio, que foi ontem cedo à casa da família Campos.
     
    “Tivemos uma vitória esmagadora, a maior do País, e essa vitória vai servir apenas para nos fortalecer para que a gente possa discutir com legitimidade política. Mas tem de ser levado em conta o que o País todo vai pensar”, defendeu o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes. Em entrevista às rádios locais, o governador eleito Paulo Câmara (PSB) adotou discurso semelhante. O atual governador, João Lyra Neto (PSB), declarou voto em Aécio.
     
     
     
    Outro lado.
     
    Segundo informações do blog da Sonia Racy, Nilson Oliveira, assessor de Marina, negou que a ex-candidata tenha tomado alguma decisão. Ele informou que ela vai se reunir com a base da Rede nesta terça-feira.


    / COLABORARAM ISADORA PERON e ANA FERNANDES

    segunda-feira, 6 de outubro de 2014

    LUCROS COM QUEM GANHA CENTAVOS POR DIA





    Multinacionais aprendem a lucrar com quem vive com alguns centavos por dia



    Por NYT - Stephanie Strom |

     
                

    Grande empresas entendem que não basta simplificar um produto para entrar em mercados como o da Índia


    NYT
    Jyothy Karat/The New York TIme
    Funcionário da GE trabalha no estúdio do Wipro GE Healt­hcare­, na India

    Quando os engenheiros da General Electric daqui decidiram desenvolver uma incubadora mais barata para os pequenos hospitais privados da Índia, primeiro substituíram as grandes rodas de borracha, padrão nos modelos topo de linha, por outras menores, de metal. Achavam que essa era uma maneira rápida e fácil de cortar custos.
     
    Mas as rodas não passaram no teste de uso. Elas se prenderam no piso irregular dos centros de saúde rurais, derrubando bebê e colchão. Felizmente, era só uma boneca.
     
    "Não dá simplesmente para simplificar um produto e substituir peças caras por outras mais baratas", diz Vikram Damodaran, diretor de Inovações em Cuidados de Saúde da Wipro GE Healthcare, localizada na Índia. "O negócio tem de vir de baixo para cima, com informações obtidas de pessoas que realmente o utilizam".


    Leia também: Documentário mostra a vida da classe média nos cinco países do Brics


    Essa é a lição número um no desenvolvimento de produtos para consumidores que vivem com poucos centavos por dia em lugares como a Índia.
    REUTERS/Anindito Mukherjee
    Com o Android One, o Google espera diminuir as barreiras de hardware, software e conectividade que existem em mercados emergentes

    Durante anos as multinacionais tiveram pouco interesse em consumidores de baixa renda, acreditando que não ganhariam muito com eles; agora, estão cada vez mais atraentes para todos os tipos de empresas, desde indústrias de manufatura até companhias de tecnologia. O Google, por exemplo, acaba de anunciar planos para vender uma versão reduzida e mais barata do seu telefone Android na Índia.
     
    Leia também:
    Google lança Android One na Índia com telefones que irão custar US$ 105


    Dez anos atrás, C.K. Prahalad, professor de Administração na Universidade de Michigan, em seu livro "The Fortune at the Bottom of the Pyramid" (A fortuna na base da pirâmide) detalhou esse potencial, alegando que essas famílias eram tão exigentes quanto as que se encontram no outro extremo do espectro de renda.

    Prahalad, já falecido, estimou que houvesse 4 bilhões desses consumidores em um mercado de US$ 13 trilhões.

    "As pessoas diziam, 'Dá para ganhar uma fortuna. Vamos lá'", afirma Mark B. Milstein, diretor do Centro da Empresa Global Sustentável da Universidade de Cornell.
    Mas os primeiros esforços falharam.
    "Não havia muita análise sobre o que esses consumidores precisavam ou queriam, ou como poderiam ser diferentes dos consumidores de maior renda", diz Milstein.



    Leia"94% dos moradores de favela são felizes", revela Meirelles, do Data Popular



    Durante anos, a P&G tentou vender um sistema de purificação de água – um pó para adicionar à água que é depois coada em um pano. Apesar de ser muito barato, os consumidores não sabiam como usá-lo. A P&G percebeu que ensinar os consumidores a usar o produto era muito caro, e o sistema, chamado Pur, acabou virando um esforço totalmente filantrópico.

    "Muitas vezes, um produto que para nós é muito simples, pode ser totalmente desconhecido para os consumidores nesse mercado. Se uma dona de casa nunca usou um sistema de purificação de água antes, ela pode questionar a necessidade de seu uso", analisa Milstein.

    Os desafios foram muitos. A distribuição de mercadorias para inúmeras lojinhas que abastecem os consumidores indianos mais pobres, por exemplo, é bem diferente da utilizada pelo Walmart ou por lojas de conveniência, que possuem tecnologia e armazéns para controlar o estoque. O comerciante indiano médio não tem nenhum espaço para armazenamento e pode ser considerado um sortudo se possuir uma calculadora.

    Jyothy Karat/The New York TImes
    Na Índia, a GE testou um novo modelo de incubadora e aprendeu que não basta simplificar os produtos para mercados de baixa renda

    As empresas muitas vezes se esquecem de considerar se os consumidores querem ou precisam de um produto cheio de apetrechos. Um telefone com uma câmera embutida, por exemplo, faz pouco sentido para uma família que não tem acesso à Internet e não pode compartilhar fotos.
     
