domingo, 9 de setembro de 2012

ELETROS x REDUÇÃO DO IPI

Entrevista

Eletros reivindica redução definitiva do IPI da linha branca

Os críticos da carga tributária no país sempre defenderam a especificação do valor dos tributos na nota fiscal para informar ao consumidor quanto do preço pago por um bem vai para o bolso do governo. Seja qual for o governo, sempre foi difícil aprovar tal proposta. A intenção da medida seria educativa. Pois bem. Sobe IPI, reduz IPI, prorroga IPI, o governo acabou educando o consumidor na questão tributária. Cada vez mais, o brasileiro sabe quanto o tributo pesa no seu sonho de consumo. E, claro, quando se trata de bem durável, só compra quando o imposto cai.

É essa situação que está levando o setor de linha branca a reivindicar a redução permanente do IPI para fogões, geladeiras e lavadoras de roupas. Na opinião da indústria, produtos que a vida moderna alçou à condição de essenciais. As negociações com o Ministério da Fazenda já começaram e a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos prepara estudo com contrapartidas para sensibilizar Guido Mantega. Nesta entrevista ao Poder Econômico, o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, defende que a redução definitiva do IPI beneficia 33 mil 700 trabalhadores diretos.


Poder EconômicoQual o balanço nas vendas desse período de redução do IPI?
Lourival Kiçula – Só para esclarecer, a Eletros representa três setores, linha marron, portáteis e linha branca, que teve a redução do IPI. No primeiro semestre, vendemos 12% a mais de refrigeradores, 18% de lavadoras automáticas e 28% de fogões. A projeção de julho é de um crescimento médio de 19,3%. Comparando julho do ano passado com julho desse ano, a projeção – ainda aguardamos o fechamento dos dados definitivos – foram 30% a mais de vendas em refrigeradores, 15% em lavadoras e 20% em fogões. Mostramos isso ao ministro Guido Mantega, inclusive. E adianto que em agosto foi melhor do isso. Meus associados já me adiantaram dados preliminares que dão conta de mais vendas. O ano vai ser bom. Quando você tem a redução do IPI, a coisa anda.


Poder EconômicoÉ possível comparar quando não se tem a redução do IPI?
Lourival Kiçula – Claro. Tivemos redução de 17 de abril a 31 de janeiro de 2009. Depois não tivemos em 2010. Aí caíram bem as vendas de refrigerador, lavadoras ficou estável e fogões também, mas ainda assim caiu em 30 mil unidades. Em 2011, voltamos a crescer 150 mil em refrigerador, 500 mil em lavadoras e 800 mil em fogões. Esse primeiro semestre cresce e fechamos com mais de 3 milhões de fogões e 3 milhões de refrigeradores vendidos. A expectativa é de um crescimento no ano em torno dos 20% sobre o ano passado.


Poder EconômicoO consumidor se beneficiou da redução de preços?
Lourival Kiçula – O consumidor conhece bem os preços. Os fogões caíram em 4%. É um produto que está em quase 100% dos lares. Há uma troca grande desses produtos. No caso das lavadoras e refrigerados a redução de preço é de 10%. A redução foi inteiramente repassada ao consumidor. Como a imprensa divulga, o consumidor aproveita a oportunidade de redução do imposto. Sabe quanto está pagando. Programa a compra para quando o IPI está reduzido. Ao mesmo tempo que é motivado pelos momentos de redução, tomou consciência disso, de quanto é o imposto.


Poder EconômicoEm 31 de dezembro, volta o IPI cheio. O setor está se articulando para ocorrer uma nova prorrogação?
Lourival Kiçula – O setor reivindica que seja definitiva a redução do IPI, que seja permanente. O conceito do IPI menor, de 4% sobre o fogão, por exemplo, é com base na essencialidade do produto. Ora, hoje em dia o refrigerador e a lavadora, com as mulheres, sobretudo, precisando trabalhar fora, também se tornaram essenciais à vida moderna. A pessoa casa tem que ter colchão novo, fogão, geladeira e máquina de lavar roupa. Antes, há muito tempo, isso era um luxo, agora não. Advogamos que o IPI desses produtos seja menor. Não precisa ser zero, como está agora o fogão. Mas pode ficar em 2%. Zero não tem sentido. Todos têm que contribuir de alguma maneira com o governo. Mas reivindicamos que a alíquota reduzida seja permanente.


Poder EconômicoE como o setor levará essa pauta ao Ministro da Fazenda?
Lourival Kiçula – Nós temos conversado. Não existe ainda, em termos de alíquota, algo que seja aceito. Não chegamos a alíquotas. Estamos preparando um estudo, por nossa parte. E o governo também, acredito. Uma das ideias é reativar a campanha pela troca de aparelhos antigos para os de classe A, aqueles que consomem menos energia, mais eficientes. Estamos falando de 7 milhões de refrigeradores, 10 milhões por ano. Isso é energia equivalente a uma turbina de Itaipu. Logo o governo economizaria. Os aparelhos trocados, como se sabe, não iriam para o mercado, seriam destruídos pela empresa criada pela própria Eletros. Se formaria uma cadeia benéfica para todos.


Poder Econômico - Como vê a redução do custo de energia que será anunciada pelo governo?
Lourival Kiçula – Muito legal. A energia é cada vez mais salgada para a indústria. Estamos começando a levantar agora o custo desse insumo mais detalhadamente. Mas a iniciativa do governo é muito bem-vinda.


Poder EconômicoComo a indústria está vendo essa queda de braço do varejo com o setor financeiro em torno da oferta de crédito? Prejudica a indústria?
Lourival Kiçula – É melhor perguntar ao varejo, a Luiza, ao Klein. Prefiro não opinar. Eles estão no varejo, estão no contato direto, devem falar melhor sobre isso.
Autor: Jorge Félix

FONTE: IG - COLUNISTAS

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