Lava-jato descobre desvio de dinheiro em outros setores, além da Petrobras
Por O Globo |
Agência O Globo – qui, 2 de abr de 2015
Embora a Operação Lava-Jato tenha por objetivo investigar os crimes cometidos em torno dos desvios na Petrobras, a força-tarefa que investiga a formação de cartel para desviar pelo menos R$ 10 bilhões dos cofres da estatal descobriu que houve o pagamento de propinas para a realização de obras públicas em vários segmentos da infraestrutura brasileira, como hidrelétricas e ferrovias.
A informação, segundo fontes ligadas à negociação da empreiteira com o Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, foi fundamental para fechar a delação premiada de Avancini. O executivo contou detalhes do esquema que funcionava em Belo Monte, e, só então, os procuradores aceitaram fazer acordo com o empresário.
A Camargo Corrêa tem 16% dos contratos do consórcio responsável pela construção da usina, formado por dez empresas: Andrade Gutierrez, Odebrechet, OAS Ltda, Queiroz Galvão, Contern, Galvão Engenharia, Serveng-Civilsan, Cetenco e J. Malucelli, além da própria Camargo Corrêa. Seis delas são investigadas na Lava-Jato: Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Galvão Engenharia e Camargo Corrêa. Os 16% representam R$ 5,1 bilhão. Esse é o valor do contrato da empresa em obras da Belo Monte.
Além de Avancini, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar em Itaipava, no Rio, também revelou que as empreiteiras pagam propinas para obter obras em vários setores, além da Petrobras. Em uma série de depoimentos gravados à Justiça do Paraná no ano passado, Costa disse que o cartel de empreiteiras agia na maioria das obras públicas de hidrelétricas, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
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