     
     
     
    Determinar preços também pode ser um fator de complicação. "Se usamos 8 gramas de chá para fazer quatro copos, uma pessoa pobre usará a mesma quantidade para fazer sete ou oito copos", ensina D. Shivakumar, diretor executivo de Negócios da PepsiCo. na Índia. "Se você não entende isso, suas projeções de lucros e perdas estão erradas".




    Problema é de dinheiro, não de fluxo de caixa


    Shivakumar afirma que as empresas muitas vezes se preocupam demais com a pequena quantidade de dinheiro que os consumidores pobres têm para gastar e com isso desenvolvem produtos que se ajustem a esse orçamento. Em vez disso, diz, é importante determinar como despertar seu desejo por um preço viável.


    "Eles não têm problema de dinheiro. O que têm é um problema de fluxo de caixa", analisa Shivakumar, que administrava os negócios da Nokia na Índia, no Oriente Médio e na África antes de ingressar na PepsiCo.

    A versão mais barata do sistema de purificação de água Pureit custa US$ 25, ou quase o mesmo que a renda mensal de uma pessoa que vive abaixo da linha de pobreza na Índia. Mesmo assim, o produto é um sucesso porque seu fabricante, a Hindustan Unilever, percebeu que poderia se juntar a grupos sem fins lucrativos e instituições de microfinanciamento interessadas em água e saneamento para desenvolver planos de parcelamento que permitiriam às famílias pagar por seu Pureit em parcelas.
    Muitos produtos transcendem seus mercados originais e atraem o consumidor mais abastado. A PepsiCo, por exemplo, começou a vender a Kurkure, linha de salgadinhos de estilo indiano de baixo custo, no Canadá e no Oriente Médio. É a primeira vez que a empresa vende um produto puramente indiano fora da Índia.



    Baixo custo

    Para a Nokia, o truque era convencer fornecedores de componentes a reduzir os preços.
    "Para comercializar telefones com preços abaixo de US$ 40 é preciso ter uma escala de produção poderosa o suficiente para negociar o preço dos componentes e ajustá-lo ao preço final", explica Sami Ranta, vice-presidente da linha de telefones populares da Microsoft, que detém a Nokia. "É preciso também vender um monte de aparelhos".


    Leia também: Emergentes do Brics devem crescer 3,5% este ano e 4% em 2015


    Assim nasceu o Nokia 105, o minúsculo celular usado por Rajesh Gupta, motorista de táxi em Varanasi, e mais legiões de outros indianos vivendo em favelas. O telefone, que Gupta comprou por US$ 20, mais ou menos sua renda da semana, tem um teclado impermeável, lanterna, despertador e rádio FM.

    A carga da bateria dura 35 dias em standby e suporta mais de 12 horas de uso, o que significa que ele precisa pagar pela recarga apenas uma vez por mês. Gupta utiliza um chip pré-pago.
    "Ganho mais dinheiro por causa desse telefone", diz, explicando que os turistas estrangeiros podem ligar para ele quando precisam.

    Jyothy Karat/The New York TImes)
    Shyam Rajan, chefe de tecnologia da Wipro GE Healthcare: empresas desenvolvem produtos na Índia para o mundo
    Agora, a Nokia está vendendo o 105 na Áustria, Grã-Bretanha, Dinamarca, Suíça e outros países desenvolvidos, bem como por toda a África e Ásia.
     
    "Esses celulares estão tendo cada vez mais utilização como telefone secundário em mercados grandes e avançados", diz Ranta.
     
    A GE percebeu há mais de uma década que produtos desenvolvidos para o mercado indiano também interessam aos mercados mais desenvolvidos e instalou seu maior centro internacional de pesquisa e desenvolvimento aqui. O laboratório tem 4.500 engenheiros, 1.600 dos quais trabalham em inovações de cuidados de saúde.
     
    "Está ocorrendo uma mudança", afirma Shyam Rajan, diretor de Tecnologia da Wipro GE Healthcare. "Antes, estávamos na Índia para a Índia. Hoje, estamos na Índia para o mundo".

    PAGAM MENOS IMPOSTOS AGORA



    40 carreiras que pagarão menos impostos com o Simples Nacional



    Por Taís Laporta - iG São Paulo 
          
           

    Médicos, advogados e jornalistas estão entre as categorias beneficiadas pela ampliação do regime de tributação


    Thinkstock
    Carpinteiros podem agora ingressar no sistema simplificado de tributação
    No início de agosto, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que aumenta a abrangência do Simples Nacional, um sistema simplificado de tributação para pessoas jurídicas. Estima-se que 450 mil empresa, em 142 categorias, serão beneficiadas pela ampliação.
     
    Leia mais: Conheça 10 carreiras ameaçadas de extinção

    Pelo regime, oito impostos são unificados em um único boleto, podendo reduzir em até 40% a carga tributária. Antes, não podiam participar prestadores de serviços de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, entre outras. Agora, médicos, advogados, jornalistas e várias atividades do setor de serviços são contemplados.
     
    Em vez da atividade exercida, o Simples Nacional – também chamado de Supersimples –, tem como critério de adesão o tamanho e faturamento da empresa. Com isso, companhias que faturem até R$ 3,6 milhões por ano podem ingressar no regime de tributação.
     
     
     
     
    Confira 40 atividades profissionais que serão beneficiadas pelo Supersimples:
     
    1 / 40
    Engenharia é uma das profissões beneficiadas pela nova lei. Foto: Thinkstock/Getty Images
    2) Escolas de cursos livres, de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e gerenciais
     
    3) Economistas também podem optar pelo regime simplificado
     
     

       
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