quinta-feira, 5 de setembro de 2013

TRABALHE POR AMOR

Ex-empresário que

 largou tudo dá dicas 

para quem quer 

mudar de vida


Divulgação
Du E-holic, o chapeleiro sem CEP, viaja pelo Brasil fazendo o que mais ama

Saiba como Durval Sampaio passou de empreendedor do ramo de sucata a chapeleiro itinerante – e hoje é capaz de viver do que cria

 




Mudar de vida não é uma decisão fácil. Sair de uma rotina cômoda e se jogar no desconhecido é uma experiência assustadora e trabalhosa. Mas se você pedir um conselho a Durval Sampaio, 31, sem dúvida vai ouvir como resposta a frase que ilustra o carro antigo a bordo do qual ele percorre o Brasil: “Confie em mim. Trabalhe no que você ama!”.

Em Natal (RN), Du apresentou o seu trabalho no projeto 'Agosto da Alegria'. Foto: Canindé Soares/www.fotojornalismo.net O conselho de Du: 'Trabalhe com o que você ama'. Foto: Divulgação Du quer conhecer todo o Brasil. Foto: Divulgação No Oliveira's Dance, um bar em Salvador (BA), Du costura seus chapéus observado por Flávio Oliveira, proprietário da casa. Foto: Divulgação Du depois de passar pelo Cariri (CE), e rumando para o Piauí. Foto: Divulgação O furgão de Du recebe colaborações artísticas dos lugares que passa. Na foto, saindo de São Miguel do Gostoso (RN). Foto: Divulgação Com debates e apresentação do trabalho, Du contou um pouco da sua jornada para os ouvintes. Foto:  Canindé Soares/www.fotojornalismo.net Trocas de histórias e informações com os artistas locais geraram debates. Foto: Canindé Soares/www.fotojornalismo.net Saindo de Currais Novos (RN), o chapeleiro se prepara para conhecer uma nova cidade. Foto: Divulgação 10 dias no Rio Grande do Norte mostraram a beleza e diversidade do país para o chapeleiro. Foto: Divulgação 'A Travessia é tão interna, onde a palavra coragem está sendo substituída em meu coração por fé', escreve Du. Foto: Divulgação Du com sua fiel máquina de costura e uma garrafinha do chá Axé, encontrado em Olinda (PE). Foto: Divulgação Du recebe mensagens e cartas de apoio ao seu projeto, além de presentes como fitas e tecidos para seus chapéus. Foto: Divulgação Du durante o Picnic FurtaCor, em Olinda (PE). Foto: Divulgação Em Acari (RN), Du conheceu o taxista Titico, que ajudou a chapeleiro a atravessar a cidade. Foto: Divulgação A viagem do chapeleiro sem CEP faz com ele conheça lugares diferentes e recheados de diversidade. Foto: Divulgação Na confecção do seu primeiro chapéu em Olinda (PE). Foto: Divulgação Du em hospital para crianças com câncer, no Cariri (CE). Foto: Divulgação Du encontra pessoas que também são fãs da estrada: esse casal veio do RS, e está na estrada há três meses. Foto: Divulgação Pelos caminhos da Chapada da Diamantina. Foto: Divulgação Em Juazeiro do Norte (CE), Du faz amigos a cada parada. Foto: Divulgação Um dos grandes trabalhos de Du, além de vender seus chapéus, é a organização da 'Oficina de Chapéus sem CEP' para crianças. Foto: Divulgação Em Caicó (RN), Du E-holic conheceu todo tipo de gente: inclusive com um furgão igual ao seu. Foto: Divulgação Em Olinda (PE), Du participou de oficinas de chapéu com crianças, no Picnic FurtaCor. Foto: Divulgação

Conhecido como Du E-holic graças à paixão por música eletrônica, Durval era dono de uma empresa de sucata industrial. 

Hoje, se define como um “chapeleiro feliz e sem CEP”. 

Oito anos atrás, ele encontrou a coragem necessária para fazer o que mais queria: ter liberdade para criar. Sua inventividade se expressa na confecção itinerante de chapéus. 

