terça-feira, 18 de setembro de 2012

JUROS E SELIC

Juros

Selic inalterada ganha força com redução do compulsório

 

 



Injeção de capital com compulsório menor não tem relação com Cruzeiro do Sul, mas com novo cenário para as instituições como um todo, diz especialista
Injeção de capital com compulsório menor não tem relação com Cruzeiro do Sul, mas com novo cenário para as instituições como um todo, diz especialista


 
Para que possa manter a taxa básica de juros inalterada em 2013, como seria seu desejo, autoridade monetária tem de interromper o quanto antes atual ciclo de corte.

A redução do compulsório anunciada na sexta-feira passada (14/9) pelo Banco Central (BC) reforça a expectativa de uma parte do mercado que já apostava que a taxa básica de juros não voltará a ser cortada em outubro.

Ainda que os cortes na Selic tenham um efeito mais amplo na economia do que a redução dos compulsórios, ambas as medidas apontam para a mesma direção, que é de recolocar o nível da atividade doméstica em patamares considerados satisfatórios.

"Nós já trabalhávamos com um cenário sem corte da Selic em outubro, pois estávamos confiantes que os números da atividade viriam melhores, e a inflação está ruim", pontua Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank. "O anúncio do compulsório só reforçou nossa aposta", acrescenta.

Na ata da próxima reunião do Copom, o discurso da autoridade deve ser o de que as medidas macroprudenciais foram suficiente para aquecer a economia, e que a redução nas tarifas de energia atuará no sentido de impedir uma pressão inflacionária que fuja da meta, diz Serrano.

Além das questões internas, o economista do Espírito Santo nota também que o cenário externo, muitas vezes citado pelo BC para justificar suas tomadas de decisões, apresenta um risco menor, em função do programa de estímulos do Federal Reserve, o que reforça um cenário no qual a Selic encerra o ano nos atuais 7,5%.

"Mudou um pouco o jogo sim, já estava achando que podia ser manutenção, e agora mais ainda", diz Henrique de La Rocque, gestor da Brasif.

O movimento da curva de juros futuros da BM&FBovespa evidencia essa migração do mercado para uma aposta de Selic inalterada em outubro, já que os contratos estão se aproximando do nível de 7,50%, em detrimento do 7,25%, observa o especialista.

Cruzeiro do Sul

Passou a percorrer no mercado, após o anúncio de redução do compulsório, rumores de que a medida do governo teria relação com a liquidação do Banco Cruzeiro do Sul e do Banco Prosper, já que a situação das instituições financeiras também foi comunicada na última sexta.

No entanto, para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, essa não é uma hipótese válida.

"Ao que tudo indica o problema destas instituições foram de ordem administrativas e não por problemas estruturais", pontua o especialista, em relatório.

Para Perfeito, o Brasil deve passar por uma reestruturação no setor bancário nos próximos anos, como reflexo da expressiva redução na taxa básica de juros, que fará com que os players do mercado tenham de ir atrás de novas fontes de receita.

"Nem todos serão bem sucedidos", pondera o economista da Gradual.

Para o Itaú Unibanco, a redução do compulsório é positiva pelo fato de o governo ter adotado uma nova medida que favorece aos bancos reduzirem suas taxas de juros, sem trazer impactos negativos para as instituições.

Além disso, os médios devem também ser positivamente afetados, nota o Itaú, já que a liquidez do mercado tende a melhorar, com uma consequente redução nos custos de captação.

Lucas Bombana (lbombana@brasileconomico.com.br)
17/09/12 17:33


FONTE: VALOR ECONÔMICO - IG

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