“Quando minha primeira touca customizada, que custou 20 reais, começou a me dar muito mais prazer que meus equipamentos de mais de mil reais, não foi difícil perceber que o coração pedia para largar tudo e tentar o sonho”, explica o chapeleiro.

Apaixonado pelo acessório desde sempre, o rapaz sofria com um problema: era difícil achar uma peça que servisse em sua cabeça. 


“Sempre amei chapéus, em especial cartolas, tipo de mágico. Porém, sempre tive a cabeça grande. O padrão fabril é 58 ou 59 centímetros, e eu uso 63. Só achava cartolas de feltro, que são de cores lisas e quentes pra caramba”, lamenta.


Como empreendedor, aos 23 anos Durval já tinha uma margem de lucro considerável – suficiente para largar o seu negócio de então e dedicar-se ao que realmente gostava. 


Não demorou muito para ele juntar a possibilidade financeira à paixão. 


“Mesmo trabalhando com algo que à época me dava uma boa grana, não era suficiente para o que eu queria: liberdade para poder fazer alguma coisa que me levasse ao mundo, às pessoas em especial”, comenta o chapeleiro.

 


Se você me perguntar qual é o meu sonho, eu te respondo que já o estou vivendo








A história de Durval serve como inspiração para quem quer dar um novo rumo para a própria vida. Para tornar o sonho realidade, é necessário saber equilibrar duas faces da mesma moeda:

 

 

pensar alto e planejar mais ainda. Apesar de ter seguido seu coração, Du teve um planejamento prévio. “Hipocrisia dizer que, do nada, resolvi ser chapeleiro, com dívidas e afins. Mas uma coisa é verdade: hoje é o chapéu que me sustenta, e já se passaram mais de oito anos”, confessa o artista.

 

 

Saber para onde ir e, mais importante, como fazer para chegar lá também são dois itens que precisam de atenção. Quando resolveu começar a fazer chapéus, Durval investiu seu dinheiro em cinco máquinas de costura com funções diferentes. “Minha visão ainda ‘grande’ não me permitia sentir que, na verdade, eu precisava de uma única máquina e humildade para realmente aprender a costurar”, ensina.



Paciência e perseverança também são atributos necessários para ir atrás do que se quer. A mudança no estilo de vida começa do zero. Não é de uma hora para outra que se conquista tudo o que tinha outrora. “Descobri o quão lento ia ser o processo porque não saía nada. Levou mais ou menos três anos para sair o primeiro chapéu inteiramente feito por mim, e ainda assim bem mal feitinho”, relembra Du. “Essa redução de vida não foi assim difícil, porém a ansiedade atrapalhava demais. Foi umas das lições mais especiais que tive na vida: a humildade”, conta.


Quem tem a ambição de mudar de vida, mas sente falta de coragem, pode tentar a “mudança homeopática” . Em vez de cortar os laços de maneira abrupta, uma boa ideia é ir agindo em fases, cada qual marcada por uma pequena mudança, rumo à guinada geral.






Du explica que desperta a curiosidade nos lugares onde passa. A dica de ouro é simples: permita-se. “Um monte de gente já tem compromissos que as prendem. Digo: ao menos permita-se sonhar em paralelo e arriscar. O máximo que pode acontecer é voltar e refazer, voltar e recomeçar, voltar e mudar... Por que não?”, pergunta.

Para o chapeleiro, tudo isso deu certo. Dentro de seu furgão, com sua máquina de costura e seus pedaços de tecido, Du realiza e personifica sonhos de pessoas ao redor do Brasil. Durante a apuração e redação deste texto, ele passou pelo Cariri (CE), Teresina (PI) e estava a caminho do Maranhão. “Em absolutamente nenhum segundo me arrependo de qualquer mudança. Se você me perguntar qual é o meu sonho, eu te respondo que já o estou vivendo”, finaliza.





FONTE: IG ECONOMIA
Bianca Castanho , iG São Paulo |

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